O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 25, 2024

PELA IGUALDADE DE DIREITOS DAS MULHERES ...

  


A MANIFESTAÇÃO DAS MULHERES EM LISBOA 


A propósito da manifestação promovida pelo partido comunista há dias, trouxe o excerto que publico abaixo. Pensando que o mais antigo e reaccionário partido politico dos nossos dias e que sem que as mulheres sonhem ou saibam o significado da sua luta de escravas do sistema, ele é e sempre foi contra as mulheres na sua essência, repleto de machistas, do mesmo modo que a extrema direita. Cada um a sua maneira anula a identidade da mulher e se de um lado temos a mulher conservadora - casa familia e sujeição da mulher ao lar -  do outro, temos a mulher revolucionária - que pensa e age como os homens e apenas pensa na vida material e no dinheiro, sem qualquer dimensão ontologica -, e nenhuma dessas mulheres É A MULHER...

ESSAS MULHERES SÃO DOMINADAS POR UM PATRIARCA INTERIOR 

ELAS NÃO SABEM NEM SONHAM que esse patriarcado interior - é o seu inimigo nº 1 e que as ideias e tradições masculinas que defendem em nome do Homem-escravo - e que domina as mulheres, mesmo as feministas, está implantado desde que nascem e elas não sabem pensar como mulheres nem sequer ver a diferença e acabam aculturadas e masculinizadas!
Não tenhamos ilusões de que as mulheres que se formaram numa sociedade patriarcal possam algum dia serem representantes de um verdadeiro feminino. Tudo o que fazem é adaptarem-se ao sistema e tentar alcançar os mesmos beneficios que os homens e dentro da mesma lei, a lei da força e da espada...
Temos de perceber que toda a explanação teórica e ideológica sobre as questões da mulher e do feminino feita pelas mulheres marxistas e intelectuais - que não tem qualquer consciência da sua cisão interior nem qualquer contacto com o seu feminino essencial - , tudo o que dizem e escrevem se baseia nessas ideologias e dentro do paradigma masculino e é também em nome desses valores que promovem as suas actividades e manifestações - como a manifestação comunistas pelos direitos das mulheres há dias em Lisboa - provem igualmente do dominio patraircal e é tirado da visão masculina da vida, tal como agora se constata como a dita IA que evidentemente se baseia em toda a informação mundial e Patriarcal e sempre em detrimento das mulheres; assim acontece com as próprias feministas que se formaram e contrapõem ao machismo e são a sua variante no feminino.

TEMOS DE PERCEBER de uma vez por todas que “Vivemos numa sociedade androcêntrica que vê o mundo desde o olho masculino. Basta ver como nos dias de hoje existem culturas que consideram as filhas inferiores aos filhos entre mil outros exemplos. O que a mãe diz... a linguagem da experiência... carece de importância é muito mais apreciada a linguagem de análise do pai. Nem sempre somos conscientes disto pois a nossa voz interior e instintiva foi dopada durante anos e anos. Quando nos impingem uma voz interior que faz o papel de crítico afastamo-nos da voz selvagem e instintiva inerente a mulher (esta voz nas mulheres surge como o Patriarcado Interno) concedendo espaço e realização as ideias e opiniões de orientação tradicionalmente masculinas e retira interesse e importância as tradicionalmente femininas. O Patriarcado interior é o reflexo da sociedade (mas também do teu processo pessoal). O melhor a fazer é identificar a voz desse crítico interior, dar-lhe nome e depois manda-lo de férias! E depois voltares a olhar-te ao espelho!”


Hal Stone


O SOFRIMENTO DAS MULHERES



"A feminilidade é uma dor colectiva de profundidade indescritível, e quando tentamos expressá-la, estamos sujeitas a ouvir: “Lá estão vocês outra vez a reclamar!”


"Enquanto isto acontecer, nada menos que toda a humanidade estará impedida de prosseguir na sua jornada até ao destino cósmico.”


Marianne Williamson, O Valor da Mulher



O DNA MITOCONDRIAL E A NOSSA MEMÓRIA CELULAR



COMO OS HOMENS PENSAVAM HÁ 2 MIL ANOS ?- Vejam como era inteligente este famoso filosofo Aristóteles...e como é espantoso que hajam hoje tantos misticos e padres que pensam ainda como ele...para não falar dos eruditos, dos intlectuais, claro...dos grandes pensadores desta humanidade espermatezóica...

Aristóteles (384-322 A.C.): "a razão da inferioridade das mulheres reside num defeito porque elas não são capazes de reproduzir o esperma que contém um ser humano completo. Além disso, quando um homem e uma mulher têm relações sexuais, o homem fornece a substância da alma da criança, enquanto a mulher produz apenas comida para aquele."


O QUE DIZ A CIÊNCIA...


O DNA MITOCONDRIAL E A NOSSA MEMÓRIA CELULAR

"A avó materna é chave para entender a transferência de informações e programas que carregamos inconscientemente durante toda vida.
Quando nossas avós estavam grávidas de nossas mães, o feto em formação já carregava os dois ovários que continham os óvulos com os quais ela iria se desenvolver. Um destes óvulos tem seu nome.
Este pequeno óvulo que está nos ovários de sua mãe, dentro do ventre de sua avó, recebe todos os impactos emocionais que esta senhora vivencia.
Nossas mães, como feto, e nós, como óvulos, estamos sujeitos a toda sorte de experiências traumáticas vividas por nossas avós maternas.
Esta é a essência do processo de transferência de informações.
Estes impactos emocionais estão relacionados à forma como foram vividas estas experiências, ex: se era o momento adequado de ter filhos, se a gravidez foi desejada, se sentia-se protegida por seu marido, se havia suspeita de traição, se havia ninho (território), se havia suficientes recursos financeiros, se as condições de saúde eram as adequadas, etc.
É importante ressaltar que as experiências em si mesmo são neutras apesar de sua carga de dramaticidade. O que é decisivo neste caso é a forma como cada um vê e experimenta cada circunstância. ⠀⠀
Ex: se eu acho que estou sendo traído, meu inconsciente não quer saber se é verdade ou não, vive como real e ponto. Se meu marido passa o dia todo trabalhando eu posso viver esta situação como desproteção ou mesmo abandono.
Que necessidades biológicas não estavam cobertas pela avó no sentido de sobrevivência, proteção, valorização pessoal e de relacionamentos interpessoais.
Todas estas informações e muitas outras ficam gravadas em forma de engramas em cada célula do feto, das quais uma é você. É conhecido como memória celular.
Algumas vezes escutamos falar que a genética salta uma geração, aí está a explicação.
E por que a avó e não o avô?
Porque os espermatozóides se renovam a cada dia, ao contrário dos óvulos que permanecem os mesmos durante toda a vida adulta. Além disso, os óvulos carregam u Oim tipo de informação que não está presente nos espermatozóides, o DNA mitocondrial."

A IMPORTÂNCIA DAS MÃES E SÓ DAS MÃES...
*
"Quando grávidas, as células do bebé migram para a corrente sanguínea da mãe e, em seguida, circulam de volta para o bebé, chama-se "microquimerismo fetal-maternal".

"Durante 41 semanas, as células circulam e fundem-se para trás e para a frente, e após o nascimento do bebé, muitas destas células permanecem no corpo da mãe, deixando uma impressão permanente nos tecidos, ossos, cérebro e pele da mãe, e muitas vezes permanecem lá durante décadas. Cada filho que uma mãe tem depois deixará uma marca semelhante no seu corpo também.
Mesmo que a gravidez não vá ao período total ou se fizer um aborto, estas células ainda migram para a sua corrente sanguínea.
Pesquisas mostraram que se o coração de uma mãe estiver ferido, as células fetais irão correr para o local da lesão e mudar para diferentes tipos de células especializadas em consertar o coração.
O bebê ajuda a reparar a mãe, enquanto a mãe constrói o bebê.
Não é lindo?
É muitas vezes por isso que certas doenças desaparecem enquanto estão grávidas.
É incrível como os corpos das mães protegem o bebé a qualquer custo, e o bebé protege e reconstrói a mãe de volta - para que o bebé possa desenvolver-se em segurança e sobreviver.
Pense em desejos loucos por um momento. Qual era a mãe deficiente em que o bebê os fez desejar?
Estudos também mostraram células de um feto no cérebro de uma mãe 18 anos após ela dar à luz. Não é incrível? ”
Se és mãe sabes como podes sentir intuitivamente o teu filho mesmo quando ele não está lá.... Bem, agora há provas científicas de que as mães os carregam durante anos e anos mesmo depois de terem dado à luz.
(...) ?⠀⠀




quarta-feira, março 13, 2024

COMO VIVEM AS MULHERES...

Nenhuma descrição de foto disponível.

A REALIDADE DAS MULHERES HOJE

-
Tenho pensado muito sobre a Mulher de hoje que se sente sem motivação e sem disponibilidade para si mesma enquanto mulher - o que é o caso da maioria das mulheres - e que nem sequer se pensa como mulher  não ser associando-se a ideia de mãe e esposa etc. e isso acontece mesmo com mulheres que a partida estariam interessadas em si e nos problemas das mulheres em geral, ou as que lutam por uma causa feminina, o que vejo é que afinal não conseguem assumir um verdadeiro “compromisso” de  consigo mesmas e pensar em si tal como nas outras mulheres enquanto pessoas que sofrem muitas coisas em comum, ou simplesmente pessoas com o mesmo propósito de vida, que seria conhecer-se a si mesmas enquanto individuos e não como funções.
E vejo claramente  as causas disso… o porquê desse desinteresse das mulheres por si e pelas outras mulheres: primeiro há sempre a casa e a familia, o marido e os filhos e os pais e depois o trabalho, e essa é a ordem de valores que se estabelecem desde logo e a partida para todas salvo raras excepções. 

AS mulheres não veem como estão sobrecarregadas de deveres e trabalhos e sem tempo para si...
Definitivamente tudo isso que nos prende ao nosso fado, diminui a capacidade de pensarmos ou sentir como MULHERES no sentido de uma realização não apenas como esposas e mães…mas como Mulheres conscientes que buscam a sua plenitude e capazes de serem elas mesmas sem todo esse rol de compromissos e deveres prioritários na vida - uma vida de escravas - e assim ou porque se sentem preenchidas ou cansadas do esforço, não há espaço para a criatividade ou para a dádiva a pessoas que não são do seu circulo familiar e ainda menos pensar nas outras mulheres com quem nunca estabelecem relações de amizade verdadeira – para resguardar os maridos ou porque existe e persiste essa velha rivalidade entre elas…
Quando eu escrevo para as mulheres e crio um pequeno grupo de leitoras e amigas… vejo com desgosto e pena que aos poucos todas abandonam o barco e se desinteressam pelo discurso feminino e pelos motivos que apontei. E não é porque não temos tempo…é porque não temos interesse que não somos motivadas. Nunca as mulheres se deixaram motivar que não fosse pelo que as interessa imediatamente, seja pelo amante/marido ou filhos… pela sua vida familiar e afectiva, as suas paixões e a luta pela sobrevivência…ou mesmo outra actividade, mas egoisticamente pelo seu ego, prazer e afirmação pessoal – e tudo isso está em primeiro plano e elas não veem que não é apenas a necessidade de viver a "sua vida", que nada tem de seu...mas porque estão debaixo do Controlo de um Sistema e do patriarcado que as oprime e usa e assim moldou as suas vidas e desejos e elas resignam-se ou aceitam sem se questionar ou sem pensar que poderiam ter uma vida própria…ou nem nisso estão interessadas porque o seu vazio e culpa e a obrigação é maior que tudo o resto. Sem essas obrigações sentir-se-iam vazias, porque não tem contacto com a sua essência feminina...
As mulheres continuam vitimas do sistema e estão completamente debaixo do controlo económico e cultural dele. Não vejo saída, sinceramente…
Portanto o que eu sinto e penso é que a minha utopia durante décadas alimentada aqui e noutros circulos está a chegar ao fim e esta tentativa inglória de fazer DESPERTAR AS MULHERES é perfeitamente distópica… a minha ideia não passa de uma realidade imaginária em que tudo afinal está organizado de uma forma opressiva, assustadora ou totalitária...e é esse mundo em que estamos inseridas e vivemos anestesiadas.
rlp

COMO É QUE ISSO ACONTECEU?



A MORTE DA MÃE

-
A falta da Mãe…a Mãe inicial, a que ama, a que cuida, a mãe que ampara, a mãe que alimenta e resguarda a sua cria - acabou por criar filhos sem mãe o que gerou o ódio a violência e a guerra no mundo… Os Filhos sem mãe, criaturas que não recebem a nutrição maternal nos primeiros meses de vida, tornam-se violentos e incapazes de viver em sociedade e por isso muitos ou são criminosos e assassinos… tal como os mamíferos, notadamente como acontece com os macacos, segundo uma análise recente cientifica, quando abandonadas pelas mães ou estas morrem eles ainda bebés, adultos eles tornam-se agressivos e não sabem copular…
Parece que essa foi a nefasta forma como a Igreja usou para controlar a Mulher e a Mãe e dominar os homens. Separar a criança da mãe logo que ela nasce para a baptizar e livrar do pecado do sexo e do corpo da mulher...

Assim se destruiu e continua a destruir a importância da Mãe, na sua função soberana, sobretudo nas maternidades, em que as crianças ficam separadas das mães, assim como depois em casa dos pais  dormem  em quartos separados do casal; o pai tem a prioridade de posse sobre a mãe em detrimento do filho - os humanos são os unicos mamíferos que se separam das crias enquanto ainda são pequenas... Assim, a Mãe e a mulher vão perdendo o valor da relação criança mãe, o par inicial, em nome da ordem estabelecida e as normas do sistema de dominação. 

Lembremos o mito grego em que Zeus engole a deusa Metis para lhe roubar a gravidez da filha Atena que ameaçava tirar-lhe o seu trono quando crescesse; Atena acaba por nascer saindo da cabeça de Zeus ou da sua perna. Aí cultural e historicamente acabou o reino da Rainha Mãe para o reino do Deus Pai. Este Mito assemelha-se ao Mito de Edipo com diferentes contornos, mas sempre a culpa a condicionar o ser humano. Esta é a mensagem que passa num universo masculino de culto do pai e onde a mulher e a Mãe passa a ser desprezada/anulada. Portanto, ligando os mitos a  psicologia dita das “profundidades”, desde Freud a Jung, os famosos psicólogos que dominam pelo o intelecto masculino, geram igualemnte a culpa e o medo do incesto que domina nessas psicologias que são as das pessoas "cultas" de hoje, que com a sua arte e cultura, os seus filmes (realizado por artistas escritores e intelectuais actuais) não há dúvida que a Mulher não tem presença e a Anima passa para o homem segundo Jung e nem sequer existe uma referência maternal. A sua importância é sonegada. Ela é apenas a amante sexual potencial do pai e do amante, o futuro herói que irá preenche-la e tomar conta dela, dominando-a, e sem que ela tenha ou possa ter vida própria senão em função dele.
E é curioso notar que em filmes de guerra assim como nos filmes de aventuras e ficção, o padrão afectivo e familiar dominante é filha/pai e isso é actualmente uma constante subliminar…enquanto que o rapaz se torna no herói e tudo faz para agradar ao pai que o submete e diminue, também a rapariga, aparece sem mãe, e a defender o papá, marcados ambos com o abandono do pai (que os roubou à mãe) ou decepcionados por ele não ser como o projectam ou por não lhe dar a atenção que eles buscam, mas é sempre o Pai que acaba por ser o seu grande herói, amor ou fixação…Isto é deveras estranho, mas faz parte da nossa cultura patriarcal, em que o amor da Mãe é substituído pelo do Pai dominador e que nada tem a ver com o nasciturno senão uma breve e ocasional participação, pois é a Mãe que alimente e dá vida a criança... 
Muitas séries policiais modernas em quase todas aparecem pais bondosos (e traídos pelas mulheres) com filhas que eles cuidam sem mãe. É como se de facto a mãe não existisse e não tivesse qualquer importância social e económica (de facto não tem) e explora-se o amor da filha pelo pai (tal como do filho) ou fazendo o pai ser o bom da fita e a mãe uma bêbada, prostituta ou drogada… este é sempre o tema dos filmes americanos...


COMO É QUE ISSO ACONTECEU? Como é que fomos desviadas do par inicial que alimenta e forma o ser para a Vida... Como o direito A VIDA foi substituido pela lei e pelo  PODER

Talvez este excerto do livro REBELIÃO DE EDIPO de Cacilda Rodrigañez Bustus possa esclarecer

Como A Vida foi subjugada pelo Poder, por isso - quando acordamos de manhã e ao longo do dia- o SENTIR a VIDA correr dentro de nós é da ordem do milagre.

A nossa LUTA como mulheres não serve de nada se for virada para fora, ao nivel social, a não ser que seja mantida através de um trabalho de DES-CONSTRUÇÃO de forma perseverante e incansável dentro de nós mesmas contra o que foi estabelecido pelo Sistema de Dominação, para que possa surgir novamente a ordem da Vida…
 
DIZ ELA: 

“Para construir uma bagagem conceptual e simbólica que recria e propicia (o entendimento) do que é a autorregulação da vida, é preciso uma correlativa (e constante) des-construção da ordem simbólica patriarcal, que exerce uma pressão continua e tem tudo estruturado no plano social e no individual (para nos submeter); e há que exercer uma pressão analítica no sentido contrário. É muito mais que vencer uma inercia de um modo de pensar. Deve ser ultrapassado o dogma estabelecido dessa civilização para chegar à verdade da vida humana.

A Lei do Pai tem construido uma poderosa ordem simbólica, correlativa a sua ordem social, que faz com que acreditemos que a sua lei é a lei da vida, de tal maneira que a lei e a vida estão confundidas em nosso mundo; e esta ordem simbólica e a sua confusão operam diretamente sobre o nosso inconsciente, além de operar evidentemente sobre a nossa consciência. Por isso é preciso realizar um esforço especial para sair de tal ordem simbólica, para adotar o ponto de vista da autorregulação da vida (aquilo que é da natureza da relação par mãe-criança) para ir desfazendo a confusão entre o que é a Vida em si e o Poder estabelecido.

E já que temos uma perspetiva na qual vivemos tão assumidamente, o esforço analítico e crítico de des-patriarcalização deve ser sistemático, ou pelo menos semântico. Não é gratuito afirmar que o ponto de vista da autorregulação da vida (natural) é anti-patriarcal, da mesma forma que não é gratuito ter - em relação ao corporal - a perspetiva anti-eudípica da integridade primária: se não formos contra essa possessão, não poderemos expressar-nos livremente, se não desfazemos o mito da “cara metade”, não poderemos produzir e deixar fluir o desejo. Se o processo é inevitavelmente uma des-construção do estabelecido, e já que o estabelecido se encontra completamente fundido e confundido com o que é a vida, mantendo-a parasitada com fios invisíveis, a perspetiva anti-eudípica e anti-patriarcal é uma ferramenta imprescindível para não seguir na confusão e na parasitação da nossa vida pelo Poder patriarcal”

O Mito de Edipo.

Édipo nasceu príncipe da cidade de Tebas, filho do rei Laio e da rainha Jocasta. Ao nascer, foi levado ao oráculo de Delfos onde foi profetizado que Édipo se tornaria um herói, após matar o pai e desposar a mãe, desencadeando uma cadeia de desgraças, que causariam a ruína da casa real.
Eudipização-culpabilização do filho: No Mito o filho é à nascença entregue pela mãe (Jocasta) ao Pai (Lau) para o mandar matar por causa da profecia, porém, este, não tendo sido morto, cresce e acaba por regressar a Tebas e cumprir a profecia que o pai tanto temia – ele mataria o pai sem saber e casaria com a mãe desconhecendo que era sua mãe… assim, quando ele descobriu o que aconteceu cega-se e foge para longe por se sentir culpado. Ora segundo esta autora, e na sua perspectiva, Edipo devia ter reivindicado os seus direitos e não sentir-se culpado: o mito é apontado como o fim do domínio da Mãe na cultura grega passando para o Pai o Poder em detrimento da principio da Vida…O mito anuncia assim o reino do Pai e o patriarcado e o fim do reinado da Mãe.
rlp




domingo, março 10, 2024

QUEM É LILITH



Quadro - de uma palestra com Jan Val Elam 

QUEM É LILITH?



"A Lilith é uma verdadeira revelação/revolução, e o processo pelo qual está a ganhar voz é verdadeiramente feminino, não está a pegar em armas contra ninguém, está a construir um caminho que embora passe pela palavra como meio de comunicação, não é um caminho intelectual e vazio, muito pelo contrário, é um caminho tão pleno de sentido e de emoção que 
ninguém consegue ficar indiferente."

Isabella Garnesche - é Alguém que leu e percebeu de forma clarissima Quem é Lilith. Lilith não é uma deusa do panteão grego ou proveniente das narrativas da Sumeria e Babilonia, podendo até nem ser humana na origem, mas nada tem a ver com o que dela disseram os misticos cristãos nem fizeram dela as seitas pagãs e esotéricas que a usam como um Demonio para fazer rituais e feitiços ...
Lilith liga-se a Pandora e Eva e faz parte de uma triade de Mulheres livres e poderosas que mudaram o curso da Humanidade...
Lilith é a rebelde por excelência que não aceita qualquer dominio aos deuses nem a deusas. Ela é a Cabeça (da Serpente) de uma rebelião que dura há muitos milénios para lá da nossa breve história manipulada pelas religiões judaica ou cristã.
Ela não é, como bem diz a Isabella, um caminho intelectual e vazio, e eu acrescento, nem uma aspiração mistica e menos ainda de sujeição a qualquer religião, nova ou velha, e está muito a frente deste tempo de mentiras e opressão do feminino. Ela é o padrão máximo da essência indomável da mulher que devemos seguir, sem deuses nem deusas, sem qualquer sujeição a leis e a normas, rituais e cultos ou formulas que a definam. Por isso ela é e será sempre uma revelação/revolução dentro de cada mulher que em si desperta para si mesma.
rlp
rosa leonor pedro


Por Isabella Garnesche
 
"Lilith representa a saída do jogo arcôntico, não apenas para as mulheres, mas para qualquer ser espiritual que por engano ou bondade tenha caído neste esgoto a céu aberto, onde os parasitas competem entre si e se devoram uns aos outros a troco de rigorosamente nada. Lilith conduz-nos à saída porque está do lado de fora deste constructo insano, e por estar fora torna-se inacessível aos que estão demasiado embrenhados nas ilusões deste mundo, nos seus simbolismos, rituais e falsas necessidades. Quando nos focamos no que existe dentro do jogo, vamos ter sistematicamente ao jogo, nunca dele saímos, é isto que acontece a quem segue políticos e figuras religiosas, que são uma e só coisa. É também isto o que acontece a quem cai nas narrativas do tipo «bodhisattva» e deseja regressar ao jogo para libertar os outros, sem se aperceber de que esta é uma das mais utilizadas estratégias do sistema, ou da matrix, para nos trazer continuamente de volta ao cárcere, onde reencarnamos sem Lilith, sem memória, e por isso sem «fúria».

Em inglês, a venda na amazon...




A Minha celebração di dia da Mulher - 8 de Março - foi ter  RECEBIDO ESTA MAGNIFICA PRENDA, A TRADUÇÃO DO LIVRO PARA INGLÊS.

 

SINTO-ME PROFUNDAMENTE EMOCIONADA E GRATA  a Ouassima Issrae que traduziu e publicou o meu livro em Inglês - à venda para todo mundo na AMAZON 


Eis as suas palavras: "Algumas estão me mandando essa mensagem: Feliz dia da mulher!!!
Deixe-me dizê-lo em voz alta: Nesta terra onde os valores são invertidos, celebramos o que desacralizamos (mulheres e crianças, água e animais), e fazemos parques * gaiolas para aquilo que destruímos (parques nacionais, pássaros e abelhas, casas com paredes alta etc).

Toda a criação e a vida é feminina por natureza, e até que NÓS mulheres voltemos ao nosso lugar de direito, não há nada para celebrar senão pressupostos culturais contínuos sobre as Mulheres e o seu papel na sociedade: nas relações amorosas, na família, na economia e na política.
Nesta nota, acabei de editar este fantástico livro revolucionário da Rosa Leonor Pedro , espero que seja publicado hoje pelo seu simbólico abalar os corações daqueles que o irão ler!