O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, dezembro 30, 2005

DESEJO-VOS UM ANO NOVO CHEIO DE ROSAS...


DEIXO-VOS NESTE FIM DE ANO, NA COMPANHIA DAS CITAÇÕES QUE MAIS ME TOCARAM AO LONGO DESTES ANOS E QUE SÃO O ESPELHO DO QUE MAIS AMO E CREIO MAIS VERDADEIRO...


"NÃO SOU FEMINISTA, SOU ANTROPOLOGICAMENTE LÚCIDA"

(...)
“Senti-me sempre profundamente mulher. A mulher é muito diferente do homem. O criador não tem sexo, porém a criatividade não tem nada a ver com isso: há, no entanto, um carácter específico da personalidade feminina. Nisso sou exemplo típico. As mulheres são mais audaciosas. Mesmo caladas, e se analisarmos bem a História, são audazes. A mulher é muitíssimo mais forte, e eu sou uma mulher muito forte, porque faço da minha fragilidade força”.
ANA HATHERLY



"Abracem a Deusa e a concepção divina da mulher que ela encerra. Peçam-lhe que vos revele esse eu feminino"

"A CRUCIFICAÇÃO DA DEUSA - A ANULAÇÃO DAS CONVICÇÕES DOS VALORES FEMININOS - É O MAIOR DOS NOSSOS E MAIS PENOSOS DRAMAS. MAS A CRUCIFICAÇÃO É APENAS UM PRELÚDIO DA RESSURREIÇÃO DA DEUSA."

Excertos de O VALOR DE UMA MULHER


ALMA - ELA É O EIXO

"Porque deve haver uma ordem onde a morte não entra. Deve existir um tempo em que a TERRA não seja o HORROR que me feriu o corpo e o espírito e que TU curaste purificando TUDO, desencantando os ritos até tocar a veia, o corpo rigoroso da vida real. Onde só gestos puros, só puros ritmos se podem pertencer. E só olhos sem angústia nem pecado se podem confundir com a limpidez da água."
in "LUZ CENTRAL" - Ernesto Sampaio



"O CORAÇÃO VAI SER A LINGUAGEM DO AMANHÃ, PORQUE É AÍ QUE RESIDE A DOR."

"UMA MULHER QUE LEVOU UMA VIDA TORTURANTE E NELA MERGULHOU FUNDO DISPÕE, SEM A MENOR DÚVIDA, DE UMA PROFUNDIDADE INCALCULÁVEL.”


Clarissa P. Estes


" A poesia que se acerca da oração é superior
não só à oração mas também à própria poesia."

EMIL CIORAN



Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito,
Mágoa externa na Terra, choro silencioso do Mundo.

- ORA POR NÓS -


Mãe suave e antiga das emoções sem gesto,
Irmã mais velha, virgem e triste, das ideias sem nexo,
Noiva esperando sempre os nossos propósitos incompletos,
A direcção constantemente abandonada do nosso destino,
A nossa incerteza pagã sem alegria,
A nossa fraqueza cristã sem fé,
O nosso budismo inerte, sem amor pelas coisas nem êxtases,
A nossa febre, a nossa palidez, a nossa impaciência de fracos,
A nossa vida, o mãe, a nossa perdida vida...


(EXCERTO DE POEMA DE FERNANDO PESSOA)

quinta-feira, dezembro 29, 2005

É PRECISO UM NOVO DESPERTAR DA VERDADEIRA
CONSCIÊNCIA DE SER MULHER PARA CURAR A TERRA


(...)
PARA EVITAR O DESASTRE, A MULHER TEM DE NOVO REENCARNAR A DEUSA
NA TERRA,
DE RECUPERAR COLECTIVAMENTE A MEMÓRIA DE QUEM É,
DE REAPRENDER A ARTE DE CURAR,
DE SE ASSUMIR DE NOVO COMO GUARDIÃ DO GRANDE ÚTERO FERIDO
QUE É A TERRA
DANDO AS MÃOS ENTRE SI PARA A TRATAR
RESTITUINDO-LHE A CAPACIDADE DE CRIAR

(...)
IN Os Portais do Tempo
de Antónia de Sousa
ed. ART-FOR-ALL


A dor do falso amor...

"Essa ânsia pelo amor, baseado numa insuficiência, traz consigo uma praga de outros problemas. Quando a nossa sensação de bem estar depender da aprovação e do amor dos outros, tornamo-nos naturalmente dependentes - ou mesmo viciados - nesses outros. Agarramo-nos a eles, exigimos a sua atenção e amamo-los condicionalmente, oferecendo-lhes amor quando eles se comportam como queremos e rejeitando-os quando não o fazem."

CULTIVAR O AMOR E A GRATIDÃO

"O amor não desabrocha no vácuo; é alimentado por atitudes de apoio como a generosidade e a gratidão. A generosidade é tão importante - não só para o amor mas para toda a vida espiritual - que constitui uma das sete práticas centrais e é debatida em separado. Aqui, iremos explorar a gratidão."

GRATIDÃO: A PORTA PARA O AMOR

"Enquanto que o perdão cura velhas feridas do coração, a gratidão abre-o para o amor real. A gratidão concede um grande número de benefícios. Dissolve os sentimentos negativos: envolvidos pelo seu abraço a raiva e a inveja diminuem; o medo e as atitudes defensivas, mirram. A gratidão derruba as barreiras ao amor."

(...)

in " O ESSENCIAL DA ESPIRITUALIDADE" - ROGER WALSH

quarta-feira, dezembro 28, 2005



AS TRÊS FACES DA LUA
E AS TRÊS FASES DA VIDA DA MULHER


Não queremos uma Eva submissa nem uma Megera ou uma "mulher masculina" que reivindica apenas direitos iguais aos dos homens! Nem a mulher esteriotipada que enche o ecran da televisão e dos filmes, onde normalmente só é considerada apenas em função do seu atributo sexual...sempre dividida entre a boa e a má e a lutar contra as outras mulheres...Gostaria que deixássemos de ser apenas essa caricatura de mulher fragmentada para sermos a expressão maior do nosso ser-inteiro e do nosso coração-inteligente.

Queremos uma Mulher inteira que se assuma na sua face Lunar de deusa tríplice. Uma mulher que se assuma com as faces da lua e nas suas idades sem complexos nem medos…Nomeadamente na fase mais importante para todas as mulheres que é a partir da meia idade, ao poderem descobrir dentro de si próprias o enorme potencial de liberdade e amor que têm e desejaria que ao desvelar-se essa face-sombra que tanto as assusta, as mulheres se juntassem para partilhar dos seus sonhos próprios e visões, em vez de se antagonizarem umas com as outras por causa dos filhos e amantes...como foram induzidas a fazê-lo e para isso foram divididas em duas ( a santa e a megera...) há séculos nas sociedades patriarcais.

Deste modo, considero que criar e frequentar espaços só para mulheres que permutem a sua energia e conhecimento intuitivo, usando “a voz do útero”, poderiam ajudar-se umas às outras e consciencializar-se das suas muitas capacidades desprezadas pela sociedade de dominação masculina que as apelidaram de histéricas e as consideram velhas depois dos 40 anos e assim obter um efeito não só terapêutico como libertador nas suas vidas; mulheres de almas e corpos “amputados” pela exigência dos conceitos vigentes e das estéticas ao serviço do imaginário masculino e de que são na sua grande maioria escravas. Falo das mulheres em geral independentemente da sua orientação sexual. Gostaria de ver as mulheres unidas e identificadas muito para além das suas pulsões sexuais! Ir para além das “Faces de Eva” ou das “lésbicas” que tão mal invocam a sua suposta Musa, a excelsa poetisa Safo, para dar lugar apenas às expressões mais comuns da mulher e que deixam uma imagem parcial da própria mulher ao seguir estereotipes masculinos, como todas as mulheres o fazem, seja obedecendo-lhes, seja imitando-os....

Se a mulher encontrar o seu arquétipo Artémis e integrar a Deusa que há em si, poderá assim ajudar a salvar a Terra Mãe equilibrando-a ao exigir a expressão do seu ser integral e dos valores femininos, seja em casa, no trabalho ou na sociedade!

R.L.P.

É PRECISO SALVAR AS ÁRVORES...


INVOCAÇÃO À DEUSA ARTÉMIS

Deusa Virgem, sagrada
Protectora dos montes e da Floresta
Protectora das mães durante o parto
Protectora de todas as crianças,
Ó deusa trípla eu te invoco:

Abençoa as árvores que rodeiam a minha casa,
As árvores que me dão sombra,
Que me protegem do vento,
Que perfumam o ar.
E que elas me protejam a mim como tu
Me proteges...
(...)
Enquanto eu viver e respirar,
deusa virgem e tripla (jovem mãe e velha)
sê sempre minha protectora
para que eu possa viver
e ser o que sou em liberdade!


(Adaptação da invocação original)

terça-feira, dezembro 27, 2005

"Não há homens salvadores. Não há Messias. O máximo que um grande homem pode ser é um estimulador de almas, um despertador de energias alheias".


FERNANDO PESSOA


"Teremos de procurar em nós, e no princípio intemporal da nossa natureza, o remédiio para os nossos males."

"Inútil voltar atrás rumo ao paraíso antigo ou correr rumo ao futuro: um é inacessível, outro irrealizável. O que em contrapartida importa é interiorizar a nostalgia ou a expectativa, necessariamente frustradas quando se viram para fora, e forçá-las a desvelar, ou a criar em nós a felicidade que respectivamente choramos ou prevemos.

Não há paraíso, a não ser no mais fundo do nosso ser, e como que no eu e do eu; e é além disso necessário para aí o descobrirmos termos dado a volta a todos os paraísos, os idos e os possíveis, termo-los amado e odiado com a falta de jeito do fanatismo, sondado e rejeitado depois com a competência da decepção."


in HISTÓRIA E UTOPIA
Emile Cioran


Magnificat

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia !


Álvaro de Campos

segunda-feira, dezembro 26, 2005




Sou a tua coroa e o teu diadema
a rosa que se abre no meu peito
quando o ar que pela tua boca respiro
entra na minha e te beijo...

Amar-te mais não posso
nem mais nada deste mundo anseio
Porque és tu
ó Deusa Mãe
quem desde sempre
vive e respira dentro do meu peito
Amém


ROSA LEONOR PEDRO (n.1946)

domingo, dezembro 25, 2005

No fim de tudo dormir.
No fim de quê?
No fim do que tudo parece ser...,
Este pequeno universo provinciano entre os astros,
Esta aldeola do espaço,
E não só do espaço visível, mas até do espaço total.


(fernando pessoa)

sábado, dezembro 24, 2005

Elle, a Rosa da Emoção

"Crucificação da Rosa - ou seja no sacrifício da emoção do mundo (a Rosa, que é o círculo em flor) nas linhas cruzadas da vontade fundamental, que formam o substrato do mundo, não como realidade (que isso é o círculo) mas como produto do Espírito (que isso é a cruz)."




O neófito sabe que só se adquire a nova alma com sofrimento e saudade.
O sábio conhece o que o neófito sabe.
O mestre aplica o que o sábio conhece (e o) resto não é mais que nada.
O Mestre é o sábio que se morreu.
O sábio é o neófito que se nasce.

Dou a minha paz


in "Condições de iniciação"
fernando pessoa


(...)
"Nas sociedades actuais a guerra é uma doença, um ataque de loucura, se assim quiserem dizer. É uma regressão repentina (digamo-lo assim) ao que era, uma época primitiva, um estado.

Cristo proíbi-nos de julgar, porque nós vemos os actos, e não os corações. A religião cristã não olha ao mundo das acçãos, do facto consumado, olha apenas ao que o homem é no que vai revelando nos actos:"Dar a Cesar o que é de César", disse Cristo, ao mundo do real o que lhe pertence.

A experiência humana aprendeu que o melhor e o mais alto de nós está, como Cristo crucificado e atado à cruz do mundo real, com as suas dores e os seus males. Elle, a Rosa da Emoção.

A caridade é a bondade em Cristo - o fazer o bem, não por ter pena do homem como homem, mas do homem como irmão.A caridade é a bondade ungida, feita amor.
Somos iguais em Deus, irmãos em Cristo e livres no Espírito santo."

EXCERTOS - condições de iniciação
fernando pessoa


PARA O ANDRÉ LOURO

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Da Amizade Entre Mulheres
de Mário Quintana
Dizem-se amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal,
For muito velha, ou muito feia...

Fonte: "Quintana de Bolso: Rua dos Cataventos e Outros Poemas", L&PM Pocket

Esta pequena “estrofe” ilustra perfeitamente a ideia generalizada dos homens sobre as relações entre as mulheres; mesmo os escritores ou poetas mais proeminentes, vêem as mulheres como inimigas umas das outras. Pensam nessa divisão e antagonismo como se tratasse de uma natureza intrínseca e própria da mulher, pois o que eles conhecem de facto das mulheres é essa luta que desde pequenos viram e que reflecte essa divisão entre a mãe e a “outra”, a amante do pai, ou mais tarde, entre a sua própria mulher e a amante…
Ora essa divisão da mulher em duas e que faz a inimizade entre as mulheres acontece quando as mulheres se colocam na posição de ora mulher legítima ou amante…ambas sofrem desse antagonismo social e psicológico porque se identificam à partida com essa divisão religiosa e “moral” sem ter consciência do seu próprio ser estar cindido ao meio e a mulher fragmentar-se em duas espécies de mulheres: uma a “senhora” e a “outra” a puta…



Todas as mulheres têm o complexo da “outra” (a outra é sempre uma “provocadora” de homens coitados) como inimiga que lhe vai roubar o “macho”; seja o marido seja o filho, seja a amiga o namorado, porque ou é mais jovem ou mais bela ou mais sensual do que ela e portanto é preciso estar alerta ou atacar esse perigo que vêm sempre na outra mulher e na base desta suspeita permanente todas as mulheres são mais ou menos inimigas umas das outras a começar a mãe da filha e vice-versa…
Todos estes processos são inconscientes e passam-se de forma elementar e muito básica na vida das famílias ao nível sentimental, com repercussões desastrosas para os seus filhos nomeadamente para as mulheres que se vêem divididas quase sempre nessas duas espécies…
Realmente as mulheres olham-se com despeito ou desconfiança…nunca confiam ou são sinceras umas com as outras, a não ser como diz o autor: Salvo se uma das duas, por sinal, /For muito velha, ou muito feia...
Sim, quando esse antagonismo ou medo da “outra” se perder as mulheres podem ser cúmplices e amigas, nesse sentido está certo, mas o que devia acontecer era as mulheres deixarem de se verem ora uma coisa ora outra e perceberem que cada mulher tem em si a “senhora e a outra”, ou seja: cada mulher tem em si e em perfeita harmonia de forma intrínseca a natureza da mãe e da amante e não pode nem deve separar a amante sensual da mãe terna e dedicada. As duas coabitam e são verdadeiras.
Quando as mulheres se virem e aceitarem inteiras em si mesmas cessará essa inimizade velha colocada entre as mulheres na Génese em que o Deus dos Patriarcas do Deserto declarou inimizade entre a Mulher e a Serpente, símbolo da Deusa Mãe, condenando e perseguindo os que seguiam a linha matrilinear e o culto da Deusa.
Está na Génese a declaração do cisma e é feita a cisão que tanto faz sofrer as mulheres do mundo católico e ainda hoje a própria mulher moderna e que se julga informada, não perceber que ELA é só uma e sagrada a sua natureza sexual tanto com a sua natureza maternal. Falo de sacralidade e de AMOR, de liberdade do corpo e do espírito e não de instrumentalização da mulher, quer como “esposa” quer como prostituta…
Isto pode parecer fora de moda…e que intelectualmente já não se pensa assim…mas o “pensar” ou intelectualizar a questão não muda nada; porque o SENTIR generalizado continua a ser o mesmo, e o pior ainda é que toda a gente está convencida que não, que tudo mudou e que isto que eu aqui escrevo está fora de contexto…No entanto a violência doméstica e todo o tipo de violência sobre a mulher e as crianças subsiste.
O paradoxo do pensamento desfasado da realidade e a fantasia cultural das pessoas a sua alienação dos aspectos antológicos e o consumismo exacerbado do corpo como fonte de prazer aleatório, leva a um paroxismo de estupidez generalizada nos Mídea. Não admira que se comece a falar com tanta “naturalidade” de “profissionais do sexo” e de “indústria do sexo” e até de casamentos homossexuais, quando o casamento foi criado como uma instituição em que uma das partes, a mulher, se submete e é propriedade da outra, garantido assim ao Homem que os filhos são seus e que os seus bens continuarão a pertencer à sua família…

Desfasada concerteza: eu falo de liberdade e completude do SER MULHER, mas também do SER HOMEM que nada tem a ver com a sexualidade primária que o "homo erectus" defende e os seus bens e as suas leis, mas com a Alma Universal dos Dois em Um, nem macho nem fêmea…
Talvez o Ser Andrógino...
O Ser completo que há-de vir a nascer dentro de si mesmo do Amor da Deusa…quando a Conciência do Feminino for integrada e a Terra salva da barbárie.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

PARA SALVAR O PLANETA DA DESTRUIÇÃO IMINENTE
É PRECISO AMAR A TERRA A MÃE E O FEMININO SAGRADO


"Hoje em dia, tudo se tornou profano. As funções do princípio feminino, dar nascimento e alimentar, perderam o seu carácter mágico e sagrado; o corpo da mulher tornou-se profano.

Em certas épocas, o erotismo era de essência sagrada: os atributos da dupla função do princípio feminino – o ventre e os seios – eram ao mesmo tempo desejados e respeitados como atributos sagrados.

As relações de ligação com a Natureza são a imagem das relações que temos com a mulher – veículo privilegiado do princípio feminino. A nossa civilização já não respeita a Natureza da mesma maneira que já não respeita a mulher, o princípio feminino e os valores que ela veicula. "

(?)


ISIS


"A Humanidade e a Terra estão a passar de um regime de energia masculina, activa, do Logos planetário para o encontro com a energia feminina. Isto significa que todas as pessoas precisam encontrar a energia feminina dentro delas.

Existem muitos seres, fisicamente femininos, que ainda não encontraram a sua energia feminina oculta, profunda, ainda não encontraram a sua função Isis, a sua função de assistente daquilo que está separado.

A capacidade que Isis tem de reconstituir o corpo fragmentado de Osíris - este poder materno que todos os seres têm dentro deles - é uma coisa muito mais misteriosa do que ser carinhoso para com as crianças."


André Louro
A ÁRVORE SAGRADA DA DEUSA TERRA MÃE

A ÁRVORE DE NATAL É REMINISCÊNCIA PAGÃ...

Solsticio de Inverno - O nascimento do Sol
Por Evelyn Levy Torrence


Há milhares de anos a humanidade festeja o nascimento do sol como sendo o acontecimento mais importante da Terra.

O chamado Solsticio de Inverno acontece anualmente no periodo que varia de 17 a 25 de dezembro, dependendo do ciclo solar de cada ano.

Este ano de 2001, o nascimento do sol irá acontecer no dia 21 de dezembro (normalmente a data é 21 de dezembro).

Muitas adaptaçoes e má interpretaçoes historicas foram realizadas por nossa civilizaçao, com bases nessa data tao importante de dezembro
.

A comemoraçao do solsticio de inverno foi totalmente modificada e readaptada pelo Imperio Romano e as geraçoes subsequentes e esse Imperio. Foi em Roma que o solsticio passou a ser conhecido como sendo a data fixa do nascimento do salvador da humanidade, do filho de Deus e nao mais do Sol, filho da Luz. Foi no ano de 336 de nossa era, que o Imperador Romano Constantino I, aproveitando os festejos do solsticio da luz, anunciou para os povos do imperio a nova religiao de Roma e contou a historia de seu salvador.Essa religiao tomou como base para sua formaçao, muitas das valiosas e preciosas informaçoes mais antigas. O nascimento do filho humano de Deus na Terra na mesma data do nascimento do sol, foi uma dessas adaptaçoes feitas para a nossa era. Roma simplemente usou uma data que já existia como festejo tradicional dos povos e criou um novo motivo para as pessoas de todas as religioes continuarem comemorando.
(...)
Baseando-se nos escritos antigos encontrados na India, no Egyto, nas escolas iniciaticas antepassadas e nos templos sagrados, que os ministros de Roma elaboraram uma religiao para o até entao imperio pagao. Roma era um imperio que recolhia taxas dos territorios ocupados pelo Imperador e nao um imperio religioso. Roma era uma potencia de guerra que implantava um poderoso comercio financeiro entre os povos. Até Constantino I, Roma deixava os territorios ocupados livres para praticarem suas religioes, depois de Constantino, Roma passou a ser conhecida como sede da religiao Catolico Apostolica Romana.
Muitas das informaçoes sobre o nascimento da luz pela virgem mae na Terra, sobre os seres de luz que estavam na Terra, sobre os mestres que curavam, andam sobre as aguas e ressucitavam. Quase todas as informações verdadeiras foram recolhidas pelo imperio. foram interpretadas e readaptadas pelos ministros do imperador com o intuito de formatar uma religiao unica para o Imperio.

O solsticio de inverno era uma data comemorada por todos os povos de todas as religioes pois se tratava do nascimento do novo ciclo do sol sob a Terra. Essas informaçoes do solsticio ainda estao registradas nas paredes dos monumentos egypcios e nos registros dos indianos. O solsticio tambem estava registrado nas antigas escrituras sagradas e em muitos livros que foram destruidos e queimados pelo Imperio Romano.

Muito em breve essas informaçoes virao a tona novamente...

Quem estudar com mais atenção e consciência, irá ver claramente como que o imperio Romano adaptou, modificou e aproveitou as datas comemorativas que já existiam, para reescrever a propria historia.
(...)
Foi através da formação do que ficou registrado em Roma como o concilio de Niceia, concilio formado por 800 dos mais sabios ministros de Roma, que Roma mudou toda a historia da humanidade. Esse concilio foi criado pelo imperio Romano no ano de 336 com o intuito de criar uma religiao oficial para o imperio. Roma elaborou nao somente um novo calendário para o mundo, como tambem mudou o rumo da humanidade, atirando as pessoas no que nos chamamos de era da escuridao. Foi a partir do controvertido livro religioso criado pelo concilio de Niceia, que perdemos completamente a consciencia de quem de fato somos. Essas confusoes foram e sao motivo de muitas guerras que ainda acontecem no mundo. Atualmente sao mais de 2500 diferentes religioes que interpretam a biblia de formas contrarias a Roma.
(...)
As civilizaçoes mais antigas consideravam o Sol como sendo o filho da luz, a luz para aqueles povos representava Deus em vida.

Entre os druitas por exemplo, o solsticio era comemorado como o dia da fertilidade. Muitas virgem escolhiam essa data para perderem sua virgindade e muitas mulheres tentavam engravidar no mesmo dia do nascimento do sol.

Entre os povos asiaticos, o solsticio era representado por um velho de barbas brancas e roupagem vermelha e branca. Esse ser representava Deus na Terra e os asiaticos acreditavam que esse Deus encarnado trazia para a humanidade o seu filho sol.

Na astrologia esta data do solsticio é reconhecida como o dia em que o sol atinge o seu grau minimo de luminosidade na Terra. Por esse motivo, os magistas e filosofos chamam esse dia de dia do renascimento da luz... Depois do dia 21 de dezembro, o sol renasce e recomeça o seu ciclo em torno do planeta.
(...)
Os Mayas elaboraram um perfeito calendario usando o solsticio como o inicio do ciclo do sol e da lua na Terra... Nos periodos de 21 de dezembro e 21 de junho, a radiaçao do sol na Terra atinge o seu momento maximo e os Mayas projetaram esses ciclos num calendario que vai até o dia 21 de dezembro de 2012.

O imperio Romano utilizou de uma inteligente malefica, optando em utilizar essas informaçoes sobre o nascimento da luz, para anunciar o nascimento de seu salvador na mesma data tambem. Foi muito facil mudar apenas o motivo das comemoraçoes.
(...)
E se voltassemos a comemorar o solsticio da luz como era comemorado em nosso esquecido passado??

Alegria, danças, frutas, flores, amigos, amores... Da luz do sol a luz da lua, assim se comemorava o nascimento da vida.

A partir deste ano, nao festejarei mais o convencional natal. Essa é mais uma algema que me livro nesta vida! Comemoro sim, o renascimento da vida todos os dias.

(...)
Evelyn
(Excertos de VIVENDO DA LUZ)

terça-feira, dezembro 20, 2005

“Vi, Senhora, dias sombrios, meses tristes e anos de ânsia,
Vi, Senhora, catástrofes, desordens e violências”




Senhora minha, Mãe misericordiosa,
Neste mundo eu sou todas as mulheres
Que neste planeta sofrem há milénios...
Sou a vagabunda, a prostituta, a estrangeira e a louca...
Sou a inválida, a doente, a desgraçada e a histérica;
Sou a mulher árabe condenada a cobrir o rosto
Proibida pelos homens de falar, sorrir e olhar.
Sou todas as mulheres perseguidas e queimadas
Nas fogueiras da Inquisição, que eu não esqueço!

Senhora dos Oráculos, dá-me a tua Visão de Paz e Amor
Ouve a minha prece: vem a este Mundo e impera!
Ó vem e salva a terra e a nós mulheres, desta barbárie.





Pagã

Sou uma religiosa sem igreja,
Uma reclusa sem convento, amante de uma deusa sem altar.
Vivo na pele o tormento de uma humanidade que ainda não é.
Vivo no mundo sem nele já acreditar.

Sou sacerdotisa de um templo destruído
à procura de um novo amor e uma nova fé.
Olho num único sentido, íntimo, profundo
no centro de mim mesma e espero a luz...

A luz de um outro mundo e a única esperança.
Com ele há-de vir a nova criança e a deusa
Em que ainda descansa e as duas serão uma só.
Numa epifania de cores e harmonia, ele virá,
Sem armas nem ódios, o novo Milénio.


in "ANTES DO VERBO ERA O ÚTERO"
R.L.P.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Maat Hotep



QUE A PAZ DE MAAT DESÇA SOBRE TI...
Que a Verdade e a Justiça das suas Asas te abracem
de hoje em diante e para sempre...
Que o teu coração-chave HOJE se abra
e a tua alma cante as boas vindas a Maat:

"Oh Serpente
Oh Chave que abres a Eternidade
Tuas raízes
Na Terra
Dançam pela coluna de Ankh"




Num ponto de Ra
Maat Hotep
Eu te saúdo
Nas três pétalas da Rosa Eterna
Em torno de Ankh

Amen Hotep
Ahum Rah /Maaah Ahum Rah
Ahum Ra / Ahum Ra
Maat Hotep


Teu ser alado
Anela
Em torno de Ra
Pelo coração-chave de Ankh

Maat Hotep
Maat Hotep


Teu Fogo
Vivifica todos os Planos
Pela espiral
De
Ra

Maat Hotep
Maat Hotep


Oh Serpente
Oh Chave que abres a Eternidade

Tuas raízes
Na Terra
Dançam pela coluna de Ankh


Maat Hotep
Maat Hotep

Teus véus são lançados
Para quem
É impuro para Ra

Maat Hotep
Maat Hotep

Men Kheper Ra
Men Kheper Ra

Ahum Ahum


(maat)

IN ARDE O AZUL
O ACORDAR DA DEUSA NA MULHER...



Mulheres...

Há uma dança delas em torno de minha vida, de meus sonhos e pesadelos…Acordam meus sentidos e me provocam de tantas formas. Não é apenas uma faceta sedutora, é mais do que isso, um conjunto de faces, olhares, cabelos, longos e crespos, insinuações de Madalenas várias, palcos, falas e poemas, mãos e bocas, e eu, quase que perdida a meio a tudo isso.
Visões e sensações de todas as ordens que atacam meu ser, se é que é meu mesmo, visto que depois de algum tempo, acordando com o coração em chamas e dores em todo o peito, vem essa força avassaladora e comunica num sussuro em torno de meu pescoço:- Ele está voltando!
E eu atónita e embriagada pergunto: - Ele quem?
- O seu amor!
Ele vem e vai lhe tomar totalmente…e não há nada que você possa fazer…
E eu pergunto: e quem é você e ela, com olhos azuis avassaladores e toda a sensualidade que jamais vi a cores, responde, deslizando em torno de meu corpo entregue: Eu sou a Deusa que mora em sua alma!
E eu acordei!


Sandra Paes - 07:02 AM CST [Link]

in NAKEDNESSE

domingo, dezembro 18, 2005

Adoro o seu blog e por causa dele tenho pesquisado muito sobre a questão feminina.
(…)
Neste blog eu estou encontrando coisas que ecoavam em mim desde criança, mas nunca consegui identificar o que eram...Agora eu sei é o poder do feminino em mim gritando para sair e eu vou deixar!
Um abraço, igaci

ibvb | Email | 17-12-2005 08:33:27



A MAIS VELHA ESCRAVIDÃO DO MUNDO

DEUS CRIOU A MULHER E OS HOMENS DIVIDIRAM-NA AO MEIO E ENTRE SI: DE UMA COSTELA CRIARAM A PUTA E DA OUTRA A MÃE…
UMA FECHARAM-NA EM CASA PARA PARIR, OU MANDARAM PARA A RUA COM UM FILHO SEU ILEGÍTIMO; A OUTRA FECHARAM-NA NO BORDEL PARA LHES DAR PRAZER. AÍ NASCERAM TODOS OS “FILHOS DA PUTA” QUE FAZEM A GUERRA E DOMINAM O MUNDO PELA VIOLÊNCIA.


Ao ouvir ontem e com grande ênfase nos noticiários sobre a legalização da prostituição, títulos tais como “profissionais do sexo” ou ainda“indústria do sexo” e umas “profissionais experientes” (uma jovem estudante, uma velha ignorante e um travesti cujo único sinal de "feminilidade" era o silicone nos lábios...) a exigir dignidade e respeito pela profissão, queria de forma veemente manifestar a minha revolta pela ideia completamente absurda e grotesca de reivindicar a legalidade da prostituição, um óbvio retrocesso social assim como o é a sua condenação.

“O CORPO DA MULHER NÃO PODE SER UMA MERCADORIA”

Gostei de ouvir Mário Soares dizer isto. Mas nunca nenhum político viu mais do que a sua mentalidade lhe permitiu. E ninguém quer ver como a mulher é vítima de um mal entendido histórico e religioso. A Igreja de Roma e os Governos de quase todo o mundo condenaram a mulher que não se submetia às suas leis e acordos à prostituição; a mulher que não casava ou não tinha fortuna, a mulher que por ser feia ou pobre ou ainda a mulher sensual que não queria ficar presa a um casamento a que era praticamente forçada, era, por sua vez, obrigada a prostituir-se para sobreviver ou alimentar os filhos – como aliás o afirmou uma ex-prostituta - e essa situação manteve-se ao longo dos séculos até aos nossos dias e hoje vemos este descalabro que é os Mídea – jornais e televisões - com ar muito solene falar do sexo como “Industria” e a mulher como “mercadoria”!
VIVEMOS NUM MUNDO TÃO CORRUPTO E ALIENADO DO SAGRADO E DA VERDADEIRA CONSCIÊNCIA DA MULHER, QUE SÓ SE COMBATE O PRECONCEITO COMO SE FOSSE ELE A CAUSA DO QUE ELES CHAMARAM A “PROFISSÃO” MAIS VELHA DO MUNDO; A MULHER ESTÁ TÃO ALIENADA DE PARTE ESSENCIAL DO SEU SER E TÃO FRAGMENTADA POR IDEIAS CONFUSAS SOBRE O SEU SEXO, TÃO DIVIDA POR CONCEITOS SOCIAS E RELIGIOSOS QUE NÃO TEM A MENOR NOÇÃO DA SACRALIDADE DO SEU CORPO NEM DO QUE É O AMOR.
Se o tivesse sabia que Amor e o seu Corpo têm uma dimensão sagrada de iniciadora do Amor tal como o é da vida ao conceber uma criança, e que o sexo é a expressão de uma voltagem superior de energia que abre a Consciência do Ser Humano a planos superiores. O sexo sem amor e coisa mecânica é a profanação de toda a Ordem do Universo e a aceitação da sua condenação à DIVISÃO do seu ser a que foi sujeita há séculos, uma aberração. O sexo como mercadoria e a mulher como mero objecto de prazer é a maior traição que se fez à Mulher-essência, à Deusa e à Humanidade na sua polaridade, desde o grave cisma histórico que fez metade da humanidade escrava de outra metade.
A divisão da mulher em mãe e prostituta não corresponde à natureza da mulher mas ao que foram as consequências desse cisma e ao preconceito cristão que o difundiu e à mentalidade católica burguesa que ainda hoje aceita essa divisão sem aprofundar as suas causas. A negação do Princípio Feminino pela imposição de um Deus Pai todo poderoso, destruindo o culto da Deusa Mãe, abolindo o Princípio do Feminino dominando o mundo pela violência e a força e tornando a mulher escrava sexual e mais tarde, “pecadora” quando não é santa ou imaculada…
A VIOLÊNCIA DO HOMEM SOBRE A MULHER NÃO SE MANIFESTA SÓ NA RUA, MAS SOBRETUDO NA INTIMIDADE, QUALQUER INTIMIDADE EM QUE O SEXO SE IMPÕE COMO VIOLÊNCIA E POSSE E PELA MECANISAÇÃO DA MESMA NA FALTA DE AMOR E CONSCIÊNCIA DO VALOR DA MULHER EM TODAS AS SOCIEDADES CONSUMISTAS QUE VÊM O SEXO COMO UMA FUNÇAÕ MECÂNICA E SEM ALMA!

As pobres mulheres, que exigem a legalização da profissão, são as escravas da condição de alienadas do patriarcado e exigem condições de trabalho como escravas que continuam a ser sem por em causa a origem da sua condição, nem vislumbrar a sua verdadeira essência e a única coisa que consideram real é dinheiro e portanto nem sonham com a dimensão sagrada do seu corpo ou do seu coração.
O que conhecem DO SUPOSTO SAGRADO, é o dogma católico do pecado e da “imaculada mãe” (SEM SEXO) a quem pedem perdão sem se saber sequer que foram sacerdotisas da Deusa Mãe e cumpriam rituais de iniciação de amor sagrado e aí sim eram respeitadas e tinham a dignidade da Deusa…
Essa dignidade de deusas que nunca os homens da Igreja e do Estado, os homens que fazem as guerras e sustentam o crime, as Máfias do sexo e da droga jamais lhes darão…


SÓ A CONSCIÊNCIA DA DEUSA E DO PRINCÍPIO FEMINIO LIBERTARÁ A MULHER E LHE DARÁ DIGNIDADE, UNINDO AS DUAS METADES DE SI MESMA DIVIDIDAS PELOS HOMENS E PELA IGREJA DE ROMA!

sábado, dezembro 17, 2005


À ALMA DA MINHA ALMA

"Estou já tão perto de ti que uma sombra soluça"

(....)
Escrever seria amar-te? Seria
Interromper este deserto limpar a ferida aberta?
Seria entrar no interior do centro fresco
percorrer essa praia que ninguém ainda pisou
beijar os teus sinais e a sede límpida
que desenha toda a chama alta do teu corpo?

Estou já tão perto de ti que uma sombra soluça
Estou tão perto de ti que o poema principia
Toco as sílabas da pedra as sílabas do corpo
A minha língua arde sobre o teu corpo frágil
O perdão do teu olhar é o amor da luz


ANTÓNIO RAMOS ROSA
Boca Incompleta, 1977

sexta-feira, dezembro 16, 2005

A CONSCIÊNCIA DO FEMININO

Chegou a hora
(...)
"Buscamos movimentos de consciência. A energia feminina, portadora da magia e da intuição, concordou em abdicar dessas qualidades – energia feminina significando não apenas os seres fisicamente femininos, mas a consciência feminina.
O movimento patriarcal nos últimos cinco mil anos afastou-se completamente do processo do nascimento para poder dedicar-se ao desenvolvimento de armas e ao contínuo aniquilamento dos seres humanos.

As mulheres estão com um “nó na garganta” porque concordaram, há quatro ou cinco mil anos, manter silêncio acerca da magia e da intuição que representavam e conheciam como parte da chama gémea. A chama gémea consiste na energia masculina e feminina coexistindo num só corpo, quer seja ele fisicamente masculino ou feminino.
Durante este período de mudança, será necessário que as mulheres desatem o “nó da garganta” e se permitam falar. Chegou a hora.


BARBARA MARCINIAK,Mensageiros do Amanhecer
Ed. Ground, São Paulo, 1992

quarta-feira, dezembro 14, 2005



LILITH

Sem ti mãe sou uma sombra de mim não sou ninguém.

Vou minguando com a lua e desapareço na noite escura
como louca varrida a praguejar.
Não te ver e tocar converte-me a todo o mal!

Sou a bruxa endemoninhada que anda de vassoura
a rir de escárnio do ar.
Sou o súcubo que cobre o macho perdido nas noites de luar,
sou a megera que devora criancinhas e as rouba às mães para matar...
Sou a serpente alada que deita fogo da boca e incendeia as casas,
a cadela que ladra de raiva....
Lilith que se intromete o casal e o desfaz.
Sou Perséfone perdida nos infernos à tua procura,
no mito de te encontrar!

Senhora, sem ti sou promíscua, infame, venenosa e má!

Rasgo as estrelas do teu manto com unhas escarlate,
uivo como uma loba e sou o vampiro das lendas,
que destrói túmulos e cemitérios
e caça donzelas nos umbrais.

Sem ti, mãe, sou uma sombra de mim não sou ninguém!

E enquanto a tua visão ou aparição não me iluminar,
eu serei apenas a louca varrida, ou, mais tarde,
a velha desgraçada bêbada pelas ruas
a murmurar impropérios
perseguida pela turba ignorante e suja,
apedrejada!


in "Mulher Incesto"
Rosa Leonor Pedro



Em memória de Eleusis

Queria tanto ó minha Mãe que neste mundo houvesse
um lugar de peregrinação e culto
que não tivesse sido profanado pelos homens...
Onde pudesse pedir ajuda e rezar
A Grande Mãe da antiguidade,

Ela a Grande Deusa venerada pelos nossos ancestrais,
escondida em grutas e cavernas à espera do novo mundo,
perseguida pelos cristãos, misóginos judeus,
os fariseus, denegrida pelos padres ao longo de séculos,
e por eles oculta da sua eterna glória...

Ela, aquela que é tão bela...

Cibele, Istar, Inana, Atargatis,
Labbatu, Kali e Anaht...
A Wicca e a eterna sacerdotisa,
A Senhora de todos os nomes, de todos os tempos
A essência da Mulher separada em duas
Na virgem e na prostituta,
Maria a mãe dos homens e a amante proscrita
Maria de Magdala, Sacerdotisa da Deusa...

Mas virá o tempo e Ela será uma só,
A Deusa Primeira, indivisível:
Isis sem Véu.


in "Antes do Verbo era o Utero"
Rosa Leonor Pedro

terça-feira, dezembro 13, 2005

imagem tirada de Arquétipos & Retornos


"Sabemos pelos antigos egípcios que a imagem de uma serpente era o hieroglífico para a palavra Deusa, e que a serpente era conhecida como o Olho, Uzait, um símbolo da revelação e sabedoria místicas.A Deusa serpente conhecida como Au Zit era a divindade feminina do Baixo Egipto (norte) nos tempos pré-dinásticos.
Mais tarde tanto a Deusa Hathor como Maat eram ainda conhecidas como o Olho. A uréu, uma serpente erecta, é freqüentemente encontrada ornando as testas da realeza egípcia
.
Além disso, erguia-se na cidade egípcia de Per Uto um santuário profético – possivelmente na localização de um santuário anterior dedicado à Deusa Ua Zit – que os gregos conheciam por Buto, o nome grego para a própria Deusa serpente.

O bem conhecido santuário oracular de Delfos erguia-se igualmente num local originalmente identificado com a adoração da Deusa. E mesmo em tempos gregos clássicos, após a sua conversão e à adoração a Apolo,
o oráculo falava ainda através dos lábios de uma mulher. Era ela uma sacerdotisa chamada Pítonisa, que se sentava num banco de três pés, em volta do qual se enlaçava uma serpente chamada pitão
Igualmente lemos em Esquilo que neste mais sagrado dos santuários da Deusa era reverenciada como a profetiza primordial. Isto sugere de novo que, em tempos relativamente recentes como a era clássica grega, não fora ainda esquecida a tradição, própria da sociedade de parceria, de buscar a revelação divina e a sabedoria profética através das mulheres.“

In O CÁLICE E A ESPADA – Riane Eisler
"A NOSSA HISTÓRIA, O NOSSO FUTURO"Via Óptima Editores

DEPOIS DA DESTRUIÇÃO DE DELFOS E A PARTIR DAÍ
COMEÇOU O HOLOCAUSTO HISTÓRICO DAS MULHERES

(…)
“Algures nas nossas almas, rememoramos o tempo das fogueiras, em que as mulheres eram perseguidas e queimadas vivas como feiticeiras. Aconteceu em três séculos de Inquisição. Quando nos referimos, nos nossos tempos, ao “holocausto das mulheres”, sabemos que houve mais mulheres queimadas numa estaca do que assassinadas com gás nos fornos nazis do holocausto da Segunda Guerra Mundial.

Primeiro, queimavam-se vivas as parteiras por abrandarem as dores do parto (que iam contra o preceito bíblico de que as mulheres deviam sofrer), depois, as curandeiras que sabiam usar as ervas medicinalmente, as mulheres que comemoravam a chegada das estações, as mulheres excêntricas, as mulheres com posses que alguém cobiçava, as mulheres que falavam sem medo, as mulheres inteligentes, as mulheres desprotegidas.


Essa memória colectiva tem um efeito igual ao de um trauma pessoal reprimido: torna as mulheres ansiosas quando descobrem as suas experiências sagradas e acham as palavras para as designar.

Precisamos de coragem para contar o que sabemos.

Algures nas nossas almas, lembramos uma época em que a divindade era chamada Deusa e Mãe. Quando nos transformamos em iniciadas nos mistérios femininos, então passamos a saber que somos portadoras de um cálice sagrado, que o Graal se manifesta em nós.


IN TRAVESSIA PARA AVALON
De Jean Shinoda Bolen

segunda-feira, dezembro 12, 2005

“Digo-vos, é pela Mulher que tudo virá logo que a minha Palavra possa claramente ser entendida e é também por ELA que a minha Palavra secreta viajará através dos tempos. Existe n’ Ela um princípio destabilizador que a torna a eterna iniciadora...”
m.g.

“É ELA sim, digo-vos, que saberá abrir a Porta ao que vem.”
EM DELFOS AS MULHERES PERDERAM A VOZ
E O ORÁCULO DA SERPENTE MORTA POR APOLO...


Daí para a frente os patriarcas e os políticos vaticinaram na mentira e nos interesses das suas guerras e intrigas. Caladas as mulheres, submetidas pelo seu controle, caladas na sua voz interior e impedidas de consultar o Oráculo da Deusa e da Terra, deu-se a sisão milenar que ainda nos afecta.
Dessa sisão histórica e cultural considerada mitológica, resultou o "histerismo", decontrole emocional da mulher que a leva ainda a expressar-se "sem direcção" porque sem orientação da Deusa, mas que faz dela irromper VERDADES que incomodam e que tanto ela como a sociedade querem calar. Nada como os médicos e cientistas, psicólogos no meio, para anestesiar a mulher e acalmá-la com remédios na sua fúria verbal de denúncia irracional do que SENTE mais forte do que ela...

A VOZ DO ÚTERO

De uma forma actual o autor das "Duas Vozes", William Golding, descreve o melhor que pode essa separação entre A Voz do Oráculo e a voz da intriga política, e a mulher ao serviço dos Deus Pai, tal como hoje vivemos.
E diz esta coisa fantástica que denota o conhecimento e respeito profundo pela natureza integral da Mulher que ele redescobre...


“As mulheres por vezes ficam histéricas e fazem e dizem as coisa mais estranhas. Mas esta observação vai dar a volta e morder a própria cauda: talvez a verdade da vida e do viver resida nas estranhas coisas que as mulheres fazem e dizem quando estão histéricas"


in “ As Duas Vozes”- de William Golding (Prémio Nobel de 1983).

domingo, dezembro 11, 2005

IN VINO VERITAS
AQUILO QUE OS HOMENS NÃO QUEREM VER:


“AGRESSÕES A MULHERES atingem 20% das portuguesas.
O álcool é apontado como causa catalisadora da violência doméstica.”

In Destake...

O álcool não é o factor “catalisador” nem a causa da violência doméstica! O álcool é o desinibidor da violência e frustração masculina em geral. Para justificar a sua agressividade sempre latente. O álcool é o que remete para público e de forma visível a violência inata do princípio masculino que o indivíduo sem rédeas sente realmente como manifestação sa “autoridade intemporal” que lhe deram sobre o feminino e não só, mas é sobre o feminino que a prepotência inerente à sua condição de macho assume proporções mais drásticas, baseada mais ou menos inconscientemente, no que pensa ser o seu direito e posse da mulher, sua legítima propriedade, quando não assume objectivamente esses direitos. Como a sociedade civil começa hoje em dia a ter alguma consciência e reacção superficial – só ao nível das aparências, à violência doméstica é natural que o predador homem se esconda mais ou se controle, mas debaixo do efeito do álcool agride sem pejo algum, quando não viola ou mata os seus “inferiores”, homens “mais fracos” ou femininos, mulheres e crianças.
20% por cento das portuguesas são atingidas pela violência doméstica, lia eu no jornal no combóio esta manhã, mas pensei que com efeito as estatísticas não incluem e até escondem as 70% de mulheres atingidas pela violência verbal e as 90% atingidas pela violência psicológica...


O mais insuspeito dos homens, culto ou moderado, inflige violência psicológica intensa e constante nas suas parceiras, quer na “intimidade do lar” quer no trabalho ou nas escolas e universidades - embora muita vezes disfarçado de “cuidado amoroso” e sentido de “protecção” - quer ainda ao nível intelectual e político - isso de forma bem visível no domínio público onde as mulheres são permissivas e “tolerantes” e nem sequer reagem porque para elas é natural a subserviência, também aceite de forma mais ou menos inconsciente. No fundo, elas continuam a sentir-se dependentes e inferiorizadas perante a força ou o estatuto social e económico dos homens. Que mulher não aceita a autoridade do pai ou do marido assim como do patrão ou do padre?...

E não me venha nenhum Governo ou Partido (de esquerda ou de direita) dizer que fez alguma coisa concreta para ajudar ou “defender” as mulheres ou que têm consciência da real situação das mulheres no País, pois tudo está bem camuflado quando não bem disfarçado, pelas próprias mulheres que se contentam e se enganam a elas mesmas ao pensarem que atingiram lugares de chefia ou de poder, representando uma escassa minoria e na verdade mulheres perfeitamente masculinizadas e sob o efeito enesteziante do sucesso passageiro até cairam nos braços da fibromialgia ou qualquer outra doenças de foro psicológico...para não falar do cancro da mama ou do útero...ao serem preteridas quer pelo marido quer pelo chefe que a troca por uma colega mais nova “mais eficiente”...
A falta de respeito global e conhecimento da essência do Feminino, a falta de uma consciência profunda do Ser Mulher anulada pela negação e rejeição misógina da Igreja, da própria "cultura moderna" e da Tradição do Princípio Feminino, a falta de acesso ao lado lunar e anímico da mulher,
numa sociedade que ao longo dos séculos fez uma completa lavagem, não ao cérebro da mulher, mas ao seu lado intuitivo, ridicularizando-a pelas suas “visões” ou emoções, fez dela um ser sem vontade nem identidade própria.
Demonstra-o como se deixa manipular no desrespeito absoluto que os médicos têm pelo seu ventre e as suas entranhas, removendo-as a torto e a direito e remetendo-a para a simples função de co-reprodutora, espécie de “barriga de aluguer” do homem e da sociedade capitalista e cristã e que desde que não tenha mais uso se põe de lado.Demonstra-o a forma como a Igreja e o Estado interferem na decisão da mulher ao seu nível mais íntimo que é a escolha e a liberdade de decidir por consciência própria ter um filho ou não, fora ou dentro do casamento...

Desde o início ou começo da nossa era que a mulher é tida como propriedade privada do marido e senhor, sendo até hoje e apesar das leis terem mudado no papel, ainda o sentimento predominante de 90% dos homens em Portugal e no mundo inteiro...Por mais que se mascare este aspecto ele vai estar sempre lá a cada esquina ou em cada lar à espera que a mulher se submeta de uma ou outra forma e se o não fizer leva porrada! Seja o agressor o drº Tolony ou o Zé da Barra...seja o camarada ou o deputado mais giro da bancada. Qualquer Homem de Deus faz isso...nas Arábias ou nas áreas mais civilizadas...

Mudar as mentalidades, fazer uma revolução das consciências só é possível quando a mulher atingir a consciência dela mesma no plano ontológico, e unir as duas mulheres cindidas pelo cisma católico dentro dela própria; antes disso e sem ser pela voz das próprias mulheres, nem a sociedade capitalista nem a comunista ou qualquer outro “estado de direito” do Homem, nunca fez nem fará nada pelas Mulheres em si, mas apenas na medida dos seus interesses e sentido de propriedade ancestral!

sábado, dezembro 10, 2005

Cibele, a Deusa da vida selvagem, que conduz a carruagem puxada por leões. Cibele a Deusa da fertilidade, que fecunda meus horizontes áridos...





A Terra vermelha cobre a superfície. O céu branco, sem nuvens. Uma fumaça se desprende da terra em etéreas evoluções que atingem o espaço.
A pedra negra de luminescência orbitando o planeta. No meu olhar julgador, tudo me parece inóspito e árido.

Das páginas escritas e das páginas virtuais um vislumbre da página da minha essência: do oeste da Anatólia , a forma mais antiga de Cibele, uma pedra negra que sugere um meteorito e que mais tarde protegida dos invasores os romanos que a celebraram envolvendo-a em incenso.

Cibele, a Deusa da vida selvagem, que conduz a carruagem puxada por leões. Cibele a Deusa da fertilidade, que fecunda meus horizontes áridos.

Cibele a Senhora da Ida, a Grande Mãe, que me ensina a conduzir meus leões pelos horizontes que escolhi.


Telma Altomore
In Agenda Lunar 2005

sexta-feira, dezembro 09, 2005

“Com as invasões Indo-Arianas (por volta de 3500ªC.), surgiu a ideia de uma suprema divindade masculina, cuja raiva e cólera tinham de ser apaziguadas. Ao longo dos séculos, os cultos baseados num deus masculino de poderes ilimitados foram substituindo gradualmente a adoração de uma deusa indulgente.

(...)
A perda do feminino tem tido um impacto desastroso na nossa cultura. Tanto o macho como a fêmea se sentem profundamente feridos à medida que o segundo milénio da Cristandade se aproxima do fim. As dádivas do feminino não têm sido totalmente aceites e apreciadas. Entretanto, o masculino, frustrado devido a uma incapacidade para canalizar as suas energias em harmonia com um feminino devidamente desenvolvido, continua a liderar com a espada, brande as armas temerariamente e frequentemente flagelando o próximo com violência e destruição.

No mundo antigo, o equilíbrio entre energias opostas era compreendido e honrado. No nosso mundo moderno, os atributos e atitudes do macho é que têm prevalecido. A distância entre a atracção pelo poder e a glória por parte do macho e “a adoração do filho primogénito”, um culto que produz muitas vezes machos mimados e imaturos - zangados , frustrados, aborrecidos e muitas vezes perigosos, é muito pequena. Eventualmente, incapaz de uma interligação com a sua “outra metade”, o masculino fica exausto. O resultado final do princípio feminino desvalorizado não é apenas o ambiente poluído, o hedonismo e o crime sempre crescente é o holocausto.”


In MARIA MADALENA E O SANTO GRAAL
A Mulher do Vaso de Alabastro - de Margaret Starbird
(o livro que inspirou O Código da Vinci de Dan Brown)

quinta-feira, dezembro 08, 2005

A EXPERIÊNCIA DA DEUSA EM CADA MULHER

"Servimos de parteiras às consciências umas das outras.”

"Devemos lembrar-nos como e quando cada uma de nós passou por uma experiência da Deusa, e se sentiu sarada e integral por causa desta. São momentos santos, sagrados, intemporais, embora por mais inefáveis que se possam revelar, sejam difíceis de reter em palavras. Mas, quando qualquer outra pessoa menciona uma experiência semelhante, isso pode evocar as sensações que voltam a captar a experiência; se bem que só aconteça se falarmos da nossa vivência pessoal. É por isso que necessitamos de palavras para os mistérios das mulheres, o que parece exigir que uma de cada vez explicite o que sabe - como tudo o mais que é de foro feminino. Servimos de parteiras às consciências umas das outras.” (...)

IN TRAVESSIA PARA AVALON
De Jean Shinoda Bolen


A PROPÓSITO DO DIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

Quantas mulheres se dão a oportunidade de nos seus corações viverem essas experiências profundas e sagradas e de as partilhar com outras mulheres?

Em Portugal penso que muito poucas ou nenhumas e o que aqui escrevo é um desafio à comunicação desse imperativo que é as mulheres dialogarem e aprofundarem a experiência sagrada da Deusa em si mesmas. Mas só este conceito é absolutamente estranho perante o culto e o dogma da Nossa Senhora como Mãe imaculada e portanto longe da Mulher comum e servindo apenas de referência do seu “pecado” e inferioridade ao fim e ao cabo. A mulher vê-se como pecadora e na verdade é apenas um ser dividido em conceitos e medos ancestrais, mutilada de uma parte de si e fragmentada na sua essência em permanente conflito consigo mesma numa luta cerrada entre a ideia de bem e mal. Se é uma boa mãe ou se é uma mulher má…. Afinal essa ideia foi-lhe difundida pelos padres desde pequena e pelos pais e não passa de um mito que a Igreja de Roma e outras impuseram ao mundo para impedir a Consciência e liberdade da mulher. Em Portugal não há ninguém, se calhar poucas mulheres, que não “respeitam” o culto da “Nossa Senhora de Fátima” e contudo nem por um segundo a sentem perto ou imaginam a grande afinidade da Mãe com a Grande Deusa da Antiguidade que dava à mulher o privilégio de a representar em carne e osso e que o amor e a sexualidade eram rituais sagrados em sua honra. Qualquer mulher portuguesa se rirá desta comparação e para ela, intelectual ou doméstica isto não passa de especulação mística na melhor das hipóteses ou heresia consoante o nível de “educação” que tem – note-se, que será difícil alguma mulher de um estatuto social pequeno-burguês ou mais baixo ter acesso à Internet e portanto as devotas da nossa senhora são geralmente as mulherezinhas do campo e da cidade as mais desfavorecidas, ignorantes e cheias de preconceitos. Ninguém gosta de pensar nisto e ainda menos falar estas coisas. Fala-se em fé…cega, que gera a Justiça que também é cega…Porque a Mulher tem os olhos vendados há séculos…


Repare-se como uma sociedade dita intelectual e política, “culta” ???? se insurge contra o facto ilegal do ponto de vista do Estado laico haver nas escolas ainda a cruz negra da morte a anunciar o pecado do homens e a marcar a mente infantil do desastre a que está condenado…
Como se o seu pai tivesse morrido de desastre de automóvel e tivesse ficado a sangrar e cheio de feridas e a mãe tirasse uma fotografia e a colocasse lá na sala de jantar para os filhos não esquecerem a morte horrorosa do pai…É isto que a religião católica quer mostrar às crianças: O pecado, vejam, a vossa culpa, a nossa ignomínia de seres humanos condenados à morte!!!


Uma Cruz de Morte e não o sinal de Vida!!! O mais Anti-Cristo possível…


Os católicos e os padres são uma espécie de aves agoirentas da morte…pregam o sacrifício e o medo e não a alegria e a vida. Falam em defender a “vida” mas a única coisa que pregam é medo e morte. E foi esse o fruto do seu ventre seco e alma vazia, porque lhes faltou a Mãe verdadeira e a Mulher Amante que os curasse das feridas e os consolasse das dores. Porque a Mãe que conheceram estava condenada e prisioneira do pai e do padre e da sociedade, era uma mulher amordaçada e sem direito às suas emoções e sentimentos próprios, anulada na sua vontade durante milénios.

Hoje rezo à Verdadeira Mãe do Céu e da Terra e Nossa Senhora que liberte as mulheres do mundo inteiro e lhes dê Voz para dizer o que o Seu Coração Imaculado calou durante séculos! Que a Vida è plena e a Natureza perfeita, que a Humanidade não pecou mas os seus falsos deuses e profetas ( OS ANUNAKIS…) é que a aprisionaram para a explorar pelo medo da morte. E dizermos, sim que a Morte não existe mas é Vida e que não há Mistério que a alma humana não possa integrar quando os seres humanos forem livres em essência e perderam o medo da liberdade!!! Quando homens e mulheres se sentirem unidos e integrados no Cristo Ressuscitado e não morto! Quando os homens e mulheres compreenderem o que significa o Amor Crístico que é Vida e não há morte!!! Porque a morte não existe, como não existem deuses nem diabos, mas apenas Energia e Amor e Inteligência em todo o Cosmos! E que o ódio e a guerra na Terra foram os homens escravos dos seus deuses que criaram ao aprisionar a mulher e ao negarem o lado feminino da sua Humanidade.

terça-feira, dezembro 06, 2005

O corpo fragmentado da mulher


Sinto o meu corpo fragmentado. Aquela perna não faz parte deste ventre. A perna é minha, o ventre não.

O meu corpo feminino, exposto nu na praça pública, tantas vezes foi violado, tantas vezes foi condenado, tantas vezes castigado,
Julgado, denunciado, acusado, lapidado, queimado, esfaqueado.

As várias partes do meu corpo são peças, que não fazem parte do mesmo puzzle, não fazem parte do mesmo filme.

Os meus lábios desejam expressar-se, o meu peito deseja sentir a
Alegria de viver, a minha barriga deseja rir.

Ponho a mão na perna, na barriga, no púbis (no pêlo púbico,
pudico, publico...como é que se diz?)

Acaricio o peito, o ombro, o pescoço. Sim sou eu. Sou tudo eu.
Quem sou eu? Qual é o meu corpo feminino, Belo e forte, rijo
E suave?

O meu corpo re-integra-se. Aquela perna já faz parte deste ventre.
Os fragmentos re-aproximam-se, re-encontram-se, re-unem-se,
Como por magia. Estou íntegra, una, inocente!
Agora sim, sinto uma aragem à flor da pele
.


ANABELA CUDELL
In Agenda Lunar 2005




A fragmentação da mulher é uma realidade vivida à flor da pele como tão bem ilustra este poema...Porém nem sempre ou raramente a mulher é consciente dessa fragmentação, e portanto não percebe que o seu mal, divisão interna, insegurança, neuroses e a maior parte das suas doenças são em geral consequência dessa cisão da sua natureza profunda.
A mulher é acusada de histeria quando não consegue controlar a sua insatisfação ou incompreensão do seu ser e se sente em conflito íntimo com o que o seu coração lhe dita e as convenções que a razão masculina lhe impõe, desde cedo em casa e na escola e mais tarde na Universidade. Quando não aprende a ser submissa às leis do patriarcado que a anula na sua expressão profunda, indómita e selvagem, ela é votada ao ostracismo social ou aceita silenciar o seu íntimo regendo-se pelas regras e princípios dos homens actuando como a sociedade regida por eles lhe impõe.
Todas as mulheres de uma maneira ou de outra, ao longo da sua vida, sentiram essa fragmentação do seu corpo e o pior ainda a fragmentação da sua alma pois ao não poderem expressar a parte mais íntima e secreta do seu ser - que faria a fusão das partes divididas - e que é a sua consciência inata, a Voz do Útero, o seu centro de força e de integração, perde o direito ao seu ventre tomado como coisa do estado e propriedade da sociedade patriarcal. A mulher viu-se assim aprisionada e impedida de ter voz própria e interior, perdendo o acesso à Voz que é ressonância e Verbo, voz que vibra em consonância com a Lua que a rege assim como os mistérios da vida e da morte cujos rituais antigos ela dava corpo e alma. A mulher mediadora das forças cósmico-telúricas foi expropriada da sua identidade profunda ao longo dos séculos de domínio patriarcal e explorada como “mãe” e “amante” separada em duas funções opostas ou mesmo antagónicas, perdendo assim o sentido da unidade do ser, acabando por aceitar ser dividida em duas, como digo tantas vezes, entre a santa e a puta, impedida da expressão livre e sagrada da sua sexualidade e erotismo, condenada pela Igreja e pelos padres, à castidade e clausura.

A Igreja dos patriarcas do Deserto, que destruíram os Cultos antigos como rituais de consagração das forças da Natureza que mantinham em equilíbrio a Terra no respeito da mulher e na adoração da Deusa Mãe, desfere um golpe fatal na mulher nessa cisão que lhe impõe através da imagem pecadora de Maria Madalena primeiro e mais tarde do seu dogma da “imaculada concepção”. Logo que começou a dominar o mundo excluiu a mulher dos ritos da missa usurpados por padres, e condenando a mulher ao silêncio e à culpa. Mãe submissa ou prostituta, são os dois modelos impostos pela Igreja dos patriarcas à mulher em todo o mundo. Dessa forma ainda hoje a mulher moderna que se julga liberta é na verdade uma mulher fragmentada ou uma mulher “masculinizada” e não uma mulher integral que se assume de corpo e alma, e cuja sensibilidade particular a faz dotada de um poder único de Visão, cura e profecia. Por isso os homens ainda hoje temem as mulheres e continuam a desacreditá-las quando manifestamente estas se expressam de forma menos racional ou mística. A ideia da bruxa, da vidente ou mesmo da astróloga é sempre ridicularizada face ao conhecimento intelectual racional académico. Até as mulheres que eles controlam e se julgam emancipadas reagem aos aspectos místicos e transcendentais da sua natureza profunda e se desacreditam umas às outras.

Neste quadro nem mulheres nem homens consideram real o aspecto ontológico da natureza feminina, expressão do Princípio Feminino, relegando para o plano do mítico, do absurdo ou da fantasia ou mesmo do ridículo, assim como os meus textos ou os meus livros... Poucas ou raras mulheres têm em conta as informações que transcrevo ou querem aprofundar o que aqui escrevo. Por isso, eu digo que a maior parte das mulheres são hoje em dia, nomeadamente na Blogosfera, o maior obstáculo à Consciência emergente do Feminino! Elas servem exclusivamente o Princípio masculino veiculando uma escrita e uma imagem de si mesmas de acordo com padrões de preferência machista em detrimento delas próprias e da integração dos dois princípios.
Sem a União dos dois Princípios, Feminino e Masculino, a Terra e o Planeta não podem viver a sua dimensão sagrada nem atingir o Divino a fim de alcançarmos uma Consciência verdadeiramente integrada e universal!
Cabe à mulher antes do mais acordar para a sua dimensão sagrada e unir as duas mulheres em si cindidas pela Igreja de Roma. Cabe à mulher acordar a Deusa dentro de si e revelá-la ao mundo. Essa poderá ser porventura a experiência mais profunda e gratificante que jamais terá na vida outra igual ou superior. A união da Mulher consigo mesma e com a Terra-Mãe poderá salvar o Planeta da destruição iminente em que ele pela mão violenta e agressora do Homem se encontra!
Cabe ao homem igualmente acordar para o seu lado Feminino e ajudar a mulher a caminhar para uma nova Ordem Planetária de verdadeira paridade entre os sexos e do amor sem posse ou exclusividade.

segunda-feira, dezembro 05, 2005


“É ELA sim, digo-vos, que saberá abrir a Porta ao que vem.”

(...) Enquanto o Fogo da Mulher não for desejado pela consciência do homem, essa consciência será orfã de uma metade de si-mesma. Os profetas dos tempos antigos do nosso povo não tinham Mãe porque eles não a deixavam expressar-se através deles...Mas eis que a partir de agora, tem de ser diferente. Sou eu que apelo ao Fogo Feminino a encontrar o seu lugar e à Mulher a se revelar em toda a humanidade.

- Fala-nos dessa Força...pede Myriam...

- É a Força que sabe reconhecer a grandeza e a beleza de uma fraqueza. É aquela que pode reconhecer a força redentora de uma lágrima. É aquela que se que aceita as metamorfoses admitindo a mudança como energia de Vida. Ela é o princípio volátil através do qual tudo se eleva por si só.

“Digo-vos, é pela Mulher que tudo virá logo que a minha Palavra possa claramente ser entendida e é também por ELA que a minha Palavra secreta viajará através dos tempos. Existe n’Ela um princípio destabilizador que a torna a eterna iniciadora...”


(...)
QUE AMANHEÇA DEPRESSSA E VENHAM OS MENSAGEIROS...

"A sociedade patriarcal tem sido governada pelo aspecto masculino do Eu. Vocês todos experimentaram, através da consciência, e aprenderam o que funcionaria melhor, preparando-se para a época em que as chamas, juntas, irão acender-se no vosso corpo. Neste momento, a chama gémea tenderá a deixar de ser procurada num parceiro fora do Eu, mas compreendida como a integração dos Eus feminino e masculino e o amadurecimento de tudo aquilo que o Eu já realizou. Depois de terem integrado as energias feminina e masculina dentro de vocês e activado a chama gémea, passarão a procurar uma pessoa que também esteja já completa e não alguém que venha preencher uma lacuna, uma necessidade vossa, ou vice-versa.
Durante este periodo de mudança, será necessário que as mulheres desatem “o nó na garganta” e se permitam falar.


IN Os mensageiros do amanhecer - B. M.

domingo, dezembro 04, 2005

RESPOSTA A UMA LEITORA CRISTÃ

A HUMANIDADE DE JESUS

Segundo a Igreja o Homem é Divino
e a Mulher o Diabo...


- O que pensam os teólogos livres do jugo romano,
da questão tão contestada pelo Vaticano:

“A questão não é de saber se Jesus se casou ou não (ainda mais uma vez no sentido em que o entendemos hoje em dia). Que interesse tem isso? A questão é de saber se Jesus era realmente humano, de uma humanidade sexuada, normal, capaz de intimidade e de preferência.

Segundo um adágio antigo: “ Tudo o que não é assumido não é salvo”.
Se Jesus, considerado como o Messias, como Cristo (Christos, tradução grega do hebraico Messiah), não assume a sua sexualidade, esta não será salva, Ele não é mais Salvador no sentido pleno do termo, e torna-se uma lógica de morte e não de vida que se irá instalar no cristianismo - particularmente no cristianismo romano-ocidental:
“O Cristo não assumiu a sua sexualidade,
Portanto a sexualidade não é “salva”,
Assim a sexualidade torna-se má,
do mesmo modo, assumir a sexualidade pode ser degradante
E assim tornar-nos culpados”.


O instrumento co-criador da vida que nos faz existir “em relação”, “à imagem e semelhança de Deus”, torna-se logicamente um instrumento de morte.
Estaríamos nós no Ocidente, através da nossa culpabilidade inconsciente e colectiva, em vias de sofrer as consequências duma tal lógica?


O Evangelho de Maria (Madalena), tal como o Evangelho de João e de Philippe, lembram-nos que Jesus era capaz de intimidade com uma mulher. Essa intimidade não era apenas carnal, era também afectiva, intelectual e espiritual; trata-se mesmo de salvar, quer dizer, tornar livre o ser humano na sua totalidade, e isso introduzindo consciência e amor em todas as dimensões do seu ser. O Evangelho de Maria Madalena, lembrando a humanidade de Jesus na Sua dimensão sexual, não retira nada à sua dimensão espiritual, “pneumática” ou divina.”

In L’ENVANGILE DE MARIE (Évangile copte du II siècle traduit e commenté par)
JEAN-YVES LELOUP - teólogo ortodoxo.
Albin Michel

REPUBLICANDO:

“A sexualidade assim culpada pode tornar-se perigosa, e tornar-nos efectivamente doentes...”

E temos, no mundo, além do rol das doenças de foro sexual, por promiscuidade e alienação ontológica da mesma, as aberrações sociais como a pedofilia, toda a espécie de sado-masoquismo e ainda a pornografia em resultado de tamanha e absurda negação da sexualidade sagrada e do par alquímico como construtor da verdadeira ascese para a totalidade-deus. De facto, pela negação da sexualidade do homem ou do Homem-Deus e a associação desta ao corpo tornado culpado da mulher, esta, em vez de iniciadora do amor, como o era anteriormente ao cristianismo, torna-se pois a “tentadora do mal”, e ficará associada por sua vez ao diabo e condenada a proscrita ao longo dos séculos. “Prostituta” em vez de sacerdotisa da Deusa ou discípula do Mestre vivo, como no caso de Maria Madalena. A partir desta inversão de princípios, tudo o que a mulher faça é culpada só pelo facto de ser mulher.

Por muito inconcebível que pareça é o que ainda o Papas, bispos e cardeais pensam da Mulher que não obedece aos seus dogmas e não se mantém na absoluta penitência e clausura ou inteiramente submetida ao homem e às suas leis vê-a como o Mal em si, embora não se atrevam já a dizê-lo em público, andam muito lá perto.
E tudo isso começou com a negação pela Igreja da sexualidade do Homem-Cristo e a necessidade de renegar a mulher enquanto amante e discípula, assim como negam ainda a participação da mulher nos rituais, e só a aceitam na sua Igreja como penitentes e de joelhos aos seus pés a pedir perdão por terem nascido mulheres!

Por culpa da Igreja Romana, e não da Mulher, o ser humano vive num culto de ignorância e morte e sofrimento em vez de vida e prazer, e a humanidade encontra-se num estado de patologia quase absoluta, o Planeta no caos...
Quanto tempo mais vai durar esta aberração sobre a terra em que o ser humano vive em função do medo e da morte e não da alegria e da vida? Até lá a destruição completa da Natureza e da vida na terra, pela guerra e pelo ódio gerado numa humanidade que vê uma sua metade - as mães de todos os homens - condenada a proscrita!

R.L.P.

sexta-feira, dezembro 02, 2005


A Inanna, a grande padroeira, semelhante a Nunamnir
À Deusa resplandecente cuja luz nada pode deter,
A criadora da vida...contra a qual ninguém tem poder,
Cujos esplendor es se reflectem sobre todo o céu e
Toda a terra, à padroeira de Eanna, à sua querida
Padroeira e senhora, (...)
(...)
Quem tocar na minha inscrição,
ou retirar a estela do seu lugar
e a levar para outro sítio, em que não se veja,
quem, atendendo a esta maldição, a mandar retirar por outrem,
a esse An ou Inanna
arranquem os fundamentos da casa
lhe detruam a sua semente
e ordenem que não viva mais um dia sequer.

**

Oração a Inanna antiga Deusa Mãe da Babilónia.

Inanna ou Innin

“Principal Deusa do panteão sumério, correspondente a Istar dos acadianos e principalmente venerada em Uruk. Inanna é, por um lado, a Deusa do Amor e companheira de Damuzi-Tammuz e, por outro, especialmente para os Assírios, deusa da guerra. Como divindade astral é identificada com a estrela Vénus. Istar corresponde à Deusa Astarte da Síria e mais tarde é identificada com a grega Afrodite.”

** in Tesouros do Museu de Bagdad


É a esta mesma Deusa Mãe, Isis no Egipto e mais recentemente, no cristianismo, a Virgem Maria, a quem a Humanidade apela desde os seus primórdios e a quem todos continuamos ainda a apelar por Paz na Terra.

A Deusa Mãe que as religiões patriarcais relegaram para o mito ou para o Dogma...
A Divindade Feminina e o seu poder ancestral era o Foco de todas as Religiões matriarcais como culto da Natureza baseada no Princípio Feminino e no sacerdócio da Mulher. Com o domínio masculino os homens passaram a exercer o sacerdócio e apagaram da história o predomínio das mulheres nessa área e esse período da história é encarado como mitologia tendo sido a mulher relegada a uma inferioridade forçada para a anular e apagar vestígios do seu poder.
Assim chegámos aos nossos dias e onde quer que a violência e a força do princípio masculino e o seu deus déspota e misógino impere as mulheres são submetidas e violentadas de todas as formas.



OS INVASORES AMERICANOS,
OS NOVOS BÁRBAROS...



YANAR MOHAMMED: feminista iraquiana

“Yanar fundou a Organização para a Liberdade da Mulher logo a seguir à invasão norte-americana; agora tem 4.500 membros e um núcleo de menos de 30 activistas. Recebem apoio das organizações femininas, sobretudo norte-americanas, mas não chega. Na década de 80 (do século XX), estava na universidade e andava de mini-saia, costumava ir às aulas no meu carro, afirma. Não tínhamos a prosperidade dos ocidentais, mas o nível de vida era bom. Tínhamos segurança sem liberdade de expressão, a educação era gratuita, trabalhávamos e estudávamos sem receios. Basta olhar à nossa volta e ver que agora não temos esses direitos. Se uma mulher atrai comentários misóginos na rua, arrisca-se a ser raptada ou mesmo agredida. Quando vou à universidade só vejo mulheres envoltas nas vestes islâmicas.

O Iraque, afirma ela, era um dos países do mundo árabe mais liberais para as mulheres.”*
- Que podem trinta ou três mulheres fazer do Iraque entre dois pólos de terrorismo permanentemente sujeitas a agressão popular e a atentados bombistas, com guarda costas permanentes?

“O Iraque, afirma Yanar, era um dos países do mundo árabe mais liberais para as mulheres.
(...)
No Iraque do pós-guerra reina a opressão institucionalizada das mulheres. É cada vez mais evidente que os Estados Unidos removeram um regime secular - apesar de ditatorial - substituindo-o por um regime islâmico. É irónico.
(...)
Olho para Bagdad e vejo um dos buracos negros do universo. Fomos apanhadas no meio da grande luta entre dois pólos do terrorismo: o terrorismo dos EUS e o terrorismo islâmico; ambos tendem a tomar conta das nossas vidas.”*


* excertos da Grande Reportagem de 26 de Novembro de 2005

VERDADEIRA CAUSA DA VIOLÊNCIA
DO HOMEM SOBRE A MULHER


(...)
No núcleo do sistema dos invasores encontram-se a atribuição de mais valor ao poder de tirar a vida, em vez de a dar. Este era o poder simbolizado pela Espada “masculina” que, como atestam antigas gravações Kurgan em cavernas, era literalmente adorada por estes invasores indo-europeus. Pois a sua sociedade dominadora, regida por deuses - e os homens - guerreiros, este era o poder supremo.

Com o surgir destes invasores no horizonte pré-histórico - e não, como se diz por vezes, com a descoberta gradual, por parte dos homens, de que eles representavam também um papel na procriação
- a Deusa, e as mulheres, foram reduzidas a consortes e concubinas dos homens. Gradualmente a dominância masculina, a guerra e a escravatura de mulheres e de homens mais delicados e “afeminados” tornou-se norma."

(...)
"as aberrações brutais e bárbaras de uma espécie virada contra si própria"

“Práticas como a mutilação sexual feminina, o espancamento doméstico, e todos os outros modos mais ou menos brutais que serviram para a androcracia manter as mulheres “no seu lugar” não serão evidentemente vistas como tradições consagradas, mas como o que realmente são - crimes gerados pela inumanidade do homem para com a mulher.
Quanto á inumanidade do homem pelo homem, à medida que a violência masculina deixa de ser glorificada por epopeias e mitos “heróicos”, as designadas virtudes masculinas de dominância e conquista serão igualmente vistas pelo que são - as aberrações brutais e bárbaras de uma espécie virada contra si própria”


in "O CÁLICE E A ESPADA" de Riane Eisler

quinta-feira, dezembro 01, 2005

"Gato que me fitas com olhos de vida,
Quem tens lá no fundo?"


"Inventemos, escreve Pessoa, um Imperialismo Andrógino reunindo as qualidades masculinas e femininas; um imperialismo alimentado de todas as subtilezas femininas e de todas as forças de estruração masculinas. Realizemos Apolo espiritualmente. Não uma fusão do cristianismo e do paganismo, mas uma evasão do cristianismo, uma simples e estrita transcendência do paganismo, uma reconstrução transcendental do espírito pagão."


Ao longo dos séculos…
A Igreja de Roma, através dos seus patriarcas, destitui a mulher da sua dimensão ontológica de mediadora das forças cósmico-telúricas. Inferiorizou a mulher ao ponto de muitos dos seus santos e pontífices considerarem a mulher sem alma.

O Paganismo que se baseava no Culto ancestral das forças da Natureza e da Terra como A Deusa Mãe, anterior ao cristianismo, fundamentado na dimensão sagrada da Mulher pelo seu sacerdócio e função iniciadora, foi denegrido e apagado da história dos homens pela perseguição das mulheres e do seu Dom inato.
Começaram por adulterar a Génese colocado inimizade entre a Mulher e a Serpente seu símbolo maior, símbolo da corrente energética que faz evoluir o Ser Humano através da sexualidade igualmente sagrada, tendo a mulher como deusa-iniciadora. Para que isso não acontecesse, condenaram a mulher e a sua sexualidade assim como às dores de parto, impedindo todo o paliativo que as curandeiras e sacerdotisas prestassem às outras mulheres perseguindo estas como bruxas e demónios, obrigando a mulher a sofrer como castigo…

Nesse rasto ainda são perseguidas as parteiras e as enfermeiras que ajudem as mulheres na interrupção voluntária da gravidez e o ódio dos padres a essa acção como expressão da livre escolha da mulher que eles condenaram ao sofrimento.
A Igreja de Roma desde o início da sua fundação ostracisou e maltratou as mulheres sendo ela a grande precursora da toda a violência exercida hoje ainda sobre as mulheres do mundo inteiro. Violência que não é só “doméstica”, mas psicológica e subtil na forma como as mulheres hoje em dia acreditam que são emancipadas, quando apenas são transformadas em “homens” ao ser-lhes anulada a capacidade anímica, tornando-as “iguais” a eles na frente das suas batalha: na guerra, no ódio, e no conflito social e armado!
TUDO ISTO É O QUE AS MULHERES “FEMINISTAS” NÃO QUEREM VER POIS A TRANSCENDÊNCIA AS ASSUSTA E REJEITAM A SEMENTE DA DEUSA E A VOZ DO ÚTERO EM PROL DA RAZÃO APENAS E DA CIÊNCIA MASCULINA…
"A dupla essência, masculina e feminina, de Deus - a Cruz. O mundo gerado, A Rosa, crucificada em Deus"


fernando pessoa

A UNIÃO DOS PRINCÍPIOS, FEMININO E MASCULINO

"Inventemos, escreve Pessoa, um Imperialismo Andrógino reunindo as qualidades masculinas e femininas; um imperialismo alimentado de todas as subtilezas femininas e de todas as forças de estruração masculinas. Realizemos Apolo espiritualmente. Não uma fusão do cristianismo e do paganismo, mas uma evasão do cristianismo, uma simples e estrita transcendência do paganismo, uma reconstrução transcendental do espírito pagão."

Fernando Pessoa
"Mas o significado real da iniciação é que este mundo visível em que vivemos é um símbolo e uma sombra, que esta vida que conhecemos através dos sentidos é uma morte e um sono, ou, por outras palavras, que o que vemos é uma ilusão. A iniciação é o dissipar - um dissipar gradual e parcial - dessa ilusão" [F.P., in FP e a Filosofia Hermética, org. de Yvette Centeno]


Fernando Pessoa [1888 - m. 30 Novembro, 20.30 h, 1935]

"I know not what tomorrow will bring" [F. P.]

"Quando, despertos deste sono, a vida,
Soubermos o que somos, e o que foi
Essa queda até Corpo, essa descida
Até à Noite que nos a Alma o obstrui ..."


[F.P. - No Túmulo de Christian Rosencreutz]

"A verdade que será o futuro, desprezando os nossos raciocínios, virá tal qual tiver que vir, guiado por leis naturaes immutaveis, e contra as quaes nada pode a pseudo-libertação do nosso servo arbítrio, esse e o seu segredo, guarda-os ainda o espírito da Nação na sua alma recôndita, e, se a interrogamos, responde-nos, como o santo, quando o interrogaram: Secretum meum mihi - o meu segredo é commigo" [F. P.]

"... O teu destino é demasiado alto para que eu o diga. Tens de o descobrir tu. Mas tens de te esforçar ... através da passagem de muitas vidas até que reine na tua alma a Divina Presença. Mas o homem é débil e são também débeis os Deuses. Sobre eles, o Fado - o Deus sem nome - vela do seu trono (inalcançável?). O meu nome está errado e o teu também. Nada é o que parece ser. More. Henry More. Frat RC [Fraternitatis Rosae Crucis]. O que tem de ser tem de ser".


[F.P. - carta "recebida" de Henry More, por meio de escrita automática. Trad. por Angel Crespo]

In ALMOCREVE DE PETAS
LEMBRAR FERNANDO PESSOA

Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,

Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.


Álvaro de Campos



NACIONALISTA MÍSTICO

"Fui sempre, e atravez de quantas fluctuações houvesse, por hesitação de intelligência crítica, em meu espírito, nacionalista e liberal: nacionalista - quer dizer, crente no Paiz como alma e não como simples nação; liberal - quer dizer, crente na existência, de origem divina, da alma humana, e da inviolabilidade da sua consciência, em si mesma e em suas manifestaçãoes.

Por isso me foram sempre origem de repugnância e asco todas as formas de internacionalismo que são três: a Egreja de Roma, a finança internacional e o comunismo."

FERNANDO PESSOA

"Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto. "

F.Pessoa

terça-feira, novembro 29, 2005

AINDA NO RASTO DO 25 DE NOVEMBRO:

“A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA JÁ MATOU 33 MULHERES ESTE ANO EM PORTUGAL
Assassinadas por maridos, namorados e ex-companheiros.”

O homicídio é tipicamente um crime praticado por homens contra homens. (...) O sexo feminino só assume maior relevância no quadro das relações íntimas ou familiares.”

(Frase atribuída a um chefe de polícia)
In Público de 25 de Novembro


O que é que faz com que o homicídio das mulheres seja praticado na intimidade e em família? Sem dúvida que o facto de o homem presumir ainda ser o dono e senhor da mulher. Independentemente das questões passionais, extremadas ou não, a infidelidade do homem sempre foi considerada um sinal de virilidade, mas a simples suspeita no caso da mulher é um atentado à honra do homem e motivo para crime dado o sentido de posse e exclusividade que o homem tem sobre a mulher e que não se aplica nele. Portanto a violência doméstica sobre a mulher é do foro “civilizacional” - quero dizer, de atraso - com origem nas religiões patriarcais, que desvalorizam a mulher e a confinam ao lar ou aos gineceus, tanto no Ocidente como no Oriente e portanto falar exclusivamente de problemas de ordem social e económica, embora possa ter incidência maior em casos de miséria, os abusos e os maus tratos ou a violência conjugal dá-se em todas as classes em todos os países do mundo.

As tentativas para que a mulher desprotegida e inferiorizada social e psicologicamente, muitas vezes inculta senão mesmo embrutecida pela miséria, denuncie o agressor são insuficientes e risíveis pois ninguém quer olhar a questão a fundo nem assume a verdadeira origem do problema que é velho e de cariz religiosa. Este problema sim é o problema mais velho do mundo desde que o patriarcalismo dominou pela força as sociedades mais antigas, matriarcais, quase todas pacíficas e equalitárias.
O homem “moderno” ainda não tirou da cabeça o seu sentido posse como de propriedade sua sobre a mulher e como não houve mudança de mentalidades, nem com as revoluções nem com a ciência e nem cá nem "depois do 25 de Abril".O homem continua a pensar que a mulher é “sua” mulher “sua” filha e “sua" amante e se é SUA e se “entre marido e mulher não metas a colher” é a sua filosofia, assim como a do seu vizinho e é este espírito que impera e sendo comum ao homem e à mulher que professam tradicionalmente a religião católica ou muçulmana, nada vai mudar enquanto não houver uma Revolução das Consciências a nível planetário...
É realmente estúpido querer que uma queixa à polícia - que afinal também espanca a mulher - ou umas conferências para “elites” - possa sanar o problema.
São as mulheres "educadas" nas escolas patriarcais que lutam pela utopia da igualdade, e até as "feministas", quando afinal de contas a mulher não é igual ao homem nem nunca será.

A Mulher é diferente do Homem e ambos correspondem de per si a pólos opostos e complementares pelas sua natureza e constituição e assim é tanto física como psíquica e animicamente; mas como é justamente essa diferença que foi anulada na mulher e que confronta os padres e incomoda os homens em geral e até as próprias mulheres eles fazem tudo “pela igualdade” e a mulher em vez de ser mulher e resolver a sua divisão interior, torna-se ela também masculina de cabeça, vai para polícia ou para a Guerra ou então é uma espécie de travesti que os homens adoram exibir em passereles da moda, Bares e Festas e sempre em luta e conflito com as outras mulheres!

Claro que dirão que eu é que sou utópica e além disso desfasada da realidade. Sim sou desfasada da vossa realidade mas não na minha Verdade de Mulher consciente de mim mesma e da minha totalidade!

Quão longe estão os homens e as mulheres de hoje do culto da Deusa Mãe e da Terra quando a mulher era respeitada e considerada um Vaso Sagrado da Deusa!...




AS MULHERES COMO VASOS DA DEUSA

“Que o corpo de uma mulher possa ser um vaso através do qual surge a Deusa, é uma revelação inesperada, uma revelação que não vem por iluminação, visão ou introvisão - que constitui a forma da manifestação masculina da divindade - mas por meio de uma experiência encarnada - por meio de contacto íntimo, carinhoso, reverente, que é, simultaneamente, dos sentidos e do sagrado, profundamente pessoal e transpessoal. Isto é um segredo que não se disse às mulheres, que como género aprenderam a detestar a redondez e plenitude do seu corpo, a sentirem-se envergonhadas por causa dos mistérios da menarca, menstruação e menopausa, querem estar anestesiadas quando dão à luz, e ficam horrorizadas ao acordar de sonhos em que abraçaram outra mulher com amor.

Muitas mulheres são iniciadas no íntimo do corpo pela deusa, têm explorado o corpo desta noutra mulher, passe-se isto em sonhos ou em realidade ou em sonhos vividos: tais experiências podem afirmar profundamente que se é mulher e se habita um corpo feminino. Mas também pode confundir e aterrar. O corpo de outra mulher espelha o seu próprio corpo, as fronteiras entre ambos dissolvem-se, e uma união que acompanha a totalidade de ambos os corpos e auras talvez surja, colhendo vagas recordações sensoriais de união mãe-filho, ou ser a primeira vez que esse arquétipo é sentido. A experiência de outra mulher pode permitir a determinada mulher tornar-se numa pessoa activamente sensual, quando antes tinha sido passiva , ou reactiva apenas, nas suas respostas. Seja em sonhos (onde o significado simbólico também precisa de ser explorado) ou na vida, a encarnação como mulher sexual e sensual dá resultado se a mulher aceitar a faceta amante de si mesma: acontece o contrário se ficar apavorada, convencida de que é pecadora, pervertida e deve suprimir a sensualidade.

Acontece haver confusão acerca da orientação sexual: tem e, contudo, não tem absolutamente nada a ver com a orientação sexual.”

Continuar a ler na página 113 em TRAVESSIA PARA AVALON de J. Shinoda Bolen