O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, outubro 31, 2012

O DIA DAS BRUXAS...



Há muitas Atenas – as filhas do Pai – (que não gostam de bruxas)…e andam por aí à procura de “espiritualidade” no negócio e no trabalho...para ficarem com a consciência tranquila em vez de uma verdadeira Consciência de si como mulheres...

Nenhuma delas desejará enfrentar a sua Sombra, a sua rival…e nelas vêm o diabo…são meninas bem-educadas, intelectuasi ou católicas,  muito assertivas, muito activas nas economias, nos mercados e na Assembleia Nacional…algumas chegam até a Ministras porque de...putadas já eram, como sempre foram, promovidas pelos papás…e papas…


PS
O que os fazedores de historinhas para crianças não contaram...era que a Maça, esta e a outra que a Eva comeu, continha o ANTÍDOTO para anular a formatação que todas as meninas sofrem pela educação dos pais e dos padres...e que dizem que a madrasta (a mãe má) é que é sempre a má da fita...e que só o príncipe as pode salvar...e depois à conta disso todas engolem sapos a vida inteira...
rlp

'Estarei ao teu lado'



"Afrodite, retribuiu-me um riso franco e malicioso.

Disse-me ao ouvido: 'Estarei ao teu lado' e introduziu a quarta mulher, apresentando-a da seguinte maneira:
...
Esta é a Lua, a Deusa que é feita de uma célula de cada mulher.

Ela representa a voz de todas Nós. O Seu canto é a melodia de todas as mulheres quando fazem Amor, quando criam os Filhos, quando limpam a casa, quando trabalham, quando sonham, quando lutam, quando perdoam e quando enfeitiçam com as suas obras.
 

A Lua que até ali permanecera calada, aproximou-se e disse-me:
 

Eu sou a Senhora do sangue sagrado, a meretriz dos sucos vaginais. Fui eu que te embalei nos braços e disse a todas que eras mulher. Sou eu que ainda te guio nos descaminhos que inventaste. Sou eu que sustento as violações de um corpo que mutilaste.
Tu és parte de mim mesma. Tu és Lua, mulher e loba.
Serás assim até ao instante final:
Não serás ferida, porque és cura. Não serás dor, porque és prazer. Não serás culpa porque és Vida. Não serás certeza, porque és abismo"




MÁRCIA FRAZÃO

segunda-feira, outubro 29, 2012

PRONTAS PARA OS PORTAIS...

 
 
 
Texto de Cristina Valquíria Valhalladur Aguiar
 
"Aproxima-se a hora da abertura dos portais do Além, interrompendo-se assim a separação entre os mundos. No próxino ano, o dia 1 de novembro deixará de ser feriado, mas o vínculo ancestral dos mortais à memória dos seus antepassados jamais será cortado. A morte separou apenas a carne, mas o espírito é perene, e intensamente brilhante. Ninguém consegue interromper a lembrança subconsciente do pacto que temos com a memória arcana dos mortos. Os mais antigos repetirão o gesto de agradecimento pela fartura da terra aos antepassados, os guardiões da abundância, depositando nas alminhas as espigas de dourado milho; os mais novos, porém, celebrarão a noite santa em festins folclóricos; e poucos conhecerão as tradições antigas de banquetes nas campas dos defuntos queridos. A deusa Hel abre os portões do seu salão para o bailado de espectros, para o corropio de bruxas e de corridas de lobos esfaimados. Está prestes a começar a cavalgada selvagem de recolha de espíritos errantes, devolvidos depois ao útero da Mãe Cósmica, pronta a gestar, preparando o renascimento na primavera."

sábado, outubro 27, 2012

Há 12 anos atrás...


 
 
Há 12, 11 anos atrás... comecei a pesquisar e ler sobre o Feminino... pintei minha primeira WILLENDORF e logo depois engravidei... fui para terras lusas... e lá as pesquisas se aprofundaram... então, quase não se ouvia falar palavras como patriarcado... hj falar (mal) do patriarcado é mato... espero que tbm me surpreenda ao ver expressões e palavras como matrismo, teoria da evolução social, renascimento feminino, lealdade feminina, entre outros se tornando mais acessíveis a cada vez mais pessoas...

Há 11 anos atrás, não era possível encontrar muito na net... havia o blog Mulheres e Deusas, por onde passaram TODAS as mulheres que estão reiventando o feminino no mundo, de lingua portuguesa... num trabalho incansavel, e por vezes incompreendido de Rosa Leonor, até por mim, pois às vezes, andávamos às turras... pk eu estava - e estou - aprendendo ainda...

Para ler O CÁLICE E A ESPADA, de Riane Eisler, tive de subir na torre mais alta na prateleira misteriosa da Biblioteca do campo pequeno para encontrar o único exemplar disponível apenas pra consulta in loco... mas felizmente tirar xerox podia...

 Gente, hj já tem tudo na net, em blogs e mesmo os livros todos em pdf, ao simples tok de um enter... é inevitável que as mulheres e os homens compreendam cada vez mais o mundo que nos foi inventado... é inevitável...

Se hj nos dispersamos, se estamos todas por aqui e ali, equivocadas... deve ser um processo natural, ou eu quero entender assim... mas há algo mais à nossa frente, que "surpreenderá a todos, não por ser exótico... mas pelo fato de ter sempre estado oculto, quando terá sido, O ÓBVIO..."

A todas vcs meninas (recado de nana):

Espero que estejam descansadinhas... pois inicia-se uma nova etapa... e todas vcs estão convocadas...

 ps: e a jornada é interior, o caminho do coração...

 
nana odara
(Autora de Lealdade feminina")

quinta-feira, outubro 25, 2012

O PARADOXO...é sagrado...


"O sofrimento pessoal começa quando somos crucificados entre dois opostos. Se tentarmos abraçar um sem pagar tributo ao outro, degradamos o paradoxo ao nível da contradição. Todavia ambos os lados dos pares de opostos devem merecer e ter igual mérito. O sofrer a nossa confusão é o primeiro passo para a cura. "(1)

"Passar da oposição (sempre uma discórdia) para o paradoxo (sempre sagrado) é dar um salto de consciência. Esse salto transporta-nos através do caos da meia-idade e dá-nos uma visão que ilumina os dias que nos restam."

In "OWNING YOUR OWN SHADOW" Robert A. Johnson

(1) Sofrer em latim: sub plus ferre= suportar ou permitir

Realmente há muitas pessoas que se não permitem sofrer...ou consciencializar da sua sombra; tem um medo pavoroso de qualquer forma de sofrimento e por isso não aceitam olhar e ver o seu outro lado; e refugiam-se nas crenças que as instigam a ser sempre boas e positivas...que as obrigam a pensar sempre o bem como solução e a fugir do mal...Elas nunca se aperceberão assim que essa dualidade do ser é inerente à condição humana e que só será superada num plano superior de entendimento, numa Visão porventura transcendente, porque ultrapassa os limites do concepcional, o que pode acontecer ao passar-se por uma qualquer iniciação (meditação); e só depois de integrar a sua sombra simbolizada na descida aos infernos, aceitação da face negra em si e passar pela porta proibida do dogma, vencido o medo da escuridão, podem então Ver a Luz e compreender que elas são mais do que a expressão da sua dualidade bem e mal e que a noção de bem e mal diferem de cultura para cultura, de tradição para tradição, de religião para religião e com os séculos...


Por isso, passar da discórdia para o paradoxo, do plano racional para o sagrado é tão difícil porque as pessoas comuns não suportam essa coexistência por uma ideia falseada e mental/ocidental de ser coerente associada à "bondade" católica ou à nova vaga "new age". Superar esse plano da dualidade como opostos inconciliáveis é fundamental, porque eles são complementares; como é fundamental que tenhamos sempre presente os dois lados do ser a todos os níveis, e compreender muito particularmente no caso das mulheres o feminino na sua totalidade (unindo as duas mulheres cindidas) e só então poderemos unir os dois pólos da nossa humanidade, Yin e Yang ,para enfim perceber que só na visão interior, superior, porque acima do mental redutor, percebemos que o que está em cima é igual ao que está em baixo. rlp


* "A aprendizagem da realidade sem rosto é dolorosa, assusta (porque destrói o ego) mas é uma aprendizagem que se faz"
(...) Jung

segunda-feira, outubro 22, 2012

A MENINA...

 
 
Em qualquer idade
“Quanto mais condicional e instável seja a admiração do outro significativo, tanto maior será a dependência do sujeito e o seu desejo de que não se produza o menor afastamento da perfeição para não se expor ao trauma narcisista da rejeição”.
Hugo Bleichmar O Narcisismo
Parece ser esta a nossa natureza. É assim na infância - pela dose insuficiente de amor, segurança e tolerância, a criança tende a manifestar dificuldades em aceder a uma real autonomia.
Quando mal tratada pelos pais ou substitutos, torna-se tambem paradoxalmente dependente destes, ao revelar anseio de proximidade ou até comportamentos de oposição que são outras formas de ligação (pouco saudáveis).


Pode ser assim na vida adulta – arriscamo-nos a ficar numa relação doentia, dependentes daqueles que nos dão pouco, mas que recorrem para isso, a um doce veneno ao se apresentarem fantásticos e indisponíveis. Ou agressivos, de vez em quando. Este comportamento agressivo, também serve para manter o vínculo e gerar no outro, sentimentos ambivalentes de amor e ódio.
Se não tivermos recursos de recuperação suficientes, esta condição pode transbordar para áreas da vida que exigem autoconfiança, capacidade de confiar nos outros e correr riscos.
Ao medo de tudo, não amamos, não estamos apaixonadas. Estamos dependentes.
 
COMENTÁRIO:

O PROBLEMA Real da falta de amor da criança e em criança começa com a nossa cultura e sociedade patriarcal ...com a falta de amor e respeito pela Mulher Mãe e também pela falta de consciência e integridade da Mulher-Mãe em si...

É que a MÃE NÃO PODE TER AMOR PARA DAR À SUA CRIANÇA SE ELA NÃO É AMADA em menina como menina nascida, logo à partida...

A questão é pois: se a menina não é desejada em geral pelos pais e a mulher é repudiada na sua identidade instintiva e sexo (pecado) e educada na submição e debaixo do domínio do homem, seja o pai, o irmão, o marido ou o padre ...ela nunca poderá amar os filhos...seja menina ou menino, embora mesmo assim prefira os meninos...

(...mas ficamos aqui no eterno dilema de se o ovo nasce primeiro se a galinha...)

 (Tenho tentado saudá-la...mas nunca acerto nas letras?) 

  rleonor

UMA LEI NATURAL


 
 

 
A GRANDE MÃE PRIMORDIAL

 
O continente e o conteúdo

 
À força de rejeitar tudo o que a feminilidade representava como solução para a angústia do homem, criou-se uma humanidade perfeitamente neurótica, pois se o rapazinho é obrigado a praticar este acto é porque não lhe vestiram na mais tenra idade uma veste feminina, como se fazia antigamente. Uma concepção estúpida e formal da virilidade impediu a continuação desta prática que, com origem em motivos inconscientes, era muito mais válida que a destruição do amor que educadores desprovidos de educação tentam levar a cabo, criando uma putativa educação sexual.

É, uma vez mais, toda a nossa sociedade que está em causa. A masculinização da sociedade conduziu a ignorar aquilo que constitui o próprio fundamento de toda a relação psicossocial, a saber, os laços afectivos que unem os membros duma mesma família, dum mesmo clã. E estes repousam muito particularmente na relação mãe-filho (rapaz ou rapariga). Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo-a à autoridade dum deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintual que estabelecia o primitivo equilíbrio. Daí provêm as neuroses e outros dramas que transtornam as sociedades paternalistas, incluindo aquelas que se consideram mais evoluídas, aquelas que pretendem, com belas palavras, atribuir à mulher um lugar de honra, um lugar escolhido pelo homem.

 
Na verdade, o homem não pode escolher o lugar da mulher nem o seu próprio lugar face à mulher. Ele deve obedecer a uma lei inelutável, que é, para retomar a definição de Montesquieu, uma lei de natura, contra a qual a lei da razão nada pode. Esta lei de natura concretiza-se no instinto, que não é algo que possamos negar. Negá-lo, como fizeram tantos moralistas e psicólogos, antes de Freud, é abrir a via dos desregulamentos psíquicos, porque todo o comportamento se ressente do facto de não estar apoiado na lei natural.

Esta querela entre natureza e razão, que de resto sempre foi uma falsa questão, é responsável pela cegueira desta sociedade que, ao querer corrigir o instinto, cortou o ser humano daquilo que era a sua natureza.

A verdade é que o instinto não se corrige. Sublima-se, transcende-se, e isso graças a uma razão que o dirige, mas que em caso algum o deve encerrar em limites estreitos e negá-lo. E o instinto assusta, porque é forte e porque é inelutável. Este estudo sistemático do princípio feminino na cultura celta tem pelo menos o mérito de trazer à luz da consciência a ideia de que o instinto é primordial, no sentido etimológico do termo, que ele é necessário, que é um factor de progresso e de evolução.

Mas o instinto tem algo de selvagem, de “bárbaro”, mesmo. E é por aí que ele atinge a “grandiosidade”. Ele é o único motor dos nossos sentimentos, da nossa acção. E, tendo em conta os nossos hábitos morais, é por vezes difícil formulá-lo e olhá-lo de frente: a verdade choca-nos. Quando ousamos afirmar que todas as relações entre homens e mulheres, quaisquer que elas sejam (conjugais, filiais ou outras) são necessariamente relações incestuosas entre mãe e filho, atraímos as mais ásperas críticas e somos tidos por obcecados. E no entanto…

O homem é, com efeito, um ser incompleto e tem consciência disso. O seu medo e a sua atracção pelo abismo negro (o nada de onde provém), o seu medo e a sua vertigem diante da morte (o nada que o espera) tornam-no um ser frágil que procura a segurança a todo o custo. Essa segurança é a mãe, tanto para o homem como para a mulher. Mas o homem, física e afectivamente, possui um meio de reentrar, pelo menos provisoriamente, na mãe. Não é preciso insistir: qualquer tendência da psicanálise já esclareceu suficientemente bem que o pénis, pequena parte do homem, mas uma parte exterior e susceptível de aumentar, constitui o substituto do próprio homem. Ele pode, portanto, em certas ocasiões, reactualizar de modo fantasmagórico o regresso ao paraíso que a mãe representa.

E toda a mulher é uma mãe, real ou potencial. O homem está portanto biologicamente sujeito à mulher, quer ele queira, quer não. Ele é o conteúdo, enquanto a mulher é o continente: isso constitui um estado de inferioridade muito óbvio para o homem e ele passará depois todo o seu tempo a negar tal realidade para provar a si próprio que é superior. É assim que se explica a acção masculina, o facto dos homens serem dotados para a acção, para a violência e o combate. Esta acção é o único meio que lhes resta para tentarem afirmar-se.

E se o homem é o conteúdo, portanto um ser inferior, ele arroga-se o direito dum ser superior, mostrando que a sua força activa é a única capaz de proteger a espécie. Até conseguiu persuadir a própria mulher dessa superioridade, simbolizada pelo reconhecimento do pénis do rapazinho no momento do nascimento, feito pela mãe ou por qualquer outra mulher que ajude no parto. O famoso grito: “É um rapaz!”, repetido geração após geração, é bastante eloquente a esse respeito. Quando nasce uma rapariga, aceita-se; mas quando nasce um rapaz, rejubila-se.

No entanto, o continente, a mãe, que é o mesmo que dizer a mulher , é a própria realização do Paraíso. Ela realiza-o sob dois aspectos duma mesma realidade: ela contém o filho e o amante. De resto, como alguns psicanalistas já referiram, a vagina da rapariga não é reconhecida pela mãe, nem pelo pai, no momento do nascimento. Tal reconhecimento far-se-á, no entanto, um dia, e será o homem a efectuá-lo. Assim, para se afirmar, para tomar consciência de quem é e sobretudo do seu poder, a mulher precisa do homem. Traduzido em linguagem mitológica dá: o homem precisa duma deusa, mas a deusa precisa do homem. É esta a razão pela qual se perpetuaram, sob formas diversas, os antigos cultos da divindade feminina.

Na cultura celta, vimo-la sob os seus diferentes aspectos, ou melhor, sob as diferentes máscaras que os homens lhe atribuíram. Todos os nomes que lhe foram dados, entretanto, não nos devem fazer esquecer que se trata dum ser único, da mãe primordial, da primitiva deusa, da grande rainha dos começos.

 

Jean Markale, “La Femme Celte”, Petite Bibliothèque Payot

UM LIVRO FUNDAMENTAL...
 

sábado, outubro 20, 2012

A MULHER OBJECTO SOFRE...




"O VALOR DE UMA MULHER"

"Quando o amor não resulta, ocorrem reacções químicas nas nossas células. Surgem doenças, os comportamentos histéricos e as depressões profundas. Quando sentimos que somos usadas como objectos, aquando os nossos corações se sentem despedaçados e a nossa sexualidade é desprezada parece que nos injectaram um líquido escuro nas nossas veias emocionais. A nossa condição feminina é extremamente importante. Quando é tratada com leviandade nós explodimos."
marianne williamson

quinta-feira, outubro 18, 2012

SABER DESTINGUIR...


 

 SENTIMENTALIDADE... E SENTIMENTOS...

 
O que eu defino por sentimentalidade nas pessoas, nomeadamente nas mulheres, é quando estas se focam muito no seu sofrimento pessoal como forma de chamar a atenção dos outros, dos amigos ou da família onde supostamente foi ou é vítima, e que de forma algo masoquista procura atrair simpatias e pena, mas não querem sair dele.
Ora acontece e convém esclarecer que um grupo é ou deve ser uma dinâmica de trabalho focado em nós mesmas para uma tomada de consciência, de partilha de problemas comuns, é certo, mas relacionados com a vontade de sairmos dos nossos impasses e dramas e não para entreter ou afagar as nossas mágoas e muitas vezes de quem não quer fazer nada consigo e prefere chorar sobre o leite derramado, ou então manter tudo como está e andar em círculos a volta dos seus sentimentos de perda, de raiva, de ódio, de competição, de injustiça, de culpa ou de acusação…

A sentimentalidade, digamos,  é o excesso de sentimentos negativos, quase sempre, e um pouco inúteis porque quase sempre  ligados à falta de auto-estima, à susceptibilidade extrema e ao melindre pessoal, e que fazem das nossas vidas um inferno...nem  sempre é fácil porém distinguir essa sentimentalidade dos sentimentos verdadeiros, mas também não é só uma questão de semântica.

Existe uma diferença abissal entre os sentimentos banais, as dores pessoais, e com isto não digo que não sejam reais, - mas que nós mulheres gostamos muito de explorar e viver muitas vezes à conta deles - e os sentimentos profundos, o SENTIR que nos faz ir mais fundo e nos dá consciência e servem de alavanca para sairmos deles e ir para lá dessas especulações ou exploração das emoções primárias, das dores passadas...

Também achamos e não é o mais comum pensar assim, que todo o sofrimento é muito válido, mas não é bem assim. Há um sofrimento que nos torna dignas… e há um sofrimento indigno…

É verdade que nem sempre se pode distinguir em nós o sofrimento especulativo que nos mantêm cativas da dor (vivido na identificação com a eterna vítima ou como o predador, do lado de quem tem de castigar o culpado da nossa dor, ou como salvador/as de alguém que coitadinha sofre muito) e a não ser que se faça todo um trabalho de consciência connosco primeiro, um trabalho de foro psicológico para começar, vamos passar a vida a queixarmo-nos dos nossos males sem mudar nada em nós nem nos outros. Pensamos que ajudamos e não ajudamos nada.
Há muita gente a confundir pena, bondade e caridade, com amor. Ou que temos de ser sempre compassivas, boazinhas e aceitar tudo umas das outras etc. etc. Mas não. Eu sofro, pessoalmente e pelo sofrimento que vejo no mundo e por isso respeito o sofrimento em particular das outras mulheres, e até homens, mas não sou conivente com esse falso amorzinho e “curas em milagres” nem vou misturar ou meter tudo nesse saco que são as "alternativas" new age, que apregoam o amor incondicional, por sinal bastante bem caro…
Na verdade não tenho SACO!

 
EU PREFIRO O TRATAMENTO DE CHOQUE?

Eu sei que às vezes eu pareço fria demais e firo as (susceptibilidades) sensibilidades...eu sei isso. Mas cada vez mais - sim, à medida que envelheço - sinto que não há tempo a perder com a sentimentalidade...Nós mulheres gostamos muito do sentimentalismo como gostamos do romantismo etc. Gostamos de fazer de vítimas… ou heroínas ou salvadoras; ou queremos muitas vezes, quase sempre, chamar a atenção para nós: sou bonita ou feia, inteligente ou carente, mas sobretudo a tónica é: “vê o que eu sofro ou sofri”... E é aí que eu entro muitas vezes a matar e sei que dói...ou arde, mas o que arde cura. É, dizem-me, tratamento de choque, e eu digo que é puro exorcismo...mas eu não vou dizer que sou isto ou aquilo ou que sou Bruxa. Acontece...acontece quando eu menos espero...

Por favor isso não é NADA pessoal...mas é preciso acordar...de qualquer coisa que nos amarra nessa sentimentalidade...nesse romantismo serôdio e nos impede de uma liberdade verdadeira de SER…

 
ROSALEONORPEDRO

AS MÁSCARAS DAS MULHERES

E A FALSA EMANCIPAÇÃO...
 
"Minha cara amiga, é impressionante a sincronicidade...e explico: ainda ontem, após um episódio com uma jovem, apercebi-me que a emancipação feminina não passa, pelo menos por enquanto, de uma falácia: o peso da subjugação e da dependência mantém-se ativo no subconsciente de muitas mulheres. A emancipação material e económica criou a falsa ideia de independência, quando na realidade há muitas mulheres ainda encravadas em conceitos obsoletos e da desintegração da condição de Mulheres criativas, autónomas e conscientes DELAS mesmos. É impressionante a confusão, que a Rosa Leonor Pedro já se apercebeu, que elas criam perante o que é a porta para liberdade, para expansão, e recolhem-se na concha cristalizada, gerando discussões inúteis."

Cristina Aguiar – autora da livro: AS MÁSCARAS DA GRANDE DEUSA

 
Ainda Os “grupos”…

 WORKSHOPS, SEMINÁRIOS E RETIROS...

Eu sei que há mulheres que buscam apenas amizades nos grupos ou nas reuniões de grupos, como há outras que buscam  apenas  amores e nem se dão ao trabalho de se pensarem ou reuniram...Como sei que há mulheres, tal como os homens, que buscam apenas afirmar-se pelo que sabem e se valorizam por isso como se valorizam pelo seu corpo e o expõem...e até podem ser “xamãs e deusas” a prazo…

Eu sei que há mulheres que tudo fazem para agradar ou triunfar na vida usando tudo o que poderem e buscam poderes superiores, contactos com extraterrestres, revelações e até falam com deus ...ETC. Umas são simples e outras mais sofisticadas. Usam a imagem, o corpo, o sexo ou esses poderes...para vencerem e ganharem dinheiro, protagonismo ou fama; sei tudo isso e mais alguma coisa. Sou velha e por isso vejo.

Mas o que  para mim está em causa
não tem nada a ver com isso...

O que trata Mulheres & Deusas é da Essência Mulher e a integração do seu Ser Total. Com tudo o mais não compactuo nem me interessa.
Não discuto, não argumento com ninguém. Não tenho a razão nem a dou a ninguém...tento compreender e abranger as diferenças sem conceitos. E menos ainda preconceitos. Sei porém que tudo se confunde hoje e todas/os têm ideias feitas...e o conhecimento é uma miscelânea sem fim e sem  discernimento individual e verdadeiro. São cópias de cópias e mais cópias. Por isso não cultuo nada, nem mestres nem deuses, nem sigo nenhuma filosofia. Não elogio ninguém em particular nem preciso de ser elogiada. Agradeço a constância, a partilha verdadeira, a consciência e a sinceridade de quem me entende e não se confunde com pareceres ou altera a sua posição conforme as sua disposição...ou o seu Ego.

Sou velha...e definitivamente só; já não dependo de nada para SER.
 
rlp

terça-feira, outubro 16, 2012

PERGUNTARAM-ME




QUAL É A MISSÃO DE UMA MULHER XAMÃ?

Quando uma mulher é desperta em si mesma...ELA PODE AJUDAR A DESPERTAR OUTRAS MULHERES. Quando essa mulher percorre a sua via própria e o seu ser total é integrado, (naturalmente acontece depois das três fases da vida da mulher - jovem, mulher e velha) ela pode ajudar a despertar essa Consciência de Ser Mulher integral nas outras mulheres...seja pela sua presença, seja pelas suas palavras...Mas para isso acontecer é preciso que a outra mulher (jovem, madura ou velha) esteja aberta e receptiva...seja humilde e simples...nunca uma intelectual nem com um ego inflaccionado! Senão há sempre o risco de um momento de revolta ou de ódio...
Quanto à mulher para ser uma verdadeira Xamã...tem de estar acima da lisonja e da vaidade pessoal...não pode ter auto-comiseração por si nem pelas outras mulheres...ela tem de ser sempre impecável...e ser impecável é ser muitas vezes implacável.
RLP
 

segunda-feira, outubro 15, 2012

AGUSTINA BESSA-LUIS FEZ HOJE 90 ANOS

 
ANTES DE MEIO SÉCULO NÃO SE TEM HISTÓRIA... 
 
 
“...antes do meio século, meus amigos, ninguém tem história. A história de uma mulher galante, dum político, dum artista ou até dum homem comum é, acima de tudo, a história da sua consciência, movida não só por circunstâncias, mas também pela sua realidade como ente de memória, como testemunha. Aos quinze anos tem-se um futuro, aos vinte e cinco um problema, aos quarenta uma experiência; mas antes do meio século não se tem verdadeiramente uma história.”



AGUSTINA BESSA-LUÍS

In O SERMÃO DO FOGO

sábado, outubro 13, 2012

A MULHER ESSENCIAL


PORQUE NÃO TENHO ESCRITO...
Estou tentando digerir ainda o desconforto que por vezes se gera na linguagem e na interacção dos grupos... E a conclusão a que cheguei e o que mais ressalta dos pequenos equívocos ou conflitos (naturais, eu sei) é que quando se não consegue manter o nível da discussão e do assunto em si em termos correctos e impessoais, se passa para a agressão e à ofensa...é aí que eu corto com as pessoas ou com o grupo. Como é fácil de se perceber, o conflito não se passou no Blog, mas num grupo no facebook.
- Ainda estou meia afastada das palavras...mas de alma sempre presente...

Por princípio nunca subestimo ninguém mas há um discernimento e um BOM SENSO que é preciso manter a todo o custo. Devo dizer-vos que eu tenho questões de ordem "espiritual" e não as separo da minha essência, da minha evolução como ser humano, e que de vez em quando aqui as deixo transparecer, mas resguardo quer o Blog quer o Grupo de especulações e ideias sobre a vastidão do Universo e do que eu própria creio, para nos concentrarmos sobre A Mulher Essencial. A nossa atenção deve pois recair toda por princípio nessa Mulher em si porque à partida esse é o potencial sagrado que pode catapultar a mulher para a grande espiritualidade uterina e interna, que é a sua...sem cair na armadilha do patriarcado que nos levou para fora de nós...à procura de um deus remoto, negando a Mulher interna/instintiva e o seu poder criativo, assim como a Deusa Mãe.
 

AS SEMENTES LANÇADAS À TERRA..
 
As sementes do nosso SER INTERIOR devem voltar a ser lançadas na terra do nosso ser profundo, do nosso Ser Instintivo e é esse trabalho dentro que sendo seguramente feito através do contacto profundo com o nosso sangue e as nossas células aliadas as forças telúricas - o que irá permitir por sua vez que haja acesso às forças cósmicas - que farão essa ligação, e sem que primeiro na mulher se faça essa ligação à Terra e ao Útero, ela não pode integrar de forma equilibrada e salutar, de forma real, a espiritualidade profunda: o SABER que vem dessa essência, essa sua sabedoria inata. E portanto, se ela não integrou esse saber que vem de dentro, se não acedeu naturalmente pelas suas próprias vias ao Feminino Sagrado, e ganhou essa consciência de si como um todo, unindo as duas mulheres divididas pelas religiões, a sua busca não passa de especulação religiosa, baseada nas velhas tradições ou rituais exteriores a si, e a que apenas poderá ter acesso intelectual e mentalmente mas não passando por uma experiencia fulcral, por uma vivência transformadora vivida de dentro para fora e não de fora para dentro…  

 
Digamos que este espaço é um espaço dedicado exclusivamente à consciencialização do Ser Mulher em si, tido como PRIORIDADE E POUCO MAIS. 

É este um apelo à mulher das entranhas, à mulher xamã, à mulher psíquica, a mulher empoderada em si mesma e não à mulher relacionada com poderes fora dela, adquiridos através de qualquer outro meio, mediúnico, multidimensional ou cósmico.

Este espaço não trata de poderes, dons nem de habilidades, capacidades ou atributos da mulher fragmentada, mas do caminho da mulher para si e em si como um ser total. Uma descida a si mesma, ao seu universo oculto e quase desconhecido, aos seus abismos. É a mulher aqui na Terra, a mulher Útero, a Mulher Coração unindo os seus esforços para ser inteira. E não a mulher que se procura unir ao homem ou ao cosmos, ao deus ou mesmo à deusa fora dela ou ao que quer que seja que não seja ela através dela própria...

E porque a alienação das mulheres de si mesmas e da sua essência se fez de muitas maneiras ao longo dos tempos e através das religiões patraracais, precisamos agora de ter essa atenção, atenção redobrada, pois sabemos que o que mais nos alienou do nosso psiquismo e da nossa alma, foi uma suposta espiritualidade, dita mais lata, mais universal, em nome de deuses… e dos homens; foi através de todas as religiões patriarcais que a mulher ancestral, a mulher primeira se perdeu e nós não queremos repetir esse erro agora. Nós não querermos mais ser a Maria Madalena, a pecadora, nem a Virgem Maria…a imaculada!

Nós queremos ser uma mulher só e inteira!

As questões pois que eu pretendo de um modo geral trazer aqui e que venho tratando já há alguns anos…e é a base de todo o meu trabalho e pesquisa, é de que a Mulher por si só é um Poder imenso e que focada na sua interioridade/integridade, focada na sua própria força interior, ela terá com toda a legitimidade desse poder activado e dele renascida e só nela  e por ela mesma, para poder então traduzir/expressar a sua alma em plenitude; só a mulher focada no seu próprio prazer de ser/sexo/corpo/alma e espírito e de se sentir Mulher integrada é que poderá transparecer toda a sua grandeza, sensualidade, vitalidade, fascínio, magnetismo que lhe dará a possibilidade de vir a ser a Mulher Matriz que em si encarna a grande Princípio Feminino e só quando a mulher expressar esse poder em si e que é seu desde os primórdios, ela pode mudar a face do mundo, porque a sua Presença será  irradiante e abrangente de toda as formas de  Consciência da Terra a partir do seu corpo vaso, unindo a psique, a alma, o corpo e o espírito ao Espírito do Universo…

Se a mulher não se encontrar a si mesma nessa plenitude de dentro ela será sempre um corpo parte de si  alienada ou da sua alma ou do seu sexo ou viverá uma espiritualidade por imitação…devota seja do Cristo ou o do Buda…etc.

Este é o desafio que eu lanço a cada mulher que se busca a partir de dentro…a partir das suas entranhas…e das entranhas da Terra…

E digo-vos, não há experiência mais alta nem mais ardente do que o Amor de nós mesmas. E com esse Amor/Magia amemos quem nos apetecer, mas cheias…não vazias nem desesperadas…”donas de casa desesperadas” à procura de mais um falo (ou um filho) que as preencha!

 
rosaleonorpedro

quarta-feira, outubro 10, 2012

Flor da Vida


 
 
O equilibrio emocional...
 
“No mundo feminino, a evolução do iniciado poderá cair completamente se as emoções e os sentimentos deste último não forem suficientemente equilibrados. Dito de outra maneira, nós não podemos simplesmente continuar a avançar sobre a via da iluminação se nunca chegarmos a um certo equilíbrio emocional. Sem amor nem compaixão, e sem um corpo emocional de boa saúde, o mental humano pode até fazer-nos crer a todos que tudo está bem. Ele pode até criar a sensação que o adepto chegou mesmo á sua iluminação, enquanto na verdade todo o seu mundo pessoal se desmorona.”

 
* in Drunvalo Melchizedek – O antigo segredo da Flor da Vida

 

O MUNDO DAS MULHERES...


MUITO INTERESSANTE E UM FACTO COMPROVADO...

"Tem sido comprovado que a oxitocina ajuda a criar e manter laços de amizade entre as mulheres. Quando a substância é liberada como parte de uma reação ao estresse, as mulheres sentem a necessidade de se unir com outras mulheres e isso faz com que produza um maior nível de oxitocina, o que acaba por reduzir a tensão e induzir um efeito relaxante, calmante.

Nas mulheres, os estrogénios femininos aumentam a produção de oxitocina. Assim, a amizade entre mulheres refletem uma redução significativa na doença cardíaca, pressão arterial e colesterol. Talvez por essa razão, as mulheres geralmente vivem mais do que os homens. Um estudo da saúde referiu que, quanto mais amigas, uma mulher tem, o mais provável é envelhecer sem doenças físicas. "

Estudo do (University of California)

sábado, outubro 06, 2012

A SENHORA DE SI...




"Ela é a virgem eterna, o que não quer dizer intocada, mas sim a que não vive sob o domínio do homem .
(Agustina Bessa-Luis)

"O poder que os homens exercem sobre as mulheres em todo o lado, poder esse que se tornou modelo de todas as formas de exploração e de controlo ilegítimo?"

(1978 - Adrienne Riche)

PORQUE SE AUTO-DESTRÓEM AS MULHERES?


- Porquê, perguntaram-me ontem, mulheres promissoras ou famosas acabam se auto-destruindo por "amor" de um homem ao longo das décadas?

- Porque a Igreja e a Religião, mas também a Mitologia grego ou romana, votaram a mulher ao descrédito…essa é mentalidade geral da cultura ocidental de origem patriarcal.

Seja Cassandra votada ao descrédito por Apolo na mitologia grega por o não querer servir, mas à Deusa, tal como Lilith no Velho Testamento, é condenada aos infernos por não se submeter a Adão…tal como hoje uma mulher que se queira separar do marido ou divorciar ainda é morta por ele ou sofre violência doméstica…ou se auto-destrói lentamente…
Mas sim, como é que  mulheres promissores sofrem de morte prematura, aparentemnte livres...ou mulheres famosas são suicidas…?
Porque quase todas essas mulheres da ribalta, do teatro, do cinema, da televisão, da literatura e da arte em geral e da política não são mulheres reais…não são Mulheres integradas.

Elas buscam protagonismo, a fama ou o sucesso, mas vivem só em função do homem e todas elas buscam avidamente o “amor” do outro como uma fonte de compensação para o seu vazio como mulheres em si. Vivem em função dos estereótipos e quase exclusivamente para agradar aos homens…Rara é a mulher que encontra em si mesma o sentido da sua vida e é auto-suficiente… Ela está condicionada social e psicologicamente para viver esse “amor” padrão…ter de renunciar quase sempre a si mesma, à sua vontade e à sua verdade…ou por vezes à sua profissão e poucas ou raras são as mulheres que sequer se apercebem dessa situação como se fosse natural elas não terem vida própria nem sentido de vida em si e por si, mas condenadas a viver só em função do marido amante ou filhos! A obedecer a pais e maridos como há meio século ainda era regra geral e que de algum modo não deixou de ser assim apesar das aparências nos enganarem…

O problema dessas mulheres, as de ontem como as de hoje, é o de todas as mulheres do Mundo, não só de Portugal, em que TODAS AS MULHERES FORAM FORMATADAS E CONDUZIDAS pela cultura patriarcal na história do príncipe que as desperta com um beijo e depois, a do magnata ou do chefe espiritual ou do marido ou do líder ou patrão ou o que seja essa projecção da mulher no "amor" e no homem salvador...para superar o seu vazio interior - esse esvaziamento de si que sofreu pela educação patrista e paternalista - cuja ideia angular é que só o homem a pode preencher ou um filho na sua barriga...e isso é igual, acontece com todas as mulheres na nossa sociedade, sejam pobres ou ricas famosas ou anónimas…daí a importância e a urgência da mulher ter uma nova consciência de si e da sua totalidade, do seu próprio valor como mulher e não pelo que representa para o homem e a sociedade e fazer a integração das duas mulheres divididas (a santa e a puta) e enfrentar essa parte de si que ela desconhece...ou recalcou e vive fragmentada há séculos.   

A História desta história é velha como o mundo e não há nada de novo...e enquanto a mulher viver em duas metades repartidas para servir o Homem, seja em que plano da sociedade for, ela está votada não só ao descrédito  como a ser derrubada mal vá além do que lhe é predestinado! Ela pode estar atrás de um “grande homem”, mas nunca à frente…a não ser que se ponha à frente de si mesma e deixe de negar a sua essência de mulher e Mãe, autónoma, fiel a sua linha matricial. A Mulher Virgem…senhora de si, não por não ter sexualidade, mas por ser apenas autónoma.

Assim, mulheres promissoras ou fantásticas...intelectuais ou cientistas, jornalistas ou escritoras, todas elas sofrem dessa cisão...pertencem ao mundo dos homens e são dominadas por eles. Nada de novo... esse é o machismo/patrismo totalmente inerente ao Sistema e que faz esta sociedade doente porque anula as suas mulheres sempre e de alguma maneira...

Para mim o drama do mundo é muito e simplesmente devido a falta de essência feminina na mulher, o Lado Feminino da Humanidade...

Por isso é urgente uma nova mulher nascer para si…Uma mulher integral que ame sem se trair, que ame sem se vender, que ame sem se negar…que ame em plena liberdade dando e recebendo em total reciprocidade e respeito como é suposto serem todas as verdadeiras relações humanas.

rosaleonorpedro

quinta-feira, outubro 04, 2012

sem título




Uma grande e gigantesca fúria interna...uma profunda náusea por todas as mentiras geradas no mundo...um asco enorme dos gestos falsos, dos sorrisos compadecidos, das palavras adocicadas, das pretensas verdades, de tudo o que de viscoso cobre a terra e a impede de dar o último grito de liberdade...

Que a terra e a mulher se libertem das  pequenas e vis criaturas que destróem o planeta...



RLP

OLHAR-TE NA ALMA



A CONSCIÊNCIA INCORRUPTIVEL

Olhar-te do fundo da alma, do puro lugar de verdade, onde não entra mácula nem disfarce...e fulminar-te de amor derradeiro, o que mata e queima tudo o que é impuro...

rlp

quarta-feira, outubro 03, 2012

ENTRE MULHERES...



Há dias uma amiga pintora, a Lena Gal,  desabafou com o grupo M.& D. sobre um email que recebeu de uma mulher anónima que a feriu brutalmente com uma agressividade total e gratuita de quem quer destruir o que a outra constrói e acredita,  e eu isso parece-me uma coisa muito comum entre seres humanos e principalmente entre mulheres que estão quase todas e quase sempre coibidas na sua grande maioria, de serem criativas e de se afirmarem pela positiva na vida…de se valerem por elas mesmas sem terem que justificar o seu fracasso sem denegrir as outras…sem culpar da sua desgraça ou infortúnio…a amiga que a traiu, a mãe a irmã ou a colega de trabalho…

Mas infelizmente esta é uma historia comum entre e de mulheres…todas nós temos ou tivemos, bem escondido lá no fundo, uma rival ou uma inimiga especial... como temos também alguém que admiramos, e como temos alguém que odiamos… ou ainda uma alma que adoramos… uma mãe ou uma filha que desprezamos e fingimos que não…de quem nos afastámos por dentro mas não aos olhos da família e do mundo…em que mantemos as aparências e os papéis…e essa vida dupla da mulher é outra fonte de sofrimento…mas esse é outro assunto de que não falarei agora.
 

As histórias de vida das mulheres são as coisas mais intrincadas e mais complexas que existem à face da terra…diria. Com as mulheres e as meninas se passam as coisas mais difíceis e mais complicadas que há…as mulheres sofrem desde que nascem tantas afrontas, tantas negações do seu ser, tantas aviltações, tantos abusos e dai tantos complexos…são tão causticada pela família e pelos pais e irmãos, namorados…têm de estar sempre na defensiva na retaguarda para serem aquilo que cada um deles espera delas e isso é um esforço superlativo, elas têm de ser: boas, sérias, prendadas, honestas, fiéis, castas, virgens, bonitas, elegantes, magras, etc. …e é assim que crescem e que vivem…a servir ideias a servir padrões a servir os homens e a agradar ou a odiar as mães…

Agora é um facto: as mulheres odeiam-se…e não entendem se alguma mulher amar mulheres e as tratar bem…e se for o caso, tratam logo de lhe chamar lésbica…que é uma forma de denegrir também a mulher…como se a mulher pelo seu sexo fosse sempre um ser desprezível…e que pelo seu sexo fosse sempre aviltada, mal tratada, diminuida...e ela acaba inevitavelmente por reflectir isso nas outras mulheres…
Assim, uma mulher que pinte só mulheres e não homens…é uma blasfémia para a religião do deus macho, a religião do falo que é a religião de todas as mulheres na negação do seu próprio sexo e identidade…Elas pensam-se mulheres por amarem e desejarem "homens", não por serem femininas…não por serem mulheres...que isso é bem outra cosia!
Assim, também uma mulher que só escreva sobre as mulheres e para mulheres…é fatal como o destino…E eu convivi com isso desde o meu primeiro livro. Sofri afrontas e exclusões…o meu livro é anátema…como a mulher é anátema para a Igreja desde há séculos e continua a sê-lo de forma disfarçada se não corresponder aos estereótipos que lhes são imposto pela educação e pela cultura…
Ser Mulher é proibido por lei e proibido inconscientemente pelas próprias mulheres…é natural que quem se atreva a eleger ou a elevar a Mulher a um trono de rainha e senhora de si que seja apedrejada…por palavras…e excluída dos contextos em que se opera a masculinidade e onde só as mulheres machas, mentais, intelectuais, subservientes aos mestres e aos chefes, são valorizadas…e que tanto podem ser lésbicas como podem idolatrar o falo e serem fatais…elas vivem só por e em função exclusiva dos homens…
O mestre o Pai e Filho e o amante que a violenta em casa a viola na rua e a mata…quando ela quer seguir a sua vida própria...ou escolher outro homem...

rlp
Pintura da Lena Gal...

terça-feira, outubro 02, 2012

RECUPERAR A MÃE VERDADEIRA


 

 

A MÃE COMO ELEMENTO DETERMINANTE
DA SOCIEDADE



“Recuperar a mãe verdadeira pressupõe então recuperar o coletivo de mulheres e a sua função coletiva dentro dum determinado grupo social. A recuperação da mãe não é uma recuperação individual (embora tenha uma dimensão individual e corporal), mas a recuperação do feminino coletivo, de todas nós.”

“Com a frase “Dai-me outras mães e eu vos darei outro mundo”, Santo Agostinho revelava o ponto débil do seu projeto de sociedade e a necessidade que tinham de transformar duma vez por todas as mães. Transformar as mães para vencer a natureza humana e a sua predisposição para se organizar e viver como o fez durante muito tempo, sem dominação nem escravatura, em paz e em cooperação (a arqueologia já afastou qualquer dúvida a este respeito, provando que a Idade de Ouro não é um mito mas uma realidade).

Novas mães para reproduzirem os “filia” continuadores das empresas guerreiras, humanos aptos para fazerem a guerra ou para aceitarem tornar-se escravos. Não se podia criar este mundo sem mudar a mãe. A sociedade patriarcal foi erguida sobre um matricídio, acabando com as gerações de mulheres com cujo desaparecimento se sumiu também a paz sobre a Terra (Bachofen). É esta a civilização que perdura ainda hoje, continuando a destruir a vida e a corromper a condição humana, mais competitiva, mais fratricida, mais belicista e mais desapiedada que nunca. Do meu ponto de vista, não é a economia que está em crise, é o modelo de civilização. Na encruzilhada na qual a humanidade se encontra, o que precisamos de fazer se queremos acabar com este sistema de dominação e sobreviver é recuperar a verdadeira mãe, e com ela as qualidades básicas dos seres humanos, que nos capacitam para a concórdia e nos incapacitam para o fratricídio. Recuperar a mãe verdadeira é recuperar o habitat que a rodeia. Bachofen criou um termo em alemão para o definir: é o Muttertum, sendo que o sufixo “tum” (equivalente ao “dom” em inglês) significa o sítio, o lugar da mãe.


Não se trata apenas dum espaço físico, mas antes dum conjunto de relações travadas com o seu fluxo libidinal específico, o fluido feminino-materno, o hálito materno, porque a produção do nosso sistema orgânico libidinal, desenhado para organizar as relações humanas, é a matéria-prima do tecido social humano original. O Muttertum é assim como a urdidura da tela social, como lhe chamou na sua preciosa metáfora Martha Moia: um conjunto de fios, porque um fio sozinho não consegue fazer a urdidura. Recuperar a mãe verdadeira pressupõe então recuperar o coletivo de mulheres e a sua função coletiva dentro dum determinado grupo social. A recuperação da mãe não é uma recuperação individual (embora tenha uma dimensão individual e corporal), mas a recuperação do feminino coletivo, de todas nós. Segundo Malinowski, as mulheres trobriandesas dum clã (in The Sexual Life of Savages in the Western Melanesia) tinham um nome coletivo, “tábula”, a “tábula” é que se ocupava do parto das mulheres do clã.


Em castelhano há uma aceção do nome "mãe" que é um vestígio dessa mãe ancestral, que se encontra na expressão "salirse de madre", "sair da mãe", que seria sair do Muttertum, que nos faz amadurecer e nos torna consistentes. Há também uma aceção em que a palavra significa "fonte originária de algo" ("a mãe do vinagre", por exemplo), ou como a raiz de algo, quando dizemos que encontrámos a "mãe do cordeiro". Se um rio sai da "madre", tudo se inunda e é o desastre. Pois assim anda a humanidade, "fora da mãe", em permanente estado de esquizofrenia e cada vez com mais ataques de violência..."

Cacilda Rodrigañez Bustos

NAS ASAS DE MAAT


Por Maat

 
Ah, meu amor alado…tu vieste quando eu já não esperava nada…

Há muita coisa que disseste e eu não quis entender. Coisas que ressoaram estranhamente no meu ser, tão implacáveis umas e outras certeiras, outras que talvez ainda me venham a acordar lembranças que eu não quero. Coisas novas e velhas deste e doutros tempos que ecoam sub-repticiamente na minha memória… Eu sei que há coisas alojadas na nossa carne, desconhecidas de nós…coisas que não sabemos ainda…e tantas vezes fazemos tudo por ignorar…fugimos da dor encoberta por tantas mentiras e desculpas que nos demos ao longo da vida ou de muitas vidas… Eu sei que essa mentira está alojada nas nossas células, como dizia a Mère, e poucos são aqueles que se dão ao trabalho de as arrancar de lá. As nossas defesas são crostas que escondem feridas abertas. Às vezes é preciso tirá-las e elas voltam a sangrar…sim, nós temos couraças tremendas, medos que não ousamos enfrentar.
Coisas que só a Magia do Amor pode curar.

 Ah! Como as palavras podem ser poderosas! Sim, as palavras são poderosas e mágicas…elas tanto têm o poder de evocar o Nome como de trair a Verdade quando te enleiam em teias de mentiras, criando um mundo falso de artifício que tu tomas e defendes como verdade...

Elas tanto podem ajudar a construir um ser como a desferir um golpe de misericórdia…elas podem destruir completamente alguém quando as dizes cheia raiva…e ódio…

As palavras, meu amor, podem elevar o teu coração ao céu ou enviá-lo num ápice para o inferno. Elas podem ser salvíficas se forem justas… mas também podem ser terríficas quando as usas intrepidamente como espadas… elas ferem ou matam…

Elas podem ser música para o teu coração, se doces e ternas, acariciar-te a alma e redimensioná-la… mas as palavras também nos comprometem ou aprisionam ao pensamento dual…e podem por convicção ser bombas na tua boca como eu posso ser a suicida que se mata a alma amarrada a elas…por um ideal ou uma causa cega. As palavras podem ser néctar na tua língua se eivadas de amor e também podem ser viscosas, veneno puro, letal para quem as ouve, se de ódio…

Ah, mas as palavras, como eu as adoro ouvir de ti…e as que mais gosto…é as que proferes entre o silêncio de dentro e a música das esferas, quando exalas um suspiro íntimo e profundo e as calas e eu sinto debaixo da tua pele o teu coração que bate ao ritmo do universo… Tu vieste e transformaste a poesia em realidade, e cada palavra mágica que dizes viaja nas minhas células à velocidade da luz…

É então que eu voo nas tuas asas Maat, e sinto o teu amor real e eterno.

rosaleonorpedro
ESCRITO EM 2009