O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, abril 30, 2018

a mulher é constitutivamente diferente do homem...



MULHERES!

Reajam!
Revelem-se !
Revertam e mudem verdadeiramente o mundo real!
Para os vossos fundamentos mais profundos!
Arranquem as teias de aranha que o sistema em teceu nas nossas mentes e sonhem uma nova realidade, uma nova humanidade.
Não se conformem simplesmente a ser iguais aos homens e a tomar as suas posições.
Sejam melhores, liderem a mudança que a humanidade necessita .
Pois vocês são a última esperança ...
E fazê-lo é o vosso dever .*


É preciso lembrar que a mulher é constitutivamente diferente do homem...
A mulher está ligada (ou devia estar) à Terra, ao abissal, ao telúrico e o homem está ligado ao Céu, ao cosmos e olha para ele e para a montanha...- ele desliga-se da mulher e da terra ...

A mulher não tem que subir à montanha das religiões patriarcais como são as do Homem, mas descer às grutas e às cavernas da Deusa Mãe...ao seu Útero, às suas entranhas, às fontes e aos lagos e ambos precisam de se encontrarem na superfície da Terra, na linha do horizonte, trocando cada um as suas experiências...em plena consciência das suas diferenças...

O homem tem de descer das alturas fictícias e a mulher tem de sair da caverna da Mãe sem negar a sua origem...só assim se encontrarão a mulher e o homem e cada um na posse da sua verdade intrínseca.

O erro das mulheres foi copiar e seguir os homens subindo a montanha e esquecendo a sua natureza ctónica...e o erro do homem foi negar a Mulher carnal e a Deusa Terra, e querer levá-las aos céus negando-lhe a sexualidade e negando-se a si o amor da Deusa Mãe...por ascese e desejo de voltar ao céu...e ir para o Pai Eterno...querendo resgatar uma origem divina mas ao mesmo tempo negando a sua encarnação no corpo Mulher e a Terra.

Rosa Leonor Pedro

A BUSCA DA VERDADE

"(...) No homem existe a vontade, vontade de se realizar e de fazer isso em contacto com a mulher. Enquanto a mulher tem em si a sabedoria, um tipo de sabedoria inata, um catalisador único da realização. (...)

A mulher potencialmente está ligada ao conhecimento e à sabedoria que são duas forças complementares na grelha de base. A mulher realizada domina a dualidade e ajuda o homem a transcendê-la. Enquanto o homem tem acesso ao conhecimento que está no início de tudo e além disso tem a vontade. (...)

A busca da verdade é também a busca do outro. Essa questão toca bem claramente o problema da dualidade masculino /feminino, dia/noite...Quando essa dualidade é dominada, leva a um outro nível de consciência, tal como a expressão na grelha integrada. A mulher - conhecimento/sabedoria - tem um substrato de facto, enquanto o homem precisa partir sem demora em busca de si mesmo. A mulher é para ele uma iniciação ao progresso, um catalisador de futuro. Nesse sentido a mulher parece Ter vantagem em relação ao homem. (...)

Chegarei mesmo a dizer que, nessa evolução do conhecimento, a mulher leva vantagem, mas não tenho a certeza se ela sabe disso. Ainda mais que em ralação à situação actual ela se choca com o poder do homem. Sejamos claros: constitutivamente, não existem relações de superioridade ou inferioridade entre homem e mulher. Tudo depende do contexto sociocultural da época considerada cujas consequências extremas se manifestam nas sociedades do tipo patriarcal e matriarcal. (...)

A mulher já é portadora do mundo transcendental - a Virgem Maria, Ísis, as Virgens negras. O homem, em contacto com a mulher, teria acesso ao germe da iluminação. E o casal alquímico exteriorizaria isso."*2

*2 In O HOMEM ENTRE O CÉU E A TERRA
De Étienne Guillé

*
GAZZETTA DEL APOCALIPSIS"

domingo, abril 29, 2018

UMA MULHER INTEIRA



NINGUÉM, NINGUÉM SABE

Ninguém pode adivinhar
O que eu digo quando estou em silêncio,
Quem eu vejo quando fecho os olhos,
Como me eu quando me sou,
O que eu procurar quando eu alcançar as minhas mãos

Ninguém, ninguém sabe.
Quando eu estou com fome, quando eu faço uma viagem,
Quando eu andar e quando estou perdido.
E ninguém sabe.
Que o meu caminho é um retorno
E o meu regresso é uma abstenção,
Que a minha fraqueza é uma máscara
E a minha força é uma máscara,
E que o que está vindo é uma tempestade.

Eles pensam que sabem
Por isso, deixei-os.
E eu acontece.

Puseram-me numa jaula.
A minha liberdade pode ser um presente deles,
E teria de lhes agradecer e obedecer.
Mas eu sou livre antes deles, depois deles,
Com eles, sem eles.
Estou livre na minha opressão, na minha derrota
E a minha prisão é o que eu quero.
A chave para a prisão pode ser a sua língua.
Mas a língua deles é distorcida em torno dos dedos do meu desejo,
E o meu desejo nunca pode comandar.

Eu sou uma mulher.
Eles pensam que são donos da minha liberdade.
Por isso, deixei-os.
E eu acontece.

JOUMANA HADDAD, jornalista, ensaísta, poetisa libanesa (n.1970)

Dimensão Feminina a Resgatar e a Integrar - Miscelânea: Violação e abuso sexual de meninas e mulheres

Dimensão Feminina a Resgatar e a Integrar - Miscelânea: Violação e abuso sexual de meninas e mulheres: Escrevo tantos apontamentos na minha cabeça, sem nunca os passar para o papel.  Chega uma hora, um dia, um momento em que já não a...


Cada vez mais mulheres tomam consciência de que o sistema patriarcal e as suas instituições não são justas e não exercem digamos que uns são mais vulneráveis que outros aos olhos desta Justiça que não é por acaso é simbolizada por uma mulher vendada!...Esta cegueira dos homens e das mulheres também elas aculturadas por este modelo que as julga e as separa entre santas e putas num estalar de dedos, nunca será harmoniosa e justa a continuar a aplicar desta forma este tipo de legislação imbuída na forma e na sua subjectividade de uma cultura anti-mulher, anti-feminina!...
Uma por todas, todas por uma!...

sexta-feira, abril 27, 2018

escrever...



ESCREVER PARA SI OU PARA OS OUTROS?

Penso que um/a escritor/a nunca se devia expor nem sequer sociabilizar para se manter fiel a si mesm@ e intact@ - porque vê o que vê e diz o que diz doa a quem doer...Aliás um/a escritor/a só fala da sua dor...e a espelha aos outros, diga-se dor ou amor...é a mesma coisa. Às vezes ódio...ou raiva. Essa é uma das razões porque um@ escritor@ de facto nunca se devia expor aos outros, ter intimidade com alguém - tal como o asceta - ou dar-se ao publico ou criar amizades, dar confiança - ninguém entende um escritor e já não falo do poeta...porque esse muito menos ainda.

@ escritor@ como alguém que escreve e sem qualquer pretensão de "escritor", como é o meu caso, mas que escreve com a alma e o coração, com tudo o que é e sente e @ fere, só pode ter um intuito e uma função que é de dizer o que sente e nada mais importa, nem como o diz ou o faz, desde que que seja para si mesmo, a sua força e a sua consciência de ser igual a si, mas não seria honesta dizer que o escritor@ não quer ser lid@, não.
Um@ escritor@ quer ser lid@ e talvez amado mas não deve procurar porém o sucesso ou a fama e nem sequer vender...porque isso implica vender-se a si mesmo sempre, agradar...Vender-se ao editor ou à empresa ou ao publico que o prefere. Por isso são raros os grades escritores e poetas...como o foi Fernando Pessoa e Herberto Hélder, Natália Correia, Agustina Bessa-Luis e outr@s que agora não  vou lembrar.
Ah! não, longe de mim comparar-me aos grandes...sou como digo apenas uma escriba, uma amadora da palavra, falta-me ser asceta...e talvez renunciar definitivamente a este mundo de enganos mentiras e ilusões que são as relações humanas e as suas construções e idealismos e ideologias. Mas isso também se calhar seria a libertação definitiva e não haveria mais nada sobre que escrever - pois o drama humano ou a ferida da encarnação talvez cessasse... e essa seria a via do renunciante ou do iluminado e não d@ poeta que vive o seu próprio drama, insolúvel talvez...até morrer...

(Não eu não falei da Mulher nem da Deusa - esse é contudo o imperativo maior da minha alma como finalidade na Terra ou pelo menos é onde tenho o meu Foco enquanto mulher.)
ADENDA

A razão de ninguém nunca é rainha de nada...por isso nunca pretendo ter razão...mas há sempre quem me interprete mal...por causa da razão que acha que tem e acha que eu não tenho. Tudo o que se passa...é que a razão é sempre em razão de qualquer coisa que tomamos como verdade, credo, convicção ou ideia...e passa sempre pela lógica dos factos... ora o que eu defendo e digo...passa apenas pela percepção do meu sentir e não preciso de ter razão para nada...
A Vida, a Arte ou o Sagrado, a Poesia ou o Sonho são o que de mais irracional e ilógico há na Terra...
rlp

quinta-feira, abril 26, 2018

OS CEGOS E O ELEFANTE...

TEXTO I

RESPOSTA A UMA AMIGA indignada por eu não celebrar o 25 de Abril...

Eu compreendo o seu desabafo, o seu espanto de eu não festejar este dia...e entendo porque fala com tanto enlevo de um sonho - mas devo dizer-lhe que eu vivi tudo isso de que fala com tanta paixão. Paixão tive-a eu e muito anos antes desse dia que sonhei como toda a gente sonha, eu lutei e falei e vivi entre trabalhadores e estudantes e gente pobre e por isso disse poemas e cantei com o Zeca Afonso em palcos e assembleias proibidas e só por dizer o que pensava e tão jovem tive por isso e tão pouco afinal de contas de fugir a Pide e fui para Paris como o meu irmão foi antes para fugir a guerra...sei isso tudo de cor e salteado - vivi muitos sobressaltos e andei nas manifestações, vi cargas policiais...morri de medo etc. Eu sabia toda a dor e miséria deste povo, sabia e sofria a sorte das mulheres! Mas... depois, desse mesmo dia que foi só um sonho - sim, foi bonito, comoveu-me -, mas nesse dia já eu tinha outros sonhos bem mais altos...e embora fosse algo inesquecível eu sabia já que não foi o povo que venceu - sabia que não houve revolução nenhuma; apenas se mudou de ideologia ou a mascara ao Sistema, mudou-se o nome e regras do jogo - mas nada de essencial e verdadeiro e humano -nada de dignidade de um povo livre e com identidade - se consolidou.
Sim, é verdade que temos liberdade de falar e ler livros...que já ninguém lê e os factos é que se em cada esquina havia um PIDE... não foi de um dia para o outro que em cada esquina havia um amigo...a canção é bonita e a festa também pá...mas a realidade a nossa hoje, passados estes anos "Abril Sempre" é só uma ideia, como de deus...é igual à fé, é um sonho, porque a miséria, os crimes e a mentira, a corrupção é ainda maior - é mais ou menos a mesma pobreza e falta de cultura e assim de que serve a liberdade de um Povo vendido e traído e se não há consciência humana e individual e se somos escravos do dinheiro e da fama e da televisão e das telenovelas e do futebol que é quem mais ordena etc. E nunca houve tanto egoísmo e tanto ódio, tanta guerra...
Vou confessar-lhe...eu hoje chorei ao ver o sonho de um Pais cair...chorei por não poder festejar com a mesma infantilidade e inocência com que lutei um dia e acreditei que o mundo mudaria...mas hoje...sim, passados mais de 50 anos, o que vejo? Diga-me o que vê?
Sim, os cenários mudaram...os carros as casas a tecnologia, as roupas e as máscaras, as linguagens... mas já não há valores e ninguém quer saber de ninguém. Só conta mesmo o dinheiro - olhe a sua volta e veja com olhos de ver em vez de continuar a sonhar...

rlp


Texto II
Ontem não comemorei o "25 de Abril Sempre"...?
Chorei de pena...
Sim, chorei por ver que a liberdade de uns é a prisão de outros, que a riqueza de uns é a pobreza de outros. E que mudam os rostos e as vontades, mas tudo continua na mesma... para quem pensa e espera por Paz verdadeira e Amor sem bandeiras, sem ódios, competição, sem armas químicas, sem mentiras, sem crimes, nem guerras...
Onde a diferença entre o fascismo de ontem e o socialismo de hoje?
(Não me vão atirar pedras os sonhadores?)
É isto "liberdade, igualdade, fraternidade"?
Não, não vejo em cada rosto a igualdade nem um amigo...
Vejo que somos todos diferentes de acordo com o dinheiro que temos, vejo os doutores e engenheiros e os banqueiros...vejo o mesmo desprezo pelos que nada tem ou pensam diferente...
O que eu vejo é a liberdade da corrupção, da alienação, da perda de identidade de um povo, do abuso, vejo o Pais endividado, vendido ao estrangeiro, vejo os assassínios diários de mulheres, veja a justiça julgar e roubar e enganar e os mesmos ladrões continuando donos de tudo etc., e vejo que os "políticos" só fazem intrigas entre si e lutam apenas por rendimentos e reformas em detrimento do povo que "desgovernam"...e mantem na mesma miséria...
Vejo...deles... Consciência nenhuma, muito egoísmo, vaidades, egos a brilhar na ribalta, muitos beijinhos e poemas mas pouca verdade...vejo fantasias e ilusões muitos oportunismos por todo o lado...
Mas e a Festa pá, a Festa para os turistas e os revolucionários de cravos?
Ah, desculpem-me os sonhadores e os jovens e os velhos que decoraram o folclore de abril como decoraram a tabuada...

Sim, eu chorei apenas por ver que a "liberdade" sem o RESPEITO E A DIGNIDADE DE UM POVO, sem Democracia de que e a quem serve?

rlp


HÁ 4 ANOS

OS CEGOS QUE QUERIAM VER O ELEFANTE...

 Há 4 anos vi e ouvi 4 mulheres de diferentes idades e gerações a falar sobre o 25 de Abril...eram elas a escritora Hélia Correia, a psicóloga Joana Amaral, a Juíza (?) Maria José Morgado e uma cientista de nome Maria...Foi muito curioso ver e ouvir como cada uma delas se situava e discutia o acontecimento exactamente e apenas de acordo com a sua visão...Claro cada uma tinha a sua...e todas eram unanimes em que a mulher já era livre e não havia nenhuma diferença entre ela e o Homem...
Para uma o 25 de abril era como um Portal...que se abriu assim de repente e tudo mudou como na sua ficção...para outra a ciência é que o grande motor do conhecimento e avanço e esperança para Portugal e para a outra só viu o esbanjamento e a corrupção a imunidade dos políticos - a mais nova, que não viveu nada do que foi antes de Abril, era só a teoria da psicologia e da ideologia bem pensante da esquerda livre...
Isto fez-me lembrar a história indiana dos 4 cegos que queriam "ver" um elefante...quando cada um tocou uma parte bem distinta do elefante como seja, a tromba, a barriga, a orelha ou a cauda...a discussão a seguir era toda baseada na experiência de cada um, sem dúvida, mas ninguém se entendia, nem nunca se iriam entender...Assim é a nossa realidade e o conhecimento dela...
Somos todos cegos às apalpadelas...


rlp

TODO O SER HUMANO ESTÁ SÓ



A SOLIDÃO CONDIÇÃO DO SER...

"A solidão é a condição do ser humano no mundo, diz Heidegger.

Todo o ser humano está só. Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa negativa, nem que precise de uma solução definitiva. Ou seja, a solução não é acabar com a solidão, não é deixar de sentir angústia, suprimindo este sentimento. A solução não é encontrar uma pessoa para preencher o vazio existencial, não é encontrar um hobby ou uma actividade. A solução não é a de matar-se a trabalhar e concentrar-se nisso para não se sentir sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para fintar a solidão. A solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. E sabendo-se só no mundo, viver a própria vida, respeitar a própria vontade, expressar os próprios sentimentos, buscar a realização dos próprios desejos. Quando se faz isso, a vida enche-se de significado, de um brilho especial."

"O objectivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros estamos e seremos sempre solitários. O outro é muito importante para partilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado a uma outra existência. A presença do outro ajuda-nos, partilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efectivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição da solidão."

"Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só."

"A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única pois ninguém vive pelo outro."


"Solidão: a Condição do Ser"
Jadir Lessa

quarta-feira, abril 25, 2018

O 25 DE ABRIL TROUXE O QUÊ ÀS MULHERES?


ABRIL 
NADA RESOLVEU O PROBLEMA DA IDENTIDADE DA MULHER, porque a revolução da mulher é outra, começa nela mesma, é o problema da sua verdadeira identidade!


“A revolta da mulher é a que leva à convulsão em todos os estratos sociais; nada fica de pé, nem relações de classe, nem de grupo, nem individuais, toda a repressão terá de ser desenraizada.(...)Tudo terá de ser novo. E ("PORQUE") o problema da mulher no meio disto, não é o de perder ou ganhar, mas é o da sua identidade.”*

 **in Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, 1972


"As Mulheres que lêem são perigosíssimas, pois claro; e então as que escrevem, um verdadeiro risco para a Civilização... Algumas até se disfarçaram de homens para escrever, lembram-se?
 
Lá se vai a IMBECILLITAS SEXUS, categoria do Direito Romano que passou para o Direito Comum (EUROPA!!!) e entronca oh so well na definição Aristotélica da MULHER como Homem IMPERFEITO ('De Generatione Animalium'). Na nossa tradição 'ocidental', esta concepção vai direitinha até Freud, passando por tantos iluminados juristas, teólogos e tutti quanti.
Tantos imbecis arrogantes, Deus do Céu. E tantos sábios ignorantes aconselhando o povo in all matters matrimonal, como Francisco Manuel de Melo et al.
Por isso, como diria Virginia Woolf, é muito difícil 'not to write in a rage', porque, como diz a Doutora TPB (eu) na sua tese de doutoramento, antes de nós há dois mil anos de insultos, ignorância, menosprezo e sheer stupidity."


('Mulheres, Direito e Crime ou a Perplexidade de Cassandra'. Lx, AAFDL, 1990-1993).


AGORA QUE SE FALA TANTO EM  "PARIDADE"...
É PRECISO PENSAR O QUE ISSO SIGNIFICA DE FACTO ...


"Porque, na realidade, o que é a igualdade de género?
O que significa a participação igualitária das mulheres nas estruturas sociais, econômicas e políticas?
É, realmente, mudar a essência do mundo em que vivemos?
Para responder a isso, precisamos apenas observar que nos rodeia.
Note, por exemplo, as mulheres que entram no mundo da política.
Elas são menos ambiciosas do que um homem?
Estamos presenciando uma profunda transformação globalmente à medida que as mulheres incorporam cargos de responsabilidade? A resposta para todas essas perguntas é tão triste quanto óbvia."


in GAZZETTA DEL APOCALIPSIS"

segunda-feira, abril 23, 2018

...porque...as mulheres não existem



"Eu detesto o ponto de vista masculinista. Estou entediada do seu heroísmo, virtude e honra. Eu acho que o melhor que esses homens podem fazer é não falar mais deles mesmos."

Os Homens têm aclamado o ponto de vista humano; eles são os seus autores; eles são os seus possuidores. Os Homens são humanistas, humanos, de humanismo. Os Homens são estupradores, violentadores, espoliadores, assassinos; esses mesmos homens são profetas religiosos, poetas, heróis, figuras de romance, aventura, performances, figuras enobrecidas pela tragédia e pelo fracasso.
Os Homens vem aclamando a Terra, clamando por 'Ela'. Os Homens arruinaram-na a 'Ela'. Os Homens têm aeronaves, armas, bombas, gases venenosos, nous gases, belicosidade tão perversa e mortífera que eles desafiam qualquer imaginação humana. Os Homens batalham entre si e Ela ; as mulheres batalham para serem admitidas na categoria 'humano' na imaginação e na realidade. Os Homens batalham para manter a categoria 'humano' longínqua, circunscrita pelos seus próprios valores e atividades; as mulheres batalham para mudar o significado que os homens deram à palavra, para transformar esse significado difundindo-o a ele na experiência feminina."

Andrea Dworkin - pornography: men possessing women

AS MULHERES NÃO SE AMAM...porque não existem...

Enquanto as mulheres não se amarem a si mesmas, vai ser impossível respeitar compreender e amar outra mulher, seja a mãe a filha irmã ou a amiga. Ela terá sempre o foco em deus pai, no filho e no homem - foi exactamente isto que a sociedade patriarcal (religiões e ideologias, incluindo xamanismo e outras tradições) fomentaram e alimentaram durante séculos para poder dividir a mulher - uma força em si indomável quando unificada - e assim manter o controlo absoluto do seu ser, do seu útero e do seu sexo, mistério que nunca o homem conseguiu abarcar e por isso o teme...
A Deusa foi suprimida da Terra Mãe para que o homem detivesse a hegemonia do Planeta através da força e guerra.
A mulher submeteu-se a agora está a ser muito difícil despertar para uma consciência de si ...

rlp

ELA VINHA...



A ROSA


" O sinal da Terra está «crucificado» - da Terra, que é a cor e a beleza, e que com seus próprios elementos se crucificou, pois os braços da Cruz do Calvário são extensões dos da Cruz Cósmica que está contida no símbolo da Terra. E assim se veio a conceber esse símbolo de cinco elementos, ou pétalas, como sendo a Rosa, por ser esta flor o sinal externo da Beleza, e ainda o do Silêncio que está no centro da Beleza, e por ser a flor que contém em si os elementos do martírio ou sofrimento, que são os espinhos - elemento que não há em nenhuma outra flor das que possam simbolizar a Beleza. E por isso Àquele que foi a Rosa Crucificada, e em Si crucificou a Rosa, se impôs, em seu martírio, uma Coroa de Espinhos. E por isto se entende que esse elemento de cinco partes, que está crucificado e quebrado, é uma Rosa; e o símbolo cristão completo e final é o símbolo da Rosa-Cruz."
Fernando Pessoa



A FORÇA DO MUNDO


"E só agora vejo que a rosa era a sua anunciadora, a que vinha antes, a ocultas, consigo ligada.

Ela vinha este e aquele dia, aparecendo-me em formas diversas, no sonho (que dizia: o mundo é construído como uma rosa – camadas e camadas que é preciso atravessar para chegar ao seu centro, que será o centro de dentro e o de fora); na praça romana surgiu como uma rosa verdadeira, atravessada pétala a pétala, até ao fundo; ou então reduzida ao seu único centro, coração de tudo, o fim, a ponte de passagem entre terra e céu.
E então, só depois, nos anos seguintes, veio a Virgem, seu ser enfim revelado, aquele que antes tinha aparecido em símbolo, em imagem viva. Agora ela vem, três vezes, em três vindas sempre diversas e novas: do centro da Terra, brotando das suas entranhas, por um momento abertas, em altas e espiraladas chamas de fogo branco; aparecida súbita no meu quarto, ao meu lado, rodeada o meu ser que ele mesmo rodeava; de noite, em assunção no prado verde das árvores, em torres rendadas subindo para o céu: e eu nelas subindo.
Mas primeiro fui a sua flor, como sua face verdadeira e oculta. Face que a revelava e anunciava, em imagem transporta. Para mais tarde ser decifrada."


(17-VI-1967)

DALILA PEREIRA DA COSTA

SEM DESEJO...


 

"La sexualidad y el funcionamiento de la dominación para entender el origen social del malestar individual.

La rebelión de Edipo, II parte
(edición digital 2010)


El libro está agotado y por eso habíamos preparado esta edición, pero al final y dadas las circunstancias, no se va a imprimir en papel y sólo quedará aquí colgado en versión digital. Texto de la contraportada:


Hay dos conceptos para entender la sexualidad: la pulsión del deseo y la capacidad orgásmica del cuerpo humano. Sin deseo, la práctica del sexo no es sexualidad, sino como decía Juan Merelo Barberá, tecnosexología. Sin deseo, los cuerpos no pueden desarrollar su genuina capacidad orgásmica, necesaria para su autorregulación y para su funcionamiento normal. El deseo y el desarrollo de la capacidad orgásmica se producen espontáneamente, no necesitan 'educación'; sólo necesitan que se eliminen las prohibiciones, el Tabú del Sexo. La tecnosexología sí es objeto de educación porque es la practica del sexo sin deseo, o con el deseo inducido con técnicas artificiales; es la practica del sexo de los cuerpos acorazados, educados en la inhibición más o menos sistemática e inconsciente del deseo; las mujeres, en la inhibición del latido del útero, en la desconexión entre la conciencia y el útero.

En el estado de inhibición, las emociones se desconectan de las pulsiones corporales y se convierten en emociones erráticas que producen ansiedad. El conductismo pretende educarnos y 'alfabetizarnos' emocionalmente, sin cuestionar el estado de represión del deseo y el estancamiento de la capacidad orgásmica desde la etapa primal. Pero el 'analfabetismo emocional' no es innato, es precisamente el resultado directo del estado de represión en el que nos socializamos, y al permanente esfuerzo para adaptarnos a la norma de la institución del matrimonio o de la llamada 'pareja de hecho'.

Las emociones brotan del cuerpo para apoyar la implementación de las pulsiones (ya sean eróticas y sexuales, o de defensa, como la ira y la cólera…). Son tan sabias como las pulsiones, y su objeto es facilitar la autorregulación del cuerpo. En una sociedad de sexualidad espontánea, percibiríamos nítidamente el sentido de cada emoción en la autorregulación corporal, así como su conexión con su pulsión correspondiente. Las emociones serían el medio más importante para percibir lo que pasa en cada rincón de los cuerpos autorregulados.

En las sociedades patriarcales del Tabú del Sexo, el acorazamiento produce la pérdida de la transparencia y la desconexión entre la conciencia y las pulsiones, entre la epidermis y las vísceras… La desconexión es la otra cara de la moneda del acorazamiento. La desconexión juega un papel importantísimo para impedir que el deseo recorra el campo social (Deleuze y Guattari). Los seres humanos, además de producir deseos, estamos hechos para percibir y acoger el deseo del otro o de la otra; y para que cuando el deseo del otro o de la otra nos alcance, induzca la producción del nuestro.

La tecnosexología que hace funcionar a las parejas que ya no se desean, y la educación emocional que engaña a las personas sobre su desorden emocional, deben ser denunciadas. El matrimonio o la pareja es un pacto o convenio social que sólo se corresponde con el deseo corporal durante un tiempo limitado. Mientras que no se separe la sexualidad de la institución, la sexualidad seguirá estando corrompida.

Este es el origen social del malestar individual: el Tabú del Sexo asociado a la dominación y a los estados de sumisión, implementados de diversas maneras a lo largo de unos cuatro milenios de dominación patriarcal.

La corrupción de la sexualidad ha sido y es imprescindible para el establecimiento de las relaciones de dominación en general, y entre los sexos en particular: porque la verdadera sexualidad desarrollaría relaciones armónicas entre los sexos y entre las generaciones; porque el amor verdadero es complaciente y se opone a la dominación: nadie podría reprimir o infligir sufrimiento alguno al ser amado; de hecho, las relaciones entre amantes son relaciones de tú a tú (Amparo Moreno Sardá), nunca relaciones jerarquizadas de Autoridad.

Casilda Rodrigañez Bustos

terça-feira, abril 17, 2018

Sendo assim para quê publicar?



CENSURA...
E DEPOIS (DELE)...NADA...

"Não é que não publique porque não quero: não publico porque não posso. Não se entendam estas palavras como dirigidas contra a Comissão de Censura; ninguém tem menos razão de queixa do que eu dessa Comissão. A Censura obedece, porém, a directrizes que lhe são superiormente impostas; e todos nós sabemos quais são, mais ou menos, essas directrizes.

Ora sucede que a maioria das coisas que eu pudesse escrever não poderia ser passada pela Censura. Posso não poder coibir o impulso de escrevê-las; domino facilmente, porque não o tenho, o impulso de as publicar nem vou importunar os Censores com matéria cuja publicação eles teriam forçosamente que proibir.


Sendo assim para quê publicar? Privado de poder publicar o que deveras interessará o público, que empenho tenho eu em levar a um jornal qualquer o que, por ilegível, lhe não serve, ou que (...)

Posso, é certo, dissertar livremente (e, ainda assim, só até certo ponto e em certos meios) sobre a filosofia de Kant (....)"


Fernando Pessoa

Nota a margem

Pior do que a censura diria é a mentalidade de uma época em que já ninguém pensa ou lê ou escreve cosias sérias...
rlp

quarta-feira, abril 11, 2018

VERDADE E SINCERIDADE..


 "...a sinceridade exige conhecimento de si e o conhecimento de si é fruto da idade... Como é que uma mulher tão jovem poderia ser sincera ? Ela não poderia ser sincera porque ela não se conhece a si mesma."- M. Kundera


COGITANDO...

Estava a pensar como é difícil lidar com tantas formas de sentir e pensar...e as diferenças, sejam de idade sejam de carácter  ou cultura e como as relações humanas são complexas e implicam tanto cuidado na abordagem dessas diferenças, quando com elas somos confrontadas...

Pessoalmente nem sempre consigo ser correcta...ou distanciar-me de uma reacção instintiva que aparece quase sempre como defesa do que eu penso ser a verdade...e que gera o ataque de uma diferente opinião. Mas como ser sincera? E ai como diz Kundera  "...a sinceridade exige conhecimento de si e o conhecimento de si é fruto da idade..." e isso portanto limita qualquer pessoa a se entender e portanto a compreender as outras...

Levamos anos a aprender a respeitar todas essas diferenças, levamos anos a aprender a recuar e a observar e a aceitar o/a outro/a na sua visão das coisas, independentemente da nossa ...e raramente conseguimos ser imparciais na nossa análise a não ser quando já percebemos - o que acontece muito tarde na vida - que o essencial de tudo o que vivemos e sentimos nada tem a ver com ideias nem opiniões nossas ou de terceiros (sejam eles filósofos teólogos ou psiquiatras etc) e que a vida é aquilo que cada ser vive e sente e não a afirmação da verdade e da justiça como padrões que correspondem apenas a conceitos e ideias temporais feitas a partir de filosofias e religiões e dogmas, e saber que raramente tudo isso nada tem a ver com a experiência de vida de cada ser...
Outra cosia grave que acontece nas realções é as pessoas baseadas na sua experiência presumir que alguém quer dizer isto ou aquilo quando não sabe ao certo o que a outra pessoa sabe e sente...e ai cometem-se os erros mais graves...até de destruição de alguém que não conhecemos...
Mas mais grave ainda é que desrespeitamos a experiência vivida pelo ser humano para dar lugar ao conhecimento fictício que tomamos por garantido e certo...por isso anulamos os velhos e as mulheres na sua experiência de vida autêntica e seguimos Mestres e "avatares"...
Isto parece que invalida a necessidade de saber e conhecer as leis do mundo e do universo, da ciência e da história, ou as leis diria da vida em si e do ser humano per se - mas do ser humano realmente quem é que sabe as leis da sua natureza interna que não são só cérebro e vísceras, esqueleto e órgãos, mas coração com emoções e sentimentos, sonhos e alma que não se pensa?

Quem sabe quem é quem?
Quem sabe ao certo quem é?
O famoso EU SOU...ou QUEM SOU EU?
De onde vim e o que estou cá a fazer?
Sim, quem sabe ao certo responder a tantas destas questões - "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo" de Platão...
Quem sou eu mesma? Sim, onde está o EU, mim, o "eu sou", o Eu dito superior...sem ser apenas este eu que nasce e morre?


Se ninguém sabe que alma tem...como diz o poeta que cuidado devemos ter uns perante os outros tendo em conta toda estas dificuldades?


Não, "Ninguém sabe que coisa quer.

Ninguém conhece que alma tem,

nem o que é mal nem o que é bem."


F. Pessoa


rlp

O EGO...



"A experiência do Si-mesmo é sempre uma derrota para o ego"
 
C. Jung


"O ego não pode ser um vaso para receber o influxo da graça enquanto não tiver esvaziado o seu próprio conteúdo inflado. E este esvaziamento só ocorre através da experiência de alienação" *


A "alienação" do ego não significa a alienação do SER CONSCIENTE de si, como em geral se confunde. O ego corresponde à partida à nossa Persona (mascara) e o Ser em si, à essência ou Alma, embora as designações de ambas as partes do nosso ser, o ser físico e o ser espiritual, se confundam por vezes em linguagem corrente. Ego ou persona é ainda o suporte físico e mental do ser em evolução. Assim, "Se a vida da pessoa é governada pelo sentido de uma tarefa divina, isso significa, psicologicamente, que o ego tem de estar subordinado ao SI-mesmo e foi libertado das preocupações que têm o ego como centro."*


* in "EGO E ARQUÉTIPO" de Edward F.Edinger

O CORAÇÃO EM CHAMAS



"O Coração em chamas, ou o fogo do coração é a metáfora, a forma de que se revestiu nas suas aparências históricas. Mas na terminologia popular, nessa vida que o "coração" levou em seus territórios, o coração não é fogo, mas parece apresentar-se em símbolos espaciais: é como um espaço que dentro da pessoa se abre para acolher certas realidades. Lugar onde se albergam os sentimentos indecifráveis, que saltam por cima dos juízes e daquilo que pode ser explicado."
(...)

in A METÁFORA DO CORAÇÃO - MARIA ZAMBRANO


" A escolha abre ou fecha a porta do Templo, lá onde a Luz sem sombra revela a origem do mundo binário, obra das antinomias.

Aquele que poder franquear a porta reconhecerá o que em si é material, feminino, passivo e aquático é Lua, e o que em si é activo, quente, ardente e sem forma é o Sol. Ele saberá que no mundo da Dualidade, ele projecta no Céu esta Lua e este Sol; ele esqueceu que (estes princípios) estavam nele, para não os ver mais senão fora de si mesmo. É este lugar – ou “momentos” – a que chamamos de “descida das luzes”, quando a inteligência vem ao coração."


in Le Miracle Egypcien - Schwaller de Lubicz


O coração que escuta

Emprestando o seu coração que em si escuta os lamentos dos que mais sofrem e de todos os seres de verdade, os destituídos de mentiras, de coração equitativo, o ser verdadeiro, aquele cujo coração sabe e conhece os pensamentos pelo coração sem que nada saia dos lábios dos que sofrem pois pelo escutar do seu coração é que lhe é dado o entendimento mais puro.


in Le Miracle Egypcien - Schwaller de Lubicz





domingo, abril 08, 2018

DIA DE ABENÇOAR A NATUREZA MÃE...



Gaia, Deusa Terra Mãe


"Gaia é uma teoria científica, elaborada por James Lovelock, que apresenta o planeta Terra como um único organismo vivo. A teoria foi apresentada em 1969 afirmando que é a biosfera que gera, mantém e regula as condições para a sua própria sobrevivência. O nome escolhido para esta teoria foi o de GAIA devido ao facto de na mitologia grega, GAIA ser a deusa da Terra. A abordagem holística da teoria de Gaia, é profundamente inovadora pelo trabalho extremo de juntar o que estava separado e assumir o desafio de pensar global, e arriscar pelos caminhos complexos da interdisciplinaridade.
Na mitologia grega, GAIA é a personificação da Terra como Deusa . Foi uma das primeiras divindades a surgir no universo, e mãe de todas as coisas. Nasceu imediatamente depois de Caos. E é a deusa Gaia que, ao separar a terra dos céus, vem ordenar o cosmos e terminar com o caos. Neste processo dá origem a inúmeras outras divindades e também aos oceanos, às montanhas, às plantas, aos animais…Por isso ela personifica a origem do mundo, o triunfo, a propiciadora dos sonhos, a protectora da fecundidade e dos jovens. O nome Gaia, Géia ou Gê, é utilizado como prefixo para designar as diversas ciências relacionadas com o estudo do planeta, como por exemplo: Geografia, Geologia. " 


DENTRO DESTA PERSPECTIVA QUAL O VALOR DE UMA MULHER?


Eu considero este saber de uma importância fundamental, URGENTE MESMO, mas seja ele qual for a ser coordenado só numa perspectiva cientifica e social, por muito naturalistas que sejam os homens, sem que a dimensão do sagrado seja integrado na mulher e sem que a Mulher se ligue primeiro ela própria às forças da natureza e assim possa afectiva e sexualmente – os dois factores de maior força motriz na natureza humana – ser a representante legítima da Deusa, que é muito mais do que um Mito grego ou um símbolo, nenhum conhecimento ou movimento ecológico por melhor coordenado que seja, por melhor e mais bem intencionado que seja, partindo de uma perspectiva inteligente e intelectual, mas sem o factor emocional e instintivo, o lado feminino presente e manifesto tanto no homem como na mulher, mas primeiramente na mulher, não funcionará nem atingirá um grau real e efectivo de consumação.
A Obra da Natureza, tal como a Obra Humana, a criatividade do SER HUMANO, tem de partir de dentro para fora e nenhuma evolução é possível sem esse casamento alquímico, interior, pela integração dos lados opostos complementares, o cérebro direito e o esquerdo, o feminino e o masculino, yn e yang.
Enquanto o homem não perceber que o desvio da Natureza que atingiu a mulher em si mesma e a cindiu na sua integridade também o fragmentou a ele e ao afastar a mulher da sua natureza intrínseca afastou-o  da sua própria essência feminina, o que equivale a dizer que o afastou também a ele da Natureza Mãe Gaia, que é Matriz que é a Deusa Terra. E que continuar a não querer ver que a Igreja, o patriarcalismo em geral e o racionalismo, no fundo, ao afastarem a Mulher da sua natureza inata, do seu lado instintivo e emocional, afastaram igualmente o homem da Mulher verdadeira e da Natureza primordial. Não querer ver que essa separatividade foi o factor de maior destruição do Planeta, que criou e instigou o ódio e o medo entre os sexos e ser ainda esse o maior impeditivo à consumação de qualquer OBRA digna desse nome, equivale a permanecer no mesmo paradigma e a continuar no mesmo rumo de uma Justiça que é cega e que continua a falar no masculino exclusivamente ...

A Mulher é a representante das Forças Telúricas e da Natureza, a sua guardiã; por isso ela precisa resgatar essa sua relação com as forças telúricas para se poder ligar ao Cosmos: sem essa relação ela não conhece a Deusa nem Deus. O Homem por mais que se projecte em Deus sem a Mulher e a Deusa não atinge a plenitude do seu SER nem a Devoção que o faz ser um adorador da VIDA, da TERRA e da Mulher e não da Morte, para se tornar um ser criativo em vez de destrutivo. Sem esse consciência e sem o amor e respeito por si mesmo, pela mulher e pela natureza, o homem não constrói nada, mas apenas destrói; por isso acho utópico todo e qualquer movimento que não inclua um processo de sacralização da Mulher, da Terra e do Homem e não de um Deus morto aos bocados ou de um Deus crucificado…ou mesmo de um novo Avatar, um Líder ou um Sábio qualquer.
A vida nasce da Mãe e brota do Seio da Natureza. Sem a Dimensão do Sagrado Feminino, sem o resgate cabal da Mulher Ancestral, o homem não pode nascer nem ascender aos céus...nem viver em Paz na Terra.
Rlp
Republicando

sexta-feira, abril 06, 2018

A MULHER A CHAVE DO MITO



“A Procura do Graal mistura-se com a Procura da Mulher. Aquele que encontra a Mulher, encontra o Graal. (...)
Mulher que segura a Taça, o Cálice ou a Pedra, essa mulher que é a Sacerdotisa de um culto do qual jamais conheceremos o verdadeiro significado." J.Markale

"Uma coisa é certa: mais uma vez, nos encontramos na presença de uma memória do culto da antiga deusa, destronada pelos deuses machos: é o sentido da violação cometida pelo rei Amangon contra uma das donzelas ou fadas do castelo do Graal. Amangon forçou o destino, curvou o poder feminino pela força cega e brutal do macho, derrubando a sua soberania sob a forma simbólica do seu golpe. Com efeito é o Pai que acaba de instaurar a sua autoridade exclusiva. Desde esse tempo, a sociedade anda à procura de um equilíbrio que não poderá instaurar senão quando o Jovem filho da Deusa Mãe, vier matar ou castrar, ou eliminar o Pai, a fim de devolver à Mãe a sua Soberania de antigamente.

Assim, idealmente e miticamente, e muito antes da cristianização do mito, a Procura do Graal é, ela, a Glorificação da Eleita, a mulher eterna, divina, de múltiplos aspectos, que reina nos subterrâneos do mundo, e que não espera senão pelo o seu filho mais jovem para reaparecer ao ar livre e retomar o seu título de Grande Rainha equilibrando de novo a sociedade dos seus filhos desunidos e que se reconciliar no amor da Mãe.” (...)  J. M. In “A Mulher Celta”

Que Mulher é essa que se confunde com o Graal?

Não é certamente a Mulher perdida da própria mulher, submetida às instituições e dominada pelos homens como um objecto de uso pessoal e social que nada tem a ver com a Mulher Divina ou a Musa, mulher essencial porque mágica e fada, detentora de sortilégios e poder de curar, aliada da natureza e dos animais! Nem a mulher violada secularmente pelo poder patriarcal que destitui a Deusa Mãe e fez da sacerdotisa uma prostituta e da mulher livre “a casada” e portanto, sujeita às suas leis, nem da "bruxa" queimada pela Inquisição por usar um dom inato e que fazia perigar o poder dos fanáticos cristãos?
Pervertendo a Génese, os patriarcas da Igreja, inverteram os sentidos da criação, traindo a harmonia dos princípios, dizendo que “Eva foi criada a partir de uma costela de Adão. A mulher converteu-se assim num apêndice do homem. A Génese é o princípio e o fim da Deusa.”

Dando assim força e suportando a história de uma metade da humanidade-homem que dominou a outra metade mulher, condenando o mundo a um permanente desequilíbrio, pela dominação do princípio masculino pela força da espada e da guerra com a repressão e subjugação da Mulher e da sua liberdade. A história dos conquistadores sacerdotes-guerreiros, bárbaros vindos das estepes, que destruíram paulatinamente um mundo equalitário, harmonioso e pacífico da Deusa-Mãe, segundo Riane Aisler, gerando “monstros - homens destinados à guerra e mulheres escravas e concubinas para os servir. Mais tarde ao ser institucionalizada a Igreja de Roma só lhes deu a sua benção, aliando-se a eles, bárbaros, até aos nossos dias...

Por isso “O Gral - simboliza a Deusa perdida. Quando apareceu o cristianismo, as antigas religiões pagãs não desapareceram da manhã para o dia. As lendas da busca dos Cavaleiros do Graal perdido eram histórias que explicavam as andanças para recuperar a divindade feminina. Os cavaleiros que diziam partir em busca do “Cálice”, falavam em “chave” para proteger-se de uma Igreja que tinha subjugado as mulheres, proibido a Deusa, queimando os crentes nas fogueiras e censurado o culto pagão da divindade feminina. “

É tempo de unir os dois princípios, pólos complementares desta humanidade, dentro e fora do Ser Humano, de unir o feminino e o masculino, de unir a deusa e o deus que os bárbaros e a Igreja desuniram para dominar e vencer pela guerra! Para isso a Mulher tem de se unir e integrar as duas mulheres que foram cindidas em duas - a santa Virgem e a Mª Madalena a "prostituta arrependida" - assim divididas pela Igreja sua maior inimiga desde o princípio dos séculos.
Esse Feminino eterno e parte do princípio que rege o universo é rechaçado e denegrido ao longo dos séculos destituindo a mulher de identidade por predominância exclusiva do princípio masculino da força e do autoritarismo, negando às sociedades esse equilíbrio dos dois princípios em harmonia que a Deusa Mãe impunha como justiça e lei e não a força da Espada!

A mulher moderna, perdida da sua origem e essência, é uma espécie de apátrida sem sentimentos ou consciência própria. Absorve, diz e escreve e sente-se como o homem a fez...é a polícia travesti, é a médica inumana, é o soldado que vai à guerra é a mãe sem coração nem amor pela maternidade! ? uma Atenas saída da cabeça de Zeus ao serviço do patriarcalismo sem consciência nenhuma de si própria em profundidade. Reflecte-se apenas no homem na sua posse ou possuída e não é senão uma sua extensão, um sexo. Falar de feminino, pela sua ausência de sentido profundo, é falar apenas de sexo e a confusão inerente estabelece-se. Ou se é feminista ou lésbica...

Mas a mulher não é apenas um sexo!
Todavia, como se desconhece em essência e se sente perdida de si mesma, educada e suportada em sociedades falocráticas, não têm nenhum sentido em si mesma ou centro e enche-se do valor que os homens lhe dão que é o de uma mente racional atulhada de conceitos lógicos onde prevalece tacitamente a superioridade do Homem em nome de quem ela fala. Acontece cpom as mulheres mais inteligentes, as universitárias etc. Elas falam exclusivamente do seu ciclo vicioso As Faces de Eva, desconhecendo a outra Mulher que vive na Sombra e que foi renegada da história e do seu interior...Por essa ignorância a mulher está presa num ciclo vicioso que é o conhecimento adquirido que a sociedade falocrárica lhes impôs e de que elas não conseguem sair sem ir às origem da própria pré-história...onde efectivamente começa a sua história ou o poder da Grande Deusa onde todos os mitos têm origem.
 
A GUERRA CONTRA AS MULHERES...

A história da Mulher não é apenas a de uma “lavagem ao cérebro” mas a de uma lavagem às suas entranhas da maneiras como lhe tiraram a Voz de Oráculo da Terra Mãe e agora o Útero sob qualquer pretexto. Anula-se a mulher dos seus valores intrínsecos, da sua intuição e percepção extra-sensorial, da sua sensibilidade tão própria aliada à emoção e reduz-se a sua razão de ser a uma reprodutora com prazo de validade ou a um objecto de luxo e plásticas, o estereotipo do travesti que o homem inventou e que levou a mulher a identificar-se com essa imagem e de que os jornais e revistas e televisão estão cheios até á saturação. A mulher é imbecilizada a cada passo e as próprias mulheres hoje em dia não têm a menos noção ou respeito pelo seu SER Ancestral, por essa Voz secular que lhe foi roubada pelos padres!

A sua cultura ou erudição baseia-se toda no princípio masculino que a reduz a um zero à esquerda (e à direita!).
E não tenham esperanças as mulheres que lhes reste ainda alguma verdade e dignidade própria de que serão aceites se se expuserem nesta sociedade machista e falocrática com uma voz genuína senão for para os servir e fazer de figura de estilo, quer como mulheres, quer como políticas, ministras ou executivas ou mesmo escritoras! As polícias são brutais como os machos e as ministras duríssimas e inflexíveis nos seus propósitos rígidos sem qualquer humanismo. Não é pois, desse “Feminismo” que falamos nem o que nos falta a nós mulheres. E muito menos é essa a mulher da Procura do Graal. Ou por outra, a Mulher que se perdeu nos primórdios dos tempos é que tem de se buscar a si mesma dentro do seu coração e como Voz do Útero sendo a Taça que dá a beber e não espera beber do outro para ser ela própria porque a mulher é ela o Cálice.

Só depois da Mulher ser Mulher inteira, o verdadeiro Cavaleiro voltará e o Filho da Deusa a respeitará.

A Mulher em si é a Chave do Mito.


Rosa Leonor Pedro

(republicando)


 

"Tínhamos tantas solidões.




"Tínhamos tantas solidões.
A dos domingos
antes de anoitecer,
a solidão do comboio
com as solidões cingidas,
a dos pátios
a meio do Outono
quando já não se varre
nem folhas nem flores.
Tínhamos a solidão
do quarto de hospital
depois da hora de visita,
a solidão do amor
depois dos presentes,
a dos gatos esquecidos
nas varandas,
a do dono do gato
que esqueceu o gato
que foi atrás da gata
esquecida na varanda
por uma senhora velha
que sofria de Alzheimer.
Tínhamos as solidões
mais inoportunas, mais contraditórias
as solidões mais revolucionárias
e contra-revolucionárias.
Tínhamos solidões
as mais silenciosas.


Quem pode estranhar por isso
que nos fôssemos?"

VALERIA PARISO
Ilustração: Dino Valls

quarta-feira, abril 04, 2018

ESSA MULHER



A mulher...essa Mulher que surge...


ESSA...mulher essência, essa Mulher Real e Eterna que mais parece um sonho e contudo começa a aparecer anónima mas já senhora de si e é óbvio  que não falo das profissionais e executivas nem das deputadas e advogadas, escritoras ou das feministas em geral, falo de outras mulheres ainda ocultas por estas e que ninguém sabe e nem ninguém lê...e que tanto assusta os homens... - mas não, que ninguém se iluda, nem todas as mulheres são mulheres nem todos os seres humanos são humanos...e eu tenho horror as mistificações e aos simulacros e não perdoo...não vou em conversinha mole de bondade e compreensão e de gente piedosa...perante as mulheres e homens - sejam psiquiatras, padres, professores, cientistas e filósofos - que são o expoente por excelência dessa sabotagem permanente do que é SER MULHER e que hoje tantos deles pretendem defender o feminino e a Mulher e a Deusa e que não representam de modo algum por experiência vivida ou saber próprio...essa Mulher...



Rosa Leonor Pedro

segunda-feira, abril 02, 2018

A MENTALIDADE MASCULINA


"as santas como a minha mãe e as outras..."

“Aquelas que não dão sinais de amor devem estar a escondê-lo, mantê-lo reservado. Ao invés, aquelas que querem dar amor não podem valer nada – senão iriam certamente escondê-lo como um tesouro” - Arno Gruen, A Traição do Eu

Uma visão do mundo feminino típica de uma certa mentalidade masculina – o medo de ser enganado - e a divisão do mundo: "as santas como a minha mãe e as outras..." Acautela-te com as mulheres, deve ser o aviso. Se Arno Gruen está certo, é muito triste saber que os homens que assim pensam, descobrem tarde que estas mulheres, "as com ar de santas" podem não ter nada para dar.

Faz lembrar a fábula de Fredo “ A velha, a rapariga e o homem”, em que este era disputado pelas duas, que pretendiam parecer iguais a ele, na idade. Na sedução, acarinhavam-lhe os cabelos. O resultado repentino foi a calvície, porque a rapariga arrancou-lhe os cabelos brancos, e a velha, os pretos. Moral desta história: o cuidado com as mulheres nunca é pouco.

É possível que exista uma versão feminina, do mesmo - cuidado com os homens!


IN INCALCULÁVEL IMPERFEIÇÃO - por Cristina simões

A RIVALIDADE ENTRE AS MULHERES


A PROPÓSITO DA RIVALIDADE ENTRE MULHERES

"... elas são todas tão feias que repelem e odeiam todas as mulheres (bonitas). Sabe que são as mulheres as mais virulentas misóginas aqui? As mulheres, meus caros senhores, (...) nunca experimentaram maior odio em relação a si mesmas do que o das outras mulheres face ao seu próprio sexo. Porque é que pensa que elas se esforçam de nos seduzir? Unicamente para desafiar e humilhar as suas iguais. Deus inculcou no seu coração o ódio das outras mulheres porque ele queria que o género humano se multiplicasse." *

Este ódio secular entre as mulheres e a sua  rivalidade e a competição entre si é o pior dos venenos que as separa e antagoniza e disso todas as mulheres sofrem um pouco...ou muito - e sem que se tome consciência disso primeiro, cada uma por si, as mulheres que se pretendem num caminho espiritual ou no caminho da deusa e do feminino sagrado, não poderão nunca ser verdadeiras enquanto não resolverem essa questão dentro de si mesmas através de uma subida da sua auto-estima e da aceitação dos seus complexos e medos, enfrentando-os e sem culpar nem se virarem contra as outras mulheres...

Porque o que mais vemos nestes ambientes de terapias e curas e mestres e xamãs
é manipulação e abuso ou busca de supremacia de umas sobre as outras pois a maioria das mulheres que anda a tentar juntar as mulheres em nome da deusa ou do que quer que seja não tem consciência nenhuma de si mesma enquanto Mulher nem da sua divisão interior, dessa cisão que a antagoniza com a outra mulher e portanto dos  seus complexos de filha e das suas feridas com a mãe ou com a irmã...mas no fim, logo que se confrontem com diferenças de opiniões e interesses elas vão-se ver como inimigas e invejosas umas das outras porque não se aceitam a si mesmas (ou a sua mãe) e vivem apenas da lisonja e da mentira, a querer provar a sua verdade segundo os seus interesse...servindo-se inclusive das outras mulheres para se afirmarem melhores ou mais sábias.
Por isso muitas mulheres não gostam do que escrevo...
Elas tem tolerância zero para com as outras mulheres mas seguem cegamente os homens como mentores, virando-se contra as mulheres (rivalizando pelo macho). Desse modo não iremos nunca fazer o nosso caminho mas sim seguir os trilhos do patriarcado...

Como diz o texto que traduzi em cima ..."Deus inculcou no seu coração o ódio das outras mulheres porque ele queria que o género humano se multiplicasse." - e a mulher continua fiel a isto...
Como dizia há tempos uma leitora - "Não é propriamente surpreendente que a área da "espiritualidade" e das "terapias" seja a área de eleição de narcisistas e sociopatas. Em que outra área humana se pode conseguir o grau de adulação, poder sobre o outro, afirmar as coisas mirabolantes que afirmam, etc., sem nunca serem questionada/os? Ou se alguma vez o são, obliteram/ridicularizam/manipulam/uma qualquer outra solução que lhes traga mais vantagem no momento, quem o faz. Muito poucas...
Neste momento sinto que só posso encontrar o que nos une no silêncio (e quando ninguém está a ver ou a fotografar!). Será uma fase... entretanto vou lendo, e observando, com muito interesse e curiosidade." (Sónia)


rlp

*Milan Kundera - La Valse aux adieux