AS TEORIAS DOS HOMENS SOBRE AS MULHERES
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“O verdadeiro problema com as mulheres é terem sempre de tentar adaptar-se às teorias dos homens sobre as mulheres, como sempre fizeram. Quando uma mulher é totalmente ela mesma, está a ser o que o seu tipo de homem quer que ela seja. Quando uma mulher está histérica é porque não sabe muito bem o que ser, que padrão seguir, a que imagem masculina de mulher se ajustar.
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Porque, é claro, assim como existem muitos homens no mundo, existem muitas teorias masculinas sobre o que as mulheres deveriam ser. Mas os homens tendem para grupos, e é o grupo, não o indivíduo, que produz a teoria, ou 'ideal' de mulher.
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E assim, pobre mulher, o destino captura-a. Não é que ela não possua uma mente — possui. Ela tem tudo que o homem tem. A única diferença é que ela procura um padrão. Dêem-me um padrão a seguir! Será sempre este o grito da mulher. A menos, é claro, que já tenha escolhido o seu padrão muito jovem; então, ela vai declarar que é absoluta, e nenhuma ideia de homem sobre as mulheres terá qualquer influência sobre ela.
(...)
O homem está disposto a aceitar a mulher como semelhante, como um homem de saias, como um anjo, um demónio, uma cara de bebé, uma máquina, um instrumento, um seio, um útero, um par de pernas, uma criada, uma enciclopédia, um ideal ou uma obscenidade; a única coisa que ele não aceita é que ela seja um ser humano, um verdadeiro ser humano do sexo feminino.”
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David Herbert Lawrence ou D. H. LAWRENCE
UM POEMA QUE ILUSTRA BEM o que o autor citado diz...
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Eu não te tenho amor simplesmente. A paixão
Em mim não é amor; filha, é adoração!
Nem se fala em voz baixa à imagem que se adora.
Quando da minha noite eu te contemplo, aurora,
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E, estrela da manhã, um beijo teu perpassa
Em meus lábios, oh! quando essa infinita graça
do teu piedoso olhar me inunda, nesse instante
Eu sinto – virgem linda, inefável, radiante,
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Envolta num clarão balsâmico da lua,
A minh'alma ajoelha, trémula, aos pés da tua!
Adoro-te!... Não és só graciosa, és bondosa:
Além de bela és santa; além de estrela és rosa.
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Bendito seja o deus, bendita a Providência
Que deu o lírio ao monte e à tua alma a inocência,
O deus que te criou, anjo, para eu te amar,
E fez do mesmo azul o céu e o teu olhar!...
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in 'Poesias Dispersas' de Guerra Junqueiro
(15 de Setembro de 1850 — 7 de Julho de 1923).
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