O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 29, 2016

A MULHER - UMA HISTÓRIA DIFERENTE


 



A DIFERENTE HISTÓRIA DE HOMENS E MULHERES


"Ser mulher é também estar em comunhão com as mulheres que sofrem, são maltratadas ou abusadas. Não é preciso ser feminista nem activista dos direitos das mulheres e, muito menos, defensora de quotas em contexto político-social para ter consciência de que a assimetria entre géneros é esmagadora para as mulheres em demasiadas latitudes do globo. Vivemos os mesmos séculos, os mesmos tempos de guerra e de paz, atravessamos juntos as mesmas crises e tempos de progresso, mas a história das mulheres é uma e a dos homens é outra, completamente diferente. E o fosso entre umas e outros é abissal."


LAURINDA ALVES

A LITERATURA DE CORDEL


A GRANDE ALIENAÇÃO DAS MULHERES

Há mulheres a quem "A “liberdade” de perseguir o poder para não terem de saber do medo torna-as cúmplices com o desprezo que os homens costumam ter pelo sexo feminino."

É por isso que em todo o lado "Pode dizer-se e escrever-se sobre as mulheres as asneiras mais infames, sem que isso provoque a menor indignação."

Pode-se mesmo escrever as coisas mais infames em nome do erotismo e das "mulheres", pode-se escrever de forma absolutamente depravada e misógina, mas mesmo assim elas seguem-nos como cãezinhos fiéis ao dono e nem sequer se apercebem de como são ridicularizadas e aviltadas, não se apercebem de como os valores da vida e de si mesmas como seres humanos são pervertidos, não veem como se perpetua uma ideia de romance de cordel nojento e o amor aparece como uma intriga superficial como coisa pegajosa e destrutiva, absurda, e de forma alienatória, estupidificante do ser humano...
Elas estão tão habituadas a serem maltratadas e reduzidas a lixo que é tomam como um elogio a ofensa ordinária...
Há mulheres que seguem religiosamente estes escritores popes semi-pornográfico com "paixão"...onde são  reduzidas a meros instrumentos de prazer aleatório, tratadas como peças de carne, coisificadas, escravas de paixões e o certo é que eles vivem à conta da sua estupidez e vazio, como vivem a sua conta os estilistas e as industrias de cosméticos...
Há uma espécie de escritores-travestis da escrita...eles colocam o seu desejo de serem mulheres nas personagem femininas que inventam e que degradam com as suas ideias pervertidas do "amor" e sexo;  eles transformam as mulheres nesses estereótipos variados quase sempre de mulheres ridículas e histéricas, todas tratadas como putas, no fundo, que é a única mulher que os travestis gostam de imitar...

Eis um exemplo da porcaria que as mulheres leem...

"Comecei a amar-te no dia em que te abandonei.

Foram as palavras dele quando, dez anos depois, a encontrou por mero acaso no café. Ela sorriu, disse-lhe “olá, amo-te” mas os lábios só disseram “olá, está tudo bem?”. Ficaram horas a conversar, até que ele, nestas coisas era sempre ele a perder a vergonha por mais vergonha que tivesse naquilo que tinha feito (como é que fui deixar-te? como fui tão imbecil ao ponto de não perceber que estava em ti tudo o que queria?), lhe disse com toda a naturalidade do mundo que queria levá-la para a cama. Ela primeiro pensou em esbofeteá-lo e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, de seguida pensou em fugir dali e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, e finalmente resolveu não dizer nada e, lentamente, a esconder as lágrimas por dentro dos olhos, abandonou-o da mesma maneira que ele a abandonara uma década antes. Não era uma vingança nem sequer um castigo – apenas percebeu que estava tão perdida dentro do que sentia que tinha de ir para longe dali para ir para dentro de si. Pensou que provavelmente foi isso o que lhe aconteceu naquele dia longínquo em que a deixara, sozinha e esparramada de dor, no chão, para nunca mais voltar.

De tudo o que amo és tu o que mais me apaixona.

Foram as palavras dela, poucos minutos depois, quando ele, teimoso, a seguiu até ao fundo da rua em hora de ponta. Estavam frente a frente, toda a gente a passar sem perceber que ali se decidia o futuro do mundo. Ele disse: “casei-me com outra para te poder amar em paz”. Ela disse: “casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim”. Na verdade nem um nem outro disseram nada disso porque nem um nem outro eram poetas. Mas o que as palavras de um (“amo-te como um louco”) e as palavras de outro (“amo-te como uma louca”) disseram foi isso mesmo. A rua parou, então, diante do abraço deles."

Pedro Chagas Freitas

a arte feminina


A POESIA...


“Esta função sagrada feminina numa comunidade de povos atlânticos, europeus, através dos milénios e que através de todas as etnias e estimativas diferentes, continuaria a ser primacial.”

“Documentos antigos de origem eclesiástica, provam-nos que havia na Romania uma poesia popular detestada pela Igreja, carmina amatória, (…) cujo principal agente era a mulher. Tal poesia chegava a invadir a própria Igreja e escandalizar a seriedade do culto (…) essa arte feminina... deveria ter florescido intensamente na Galiza (…) Temos notícia de que as mulheres desempenhavam papel importante nas grandes cerimónias religiosas de Santiago de Compostela.”


Da Serpente à iImaculada
dalila pereira da costa

quinta-feira, junho 23, 2016

DESDE HÁ MILHARES DE ANOS...



PORQUE É O CÉU MELHOR DO QUE A TERRA?

- (...) Em todas as descrições da criação do mundo, há um pressuposto bem instalado que consiste a fazer notar que os homens, o masculino, se apoderou do céu e das águas de cima contra as águas de baixo, que seriam femininas. Porque não? O que me aborrece, é que eles acabaram por convencer todo o mundo desde há milhares de anos que o céu, é melhor que a terra.
Portanto puxei um pouco as coisas na direcção da empatia dizendo que vivemos... num mundo em que se valorizou de tal forma o Espírito, o masculino, o intelecto, e que isso foi feito em detrimento da alma, do sensível e que por isso estamos todos a caminhar para o abismo. Quando defendo a minha Deusa selvagem, eu defendo portanto muito simplesmente um feminino primitivo, autêntico, fecundo, vivo.
(...)


-Yung dizia:

“É preciso que o homem velho se torne maternal”.

É bonito e é verdade. Porque seriamos nós eternamente seres cortados em dois, que não teriam o direito de ter ao mesmo tempo uma alma e um espírito, uma sensibilidade e uma violência feminina e masculina? As deusas divertem-se imenso por esta razão, em particular Ishtar, que é simultaneamente deusa do amor e guerreira. Isto fere a tradição masculina, ao ponto de existir quem conteste que possa existir uma deusa encarnando em simultâneo a violência guerreira e a paixão amorosa. Mas enfim, as mulheres são todas assim! Porque obscura razão só os homens teriam o direito de serem selvagens? – eu entendo selvagem no sentido da Natureza e da Floresta e não da barbárie. Dito isto, penso que a androginia é um estado no qual não se deve ficar. Passemos por lá, mas no fim do processo, restemos homem ou mulher. Não há nada de mais horrível do que uma mulher inteiramente viril que esqueceu a sua parte de ternura.* (…)
 



N.C. – Não houve já no feminino uma tentativa imatura de utilizar a máscara de Kali?

- Kali (deusa indiana da morte e da vida) não tem nada a ver com o feminismo! Com a sua grande roda, esta espécie de lagar de sangue, simboliza simultaneamente a morte e a vida. No feminismo, há um combate que visa a excluir o homem pela raiva e pelo ódio. A minha posição é tudo menos de ódio. Eu vejo com humor as suas reivindicações de um céu supostamente melhor que a terra e eu reivindico a... terra porque ela é concreta e porque ela dá frutos; mas em caso algum eu me sinto em guerra contra o homem. Melhor ainda: eu defendo a androginia que se manifesta através da deusa mãe, a serpente, os gémeos ímpares e criadores do mundo.
O que eu reivindico, é o direito para a mulher, de exprimir o desejo que ela tem mais vivo em si e sem hipocrisias, eventualmente o seu desejo o mais selvagem, sexual ou maternal, sem essa espécie de rendilhados ridículos com a qual a enfeitam e a mistificam. Da mesma maneira que reivindico o direito do homem assegurar a sua parte feminina, a sua anima. O mundo tem tendência aliás para uma espécie de androginia. É o que pode salvar o mundo. A Androginia é com efeito uma forma de eliminar o medo do outro. A partir do momento em que começamos a ver o que o outro sente, como e porque o sente e a ter essa experiência, então aí as barreiras caiem. O que faz medo, é a diferença – o mais elementar dos racismos.*


Entrevista a Joelle de Gravelaine

terça-feira, junho 21, 2016

A luta entre homem e mulher...a mãe e o filho...



“Quando se ousa afirmar que todas as relações entre homem e mulher, sejam eles quais forem (conjugais, filiais ou outras) são necessariamente relações incestuosas entre mãe e filho, estamos a provocar as críticas mais ásperas, e fazer-se passar por obcecado. No entanto...

O homem é com efeito um ser incompleto, e ele apercebe-se disso. O seu medo e a sua atracção pela gruta obscura (o vazio de onde vem), o seu medo e a sua vertigem diante da morte(o vazio para onde ele irá), tornam-no um ser frágil que procura a qualquer preço uma segurança. Essa segurança é a mãe, tanto para o homem como para a mulher. (...)

O homem está pois biologicamente sujeito à mulher quer ele queira quer não. E toda a mulher é uma mãe, real ou potencial. Ele é o contido (contenu) enquanto que a mulher é quem contém (contenant): isso constitui um estado de inferioridade muito claro para o homem, que passa por isso o seu tempo a negar esta realidade para se provar a si próprio que é superior. É o que explica a acção masculina, o facto de que os homens sejam dotados para a acção, para a violência, para o combate. Esta acção é o único meio que lhes resta para tentarem se afirmar.
E se o homem é o contido, portanto um ser inferior, ele arroga-se ao direito de ser superior mostrando a todo o preço que a sua força activa é a única capaz de proteger a espécie. Ele soube mesmo convencer a mulher desta superioridade, simbolizada pelo reconhecimento do pénis do rapazinho ao nascer, pela sua mãe, ou por qualquer outra mulher que ajude no parto. O famoso grito: “é um rapaz!”, repetido por gerações, diz bastante do seu significado.

No entanto, a que contém (ou abarca), a mãe, digamos a mulher, é ela própria a realização do Paraíso. Ela o concretiza, esse Paraíso, sob os dois aspectos de uma só realidade: ela “contem” (engloba) a sua criança e o seu amante.”


in "La Femme Celte” de Jean Markale


NOTA PESSOAL ( À MARGEM...)

Podemos então ir um pouco mais longe a risco de provocações maiores, mas eu diria que por todas estas razões e outras, o homem não querendo aceitar essa “inferioridade”, não se querendo render à evidência nem se submeter ao poder da mulher-mãe, ele passa contestá-la e a desprezar a mulher em geral, ou vangloriando-se da sua "virilidade" querendo provar a sua força colecionando amantes e dizendo-se o seu possuidor, ou violando-as e matando-as, acto extremo, ou ainda fazendo a guerra ao seu vizinho para alastrar assim a sua impotência de macho que se vinga pela sua incapacidade de aceitar e amar a Mãe e a Mulher que o "contem". Cometendo ainda a grande aberração de violar ou agredir as crianças indefesas no seio da própria família, incluindo filhas e filhos  ou das suas instituições que as "guardam", como é o caso da pedofilia e da Igreja...
A grande causadora desta “vingança” ancestral foi sem duvida a “madre igreja” que denegriu a mulher como culpada da queda  e reprimiu a sua sexualidade, com padres vestidos de mulher a representar a vontade castradora do pai do céu, exclusivamente! Infelizmente todos os autocratas, ditadores e representantes da violência ou da repressão da vida instintiva-natural, seja ela instituída como “defesa” de território ou da “religião e moral” ou puramente marginal são iguais na falta de amor e de respeito pela vida e pela natureza representada antes pela Grande Deusa e encarnada na Mulher. A destruição do planeta terra é o ódio à Mãe...e a prova da “força” do Homem sobre a natureza!

rlp

AS DOENÇAS...


E O SOFRIMENTO...

"O sofrimento abre nossos olhos, ajuda a ver o que não veríamos de outra forma.
Portanto, só é útil ao conhecimento e, fora isso, não serve senão para envenenar a existência.
O que, diga-se de passagem, favorece ainda mais o conhecimento.
“Ele sofreu, logo, compreendeu.”
É tudo o que podemos dizer de uma vítima da doença, da injustiça, ou de não importa que variedade de infortúnio....
O sofrimento não melhora ninguém (salvo aqueles que já eram bons), é esquecido como são esquecidas todas as coisas, não entra no “património da humanidade”, não é conservado de maneira alguma, mas se perde como tudo se perde.
Mais uma vez, não serve senão para abrir os olhos."


Emil Cioran
in, De l’inconvenient d’être né


"Se as doenças têm uma missão filosófica neste mundo, ela não pode ser outra senão, demonstrar quão ilusória é a sensação da eternidade da vida, e quão frágil é a ilusão de uma indefinição e de um triunfo da vida.
Pois, na doença, a morte está sempre presente na vida.
Os estados genuinamente doentios nos conectam a realidades metafísicas que um homem normal e saudável é incapaz de entender.
(...)
... Só as pessoas que realmente sofrem, são capazes de conteúdos autênticos ...e de uma seriedade infinita.
[...] Toda doença é heroísmo; mas um heroísmo de resistência, não de conquista.
O heroísmo na doença se manifesta por resistência nos bastiões perdidos da vida."



Emil Cioran
in, Nos cumes do Desespero

MULHERES E HOMENS



DOIS EXCERTOS...

(...)
"Mulheres e homens em todo o mundo estão, pela primeira vez em grande número, a desafiar frontalmente o modelo de relacionamento humano macho-dominador/fêmea-dominada que é o alicerce da mundivisão dominadora. Ao mesmo tempo que a idéia da “guerra dos sexos” está a ser denunciada como uma consequência deste modelo, está igualmente a ser posto em causa o seu resultado adicional de ver “o outro” como “inimigo”. Mais significativamente, existe uma noção crescente de que a ...consciência superior da nossa “parceria” global emergente se encontra integralmente relacionada com o reexame e transformação fundamentais, das funções sociais tanto das mulheres como dos homens."

In O CÁLICE E A ESPADA
De Riane Eisler


"Hoje acordei com esta impressão de que a vitalidade do nosso campo de significantes é limitada. Tal como uma árvore nasce, cresce e morre tenho a impressão de que a linguagem tem a mesma evolução e que as palavras que temos hoje – quase as palavras que somos – têm o tempo de vida da nossa permanência em certos planos de vibração.
Quando os homens* mudam de foco as palavras têm de evoluir com eles ou simplesmente desaparecem. Outros sons, outras partículas significantes virão. Mas o que é a evolução de uma palavra? Ou a evolução do acto de falar? (eu prevejo um renascimento tímbrico, um renascimento mantrico na nossa oralidade colectiva)"

andré louro de almeida

* E as mulheres pergunta-se? Será que nessa mudança da oralidade colectiva a mulher aparece expressa em vez de aglutinada?

domingo, junho 19, 2016

O mais é nda...


"Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada."


fernando pessoa

Lua Cheia



AMANHÃ


Solstício de Verão (20 de Junho às 22.34)


"Coincidindo com a Lua Cheia (20 de Junho às 12.02), facto que já não ocorria há 70 anos, será certamente um início de ciclo, onde a luz se manifestará em abundância, iluminando e trazendo mais consciência às nossas vidas"
...
"Ao longo de um ano, o sol passa por quatro pontos cardeais chamados solstícios e equinócios, e cada um marca o início de uma estação. Estes quatro pontos cardeais são como nós de forças cósmicas e, nesses períodos, há novas energias que se derramam no universo"
Eles são os rituais mais ancestrais e simbólicos, comemorados por todo o planeta Terra.
As quatro estações representam o ciclo eterno das transformações, em que o fim representa o começo. As quatro etapas evolutivas da jornada da alma em direcção à luz, até à libertação definitiva de todas as limitações humanas.
O Solstício de Verão coincidindo com o dia mais longo, no hemisfério norte, representa o início dum Novo Ciclo de Vida e de Luz, bem como a entrada do Sol no signo de Caranguejo.
Solstício do latim significa suster ou parar o Sol; O Sol imóvel. O Sol entendido não como uma estrela, mas como o Logos Solar, a Fonte espiritual de tudo o que ocorre no planeta. O reconhecimento de que somos matéria e Essência; templos vivos habitados pelo divino.
Um momento que requer mais objectividade, quietude, gratidão para com o nosso maravilhoso Planeta, com quem partilhamos a abundância, a fertilidade e a Vida.
Uma oportunidade de consciencializar velhos padrões nas nossas vidas, de deixar velhas ligações emocionais, livrar de crenças e convicções obsoletas, e de libertar forças escuras do nosso interior, a fim de integrarmos o equilíbrio e a harmonia.
Podemos começar a fazer a lista do que queremos deixar, para a pudermos queimar no caldeirão.
(...).
Julia Brimbela

sábado, junho 18, 2016

AMAR ALGUÉM É DAR-LHE O PODER DE NOS DESTRUIR...




14 janvier 1915


Lettre de Guillaume Apollinaire à Lou : « Tu dois embrasser passionnément le fouet que je te brandirai. »


Mon petit Lou, reçu ta lettre du 12 pour laquelle tu auras une rude fessée que je veux que tu me rappelles toi-même si je l’oubliais. Tu es bien au chaud, à tirer ta flemme et voile que tu te mets à douter de moi. Moi, je peux douter de moi par fatigue, je ne sais quoi, mais toi, tu vas douter de moi qui suis ton maître, qui ai tous les droits, toutes les puissances sur toi. C’est insensé. Je t’apprendrai mon Lou que tu m’appartiens et je trouve que tu considères bien à la légère le pouvoir que j’ai sur toi. Je veux que tu aimes tout ce que je te ferai et tu dois embrasser passionnément le fouet que je te brandirai, et tu devras me demander très sincèrement encore. Ce n’est pas seulement ton imagination qui doit être en jeu, c’est aussi ton derrière, ton gros cul qui doit souhaiter les coups comme une grande volupté, si c’est mon bon plaisir de lui en donner, comme tes joues doivent être heureuses des gifles que je puis leur flanquer, si ça me dit. Coups ou baisers ce doit être aussi épatant pour toi, du moment que ça vient de moi.

Les coups doivent être seulement considérés comme de gros baisers, et les baisers comme de petits coups. Si quand tu es à froid, tu redoutes les gros baisers, sois si exquise, si passionnée, si adorable que tu ne mérites que les petits coups de ma bouche. Mais tu sais que je t’aime autant dans ma sévérité que dans ma douceur, de même que [le] petit bout de ta chair est aussi chéri par moi que le reste, mon amour adoré — Tu vois, amour chéri, que tu devinais juste, puisqu’en effet pour la composition de français j’ai été classé le 1er. Tu as eu des vers avant-hier, je t’en enverrai chaque fois que j’aurai le temps d’en faire. Ne les perds pas car je les réunirai (les meilleurs) en volume et je n’en ai pas copie car je te les écris directement.

WOMEN



A MÃE VISTA COMO "PERTENÇA" DO HOMEM...


"A negação de si mesma é posta em marcha a partir do nascimento, a partir da primeira relação com a mãe, onde esta já não se encontra presente como mulher com o seu corpo de mulher, estando ali como mulher do homem e para o homem.
(…)
O facto da menina viver a relação com a pessoa do seu sexo apenas através do homem, com essa espécie de filtro que existe entre ela e a mãe, é a razão mais profunda da divisão que encontramos entre uma mulher e o...utra mulher; nós as mulheres estamos divididas na nossa história desde sempre, não apenas porque cada uma de nós está unida socialmente ao marido, às e aos filh@s – este é apenas o aspecto visível da separação – a divisão dá-se a um nível mais profundo, ao não conseguirmos olhar-nos uma à outra, ao não sermos capazes de contemplar o nosso corpo sem termos sempre presente o olhar do homem.
(…)
Num artigo em “L’Erba Voglio”… insistia na relação interrompida com a mãe, ou no mínimo deformada desde o começo precisamente porque a mãe não é a mulher, apenas “a mãe”, ou seja, a mulher do homem. Do facto de que a mulher não encontra na relação com a mãe o reconhecimento da sua própria sexualidade, do seu próprio corpo, procede depois toda a história sucessiva da relação com o homem como relação onde a negação de tudo aquilo que tu és, da tua sexualidade, da tua forma de vida, já se produziu.”


Lea Melandri
La Infamia Originaria (excertos)

WOMEN...

A realidade porém é que é a mulher que contem - desde que nasce - o homem em si porque é a mulher que contem o filho...e nunca o contrário...
Em inglês   a palavra Mulher -  Wo+men  -  já contem dentro  (men) o homem. É a Mulher que é o contentor e o homem o contido, sempre, mesmo nas relações sexuais.
Como diz Elisabeth Schüssler Fiorenza para terminar com "a violência linguística do chamado masculino genérico centrado no idioma, eu uso a palavra " Mulher " em forma " Inclusiva ... E já agora, relembrá-las que só funciona em Inglês: " ...Mulher " inclui " homem ", " Ela " inclui " Ele ", " fêmea " inclui " macho "...



"O feminismo não está preocupado apenas com o sexo, mas também com a raça, classe e imperialismo, preocupado com kyriarky (Quiriarquia (?) sistema social ou conjunto de sistemas sociais de conexão construídos em torno de dominação, opressão e submissão) : Império, Senhor, mestre, pai, a elite masculina que determina o poder..."


terça-feira, junho 14, 2016

o impossivel



PARA LÁ DOS ENREDOS e dos enleios...

Acordei hoje a pensar nos nossos problemas - quase todos baseados nos relacionamentos - e no nosso convencimento...de que sabemos alguma coisa sobre alguém...a frase com que acordei hoje foi mesmo a de: "Ninguém é de ninguém, até quem nos abraça" - canção popular brasileira da minha infância...
Não só ninguém é de ninguém como ninguém ama ninguém...se não se ama a si próprio/a. O amor do outro/a é sempre uma emanação do nosso amor por nós mesmas ou então uma projecção baseada nas nossas carências...como não me amo quero que me amem...mas se eu me amar já não preciso que me amem. Se eu tenho comida...não preciso que me deem comida - não tenho fome...estou satisfeita...é a mesma coisa com o amor...
Eu fico parva quando vejo as pessoas a falarem das outras como se soubessem alguma coisa delas, a interpretar, a opinar,  sem perceber que apenas reflectem a sua própria visão das coisas baseadas na sua experiência de si - e é isso que importa saber que cada um vê e sente da forma como sente e como pensa...e essa forma é sempre pessoal e única, seja ela correcta ou incorrecta do ponto de vista do que é certo e errado. Quando eu olho e digo que é amarelo, não me digam que é azul...apenas que para si é azul...respeitando que para mim é amarelo... ah as pessoas falam em ARCO-ÍRIS  e a mim dá-me vontade de rir...

Ninguém é de ninguém, nem ninguém ama ninguém, como diz o poeta  e ninguém sabe de ninguém...e lá diz o ditado: "Cada um sabe de si e só Deus sabe de todos/as" e parece que o diabo também....e de facto é assim mesmo que é...por isso a única coisa que devia existir e ser real entre os seres humanos era o RESPEITO e a humildade face aos outros - aí não haveria manipulação nem controlo nem ninguém se atrevia a querer ensinar...ou dar palpites sobre a vida de ninguém...
Mas a vida humana tem sido um rol de enganos no sentido de cada pessoa viver em função dos outros e a imiscuir-se na vida dos outros...ah pois as crianças tem de ser cuidadas e educadas...etc. Sim, o mesmo respeito era preciso...olhar e ver o outro no seu angulo ...
Assim, cada um/a falaria de si...e deveria ser ouvida e não existiria aquela coisa parva de eu não estou de acordo eu penso assim e eu acho que não é assim - bastava mudar de atitude...e sabem que mais? Aprenderíamos infinitamente se ouvíssemos a experiências dos outros sem querer impor ou exibir as nossas...Simplesmente Ouvir...e assentir. E falar só de nós e não dos e para os outros...como se uns estivessem certos e outros errados.

rosa leonor pedro

AS MULHERES DIVIDEM-SE E OS HOMENS UNEM-SE...


QUE HERANÇA É ESTA?

PORQUE NÃO VEMOS QUEM É QUE APONTA O DEDO ÀS MULHERES - não são sempre as mulheres? Sim, tu e tu e tu e eu...sim, e sabes porquê? Porque nos digladiamos há séculos  e porque nos julgamos umas às outras e porque nos achamos  a nós melhores e as outras piores - já nos perguntámos isso e viramos o dedo para dentro?

Onde é que tudo isto começa?
Onde, de quem é a culpa e como não fazemos nada para ver objectivamente a origem desta tragédia que é a rivalidade entre mulheres? É fácil dizer : as "Mulheres não estão a conseguir edificar-se, porque querem na verdade destruir-se enquanto os homens assistem de camarote."

MAS PORQUE É QUE AS MULHERES SE QUEREM DESTRUIR UMAS ÀS OUTRAS?

Esta é a resposta que temos de nos dar com urgência e perceber que o veneno está dentro de cada uma de nós e NÃO apenas na  OUTRA! Esse é o nosso erro, julgar sempre a outra. Não ver a divisão e a cisão em cada uma de nós e como o sofrimento das mulheres dentro de si se reflete fora e querer fazer um trabalho de grupo com as outras mulheres sem primeiro trabalhar connosco e descortinar a origem do nosso drama individual é um erro. Não ver que  TODAS AS MULHERES SOFREM DO MESMO E NÃO HÁ AS SANTAS DE ALTAR NEM AS DEUSAS PURAS NEM AS PECADORAS DE SERVIÇO. 

É preciso ter MUITA HUMILDADE para perceber que as CAUSAS  embora tendo origem no Patriarcado está na nossa  mentalidade ainda  e que é preciso ver como essa divisão da mulher em duas - a santa e a prostituta,* a boa e a má ,começa em nós mesmas, mas isso nós não queremos ver e não vemos por isso que o ciclo se torna  vicioso?
Olhamos os factos e os factos são os factos, não mentem: há antagonismo entre as mulheres, há. As mulheres estão sempre divididas, estão.  E todas as mulheres se queixam umas das outras, porque TODAS se acham as melhores...e as outras as más da fita...e eis o nosso impasse. É assim que nos ensinaram a ver e a sentir. E não vemos este ciclo vicioso em que estamos todas mergulhadas e que é nós não sabermos onde começa e acaba esta rivalidade e este antagonismo nem como extirpá-lo de nós nem das outras e por isso temos de ter  muita atenção ao ver o que vemos nas outras porque é olhando para dentro...e saber separar o trigo do joio, que saberemos de onde vem este cisma; podia parecer fácil, mas da forma como as coisas estão no mundo e à nossa volta tudo se confunde e nós também...
Podíamos então dizer que há dois níveis ou dois grupos - preferia dizer de consciência - entre as mulheres: as que ainda agem de forma patriarcal, muitas sem se aperceberem, e estão no nosso seio e também em nós mesmas na maioria dos nossos reflexos condicionados, e por outro lado as mulheres que tem um trabalho efectivo feito e são mais maduras e já fazem alguma diferença, mas enquanto o campo de acção estiver minado dessa mentalidade patriarcal pela inveja raiva odio enredos superioridade inferioridade as boas e as más, as bonitas e as feias, as casadas e as solteiras, as com filhos e sem filhos, cabe-nos perguntar até que ponto nós próprias conseguimos sair dela, dessa mentalidade nefasta,  porque se o não fizermos não conseguimos sair deste impasse.
E é grave e lamentável que nos aticemos umas contra as outras, é grave e doloroso para cada uma de nós que apontemos o dedo às mulheres TODAS sem entender o PORQUÊ desta luta e rivalidade ancestral quase congénita ...e perceber que ela começa dentro de cada uma de nós...e ainda não foi sanada nem sequer consciencializada pela maioria das mulheres que se confrontam com este drama...
PORQUE NÃO ESTAMOS CONSCIENTES das causas dessa cisão nem do que nos feriu sem ver que é assim que somos educadas para que essa rivalidade exista e predomine entre as mulheres.  Sim, nós fomos divididas em estereótipos para que os homens se possam unir - e rir de nós que nos voltamos umas contras as outras...enquanto eles aparentam união à nossa custa e  portanto essa união entre as mulheres está muito longe de acontecer porque andamos à volta de teorias e de ideias e não queremos olhar para dentro e para a nossa sombra a mais sombria, não queremos ver as falhas em nós e assim não vamos ao cerne da questão do feminino essencial!
Sofremos TODAS do mesmo mal (a culpa) e reflectimos o nosso sofrimento em detrimento umas das outras, mães e filhas amigas e irmãs...o mal começa com as mães...

Não seria interessante as mulheres perguntarem-se porque se dá entre si esse fenómeno de rivalidade secular e continue a haver essa destruição entre si nos grupo de mulheres? Não seria oportuno a mulher tentar perceber porque é que esta é uma constante entre grupos de trabalho do dito feminino sagrado?
Não será que está a escapar algo a estas mulheres?
Ou será que é de nascença que as mulheres pecam e têm defeito? Será?
E porque será que os homens não tem esse problema?

ALGUÉM COLOCA O DEDO NA VERDADEIRA FERIDA DAS MULHERES?

Porque será que os homens são unidos - conseguem perceber porquê?
Porque se aliam todos tacitamente contra a mulher e as mulheres estão umas contra as outras rivalizando por causa de lutar pelo homem? Não é porque eles tem as costas quente...mas se tem somos nós que as aquecemos...
Não será tempo de cada mulher se perguntar a si mesma o porquê desta inimizade entre as mulheres? Será que não compreendem que todas e cada uma está dividida em si mesma entre a "boa e a má, a santa e a puta"* ou a mestra e a invejosa e SEM EXCEPÇÃO todas veem na outra uma rival mal a outra pensa diferente ou age ao contrário do que se espera? - de onde é que isso veio, todos estes conceitos e preconceitos, já se perguntaram?
Há um trabalho a fazer para além do grupo e das encenações ou dos rituais e das comadres e dos enredos...que é ver com compaixão e amor (POR NÓS MESMAS) e ver depois a ferida de cada mulher como se fosse em nós, por saber onde ela começa e que ela não acaba com ritos e danças nem é com exorcismos nem com mezinhas que lá chegamos, mas apenas COM CONSCIÊNCIA. E é isso que falta às mulheres para se unirem para lá das suas diferenças...para lá de gostarem ou não umas das outras...ou serem amigas, porque senão houver consciência de si e da sua divisão interna nunca mais vamos chegar a lado nenhum.

*A metáfora da "puta e da santa" é só referência ao núcleo de um conflito psíquico interior na mulher que faz a sua divisão interna e que ela só vê fora, na outra. Mais do que Luz e Sombra ou antes de encararmos a sombra e a luz, há essa cisão que é a ferida fulcral que age na mulher há séculos e a torna rival da outra. mulher Para mim essa é a causa da separação das mulheres em grupo no trabalho e na família. Sem um trabalho consciente dessa ferida, nem a psicologia junguiana nos consegue fazer perceber a nossa própria dicotomia que se situa antes da dualidade bem e mal...isto é uma Chave...mas poucas percebemos onde está o veneno que acaba por envenenar todas...essa é a herança e a marca da colonização da mulher pelo patriarcado.

rosa leonor pedro

segunda-feira, junho 13, 2016

OS ESPELHOS...


Tal como a mulher...

"O homem não deve poder ver a sua própria cara. Isso é o que há de mais terrível. A natureza deu-lhe o dom de não a poder ver, assim como de não poder fitar os seus próprios olhos.
Só na água dos rios e dos lagos ele podia fitar seu rosto. E a postura, mesmo, que tinha de tomar, era simbólica. Tinha de se curvar, de se baixar para cometer a ignomínia de se ver.
O criador do espelho envenenou a alma humana."


Fernando Pessoa

domingo, junho 12, 2016

MULHERES


AS VELHAS E AS NOVAS...

As mulheres mais velhas pensam nos efeitos da idade como uma espécie de renúncia à vida...ou à perseguição do mito...enquanto as mais novas pensam ainda no amor...ou em ter filhos...para se sentirem realizadas.
Apesar de sabermos em que é que tudo acaba, nós as mais velhas, se não houver consciência e discernimento, persistimos no sonho de um amor qualquer que colmate o nosso vazio ou nos preencha. Sim, isso perdura também nas mais velhas...contra todo o sofrimento e dor das desilusões e mágoas se não tivermos passado a prova das mudanças e do amadurecimento.


Sem duvida que todo o movimento da mulher mais nova ou madura vai para a busca do amor antes de se buscar a si própria, coisa que nem lhe passa pela cabeça, pois a educação que recebeu e a cultura vigente baseia-se exclusivamente no mito do amor, do casamento, da felicidade e da até da fidelidade...são as canções, são os romances, são os anúncios, são os filmes...tudo aponta para uma felicidade a dois...estamos prisioneiras do mito secular do par e do casamento a que a mulher foi condenada e prisioneira durante séculos de negação de vida própria e de liberdade - e mesmo hoje em que ela acredita na emancipação e se acha livre trabalha o dia inteiro se não casar ou se não tem um homem ou se não tem um filho ela sente-se diminuída e incapacidade e inferior.
Estranhamos e revoltamo-nos se um presidente turco ou um árabe ou mesmo um católico diz que a mulher nasceu para dar filhos ao homem e ser sua esposa...que ela é incompleta se não for mãe...mas no fundo é isso que sentimos e estamos amarradas a esse modelo...só que a ilusão agora é a do amor livre...e da fidelidade, da felicidade a dois...tudo paradoxos...
Não nos lembramos de quando eramos realmente livres e não havia casamento e se obedecia apenas ao instinto de vida e de procriação, ao prazer sem tabus nem conceitos e nem sabemos como era a verdadeira mulher antes do patriarcado a colonizar...a submeter e a sonegar...
Mas hoje, haverá já alguma mulher ainda jovem que se busque a si mesma antes de procurar um homem? Creio que não...a ênfase é ainda toda essa, o mito do amor romântico...e da alma gémea - não do encontro consigo mesma! Saber quem é e o seu potencial...
Sei que não é fácil...perder essa compulsão, largar mão do ideal e do sonho...e escolhermo-nos a nós próprias antes de tudo, e mesmo quando escolhemos uma carreira, é a carreira e não nós...pois nos sacrificamos à carreira como nos sacrificamos ao casamento e aos filhos e ao marido...e portanto isso não muda nada...porque o que era importante era a busca da mulher em si, o sentido da sua vida por si e em si mesma, a busca da nossa essência e o nosso poder não apenas o de gerar vida...mas o de gerar consciência e amor dentro de nós...sem depender de ninguém nem de nada...mas isso mal começou a despontar na consciência das mulheres...e não sei quando virá o dia em que seremos capazes de viver em plenitude sem nenhum sucedâneo nem nenhum simulacro de vida ou de felicidade, sendo apenas UMA MULHER ...
Não, não sei qual é a senha nem o milagre que é preciso para cada uma de nós ACORDAR PARA SI MESMA e dar-se o valor real que se tem SEM ser por um valor acrescido...e viver em função de... certamente a vida se encarregará de o fazer, mais tarde ou mais cedo, dependentemente daquilo que se quiser da vida..

rosaleonorpedro

Mas estes mentem, mesmo os mais sinceros.


A Realidade não Está nos Livros


Como toda a gente, só disponho de três meios para avaliar a existência humana: o estudo de nós próprios, o mais difícil e o mais perigoso, mas também o mais fecundo dos métodos; a observação dos homens, que na maior parte dos casos fazem tudo para nos esconder os seus segredos ou para nos convencer de que os têm; os livros, com os erros particulares de perspectiva que nascem entre as suas linhas. Li quase tudo quanto os nossos historiadores, os... nossos poetas e mesmo os nossos narradores escreveram, apesar de estes últimos serem considerados frívolos, e devo-lhes talvez mais informações do que as que recebi das situações bastante variadas da minha própria vida. A palavra escrita ensinou-me a escutar a voz humana, assim como as grandes atitudes imóveis das estátuas me ensinaram a apreciar os gestos. Em contrapartida, e posteriormente, a vida fez-me compreender os livros.
Mas estes mentem, mesmo os mais sinceros. Os menos hábeis, por falta de palavras e de frases onde possam abrangê-la, traçam da vida uma imagem trivial e pobre; alguns, como Lucano, tornam-na mais pesada e obstruída com uma solenidade que ela não tem. Outros, pelo contrário, como Petrónio, aligeiram-na, fazem dela uma bola saltitante e vazia, fácil de receber e de atirar num universo sem peso. Os poetas transportam-nos a um mundo mais vasto ou mais belo, mais ardente ou mais doce que este que nos é dado, por isso mesmo diferente e praticamente quase inabitável. Os filósofos, para poderem estudar a realidade pura, submetem-na quase às mesmas transformações a que o fogo ou o pilão submetem os corpos: coisa alguma de um ser ou de um facto, tal como nós o conhecemos, parece subsistir nesses cristais ou nessas cinzas. Os historiadores apresentam-nos, do passado, sistemas excessivamente completos, séries de causas e efeitos exactos e claros de mais para terem sido alguma vez inteiramente verdadeiros; dispõem de novo esta dócil matéria morta, e eu sei que Alexandre escapará sempre mesmo a Plutarco. Os narradores, os autores de fábulas milésias, não fazem mais, como os carniceiros, que pendurar no açougue pequenos bocados de carne apreciados pelas moscas. Adaptar-me-ia muito mal a um mundo sem livros; mas a realidade não está lá, porque eles a não contêm inteira.


Marguerite Yourcenar, in 'Memórias de Adriano'

sábado, junho 11, 2016

COM UM DIA DE ATRAZO....


10 DE JUNHO - DIA DE PORTUGAL

DECLARAÇÃO DE AMOR À LÍNGUA PORTUGUESA
 

“Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa.

Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter subtilezas e de reagi...r às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a... primeira capa de superficialismo.
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la como gosto de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.
Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que eu recebi de herança não me chega. Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que minha abordagem do português fosse virgem e límpida.”



CLARICE LISPECTOR


quarta-feira, junho 08, 2016

“Na vida as coisas não são exactas


“Na vida as coisas não são exactas; pintá-las nuas é mentir, visto que só as vemos numa névoa de desejo. Não é verdade que os livros nos tentem; e tão pouco os acontecimentos o conseguem, visto que apenas nos tentam quando ...chegou a nossa vez, quando chegou a nossa hora em que nos teria tentado. Não é verdade que umas quantas verdades precisões brutais possam informar sobre o amor; não é verdade que seja fácil reconhecer, na simples descrição de um gesto, a emoção que ele depois produzirá em nós.”


In Alexis – Ou o tratado do vão combate – Marguerite Yourcenar

Marguerite Yourcenar



Em 8 de junho de 1903 nasce Marguerite Yourcenar, romancista, poeta, dramaturga e tradutora francesa. Foi uma das escritoras mais profundas do século XX. Construiu uma literatura cheia de sugestões onde os personagens observam o mundo com curiosidade e pausa.

" Em todas as épocas há pessoas que não pensam como os outros. Ou seja, que não pensam como os que não pensam."

"Conhecer bem as coisas é libertar-se delas."

"Todos nos transformaríamos se nos atrevêssemos a ser o que somos."

"Talvez o que faça a volúpia tão terrível é que nos ensina que temos um corpo. Antes, só nos servia para viver. Depois, sentimos que aquele corpo tem a sua existência particular, seus sonhos, sua vontade e que, até à morte, temos que contar com ele, ceder, transigir ou lutar. Sentimos (acreditamos sentir) que a nossa alma é apenas o seu melhor sonho.". M. Y.

terça-feira, junho 07, 2016

A RELIGIÃO ORGANIZADA...



AQUILO QUE NÃO QUEREMOS OLHAR

Por Joaguim Veiga Martins


"A religião organizada, seja a muçulmana ou a católica ou outra qualquer, é um instrumento do poder m...asculino sobre as mulheres, uma forma de controlo sobre as mulheres para negar-lhes os seus direitos humanos na sociedade. A religião tem fabricado vítimas femininas ao longo dos séculos e afasta propositadamente as mulheres de qualquer papel relevante na vida espiritual das comunidades. Acho que não exagero se disser que aconteceu e acontece e continuará a acontecer uma guerra ideológica e espiritual contra as mulheres. Na religião católica é uma mulher que traz o pecado para toda a Humanidade - assim vem na Bíblia - e milhões continuam a acreditar nesta idiotice. Todas as mulheres têm de viver com o fardo do pecado original? Isso é negar-lhes a sua humanidade, é cobrar-lhes uma dívida que elas nunca fizeram. É intragável testemunhar estes crimes sem que os líderes religiosos se pronunciem. O seu silêncio é cúmplice da barbárie. Agora estão a queimar mulheres mas, quem sabe, ainda poderão vir a queimar os seus próprios líderes. A violência é cega e esfomeada e devora tudo que estiver por perto. O povo que se deixe de infantilidades porque os tempos actuais são os mais perigosos para toda a Humanidade. Não podemos permanecer indiferentes a estes crimes que acontecem diariamente."

segunda-feira, junho 06, 2016

Manifesto 74: Prostituição não é trabalho, é escravatura



CONTRA A LEGALIZAÇÃO DA PROSTITUIÇÃO


Legalizar a prostituição é formalizar um crime perpetuado há milénios contra a integridade da mulher.

As próprias mulheres divididas secularmente entre a "santa e a puta" não perceberem que todas elas são alvo dessa discriminação e divisão da mulher em duas e que isso é calamitoso para toda a humanidade, pois é aceitar que os "filhos da puta" dominem o mundo com os seus complexos e guerras. A mentalidade patriarcal das mulheres na politica e o seu seguidismo e a sua submissão aos lideres, faz delas cúmplices da maior de todas as atrocidades, continuar a deixar que as mulheres sejam e  prostituam, legalizando a venda do corpo e do sexo - legalizando a barriga de aluguer e condenando a mulher a Mulher objecto. rlp


" A prostituição não é a profissão mais velha do mundo, é tão só uma das mais antigas formas de exploração do ser humano. "



Manifesto 74: Prostituição não é trabalho, é escravatura: A fotografia é de Sandra Hoyn. A rapariga na fotografia chama-se Kajol. Acha que terá 17 anos mas não sabe a sua idade exacta. Esteve ca...

sábado, junho 04, 2016

ONDE COMEÇA A A CULTURA DO ESTUPRO?



NAS PALAVRAS:

"CAVAR, FURAR, ATORMENTAR, DILACERAR".

Estive a ver um vídeo das mulheres numa manifestação no Brasil no dia 1 de Junho em reacção colectiva ao estupro de uma meninas de  16 anos por 33 "homens"e eram todas tão jovens e às centenas - espero que milhares - e que venham a ser milhões um dia, e comoveu-me...
Sim, comoveu-me profundamente esta luta pela mulher...a defesa da liberdade da mulher, pela integridade da mulher e pelo respeito da menina-mulher - tudo isso...mas de facto há algo que é preciso dizer e é bem difícil, porque mexe com conceitos e preconceitos. Mexe com uma falsa liberdade e com falsas ideias de liberdade... 

A liberdade da mulher não pode ser cópia da liberdade do homem como tem acontecido. Esse não pode ser o nosso modelo...violentar matar e abusar...Não!

O Corpo da Mulher é seu e ela tem todo o direito sobre ele e deve afirmá-lo. Mas não podemos fazer o mesmo que os homens...e aí está a diferença. E muitos cartazes e dizeres levam-nos a esse equivoco...a ser igual...e a fazer o mesmo, com o mesmo ódio e raiva ou com a mesma insensatez  - como aquele célebre (entre nós) texto de uma Maria Capaz que fazia a elegia do FODAMOS...e invetivava as mulheres a foder, tal como os homens, tal como eles fazem, sem amor, sem sentimentos, só por "prazer", por poder fazer, como e quando querem, ou pelo desfrute abuso do corpo da mulher...e agora a mulher acha que pode fazer o mesmo, e pode, mas não devia...porque FODER é ferir é estuprar, é violentar, está na etimologia da palavra, tal como consta no  dicionário da Língua Latina:

FODIO, FODIS, FODERE, FODI, FOSSUM - TEMPOS PRIMITIVOS DO VERBO TRANSITIVO QUE ESTÁ NA RAIZ ETIMOLÓGICA DA PALAVRA “FODAMOS” E CUJO SIGNIFICADO É:

"CAVAR, FURAR, ATORMENTAR, DILACERAR".

Portanto, FODAMOS É “ter relações com uma mulher, deixá-la ficar em mau estado, destruída ou prejudicada”. Não é isso um estupro?

Cuidado pois com as palavras...hoje em dia todas as raparigas e adolescente falam palavrões e estão constantemente a mandar-se foder...então o que é isso senão uma violação do ser mulher, da sua sensibilidade...da sua natureza profunda. Porque a sexualidade da mulher não é igual à do homem, nunca foi... e por isso a confusão e a desordem é enorme e é muito difícil chegarmos a um consenso. E mais difícil ainda chegar a uma dimensão do SAGRADO por parte da grande maioria das mulheres quando estas meninas estão tão longe ainda da sua verdadeira natureza e da sua dimensão ontológica...
Onde está o verdadeiro feminino? A Mulher consciente de si? A Mulher integrada? Nem santa nem puta nem brega nem vadia? Onde está a mulher ciente de si e forte e selvagem, que sabe quem é...?

Este é o meu ponto de partida e de luta;  é daqui que parto quando falo aparentemente contra tantos dizeres...Porque liberdade sem respeito nem dignidade NÃO. E claro, não é a mulher recatada e do lar que merece respeito porque é do lar.. MAS TODA A MULHER MERECE SER RESPEITADA POR SER MULHER, MAS TEM DE SE DAR AO RESPEITO, SEM CONCEITO, SEM PERDER A SUA LIBERADE. E isso é que o mais difícil...

rlp

quinta-feira, junho 02, 2016

OS CARTAZES EM NOME DO FEMININO...



QUAL É A CONSCIÊNCIA DO SER MULHER?

Não, nós não somos todas a vadias...

A mulher não é mais a santa do altar é um facto, mas também não é "a vadia" (subentendido a puta)...Ela não é mais a santa do lar mas também não tem de ser ou comportar-se como a prostituta...
O que falta á mulher moderna é uma integração do seu ser ainda dividido em estereótipos e só a consciência do seu valor intrínseco, não fragmentado, lhe poderá dar um dia a integridade e a sua liberdade, não condicionada mas dignificada. A mulher ...não pode continuar a ver-se apenas como um ser social ou produto cultural, digo aculturado...
A consciência social não substitui a consciência psicológica...ou diria mesmo a consciência ontológica da mulher. E sem a consciência psicológica, como no caso do trabalho das feministas, que retiraram à mulher toda a dimensão espiritual, a prova de que algo falhou é que tudo o que conquistaram está em risco ...
rlp


Em nome do feminismo, também se dizem muitas asneiras e as mulheres "feministas" muitas são tão machistas como os machos...doa a quem doer esta é uma verdade! rlp

"As palavras (e atitudes) grosseiras que ontem vi estampadas nas manifestações feministas, a meu ver, nivelaram o feminino com o "macho" que as manifestantes combatem. Se alguém pinçasse as frases borradas nos cartazes, e as reunissem em versos, certamente teria uma letra digna do funk pancadão mais in...fame. Que saudade do escândalo discreto de Simone de Beauvoir, Susan Sontag, Virginia Woolf, Julia Kristeva, Clarice Lispector, Hildegarde Bingen, e tantas outras mulheres que honraram a sacralidade do feminino, e por ele lutaram...
Ah, e podem tascar pedras porque já estou acostumada.


É PRECISO Um caminho de retorno à sacralidade feminina.

"A razão que me faz ser eco e anarco feminista:
No feminismo tradicional o enfoque é o da "igualdade, paridade", ou seja, "nós, mulheres, queremos ser iguais" - aos homens -, quer nas funções de trabalho, quer no exercício existencial. As novas vertentes (no caso da Women's Spirituality, a que sigo) acentuam a DIFERENÇA. Não a diferença óbvia das relações de produção, mas a diferença corpórea, simbólica, e psíquica. O feminismo tradicional (mais próximo dos movimentos sindicalistas) demonstra uma enorme dificuldade em lidar, por exemplo, com a menstruação, com os líquidos femininos, com a doença mental feminina (fruto da negação do próprio corpo e psiquê), com o desejo feminino. Tudo isso é passado em branco, e a mulher (para o feminismo tradicional) passa a ser um simulacro de um "querer ser homem", um querer que a leva a se basear em leis estúpidas, ineficazes, que lhe dão a tosca sensação de direitos obtidos. Starhawk uma ativista que ficou por semanas presa por sua participação na Revolta de Seatlte) sacou isso, Margot Adler, sacou isso, Barbara Walker tb sacou isso, Diane Stein tb sacou isso, Merlin Stone (autora de When God was a Woman), foi uma das primeiras a sacar. Enfim, várias mulheres hj estão trilhando um caminho de volta aos seus mitos, história e reconhecimento do próprio corpo e psiquê. Para mim, esse é o caminho. Talvez um caminho mais longo, mas eficaz. Um caminho de retorno à sacralidade feminina.
OBS: escrevi esse texto há séculos"

Márcia Frazão (escritora brasileira)

rosa minha






"Se parece que a ausência a minha chama altera, falso o meu coração ah nunca, nunca digas, que eu tanto separar-me de mim mesmo pudera como desta minh'alma que no teu peito abrigas. A essa minha casa de amor, se desvairei, regresso novamente, tal como algum viajante, e chego tão a tempo - nem do tempo mudei - que eu próprio a minhas nódoas trarei água bastante. Nem creias nunca ainda que no meu ser reinasse toda a fraqueza humana que os sentidos provoca que assim tão sem sentido meu sangue se aviltasse e todo o bem que és tu por nada eu desse em troca: Que no vasto universo já nada hoje saúdo, salvo tu, rosa minha, que nele és o meu tudo." -

William Shakespeare

quarta-feira, junho 01, 2016

UM RETRATO DO PATRIARCADO E A SUA FILOSOFIA

A HISTÓRIA DO HOMEM


O PENSAMENTO PATRIARCAL
E A SUA LOGICA, A DO ESTRUPO

"Uma nação que já não estupra está em plena decadência; é pelo número de estupros que revela seus instintos, seu porvir. Investigue a partir de que guerra deixou de praticar, em grande escala, esse tipo de crime: encontrará o primeiro símbolo de seu declínio; a partir de que momento o amor tornou-se para ela um cerimonial e a cama, uma condição do espasmo, e identificará o começo de suas deficiências e o fim de sua herança bárbara.

História universal: história do Mal. Suprimir os desastres do devir humano é o mesmo que conceber a natureza sem estações. Se você não contribuiu para uma catástrofe, desaparecerá sem deixar vestígio. Interessamos aos outros pela desgraça que semeamos à nossa volta. 'Nunca fiz ninguém sofrer!' - exclamação para sempre estranha a uma criatura de carne e osso. Quando nos entusiasmamos por um personagem do presente ou do passado, fazemos inconscientemente a pergunta: 'Para quantos seres foi causa de infortúnio?' Quem sabe se cada um de nós não aspira ao privilégio de matar todos os nossos semelhantes? Mas este privilégio é concedido a um pequeno grupo de pessoas e nunca por inteiro: só esta restrição explica por que a Terra ainda está povoada. Assassinos indiretos, constituímos uma massa inerte, uma multidão de objetos frente aos verdadeiros sujeitos do Tempo, frente aos grandes criminosos que tiveram êxito.
Mas consolemo-nos: nossos descendentes próximos ou longínquos nos vingarão. Pois não é difícil imaginar o momento em que os homens se degolarão uns aos outros por nojo de si mesmos, em que o Tédio vencerá a resistência de seus preconceitos e de suas reticências, em que sairão à rua para saciar sua sede de sangue e em que o sonho destruidor prolongado através de tantas gerações chegará a ser patrimônio comum..."

Breviário de Decomposição - O Tédio dos Conquistadores
Emil Cioran

E COMO ACONTECEU ESTA CIVILIZAÇÃO?
(...)
"No núcleo do sistema dos invasores encontram-se a atribuição de mais valor ao poder de tirar a vida, em vez de a dar.
Este era o poder simbolizado pela Espada “masculina” que, como atestam antigas gravações Kurgan em cavernas, era literalmente adorada por estes invasores indo-europeus. Pois a sua sociedade dominadora, regida por deuses - e os homens - guerreiros, este era o poder supremo.
...
Com o surgir destes invasores no horizonte pré-histórico - e não, como se diz por vezes, com a descoberta gradual, por parte dos homens, de que eles representavam também um papel na procriação - a Deusa, e as mulheres, foram reduzidas a consortes e concubinas dos homens. Gradualmente a dominância masculina, a guerra e a escravatura de mulheres e de homens mais delicados e “afeminados” tornou-se norma."

Riana Eisler
O CÁLICE E A ESPADA

A SEXUALIDADE E O AMOR...


A CAUSA DA SEXUALIDADE...

"A dualidade sendo a causa da sexualidade - portanto a afinidade entre os complementos - é a causa do desejo que os homens chamam amor. O erro está em confundir amor, desejo e necessidade....
Fora dessas excitações sexuais produzidas pelas estações da vida humana e da Natureza, cada indivíduo é o joguete dos seus instintos particulares, que o fazem reagir sexualmente a certos gestos ou circunstâncias que lhes correspondem.
Estas características instintivas, inscritas no fígado, encontram a sua reacção no sexo e no cérebro, e estes que estão sempre ligados, dão-se mutuamente desculpas para explicar e satisfazer o desejo que daí resulta..."*

"O Conhecimento dos poderes do coração é indispensável à prática do Caminho do Meio pois este é só se pode praticar através da preponderância desses poderes e da sua influência. Esta via é um balanço constante entre o egoísmo do Eu e o altruísmo do Si. Só o coração pode realizar o prodígio do equilíbrio, pela sua posição mediadora entre o temporal e o intemporal, entre o organismo mortal e o seu arquétipo imortal. A alternância do seu movimento (dilatação-contracção) é a imagem perfeita desse balançar entre os dois poderes, do qual o pessoal tem de se tornar consciente, para ser transcendido pelo impessoal".*



O CASAMENTO ALQUÍMICO
Fogo e Água

"Os conceitos de "fogo" e "água" não se referem ao fogo real e água. Eles são simbólicos dos lados mais profundos de nossa natureza. O fervor e a impetuosidade das pessoas é apaixonada e volátil e por isso é conhecido como fogo. O outro lado do caráter das pessoas, a calma, lado, centrada mais contido e prudente é constante e cuidadoso. Tem uma qualidade mais estável, uma "suavidade", uma "flexibilidade" que contrasta com o lado ardente e volátil, e por isso é conhecido como água. Usando a mais contida e resolvida "água" lado está usando reflexão, lógica e de controle para nutrir e guiar nosso lado mais impulsivo e selvagem. Usando o outro lado da nossa disposição, o nervoso e temperamental "fogo" da natureza, para completar e equilibrar a muitas vezes demasiado sério e excessivamente controlar "água" a natureza está permitindo que esse lado da nossa expressão de caractere. Ao encontrar um equilíbrio entre esses dois lados de nossa constituição nos tornamos mais completo e inteiro. " - in Google

excertos *in A ABERTURA DO CAMINHO
Isha Schwaller de Lubicz