O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, setembro 28, 2023

A diferença entre o amor verdadeiro e o ‘amor’ espiritual,


O AMOR ESPIRITUAL É UMA FRAUDE QUE AFASTA O SER DO AMOR MATERNAL

O facto é que "A diferença entre o amor verdadeiro e o ‘amor’ espiritual, é que o primeiro é visceralmente prazeiroso" como diz Cacilda R. Bustus, porque ele é natural e da natureza da libido que está na pele e no corpo da mãe... por isso ele "é um derramamento em que o prazer e a satisfação se tornam e são, uma mesma coisa.", muito longe do amor simbolico e asseptico castrador que a Igreja difundiu ao afastar as mulheres e as crias dessa força natural de suporte inicial que é a Mãe. 
As mulheres neolíticas representavam o amor materno com serpentes enroscadas no ventre, que logo subiam e se enroscavam nos peitos: duas imagens e duas simbologias muito distintas, de antes e depois do Tabu do Sexo, de antes e depois da consolidação do patriarcado.
Também algumas vezes são flechas e punhais que atravessam o coração da Virgem, para expressar a dor pela morte do seu filho: a imagem do tradicional destino de sofredoras das mulheres."*


O facto histórico da religião e do catolicismo ter destituído a Mãe e a mulher desse valor natural e não  transcendente desviou a maternidade do seu significado profundo e anulou os valores da Mulher e da Terra-Mãe, para enaltecer exclusivamente os valores do Pai e do Céu, os valores ditos “espirituais”, negando assim toda a Natureza, o corpo da mulher e o sexo, destruíram os alicerces da manifestação da força de equilibrio que existe na Terra. Ao negar a mulher considerando-a um ser inferior e sem capacidades e castrando os homens numa suposta ascese, sublimando a natureza do desejo sem considerar a libido como motor de evolução natural e afectiva, anulando a ligação da mãe ao filho/a inventando o pecado desligou os seres humanos das forças cosmicas e teluricas, impedindo a ligação entre o que está em cima e o que está em baixo.
Sendo a mulher a representante e mediadora das forças cósmica ou telúricas, ela é essencial, tal como o Princípio Feminino, para o homem realizar a Grande OBRA alquimica na união sagrada do pólo masculino céu, que ele representa, ao pólo feminino terra, que a mulher é expressão…

Portanto, para mim, o Sagrado, independentemente da ideia que se possa ter de Deus/a ou da transcendência, e de uma linguagem considerada mística, não é senão o valor da própria manifestação da força da Vida na Terra pelo corpo da mãe - mulher suporte da existência humana. Porque essa manifestação na sua infinita grandeza não pode ser abarcada pela mente racional por mais instruída que seja e por isso não há nem religião porque dogma, filosofia ou ciência que o revele, se ele não se revelar dentro de cada ser e através da Mulher e da Mãe logo a nascença.
Qualquer ser humano que tenha um mínimo de lucidez e sensibilidade poderá perceberá que a Terra-Mãe-Natureza na sua expressão luxuriante e no expoente do seu esplendor não pode ser senão SAGRADA porque visceral e fecunda e como tal debia ser vivida. E isso nada tem a ver religião nem rituais…pois é da Natureza da vida que sustenta a espécie, exactamente ao contrário do que a religião criou ao destruir esse equilibrio natural da Mãe com a cria.
 
ROSA LEONOR PEDRO

*DO LIVRO a rebelião de edipo - de Cacilda Rodrigánez pág.: 88-91


AS DUAS MULHERES



Hoje deixo-vos uma ideia da Mulher Consagrada...

Todos os dias podemos trabalhar em nós a consciência de uma Mulher Terrena - o que seja essa Mulher plena que tem ressonância com essa Mulher sagrada e interna e que não só dá vida como é a expressão dessa centelha de amor que a habita...
Vemos essa mulher dita divina usualmente retratada e esculpida em seráficas e castas imagens de santas mulheres...nossas senhoras, virgens imaculadas...sem pecado! A grande referência católica da virgem sem pecado, e assim, Mães sem pecado...mulheres sem sexo, mulheres sem desejo...mulheres sem vísceras sem sangue, sem garra... e sem voz!
E assim convivemos há séculos com essa mulher santa...e divina de um lado e por outro, a mulher pecadora e terrena condenada pela Igreja perseguida pelos padres, a mulher que carrega a culpa atávica e inconsciente do sexo, acusada de infiel e adultera, que gera filhos na carne...filhos que a rasgam...filhos que a caluniam, homens que as violam e matam...em nome do pecado e da santa Virgem Mãe...
Contudo não vemos nem equacionamos as razões dessa separação ou divisão da mulher em duas espécies de mulheres, não vemos essa cisão psíquica e emocional e sexual da mulher no mundo patriarcal que fez com que durante mais de 2 mil anos a mulher comum estivesse longe dessa sua essência divina, reduzida ao corpo ao sexo e à culpa e ao pecado, ao medo de existir e de ser Mulher.

PORQUE É QUE A MULHER NÃO VÊ??? 

Tudo isso que fez com que a mulher se sentisse abaixo e inferior ao homem, ao Pai e ao filho e se deixasse explorar e dominar por ele em todos os aspectos da sua vida, sujeita e submetida como a santa Virgem do catolicismo ascendida aos céus...
Depois desta história quase macabra, da Eva da costela e pecadora e da Virgem ascendida e sem mácula o que temos hoje é uma mulher asseptica e vazia de entranhas, convencida de que é livre e se entrega ao homem à procura de si mesma sem ver como está ainda perdida nesses conceitos que a esmagam ...
E se nós hoje queremos ser uma Mulher inteira e realmente livre temos de resgatar em nós, não na outra, na Virgem santa, nem na pecadora a prostituta arrependida, mas sim buscar essa mulher integral que fomos na Origem, antes da Queda, e fazermos disso um projecto de vida - seja qual for a nossa idade. E isso pode ser real para cada uma de nós logo que começamos a perceber a nossa divisão interior, a divisão da psique feminina, e consequente separação dos planos cósmicos, a mulher reduzida a prostituta e concubina ou a esposa e mãe; e por muito nobre que seja dar a Vida ao ser humano, ela não tem que se "sacrificar" a uma função e se anular por isso e bem pelo contrário, deve elevar-se às alturas tanto como mãe como amante e como ser independente e livre.
Porque É esta Mulher terrena que deve ser também a Mulher inteira e plena do inicio, a mulher que liga as forças telúricas e cósmicas, essa mulher carne e alma e espirito, que é a Mediadora dos mundos e que liga as forças da Terra ao Céu...porque Ela é as duas e una em si...A MULHER PLENA.
rlp


terça-feira, setembro 26, 2023

A IGNORÂNCIA CRIOU OS DEUSES




"Quando você acorda percebe que estamos habitando um absurdo manicômio concebido pelo supremo louco O DEMIURGO"
-
 Maria Adelaide Mazuera

(...)
" A ignorância criou os Deuses e a astúcia aproveitou a oportunidade. Veja a Índia, veja a Cristandade, o Islamismo, o Judaísmo e o fetichismo. Foi a impostura dos cleros que fez com que estes Deuses passassem a ser tão terríveis para o homem; é a religião que o transforma no beato egoísta, no fanático que odeia toda a humanidade fora da sua própria seita, sem torná-lo em nada melhor ou mais moral por isso. É a crença em Deus e nos Deuses que faz de dois terços da humanidade escravos de um punhado daqueles que os enganam com o falso pretexto de salvá-los. O homem não está sempre pronto a cometer qualquer tipo de maldade se lhe disserem que seu Deus ou Deuses exigem o crime – vítima voluntária de um Deus ilusório, escravo abjeto de seus ministros astuciosos? Os camponeses irlandeses, italianos e eslavos passarão fome, e verão suas famílias famintas e sem roupa, para alimentar e vestir seu padre e seu papa.

 Durante dois mil anos a Índia gemeu sob o peso das castas, com os brâmanes engordando só a si mesmos com o melhor da terra, e hoje os seguidores de Cristo e os de Maomé estão cortando as gargantas uns dos outros em nome – e para maior glória – dos seus respectivos mitos. Lembre que a soma da miséria humana nunca será diminuída até aquele dia em que a parte melhor da humanidade destruir, em nome da Verdade, da moralidade e da caridade universal, os altares dos seus falsos deuses"

("Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett")

segunda-feira, setembro 25, 2023

OS OLHOS DA CONSCIÊNCIA



"Nossos olhos foram projetados em laboratórios com a intenção de que nós percebêssemos todo esse mundo muito real.
As pessoas tentam ficar perto do status quo para serem aceitas como normais.
Há muitas coisas na Terra que são invisíveis à vista normal.
O espaço está cheio de muitas coisas, embora as pessoas não consigam perceber com os olhos físicos. No entanto, eles existem.
O que os seres humanos normalmente não têm consciência, é que eles são mais do que o único organismo que todo mundo vê e interage com ele. Minha cantata quase diariamente é fazer presença da sua consciência para que eu possa começar a ver com os olhos da consciência o que os olhos 3D não podem ver. Uma consciência que conduz um corpo humano, ou qualquer outro tipo de corpo, é muito mais do que o que se limita a esse corpo em particular e com o ato de presença ela vai ajudá-lo a se sustentar neste mundo complexo que estamos experimentando."

Maria Adelaida Mazuera



A MÃE VERDADEIRA

 

 

O TABU DO SEXO

(...) 

"Reconhece-se a Mãe verdadeira porque dela brota a complacência visceral, o amor verdadeiro; Ela é reconhecida também pela força, paixão e vontade que desenvolve em satisfazer e saciar os nossos desejos.

O cristianismo primitivo e seus paradigmas divinos masculinos deixam de lado por completo os fluidos materiais da libido materna, sem utilizar a força física para contê-los. Para organizar a ordem social inconsciente, foi preciso por em marcha a operação da Virgem Maria, para ter a imagem do paradigma da submissão e da resignação da mulher.

 O Tabu do Sexo segue operativo no mundo atual porque a sexualidade liberalizou-se somente na aparência. Depois de suprimir a manifestação espontânea do desejo e da sexualidade, desde a mais tenra infância, depois de erradicar a verdadeira sexualidade feminina, então logo a seguir  permite-se praticar sexo quando e como marca a lei, a partir dos corpos já inevitavelmente blindados. No fundo, a liberalização da sexualidade é uma liberalização de uma genitalidade falocrática e neurótica, como não poderia ser de outro modo, alimentadora dos egos, compatível com a ordem patriarcal estabelecida de facto, onde subjaz o matricídio, o facto mais transcendental da nossa história. A falta de sexualidade espontânea produz inevitavelmente a atrofia da capacidade orgástica, a desaparição da sexualidade não falocêntrica da mulher e da sexualidade infantil, o desequilíbrio de toda a sexualidade humana. A liberdade sexual de nossa sociedade é como a liberdade da economia capitalista: é uma ‘liberdade’ dentro do estabelecido com uma margem de escapatória escassa e controlada.

Nessa ordem sexual o que também desapareceu foi a pulsão do desejo da criatura recém-nascida e da infância (onde está a sexualidade infantil que em teoria e desde Freud ninguém nega?)

A sexualidade primária desapareceu do nosso mundo (pele com pele, dormir na cama da mãe, lactancia a demanda) e crescemos sem amor primário. Existem línguas que ainda conservam o conceito de amor primário, como a japonesa (amae, amaeru), que em nossas línguas desapareceu. Nada melhor para aceitar e interiorizar a ordem sexual existente do que o nascer e crescer nele sem ter nenhum indicio, nem na imaginação nem no mundo material, de que a sexualidade pode ser algo muito distinto, que os latidos e pulsões dos corpos têm outros muitos sentidos encaminhados à autorregulação, à complacência, à fraternidade e ao bem estar.

A ordem falocêntrica supõe considerar uma PARTE da nossa sexualidade como se fosse o TODO; e essa parte faz desaparecer  o resto. É uma redução brutal e uma distorção das pulsões e da sexualidade humana, que afeta todos os seres humanos: porque ainda que a princípio somente afete a mulher, traduz-se em cada geração através de uma supressão da sexualidade materno primária, que afeta todas as criaturas, de qualquer sexo, toda a infância e todos os homens.

Ainda que o sistema aperte de um lado e encobre por outro lado, felizmente nas práticas clínicas pediatras e na neurologia, abriu-se uma grande fissura, porque apesar de trabalhar sem a noção de libido, detetaram um dano (um impacto para toda a vida) no sistema neurológico e em outros, que se produz nas crianças quando são separadas da mãe. E a pesar dos esforços de ocultação, cada vez estão a surgir mais vozes para contestar esse estado das coisas e que afirmam que as meninas e meninos devem permanecer juntos às suas mães desde que nascem, e que devem dormir com os seus progenitores pelo menos até os cinco anos.

É lógico que isso esteja a acontecer, porque a criatura recém-nascida representa o que menos contaminado existe, e é um espetáculo verdadeiro da Humanidade desaparecida, suscetível de comover-nos com a sua inocência e de penetrar pelas fissuras e as brechas das couraças emocionais e mentais dos adultos. Por isso alguns e algumas pediatras estão a realizar uma tarefa muito valiosa e importante para restaurar o paradigma original da maternidade. A sua contribuição para salvar a humanidade do desastre pode ser crucial, porque estão a derrubar as mentiras e desculpas mais básicas inventadas, para justificar o desastre da eliminação moderna da mãe.

O transtorno da sexualidade cria necessariamente uma insatisfação sexual, que é parte omnipresente do mal-estar individual. Essa insatisfação não é remediada pelos gabinetes de sexólog@s que na sua maioria praticam o que Juan Merelo Barberá  chamava tecno sexologia, termo com que ele se referia à tarefa de educar na ordem sexual vigente e de pautar práticas sexuais, à margem do desejo, para diferenciá-lo da sexologia científica. Por muita educação sexual, por muita técnica ensinada, ou por muita pornografia que se veja, não haverá sexualidade satisfatória. Não há nada que possa substituir o processo que faz nascer a pulsão do desejo, nem a emoção que acompanha o desejo, nem que possa traçar o caminho pelo qual o desejo há de levar-te. As pulsões, o desejo e as emoções são tão únicas como as impressões digitais ou a cara das pessoas.

 A sexualidade satisfatória, o prazer, a bem-aventurança são próprias da autorregulação, e o que as técnicas e pautas fazem é sabotar os processos genuínos. Como me disse um dia o poeta José Bergamín, a educação sexual é uma prova da barbárie à que chegamos (quando ele me fez essaafirmação eu não o percebi, porque nessa altura nem eu sabia o que era a sexualidade).

A PESTE EMOCIONAL

A corrupção do amor e a capacidade de amar em geral (que ocorre quando se desconectam as emoções das pulsões, e quando a sexualidade é reduzida à genitalidade), o sujeição da sexualidade ao serviço do ego, a desaparição da sexualidade feminina uterina e a repressão do amor materno verdadeiro, são três aspetos unidos da repressão da sexualidade, e constituem uma verdadeira castração para o ser humano; Reich e outros o chamaram de peste emocional: uma devastação das qualidades básicas do ser humano que afeta a todo o seu desenvolvimento, e em concreto converte o homem num ser capaz das maiorias das atrocidades contra os seus semelhantes; aparentemente não dizima as populações, mas é um genocídio qualitativo da Humanidade.

No século passado abordou-se cientificamente a sexualidade humana e foram desveladas coisas tão importantes como a libido, a auto-repressão inconsciente, os processos de sublimação do desejo, e a existência do inconsciente mesmo. Também foram abordadas as consequências patológicas da repressão da sexualidade. Logo Deleuze e Guattari abundaram num aspeto muito importante da sublimação: e a chamaram edipização pelo conteúdo que a civilização patriarcal atribui ao desejo (o complexo de Édipo).

No capítulo 5 deste livro, tratarei de abordar as estratégias modernas de sublimação, que são apresentadas como uma ‘educação’ das emoções e uma ‘inteligência’ emocional. Da mesma forma que as estratégias clássicas de sublimação (das culturas orientais ou judeu-cristãs), o seu objetivo não é a descodificação e a libertação do desejo para um pleno desenvolvimento da capacidade orgástica do corpo humano, nem a reconexão da pulsatilidade corporal com o seus correspondentes emoções e sentimentos, senão a adaptação das emoções desenraizadas à ordem estabelecida para os corpos desvitalizados." 

(...)

A REBELIÃO DE EDIPO  p 92 - 95

Cacilda Rodrigañes Bustos 

terça-feira, setembro 19, 2023

PORQUE TEIMAM OS HOMENS EM DEFINIR A MULHER?




O QUE AS MULHERES NÃO QUEREM VER...

“ ...ela explicou que as mulheres, mais do que os homens, são os verdadeiros sustentáculos da ordem social, e que, para cumprir este papel, elas foram educadas, uniformemente em todo o mundo, para estarem a serviço do homem.
- Não faz diferença se elas são criadas como escravas ou se são mimadas e amadas—observou ela.—A finalidade e o destino fundamental das mulheres continuam sendo os mesmos: nutrir, proteger e servir os homens." - taicha abelar

A CONFUSÃO DOS SEXOS...

Voltando à Profundidade da Mulher..,

Sem a Mulher das profundidades não pode haver compreensão do verdadeiro feminino, nem da essência, logo do papel da Anima, …e mais uma vez, não só nas velhas religiões como na psicanálise moderna, os homens do “conhecimento racional” inverteram o sentido das essências masculino e feminino atribuindo o animus à mulher e à anima ao homem…
A NATUREZA DESCONHECIDA DA ANIMA É A NATUREZA OCULTA DA MULHER, é a sua natureza escondida e negada nos séculos de religião e cultura que desnaturou a mulher em prol ds ideias religiosas ou ideias masculinas, e mais tarde de filosofias e da arte apolíneas, que provocaram um branqueamento da mulher original, da mulher ctónica; séculos de desmembramento e desfragmentação do ser mulher em si, da mulher inteira - a partir do momento em que a mulher foi desvinculada da sua maternidade visceral e mais tarde dividida em duas pela Igreja com a mulher a do lar e a da rua, e se tornou uma função mais do que um ser individual, esse apagamento e essa aculturação causaram uma ausência total do sentido do que é ser mulher como ente, projectando uma metade mulher, “ideal”, “moral” religiosa, artística, romântica, a mulher fragmentada que sobrou das muitas divisões seculares entre Eva, cada vez mais asséptica e vazia de entranhas …e Lilith, completamente esquecida e relegada para os infernos, pelo único deus reinante dos patriarcas, suprimidas todas as deusas, assim como o poder vivificante e destruidor das forças ctónicas a elas associadas. 
É dessa mulher anima varrida do consciente humano, soterrada nas memórias mais arcaicas que os homens da psicanálise e da psicologia das profundidades buscaram sem compreender que a mulher que eles conheciam era uma pálida imagem dessa mulher anterior ao paleolítico, da Mulher original , da deusas do neolitico abundantes em formas e evocativas da Mulher mãe da Origem…
Assim, os melhores autores, e os mais conceituados, abordaram o tema da Anima como o feminino do homem e o Animus como o masculino da mulher sem perceber que a verdadeira Anima, o seu feminino profundo, estava completamente desligado da mulher dos nossos dias…e que tanto homens como mulheres não poderiam sequer equacionar a questão do feminino/masculino sem que a mulher resgatasse o seu eu profundo das profundezas do seu ser, do mais abissal da sua memória…e esse é um trabalho da Mulher e não do homem! Penso que por isso mesmo estamos completamente e culturalmente confusos/as com a identidade do ser humano e a função de cada um dos sexos.
Os escritores e ainda mais grave os homens da psicologia e da psicanálise tentaram resolver o seu problema do feminino em si sem nunca entender a própria mulher, porque a mulher foi destituida das suas forças originais e vitais, secundarizada e por fim dividida e fragmentada pelos imensos estereótipos que lhes eram atribuídos pela cultura secular, ou por persistirem em ver apenas a mulher que a sua cultura e a “ciência” em que foram beber o seu conhecimento, lhes permitia ver; não entenderiam nunca que sem essa percepção da divisão interna e secular da mulher em dois estereótipos fundamentais, os homens não entenderiam nunca uma METADE DA HUMANIDADE, relegada para um plano funcional e como instrumento, dado que a mulher assim abordada não é senão uma metade de uma metade…e por isso incompreensível a nível da psique e do intelecto.
Por outro lado, a mulher cindida não pode compreender a sua própria natureza a verdadeira dimensão do seu ser, sem se fundir à sua natureza instintiva e inicial, associada as deusas primordiais, a grande Deusa e as sacerdotisas de outrora. Ela não pode ser inteira sem se unir à "outra" mulher...que é ela mesma!
Esse desconhecimento da Mulher de si mesma e da sua essência, e do seu passado, levava o homem e o psicólogo a encontrar um vazio na mulher (dividida) chamando-o de Animus não realizado, (a sua própria experiência de vazio de anima) quando afinal o que sucede nas nossas sociedades foi ter-se "fabricado" uma mulher gravemente "animus" pelas ideias dos homens, as mulheres por si idealizadas, as puras e as perversas as fatais e as inocentes etc., as duas mulheres que conviviam nas suas sociedades, uma esposa e outra a prostituta basicamente, ou a concubina, com um animus que hoje é ainda mais mais acentuado e um yang elevadíssimo. O que nos falta de facto é a mulher Anima, a mulher essência, uma mulher inteira que inclusive possa reflectir ao homem a sua própria Anima e então sim poder ela realizar o seu animus de forma equilibrada e vice-versa.

SÃO ESSES DOIS LADOS DA MULHER DIVIDIDA EM SI QUE OS HOMENS NÃO CONSEGUIRAM PERCEBER AS RAZÕES....  


E eu pergunto-me como é que ainda há homens, escritores, esotéricos ou místicos, que tem o desplante de querer definir a mulher, escrever sobre a MULHER - eu tinha vergonha na cara e ainda tenho mais vergonha das mulheres que vão atrás dessa conversa hermética e idealizante dos estereótipos românticos que delas eles inventam porque são incapazes de pensar por si e terem discernimento próprio e de serem realmente mulheres conscientes!
Não há homem algum, por mais ilustre e culto ou iluminado que seja que possa dizer a uma Mulher quem ela é de verdade ou para a poder definir, quando muito idealizá-la como sempre fizeram os poetas...os padres misóginos e os pedófilos...
Teria de dizer para essas mulheres imbecilizadas e infantilizadas por séculos de mentiras e odio da Mãe, as enjeitadas, e que tanto precisam do papá que aceite a menina e lhes dê umas palmadas no rabinho e ...diria como Natália Correia:
 
Não, “Não és uma verdadeira mulher. Se o fosses saberias que és mais velha do que o homem.” Saberias que nenhum homem jamais te poderá definir sem te conspurcar na essência e na grandeza do ser Mulher; não precisarias que te dissessem quem és na verdade, é só porque não sabes o que é a mulher que aceitas esse suborno, essa mistificação, essa amputação do teu ser e veres-te retalhada pelo seu falo literário...
rlp


segunda-feira, setembro 18, 2023

A CEGUEIRA COLECTIVA ...





“Apesar da "epidemia" chegar a um grau tão extenso, acabando por atingir toda a população do local, a mulher do médico é a única pessoa que ainda consegue enxergar e assim registar todo o horror e provação que os cegos enfrentam.”


In O ensaio sobre a cegueira de J. SaramagO

sábado, setembro 16, 2023

A MULHER DO HOMEM




PODEM AS MULHERES LIBERTAR-SE DESTE OLHAR DO HOMEM
 QUE LHES "DÁ" (E TIRA ) A VIDA??

"O facto da menina viver a relação com a pessoa do seu sexo apenas através do homem, com essa espécie de filtro que existe entre ela e a mãe, é a razão mais profunda da divisão que encontramos entre uma mulher e outra mulher; nós as mulheres estamos divididas na nossa história desde sempre, não apenas porque cada uma de nós está unida socialmente ao marido, às e aos filh@s – este é apenas o aspecto visível da separação – a divisão dá-se a um nível mais profundo, ao não conseguirmos olhar-nos uma à outra, ao não sermos capazes de contemplar o nosso corpo sem termos sempre presente o olhar do homem. 
(…)
Num artigo em “L’Erba Voglio”… insistia na relação interrompida com a mãe, ou no mínimo deformada desde o começo precisamente porque a mãe não é a mulher, apenas “a mãe”, ou seja, a mulher do homem. Do facto de que a mulher não encontra na relação com a mãe o reconhecimento da sua própria sexualidade, do seu próprio corpo, procede depois toda a história sucessiva da relação com o homem como relação onde a negação de tudo aquilo que tu és, da tua sexualidade, da tua forma de vida, já se produziu.”

Lea Melandri, La Infamia Originaria (excertos),
citada por Cacilda Rodrigañez Bustos em El Assalto al Hades


AS TEORIAS DOS HOMENS SOBRE AS MULHERES



AS TEORIAS DOS HOMENS SOBRE AS MULHERES

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“O verdadeiro problema com as mulheres é terem sempre de tentar adaptar-se às teorias dos homens sobre as mulheres, como sempre fizeram.
Quando uma mulher é totalmente ela mesma, está a ser o que o seu tipo de homem quer que ela seja. Quando uma mulher está histérica é porque não sabe muito bem o que ser, que padrão seguir, a que imagem masculina de mulher se ajustar.
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Porque, é claro, assim como existem muitos homens no mundo, existem muitas teorias masculinas sobre o que as mulheres deveriam ser. Mas os homens tendem para grupos, e é o grupo, não o indivíduo, que produz a teoria, ou 'ideal' de mulher.
(...)
E assim, pobre mulher, o destino captura-a. Não é que ela não possua uma mente — possui. Ela tem tudo que o homem tem. A única diferença é que ela procura um padrão. Dêem-me um padrão a seguir! Será sempre este o grito da mulher. A menos, é claro, que já tenha escolhido o seu padrão muito jovem; então, ela vai declarar que é absoluta, e nenhuma ideia de homem sobre as mulheres terá qualquer influência sobre ela.
(...)
O homem está disposto a aceitar a mulher como semelhante, como um homem de saias, como um anjo, um demónio, uma cara de bebé, uma máquina, um instrumento, um seio, um útero, um par de pernas, uma criada, uma enciclopédia, um ideal ou uma obscenidade; a única coisa que ele não aceita é que ela seja um ser humano, um verdadeiro ser humano do sexo feminino.”
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David Herbert Lawrence ou D. H. LAWRENCE

UM POEMA QUE ILUSTRA BEM o que o autor citado diz...

ADORAÇÃO, 
.
Eu não te tenho amor simplesmente. A paixão
Em mim não é amor; filha, é adoração!
Nem se fala em voz baixa à imagem que se adora.
Quando da minha noite eu te contemplo, aurora,
.
E, estrela da manhã, um beijo teu perpassa
Em meus lábios, oh! quando essa infinita graça
do teu piedoso olhar me inunda, nesse instante
Eu sinto – virgem linda, inefável, radiante,
.
Envolta num clarão balsâmico da lua,
A minh'alma ajoelha, trémula, aos pés da tua!
Adoro-te!... Não és só graciosa, és bondosa:
Além de bela és santa; além de estrela és rosa.
.
Bendito seja o deus, bendita a Providência
Que deu o lírio ao monte e à tua alma a inocência,
O deus que te criou, anjo, para eu te amar,
E fez do mesmo azul o céu e o teu olhar!...
.
in 'Poesias Dispersas' de Guerra Junqueiro
(15 de Setembro de 1850 — 7 de Julho de 1923).


sexta-feira, setembro 15, 2023

A MULHER EM NEGAÇÃO DE SI MESMA...



A MULHER MODERNA: " encontra-se desde o princípio sem uma forma própria de existir"


É Esta negação de si mesma enquanto mulher integral que esta interiorizada em níveis tão profundos...da sua psique...que impede a mulher de se realizar na sua plenitude e por mais que repita a si mesma que é igual ao homem mais se afasta do cerne mulher..
Não, à mulher de hoje não basta seguir uma Deusa ou "integrar" o seu lado masculino para realizar a dinâmica dos dois em um (Yin e yang) porque a mulher moderna está amputada de uma parte de si mesma, o feminino essencial, porque ela usa exclusivamente o ego masculino e parte desde logo inferiorizada na sua relação com o homem seja em que caminho for. 

Por isso, “É necessário reconstruir a contradição homem-mulher a partir da negação do corpo da mulher, e portanto aquilo que na Psicanálise tradicional aparece como enfermidade, neurose, desadaptação, etc. converte-se numa contradição material.
A mulher encontra-se desde o princípio sem uma forma própria de existir, como se o existir da mulher já se encontrasse numa forma de existência (mulher, mãe, filha, etc.) que a negam enquanto mulher. Ser mãe significa existir e usar o corpo em função do homem, e por isso uma vez mais carecer de sentido e de valor do próprio corpo e da própria existência a todos os níveis.
Esta negação de si mesma esta interiorizada em níveis tão profundos que é como se as mulheres, ao longo de toda a sua história, não tivessem feito mais do que repetir esta história de autodestruição. Por consequência, o discurso sobre a violência masculina, sobre o vexame, a dominação, sobre os privilégios, etc. continuará sendo um discurso abstracto se não tivermos em conta o aspecto interiorizado desta mesma violência, a violência como auto-negação, negação duma existência própria. A negação de si mesma é posta em marcha a partir do nascimento, a partir da primeira relação com a mãe, onde esta já não se encontra presente como mulher com o seu corpo de mulher, estando ali como mulher do homem e para o homem. 
(…)
O facto da menina viver a relação com a pessoa do seu sexo apenas através do homem, com essa espécie de filtro que existe entre ela e a mãe, é a razão mais profunda da divisão que encontramos entre uma mulher e outra mulher; nós as mulheres estamos divididas na nossa história desde sempre, não apenas porque cada uma de nós está unida socialmente ao marido, às e aos filh@s – este é apenas o aspecto visível da separação – a divisão dá-se a um nível mais profundo, ao não conseguirmos olhar-nos uma à outra, ao não sermos capazes de contemplar o nosso corpo sem termos sempre presente o olhar do homem. 
(…)
Num artigo em “L’Erba Voglio”… insistia na relação interrompida com a mãe, ou no mínimo deformada desde o começo precisamente porque a mãe não é a mulher, apenas “a mãe”, ou seja, a mulher do homem. Do facto de que a mulher não encontra na relação com a mãe o reconhecimento da sua própria sexualidade, do seu próprio corpo, procede depois toda a história sucessiva da relação com o homem como relação onde a negação de tudo aquilo que tu és, da tua sexualidade, da tua forma de vida, já se produziu.”*
rlp 
*Lea Melandri, La Infamia Originaria (excertos),
citada por Cacilda Rodrigañez Bustos em El Assalto al Hades




segunda-feira, setembro 11, 2023

LILITH, A MULHER PRIMORDIAL

 


de que se trata este blog?

"A deificação das imagens de mulher neolíticas é também uma estratégia para que tais imagens não possam chegar a constituir um paradigma que provoque e propicie la reconexão de nossa mente com as nossas entranhas. " Cacilda Rodriganes Bustos 


EM BUSCA DA MULHER INTEGRAL


 ACTUALIZANDO 


Às vezes pode ser importante redefinir um pouco este Blog de tanta matéria e tão diversificadas origens, que convém que diga o seu propósito, se é que não é ainda claro de tão exaustivo o tema das mulheres, mas de que mulheres trata e mais complicado ainda, que deusas, que origens foram ou eram e que mulheres e deusas que nós aqui estamos a considerar?


Há tanta confusão acerca da Mulher e as definições da Mulher variam de acordo com os estereotipos e as épocas e ainda as modas, mas não sei se a confusão não é ainda maior acerca da Deusa  ou quem foram as deusas as mais antigas - as deusas das mitologias Egipcia, Hindu e Celta, agora que qualquer actividade relacionada com mulheres e grupos se diz ser sagrada e se propaga uma fé numa deusa a par de um deus e se fala de feminino sagrado com alguma conectação religiosa; por essa razão convém realmente redefinir o que é "o feminino sagrado" aqui neste espaço, uma vez que nós não queremos uma Deusa igual a Deus nem uma deusa lenitiva que nos vem salvar ou que nos ajuda e dá força, porque isso nunca existiu...essa é agora a minha Fé - salvaguardar a minha liberdade de ser e responsabilidade humana - e por isso tenho de clarificar a minha posição quanto a idea de uma Deusa ou deusas que nem foram humanas e sim seres de outras dimensões e mesmo extraterrestres, isto a luz de uma visão cosmologica fora do contexto obscuro e e dogmatico da Religião católica e mesmo do paganismo que parece as deusas imitam....
Quando falava de Mulheres e deusas, já me referia a uma dimensão do feminino original ligado a Mãe e a Natureza e neste caso, refiro agora a ideia de mulheres integradas, mulheres que buscam essa completude dentro de si e que têm consciência da sua cisão (versus integralidade) e vivem de acordo com isso, em busca de um Feminino Ontológico, verdadeiro e simbiótico com a Mãe e a Natureza. Mulheres que por suposto já não estão nem vivem cindidas dentro de si e não se fragmentam tão facilmente em duas espécies (o modelo da santa virgem e da maria madalena, a pecadora do catolicismo) e  entre os estereotipos que as separa e faz digladiar à imagens das deusas do Olimpo tão aclamadas como variantes da mulher de acordo com a psicologia junguiana e  aquilo que os homens e a sociedade normalmente exigem delas. Refiro-me a Afrodite e Hestia e Atena ou Deméter...etc.
Falo de  Mulheres que já não seguem a Moda (gay) nem aquilo que lhes impõem como padrão de beleza, todos os artificios a que chamam "femininos" e que nada significam em relação a verdadeira essencia da Mulher.
Não gosto do termo "mulheres emancipadas", porque não corresponde a verdade nem é real, nem aprecio a ideia feminista da igualdade entre os sexos - que os padroniza por igual - embora seja apologista de direitos iguais e universais, os direitos Humanos. Não há porém igualdade entre o homem e a mulher no que diz respeito ao ser especifico de cada um, quer ao nível sexual ou fisico e menos ainda ao nivel psiquico e ontológico. Cada um dos sexos é muito diferente um do outro à partida e expressam qualidades intrínsecas próprias (de acordo com os hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, masculino e feminino) específicas da sua natureza interior (a mulher tem utero, ovários e gera dentro dela vida) e a grande confusão existente é resultado dessa ideia ficticia e redutora da mulher de uma  igualdade entre os sexos em que as mulheres devem fazer tudo o que os homens fazem e que têm vindo a confundir cada vez mais a sociedade e as próprias mulheres e já nem homem nem a mulher sabem quem é quem...
O facto de a mulher ter sido reconstruída ou "recriada" culturalmente pelo homem a partir de dogmas religiosos e outros, e sendo portanto um subproduto de uma sociedade patriarcal e falocrática, que domina todos os meios de expressão e de comunicação e ser ele ainda e desde há séculos aquele que define a mulher na literatura e a tem retratado na arte e no cinema, por exemplo, faz com que a mulher se tenha completamente perdido de si mesma ao perseguir imagens e padrões de suposta feminilidade seja a do sacrificio seja o da libertetinagem e que nada têm a ver com o feminino na sua essência. Tão pouco a sua sexualidade é a verdadeira porque não é coital mas simbiotica e é de todos estes apectos e questões que Mulheres e Deusas, agora MULHER MATER, MATRIZ  se ocupa e preocupa...

PORQUE É ABSOLUTAMENTE ESSENCIAL REDESCOBRIR A VERDADEIRA MULHER DENTRO DA MULHER  E DEVOLVÊ-LA INTACTA AO MUNDO e por isso urge rejeitar todas as falsas imagens do feminino criado pelo homem assim como das deusas que nunca foram mulheres.

RLP

"O primeiro objecto de amor para mulheres e homens é a mãe;



O PRIMEIRO OBJECTO DE AMOR É A MÃE


..." Kundalini-a serpente vital, a mãe do mundo é uma força eletromagnética. O sopro ardente do dragão é um poder real que, quando despertado em ação, pode facilmente destruir como pode criar. O que é verdadeiro de qualquer potência natural, fogo, água, vento, também é verdade do poder espiritual: grande energia também é grande perigo. Com a deusa, tudo é real. O Espírito e a matéria são forças igualmente poderosas, e a sua acção de entrelaçamento é constantemente mágica, constantemente real.

Ao separar o espírito e a matéria, a ideologia patriarcal reduziu a existência física a um mero mecanismo observável, chamada " realidade prática enquanto a existência espiritual é descartada ou abstrato em " a imaginação " ou " o ideal Ou, como nos cultos solares apolonianos - e nas tendências teológicas do Budismo, Judaísmo, islamismo e cristianismo - espírito torna - se ' puro ser ' ou ' pura existência na eternidade ' ou ' bem absoluto ' ou alguma outra abstração intelectual totalmente unrooted Em processo cósmico. Totalmente extraído da vida, como um dente sublime.

O Espírito, na religião matriarcal, não nega a sua ligação com a mãe. É gerada fora do processo de vida no tempo e no espaço: Ela cria, dissolve e transforma-se como ela vai. O Espírito e a matéria em espiral são ambos iguais e igualmente reais. E esta é a realidade espiritual da evolução, em que a matéria se cria na consciência, uma vez que a consciência espiritual se criou em matéria."

"O primeiro objecto de amor para mulheres e homens é a mãe; mas no patriarcado, o filho tem de rejeitar a mãe para ser capaz de dominar a esposa como "um homem ...de verdade" - e a filha deve traí-la para se "submeter a um homem". Na sociedade matriarcal, esse duplo fardo de traição biológica e espiritual não ocorre. Tanto para as mulheres quanto para os homens, existe uma estreita identificação com o grupo coletivo de mães, com a Mãe Terra e com a Mãe Cósmica. E, como os psicanalistas continuam a repetir, essa identificação é propícia à bissexualidade em ambos os sexos. Mas a homossexualidade em homens tribais ou pagãos não se baseava na rejeição da Mãe, ou da mulher, como na cultura patriarcal; era baseada no amor de irmão, irmão-afinidade, como filhos da mãe. E o lesbianismo entre as mulheres não se baseava no medo e rejeição dos homens, mas no desejo da filha de restabelecer a união com a Mãe e com sua própria feminilidade. O coletivo de mães, identificado por filhas e filhos, era formado por mulheres fortes, criativas, produtoras, sexualmente livres e visionárias. E assim o ideal da feminilidade, para ambos os sexos, não era a submissão forçada e estúpida dos oprimidos, como na cultura patriarcal."


Do livro A Grande Mãe Cósmica de Mónica Sjoo e Bárbara Moor


domingo, setembro 10, 2023

A VIRGEM - A MÃE PATRIARCAL É UMA IMPOSTORA


O TABU DO SEXO 

E A REPRESSÃO DO FEMININO VISCERAL

(...) 

A Imaculada Conceição da Virgem Maria é um dogma da Igreja Católica. 

5. A Igreja reconhece explicitamente  que a Virgem é a escrava do Senhor e além disso enfatiza acrescentando Faça-se em mim segundo a tua palavra.

6. De todas as formas, a Virgem cumpre o rito da purificação, para limpar o corpo do mal da maternidade e da oxitocina.(Oxitocina é conhecida como a hormona do amor, promove a empatia e as relações sociais)

7. Finalmente ela assiste resignada à tortura e morte do seu filho, em sacrifício do Pai, para quem oferece o seu próprio sacrifício.

8. As imagens da Virgem são feitas com um coração desenhado no peito, do qual algumas vezes desprendem-se uns raios que representam o ‘amor’, querendo copiar o estilo das representações neolíticas, porém trocando o seu conteúdo: porque, neste caso, trata-se de um tipo de amor cuja qualidade vem definida do lugar de onde sai e onde se sente: da cintura para acima e por isso essa imagem não representa o fluido do amor verdadeiro, que sai do ventre, desde a pulsação das chamadas zonas e órgãos erógenos, e o que acontece é uma sublimação que as emoções sofrem quando ficam desconectadas da pulsão visceral que as origina e que permanecem  perdidas  produzindo ansiedade, até que sejam requalificadas e ‘recolocadas’ de acordo com a visão dogmatica da Igreja. Essa sublimação é o ‘amor’ espiritual que querem fazê-lo localizar-se no coração, que não é um órgão que produz prazer nem impulsiona  nem dá satisfação. Trata-se de uma compensação imaginária, como diria Jesús Ibánez, do verdadeiro fluido amoroso que nasce da maternidade. No corpo que está auto regulado (pela maternidade) à nascença a emoção não está focalizada no peito, mas no ventre porque se sente em tudo o corpo e além disso, a mulher sente-se unida ao prazer e à emoção que nasce no ventre, onde se sente verdadeiramente o amor, com toda a sua força, e de onde se expande em todas as direções até alcançar toda a nossa carne viva que por isso toda ela é pulsátil. E quando se pretende desenhar-se o amor a sair diretamente do coração, está-se a ocultar a sua condição natural, a sua força, a sua origem e a sua verdade. Essa mudança tem um impacto simbólico muito importante, porque desvirtua o amor; é uma fixação na corrupção do amor verdadeiro para manter a validade e a implementação moderna do Tabu do Sexo; a corrupção e a  diminuição que falávamos da capacidade de amar.

A diferença entre o amor verdadeiro e o ‘amor’ espiritual, é que o primeiro é visceralmente  prazeiroso; é um derramamento em que o prazer e  a satisfação se tornam e são, uma mesma coisa.

As mulheres neolíticas representavam o amor materno com serpentes enroscadas no ventre, que logo subiam e se enroscavam nos peitos: duas imagens e duas simbologias muito distintas, de antes e depois do Tabu do Sexo, de antes e depois da consolidação do patriarcado.

Também algumas vezes são flechas e punhais que atravessam ao coração da Virgem, para expressar a dor pela morte do seu filho: a imagem do tradicional destino de sofredoras das mulheres.

ESSA VIRGEM ASCENDIDA É A  IMAGEM ASSEPTICA DA MULHER SEM PRAZER E QUE  PISA A SERPENTE A SEUS PÉS...

9. A história do culto à Virgem Maria começa após os primeiros séculos de evangelização na Europa, quando a Igreja percebeu que havia a necessidade de criar uma  representação da mulher e de uma mãe sexualmente asséptica. Por isso no começo, a maior parte das suas imagens ainda tinham o menino Jesus no colo, até  nalgumas, entre as mais antigas, aparece a Virgem dando-lhe o peito. Mas a pouco e pouco vão desaparecendo essas imagens do aleitamento, e a imagem da Virgem apresenta-se já sem o menino. Isso deve-se a que o papel inicial da imagem da Virgem Maria foi manipulada para haver a conversão do desejo materno, que ainda as mulheres sentiam ou percepcionavam, e desviadas para  um "amor’ racional, espiritual e de submissão, compatível com o exercício da repressão sobre as criaturas, alegadamente feito ‘pelo seu próprio bem’ para educá-las para a escravidão, a resignação, e o ‘sucesso social’ do fratricídio.

As imagens de mulher do paleolítico e neolítico, ou seja da época de antes do Tabu do Sexo, que a arqueologia foi encontrando, geraram um problema, tanto pela sua quantidade tão abundante -sobretudo em comparação com as imagens dos homens - como pela sua corporeidade explícita. Logicamente essas imagens refletem a imagem de mulheres de uma sexualidade plena, não devastadas, corpos de mulheres  abundantes e cheias.

A deificação das imagens de mulheres neolíticas é também uma estratégia para que tais imagens não possam chegar a constituir um paradigma que provoque e propicie la reconexão de nossa mente com as nossas entranhas. A edição em castelhano do livro de Henri Desporte, onde se faz uma recompilação das imagens de mulheres paleolíticas, com critério quase exclusivamente geográfico e cronológico, sem qualquer interpretação deificante, tem um prólogo de Gómez Tabernera que adverte que o livro pode ser utilizado por ‘feministas fanáticas´; deixando assim a descoberto o temor que tais imagens por si mesmas podem efetivamente evocar e, ao mesmo tempo, as verdadeiras razões para promover a deificação da mulher paleolítica e neolítica.

Assim chegamos à apresentação da Virgem Maria, Mãe de Deus, como a continuação das Deusas Mães neolíticas, para revalidar o modelo patriarcal de mulher libidinalmente asséptica e emocionalmente resignada (mulher escrava e mãe que sacrifica o filho ao pai) de uma humanidade como o desejo materno suprimido, compatível com a sublimação e desvirtualização do amor, e com a repressão gera da sexualidade. Trata-se de eliminar à mãe (Odent) e que a humanidade esteja órfã de mãe verdadeira (Sau). E trata-se de criar uma noção do ‘amor’ e da capacidade de amar desligados das pulsões carnais e da capacidade orgástica; até já quase não saber que dar o peito com desejo também produz orgasmos.

Para fazer  o amor compativel com a repressão e a dominação, há que corrompê-lo, desnaturalizá-lo, sublimá-lo. Porque o amor que em verdade sai das entranhas, é aquele que gera a satisfação incondicional o que é o contrário do que acontece com a dominação patriarcal. A dominação requer corpos desvitalizados, com a capacidade orgástica atrofiada, sem capacidade de prazer nem de amor verdadeiro.

 No que refere-se à ordem simbólica, a Virgem Maria não somente é o símbolo da mãe impostora  como também da impostura em si que Sau fala, da ocultação da matrofagia* à prole, e da desnaturalização do amor.

As vezes nas correntes eco-feministas e outras, reivindica-se a Ordem Simbólica da Mãe, sem especificar a que ‘mãe’ se está a referir, o que produz uma ambiguidade muito perigosa, fortemente aproveitada pelos que elaboraram os discursos compatíveis com o Tabu do Sexo e a falocracia. De facto a mãe patriarcal atual, a impostora, tem uma importante representação na Ordem Simbólica do Pai; uma representação muito consolidada e profundamente introduzida no imaginário coletivo das mulheres, e é a mãe de Deus, sofredora por excelência, cheia de dor e de angustia, etc. (A Nossa Senhora das Angustias, das Dores, etc.). E a nós mulheres nos dão a batismo com os nomes dessa mãe que representa a Lei do Pai: Imaculada, Dores, Purificação, Solidão, Angustias… para que nos  embebamos bastante da sua Lei e das Sua Ordem Simbólica e chegue bem fundo até a medula. A apresentação da Virgem Maria como uma continuidade das ‘deusas’ neolíticas é sem dúvida, uma mentira tecida com um objetivo preciso: manter e reforçar a ordem simbólica da impostora, do cansaço, da matrofagia (aleitamento), ou como bem quisemos chamar à mãe patriarcal.

AMAR A MÃE VERDADEIRA

O mesmo ocorre com a proposta de ‘amar a mãe’ como prática política de Luisa Muraro. Já em A repressão do desejo materno se falava que para amar a mãe real, haveria que se separar e distinguir o que houvesse nela de mãe verdadeira, e do que houvesse de mãe patriarcal que reprimiu e esmagou os nossos desejos de amor. Porque amar aquela imagem que nos reprime é perpetuar o que já dura há muito tempo. Victoria Sau vai mais longe, e assegura que para amar a mãe verdadeira há que odiar a mãe patriarcal que nos esmagou, que ignorou os nossos desejos vitais, e as nossos anseios profundos e genuínos de amor e de liberdade."


*La matrofagia es una forma de canibalismo embrionario que ocurre en animales donde los embriones comen el tejido de la madre. As Mães em certas espécies servem de alimento aos filhos após o nascimento.

DO LIVRO a rebelião de edipo - de Cacilda Rodrigánez pág.: 88-91

terça-feira, setembro 05, 2023

A democracia nasceu morta desde o início...

 " DESPOVOAMENTO DEMOCRÁTICO 


Os últimos anos mostraram uma coisa: o Estado não existe para o seu povo. Um passo em frente global sob a direcção da OMS, que é conhecido por ser largamente financiado pelos super-ricos e, portanto, está nas suas mãos. Multinacionais como a Blackrock e a Vanguard tomaram o poder sob o pretexto da democracia. Claro, com a ajuda da quinta coluna de ideólogos e seguidores que se instalou nos governos e nas grandes empresas ao longo das últimas décadas. Os governos tornaram-se executores de um programa de despovoamento global. Mas não foram sempre?

A democracia é uma invenção dos poderosos para se protegerem da raiva popular.

A democracia nasceu morta desde o início. A burocracia pendurou o cadáver no pescoço, adornou-se com ele e roubou o voto do povo. Em nenhum momento as populações das regiões tiveram realmente uma palavra a dizer nos assuntos governamentais. Como assim, porque a democracia é o manto que as altas finanças e as famílias poderosas vestiram para se manterem fora da linha de fogo. Só assim poderão ser realizadas grandes mudanças na sociedade de acordo com os seus planos, sem que elas próprias se tornem alvo da população. Lições aprendidas com a Revolução Francesa.

Numa democracia, a culpa é do povo se algo correr mal. Não há mais um rei para culpar pelas políticas fracassadas. O eleitorado é o culpado hoje se as coisas vão por água abaixo. Tal como o consumidor, ele também é culpado quando a terra é envenenada, explorada e destruída. E é claro que a culpa também é do indivíduo no que diz respeito ao clima. É sempre o mesmo ponto. Os lucros são privatizados e a dívida é socializada. Em todas as áreas. O indivíduo é sempre o culpado pela miséria e só ele pode fazer algo a respeito. Então, vamos todos salvar o mundo juntos e aqueles que não participarem ganharão uma estrela judaica.

São as empresas multinacionais dos ricos que exploram excessivamente a terra, poluem o ambiente e não demonstram interesse em produzir produtos sustentáveis, duráveis ​​e inofensivos. Desta forma, uma agenda ideologicamente religiosa pode ser levada a cabo em segundo plano, sem que os próprios manipuladores tenham de estar no centro das atenções. Durante décadas, os seus capangas têm falado publicamente sobre a redução da população. Há demasiadas pessoas na Terra e as alterações climáticas causadas por tantas pessoas estão a forçá-las a prosseguir uma agenda de redução populacional. Mentiras embaladas em belas palavras - trazidas ao povo por egocêntricos corruptos e em busca de carreira, num ciclo interminável de repetição.

Como você pode ver, esse truque ainda funciona hoje. A propaganda continua feliz e muitas pessoas estão tão convencidas da democracia como a melhor forma de governo que nem sequer percebem como foram enganadas, enganadas e roubadas durante décadas. É o sistema escravista perfeito onde ninguém sabe quem são os proprietários de escravos. 

Os poderosos que estão nos bastidores e a sua ideologia não aparecem neste cálculo, porque desde a introdução da democracia eles têm todos os cordões nas mãos. Todos os meios de comunicação, multinacionais e grupos de capital são propriedade do mesmo grupo, tal como as organizações, fundações, universidades e organismos académicos supostamente sem fins lucrativos. A política, um espectáculo de marionetas para aqueles que nunca querem crescer, também está sob o controlo dos poderosos nos bastidores, não apenas num país, mas em todo o mundo. Os Estados foram transformados em empresas. O mundo é uma holding e a política é cinema para as massas. Os políticos hoje são pessoas com formação ideológica e apoiadas financeiramente, que são colocadas à frente da população nas eleições e que seguem a agenda conforme as instruções. Não importa quem ganha. Não há nada, absolutamente nada de democrático nisso. A autodeterminação da população existe, se é que existe, apenas numa escala muito pequena, o que é completamente irrelevante para o quadro geral. 

A Terra ainda pode acomodar mais alguns bilhões de pessoas. Não existe superpopulação, apenas os super-ricos têm muito, porque se a riqueza fosse distribuída uniformemente, o problema desapareceria no ar. Esta crise é provocada por aqueles que não se cansam de zelo, poder e controlo religioso. E ainda afirmam que estão fazendo a obra de Deus..."

CHOPFLOCH (traduzido do alemão)

sexta-feira, setembro 01, 2023

A "culpa" do homem se estar a "feminilizar"...



Quando um só polo é exaltado ou outro decai e é o seu oposto que se inverte.

A "culpa" do homem se estar a "feminilizar" ou a querer ser "mulher" não é do "emponderamento" da mulher, que mais não foi, por um lado, do que a sua masculinização, e aí sim, mas do outro, pelo falso feminino, promovido pelos homens ao longo de décadas através do cinema, do mito romântico e  da pornografia e dos Midea em geral.

A masculinização da mulher foi paulatina - obedeceu a Agenda do feminismo promovida pelas elites há quase um séculos e deu-se a muitos niveis antes do começo da feminilização do homem, quer a nivel dos novos costumes e modas, quer na construção comercializada da imagem de uma mulher ficticia, a começar pela moda de uma mulher sem formas e depois a unisexo, e agora da sua inversão, como pela exacerbada racionalização das mulheres ditas intelectuais, em detrimento do seu lado emocional e que são ainda mais machistas que os homens e agressivamente contra as outras mulheres em nome de uma suposta igualdade que nunca existiu.
Hoje, mais do que nunca temos uma falta gritante são só de mulheres verdadeiras, com substância, como de homens reais e autênticos. Confunde-se o macho latino agressivo com a virilidade de um homem o que é a visão tradicional do seu papel, mas isso deve-se a esta negação da essência do verdadeiro feminino, ancestral e atávico,  e agora por consequência das novas ideologias, resulta na negação das caracteristicas do masculino, postas em causa pela exacerbação dos polos, para além da agenda LGBT+ merdes...
O polo masculino exacerbado no mundo desde há séculos e uma falsa emancipação e igualdade dos sexos levou a esta inversão dos polos por falta de um dos polos da Matriz formadora do Homem e da Mulher Original. Quando um só polo é exaltado ou outro decai e é o seu oposto que se inverte.

Não é tudo culpa da A.genda x ou y, mas culpa da mulher e do homem que nuncapuderam ou souberam ser fiéis à sua alma e aos principios que os regia, Yin e Yang...que acabaram todos por cair do buraco de Pan Ku - confusos, doentes e dementes...

As mulheres religiosas há muito tempo e hoje as intelectuais continuam fieis ao deus pai e ao patriarcado assim como aos valores do sistema capitalista=socialista=comunista e hoje só põem em causa o sistema que é intermitente, mas não os seus valores de base, seculares. Esquerda e Direita são facções fanáticas e redutoras da realidade Humana. Ambas as ideologias se pautam pelo dogma ou pelo facciosismo.
rlp

Todas a