O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 25, 2021

O SILÊNCIO



 A LINGUAGEM E O SILÊNCIO…

“A linguagem transmite os pensamentos de quem fala, mas não podemos apreender o sentido subtil das palavras a menos que deixemos cair todas as ideias preconcebidas e escutar sem a interferência das nossas próprias opiniões, que impedem a compreensão. Assim, o silêncio é muitas vezes o melhor meio de comunicação. (...)

Em cada instante, cada pensamento e cada gesto modificam a trama invisível sobre a qual o destino tesse a sua evolução, que, conscientemente ou não, nós preparamos para nós.”  

In La voie chamanique de l’abeille  - Simon Buxton

sobre a amizade..





DA AMIZADE...

"É um erro desejar ser compreendido antes de se ser elucidado por si mesmo a seus próprios olhos. É procurar prazeres na amizade, e não méritos. É qualquer coisa de mais corruptor ainda do que o amor. Venderias a tua alma por amor.

 Aprende a repelir a amizade, ou melhor, o sonho da amizade. Desejar a amizade é um grande erro. A amizade deve ser uma alegria gratuita como as que a arte ou a vida oferecem. É preciso recusá-la para se ser digno de a receber: ela é da categoria da graça («Meu Deus, afastai-vos de mim...»). É dessas coisas que são dadas por acréscimo. Toda a ilusão de amizade merece ser destruída. Não é por acaso que nunca foste amado... Desejar escapar à solidão é uma cobardia. A amizade não se procura, não se imagina, não se deseja; exercita-se (é uma virtude). Abolir toda esta margem de sentimento, impura e enevoada. Schluss!

Ou melhor (pois não é necessário desbastar-se a si mesmo rigorosamente), tudo o que, na amizade, não passe por alterações efectivas deve passar por pensamentos ponderados. É absolutamente inútil privar-se da virtude inspiradora da amizade. O que deve ser severamente proibido, é sonhar com os prazeres do sentimento. É corrupção. E é tão estúpido como sonhar com a música ou com a pintura. A amizade não se deixa afastar da realidade, tal como o belo. E o milagre existe, simplesmente, no facto de que ela existe. Aos vinte e cinco anos é mais que tempo de acabar radicalmente com a adolescência..."

Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'


O QUE EU PENSO DAS AMIZADES...

Há muitas pessoas que pensam que são aquilo que pensam...julgam que são o que de melhor pensam de si...exibem qualidades infinitas sem ver que na realidade são exactamente o contrário do que fazem, do que pensam e dizem que são... e assim também idealizam as amizades ou até o amor...
Essas pessoas na verdade são enfermas, digo carentes, e projectando nos outros o que desejariam que fossem...O desamparo e a busca de um suporte maternal amoroso, todos os seres humanos sofrrem mais ou me nos disso... e por causa disso todos os seres humanos vivem de expectativas e assim se criam os equívocos quantos não diria mesmo os quase crimes que se cometem  de lesa integridades e outras sandices sobre os outros que dizemos amar quando afinal é a nossa solidão carência necessidade ou obsessão que nos ensandece. Todos os sentimentos nos projectam para os amantes e amigos que idealizamos o que nos torna doentes ou dementes... Na verdade mentimos para nós mesmas e quase todos o fazemos de uma maneira ou de outra; eu não fujo ao caso, nem aos estados mais ou menos patológicos que nos atravessam pois esse amor não é mais do que uma doença universal! 
Porque no fundo penso que as pessoas apenas se usam umas as outras e são "boas" enquanto as outras servem os seus intentos, mas quando não correspondem às suas expectativas, a decepção a frustraçao, leva-as à paranoia e ai  começam por tratá-las mal acusando-as disto e daquilo. Quase toda gente faz o mesmo. No meu caso e agora que já sou velha e pouco amável...embora tenha sido sempre  céptica de amores e das amizades...na verdade é que nunca acreditei que me amassem. Sendo contudo uma pessoa  cordial e até afectiva com os demais mas já não espero nada de ninguém. Agradeço quando aparecem pessoas bem intencionadas e até me ajudam, mas sei que me vão cobrar mais tarde ou mais cedo.
Hoje também sei que eu  não tenho nada para dar...unicamente dou atenção verdadeira e humana a quem me olha nos olhos sinceramente, sem esperar nada em troca, porque não me iludo já com nada nem ninguém. As amizades como tudo na vida são efêmeras e circunstanciais. Acontecem como por acaso. Os ENCONTROS DE ALMA esses já são diferentes porque não tem tempo nem espaço. Valem-nos como por milagre. São uma centelha divina, uma promessa de vida e de um outro mundo possivel, algures mas não neste mundo!
rlp

quarta-feira, fevereiro 24, 2021

UMA VISÃO LÚCIDA




UMA VISÃO LÚCIDA...e desmistificadora!

"Não pretendo negar, em geral, a existência de profetas autênticos mas, por cautela, começarei duvidando em cada caso individual; o assunto é sério demais para que se aceite, levianamente, alguém como um verdadeiro profeta. Se for este o caso, ele mesmo lutará contra toda pretensão inconsciente a esse papel. Portanto, se num abrir e fechar de olhos aparecer um profeta, seria melhor pensarmos num possível desequilíbrio psíquico.
Mas além da possibilidade de converter-se em profeta, há outra alegria sedutora, mais sutil e aparentemente mais legítima: a alegria de ser o discípulo de um profeta. Esta técnica é ideal para a maioria das pessoas. Suas vantagens são: o odium dignitatis, isto é, o da responsabilidade sobre-humana do profeta, que é substituído pelo otium indignitatis, que é muito mais suave. O discípulo é indigno; senta-se modestamente aos pés do "Mestre" e se protege contra os próprios pensamentos.

A preguiça mental torna-se uma virtude; pelo menos, é possível aquecer-se ao sol de um ser semidivino. Pode desfrutar do arcaísmo e infantilismo de suas fantasias inconscientes sem esforço algum, pois toda a responsabilidade é deixada ao Mestre. Através da divinização do Mestre, o discípulo se exalta, aparentemente sem que o perceba. Além disso, não possui a grande verdade (que, naturalmente, não foi descoberta por ele), recebida diretamente das mãos do Mestre? É óbvio que os discípulos sempre se unem com solidariedade, não por laços afetivos, mas com o propósito de confirmar suas próprias convicções, sem esforço, engendrando uma atmosfera de unanimidade coletiva.

Há, porém, uma forma de identificação com a psique coletiva, que parece muito mais recomendável; alguém tem a honra de ser um profeta, assumindo desse modo uma perigosa responsabilidade. Outro indivíduo, por seu lado, é um simples discípulo, administrador do grande tesouro que o Mestre alcançou.
Sente toda a dignidade e o peso de uma tal posição e considera uma obrigação solene, ou mesmo uma necessidade moral, denegrir todos os que pense diferentemente; sua preocupação é fazer prosélitos e iluminar a humanidade, tal como se ele mesmo fosse o profeta."

Carl Jung - O eu e o inconsciente

segunda-feira, fevereiro 22, 2021

A LUCIDEZ DO FILOSOFO Giorgio Agamben



Giorgio Agamben, filósofo:

"Pretendo chamar a atenção para a transformação que estamos a testemunhar, na vida social e política, em que um aparelho ideológico explicitamente totalitário opera através da instalação de um terror sanitário puro e simples, duma espécie de religião da saúde, transformando o estado de excepção numa prática cada vez mais normal, que, a continuar assim, acabará por liquidar a democracia parlamentar”.

“Limitou-se, sem motivo, o primeiro dos direitos do homem, o direito à verdade, através duma gigantesca operação de falsificação da verdade: fornecer os números sobre a epidemia de maneira genérica e sem nenhum critério científico, dando o número de mortos sem os comparar com a mortalidade anual no mesmo período e sem precisar a causa real da morte não faz sentido nenhum.”

“Para decidir aplicar medidas tão radicais de suspensão dos direitos fundamentais, as autoridades deveriam primeiro ter explicado ao povo, com uma exactidão extrema, todos os dados do problema e só depois, com controlo democrático, aplicar determinadas medidas cuja eficácia deveria ser monitorizada e avaliada diária publicamente.”
“Como foi possível que países inteiros tenham sucumbido, ética e politicamente, em face duma simples doença?”

“Criou-se intencionalmente uma gigantesca vaga de medo, causada pelo ser mais pequeno que existe, vaga de medo, essa, que as potências do mundo guiam e orientam, em função dos seus fins.
Assim, num círculo vicioso perverso, a limitação da liberdade imposta pelos governos é aceite em nome do desejo de segurança, desejo esse, criado pelos mesmos governos que agora intervêm para o satisfazer.”
“Uma das consequências ético-políticas não negligenciável, do estado de emergência é a abolição pura e simples do espaço público, uma vez que as medidas decretadas nos obrigam de facto a viver num estado de guerra. Mas uma guerra onde o inimigo é invisível e pode estar escondido em cada um dos outros seres humanos, é a mais absurda das guerras.”

“Em nome, não duma prova científica partilhada por todos os especialistas, mas dum fideísmo científico que, negando todas as fés religiosas, se apresenta como uma verdade absoluta que exige dos homens que não acreditem em mais nada a não ser na sua existência biológica pura (separada da vida afectiva, cultural e espiritual), a qual deve ser salva a qualquer preço, assistimos, nos últimos meses a um paradoxo que consiste em suspender a vida, para a proteger.”

“Como é possível aceitar que, em nome dum risco nunca especificado, pessoas que nos são queridas, e seres humanos em geral, morram sós e os seus corpos sejam incinerados sem funerais – coisa que nunca tinha acontecido, ao longo da História, desde Antígona até hoje.”
“Para instalar um estado de alarme generalizado e, em seguida um pânico colectivo, que tornou todos os demandos aceitáveis, foi necessário espalhar o terror sanitário através de um aparelho mediático unânime e sem falhas; e, deste modo, foi possível verificar que, em razão do medo da morte, as populações estão dispostas a aceitar limitações da sua liberdade que jamais tinham sonhado tolerar, nem durante as duas guerras mundiais, nem debaixo de ditaduras totalitárias. Tratou-se da mais longa suspensão da legalidade de que há memória sem que os representantes do povo tenham objectado o que quer que fosse.”

“Este período ficará na história do mundo como um dos períodos mais vergonhosos e os seus dirigentes e governantes como dos mais irresponsáveis e eticamente inescrupulosos.“

“Os poderes do mundo decidiram usar o pretexto duma pandemia – pouco importa se real ou simulada – para mudar de alto abaixo o paradigma da forma como governam os homens e as coisas.”
“A pandemia demonstrou sem sombra de dúvida que, para o poder, o cidadão se reduz à sua existência biológica.”
“Agora que os cidadãos não têm um direito à saúde mas são juridicamente obrigados à saúde assiste-se à implementação de um novo paradigma de biossegurança. Fica a dúvida se uma tal sociedade ainda se poderá definir como humana, ou se a perda das relações sensíveis, - dos rostos, das amizades, do amor - pode ser compensada por uma segurança sanitária abstracta e muito provavelmente, completamente fictícia.”

Giorgio Agamben


domingo, fevereiro 21, 2021

A ALMA APRISIONADA



A ALMA APRISIONADA




"Aprisionada num corpo embriagado, a alma atordoada, sem absolvição nem o mapa que a levaria a Deus, permaneceu como um cão junto ao cadáver que esfriava no juncal.

Nestas condições, a alma fica cega e desamparada. Regressa teimosamente ao corpo, porque não conhece outro modo de existência. Ainda assim, sente saudade do país donde é proveniente, onde sempre estivera e de onde fora impelida para o mundo da matéria.. Lembra-se desse mundo e recorda-o, lamenta e anseia, mas não sabe como voltar para lá. É levada por ondas de desespero. E, nessas ocasiões, abandona o corpo já em decomposição e, por iniciativa própria, procura o caminho. Vagueia pelas encruzilhadas, pelos carreiros, tenta apanhar boleia nas estradas. Assume formas diferentes. Entra no interior dos objectos e dos animais, às vezes chega a entrar em pessoas inconscientes, mas já não consegue aquecer nenhum lugar.
No mundo da matéria é uma expatriada e no mundo dos espíritos também não é bem-vinda. Aliás, para entrar no mundo dos espíritos precisa de um mapa."


CRIAR - RECONCILIAÇÃO ENTRE A MATÉRIA E O ESPÍRITO

"Imaginar é, no fundo, criar, é lançar uma ponte de reconciliação entre a matéria e o espírito. Sobretudo quando é praticado com frequência e intensivamente. Nessas ocasiões, a imagem transforma-se em gota de matéria e junta-se aos fluxos da vida.
Às vezes, pelo caminho, distorce-se e muda. Por isso, todos os desejos humanos, caso sejam suficientemente fortes, se realizam.Todavia, nem sempre se realizam até ao fim, tal como esperado."

OLGA TOKARCZUK, in "Outrora e Outros Tempos"
Texto original polaco: 1992
1ªedição em português: Junho 2020, Cavalo de Ferro

sexta-feira, fevereiro 19, 2021

Dizia Jung -a libido era mais do que simples energia sexual...





 O ESPECTRO DO FEMININO:  DO SAGRADO AO PROFANO 


“(…) S. traz, em suas manifestações conscientes, clara identificação com o arquétipo de Deméter, a deusa maternal. Em contrapartida, em seus sonhos, aparece o arquétipo de Afrodite, a deusa do amor. Tal aspecto é confirmado pelo fato de S. manifestar grandes dificuldades em conciliar seus impulsos maternais e eróticos. Da análise dos sonhos e discurso da paciente, estabeleceu-se com clareza a díade Deméter-Afrodite, Lilith-Eva, reforçando a idéia da cisão do feminino em S. Segundo CORBETT (1990), o mesmo díptico aparece na mitologia cristã, entre a Virgem Maria e Maria Madalena. A Virgem Maria é a idealização da feminilidade, pessoa de absoluta pureza sobre a qual não há sombra de pecado. Sua primeira associação é com o filho, que é sacrificado; o papel de Maria como esposa e mulher é insignificante. No lado oposto, está Maria Madalena, o lado sexualizado da díade, como figura feminina com quem as mulheres podem se relacionar sem trair sua natureza essencial. Sua imagem, como o da prostituta sagrada, é capaz de encerrar todos os aspectos dinâmicos e transformadores do feminino - paixão, espiritualidade e prazer. Através dela, a Grande Deusa, vive no cristianismo. Da mesma maneira as mulheres do mundo patriarcal, as modernas Evas, frequentemente encontram sua natureza Lilith no espelho, isto é, na sua reflexão narcísica. A mulher precisa ficar atenta a seus próprios valores naturais, unir Lilith a Eva, e viver o eterno ciclo de alternância entre estes opostos. Esta divisão entre o sagrado consciente (identificado com Deméter, Eva e a Virgem Maria) e o profano inconsciente (representado por Afrodite, Lilith e Maria Madalena), tornam o feminino consciente de S. unilateral e portanto neurótico. (…)

Pela imensa dificuldade de integrar seu feminino, o consciente da paciente tende a chamar para si o rapto e a violência pois, aquilo de que ela se defende e que constitui o oposto de sua atitude consciente, não lhe dará sossego e a perturbará até que seja aceito. 
Segundo JUNG (1995), a única pessoa que escapa da lei sinistra da enantiodromia* é aquela que sabe como se afastar do inconsciente, não reprimindo-o - porque neste caso o inconsciente haverá de atacá-la pelas costas - mas, colocando-o claramente à sua frente, como aquilo que ela, a pessoa, não é. Esta atitude permitiria, por um lado, despojar o ego da falsa cobertura da persona, e por outro, do poder de sugestão das imagens primordiais, o que para Jung representa o objetivo do processo de individuação. A moralidade judaico-cristã tem, de forma direta ou indireta, influenciado poderosamente as atitudes com relação ao feminino. Esta visão convencional relega o feminino ao exílio, negando o instinto, o sentimento e dissocia a maternidade da sexualidade. Este legado milenar de cisão interna toca indiscriminadamente a todas as mulheres, destituindo-lhes de identidade como tal. Mulheres eternamente em busca de si mesmas, com a única e suprema pretensão de serem apenas o que lhes é inalienável por herança genética, por direito e por justiça: serem mulheres na mais profunda e plena acepção da palavra.” 


*Enantiodromia é um conceito introduzido na psicologia pelo psiquiatra Carl Gustav Jung no qual a superabundância de qualquer 'força' inevitavelmente produz o oposto do que é expectativado. É de certo modo equivalente ao princípio de estabilidade no mundo natural, onde qualquer extremo vem a ser incompatível com a idéia de equilíbrio, tal como esse conceito é entendido. 
Jung o utilizou particularmente para se referir à ação inconsciente, conflitante com os desígnios da mente consciente. ("Aspectos da Masculinidade",capítulo 7). Wikipedia 


Ana Carolina Silva Freire Elisa Maria Chab Billwiller 
Márcia Helena Mendonça
 
Copiado de A DEUSA NO CORAÇÃO DA MULHER de Luiza Frazão
 

quinta-feira, fevereiro 18, 2021

há dez anos atrás...




VÁRIOS IN TERVENIENTES NUM DIÁLOGO SOBRE SOFIA...
Dois deles já falecidos...

Fala-se em filosofia em princípios fundamentais...mas esqueceu-se Sofia, um dos princípios, o feminino e só o masculino, princípio dos princípios fica, a teologia ou deus...mas sem os dois princípios, masculino e feminino não há harmonia...assim falta a filo...A Sofia...ou seja, a Sabedoria inata do coração, ficando só a razão do princípio masculino, o cérebro...(por que labirinto eu me meti?)



Rosa Leonor Pedro

"A filosofia almejaria o conhecimento universal, não no sentido de um acúmulo enciclopédico de todos os fatos e processos que se possam investigar, mas no sentido de uma compreensão dos princípios mais fundamentais, dos quais dependeriam os objetos particulares a que se dedicam as demais ciências, artes e ofícios. Aristóteles considera que a filosofia, como ciência das causas e princípios primordiais, acabaria por identificar-se com a teologia, pois Deus seria o princípio dos princípios" (Wkp.)


Carla Salgado

Filo, em grego antigo, significava, não amizade como traduzem agora, mas um amor louco, uma mania, obsessão, uma doença de amor...pela tal de Sophia
tb Platão, no Fedro a denomina como mania, estado febril e obssessivo, e junta-a às outras 3 doenças divinas: a mania mântica (das pitonisas), a erótica, a poética... estados q requerem tudo menos sentimentos normalizados...são digamos...uma intensidade, ou fúria persistente...



Rosa Leonor Pedro

Salvaste-me deste labirinto...e viva a loucura ou Paixão de Sofia...a Musa a Rainha a Deusa que todos os poetas verdadeiros procuram e que os teólogos quiseram ignorar...assim como Platão e o seu elogio do efebos...O medo que ele tinha das mulheres...nós o pagamos ainda...ai Diotima Diotima...


Carla Salgado

Nos primeiros textos gnósticos, o corpo de Sophia é toda a manifestação, a totalidade dos Universos , Mater Matriz Matéria Madeira --- mas que belo corpo....
em texto mistéricos ela é representado por uma bela mulher de longuíssimos cabelos (louros)que se apresenta de costas...não se vê o rosto (Rosinha desculpa pôr-me aqui a palrar;))



Rosa Leonor Pedro

adoro...continua...minha filo...sofia...


*Jose Ferreira de Melo

Em seguida (outro) (princípio) veio do (Homem) Imortal, que é (chamado) (Gerador) "Auto-aperfeiçoado". (Quando ele recebeu o consentimento) do seu (consorte), (a Grande Sophia, ele) revelou (que o andrógino unigénito), (é chamado) "(Filho) Unigénito (de Deus)." O seu aspecto feminino (é) Sophia (a Primeira)-gerada, (Mãe do Universo)", que alguns chamam "Amor". Ora, o Unigénito, como ele deriva (sua) autoridade do seu (pai), Ele criou anjos, infindáveis miríades, como comitiva. Toda esta multidão de anjos é chamada "Assembleia dos Divinos, as Luzes Sem Sombra". Quando estes se cumprimentam, os seus abraços tornam-se anjos como eles.
Sophia a Geradora de Tudo.' Alguns chamam-na de 'Pistis'.
Então o Salvador consentiu com a sua consorte, Pistis Sophia, e revelou seis seres espirituais andróginos que são do tipo daqueles que os precederam. Os seus nomes masculinos são estes: primeiro, "Não-gerado"; segundo, "Auto-Gerado"; terceiro, "Gerador"; quarto, "Primeiro Gerador"; quinto, "Gerador de Tudo"; sexto, "Arqui-Gerador". Os nomes femininos também são estes: primeiro, "Sophia Totalmente Sábia"; segundo, "Sophia Mãe de Tudo"; terceiro, "Sophia Geradora de Tudo"; quarto, "Sophia, a Primeira Geradora"; quinto, "Sophia Amor"; sexto, "Pistis Sophia".
*(Extrato de um texto apócrifo denominado: "SOPHIA de JESUS, O CRISTO". Encontrado na Biblioteca de Nag Hammadi, descoberta em 1945 no alto Egito, e também presente no Códex de Berlim - encontrado no séc. XIX.)


*António Filipe Nunes Morais

Ora aqui está uma bela explicação " filoteosofa" forjada por mentes brilhantes para mentes brilhantes. Pudera eu abarcar isto tudo na minha pobre mente analítica e dar-me completamente por satisfeito, senão procurar na mente subtil vivenciar isto e ver a impossibilidade de a aceitar ou rejeitar. Bem haja pelo seu comentário.

 
Tais Coelho

O poder da sabedoria de Shopia é o conhecimento intrínseco da alma das coisas, algo que exige muito mais do que o intelecto e sim a capacidade de "ver através do véu", como exigiam as trovas e os cantos de menestreis e bardos, poesias repletas de simbolos e rimas( simbolos e sons são a linguagem do nossa mente holistica, hemisferio direito do cerebro).O conhecimento patriarcal decidiu dissecar os simbolos(o mundo) e traduzi-los de forma coesa e objetiva, a realidade nesta ótica é claro fria, insubstâncial e sem graça, porém possibilitou a ascensão da lógica, a criação de regras e normas estabelecidas, dai em diante o saber passa a ser um territorio seguro, calculado e uma arma "solida" para comandar a multidão. O saber de Shopia e seu mundo envolvente, fascinante e inspirador que perpassa fronteiras estabelecidas, foi brutalmente ignorado, porque com ela não existe fronteiras, ela nos liberta do obvio, dela que brota insights de genios, que ousaram romper com as regras estabelecidas como qdo Einstein se deparou com a sua teoria da relatividade e um mundo não mais material e fixo como a regra antes estabelecida por Newton, dela brota sinfonias, poesias(como experimentam artistas e musicos com seu hemisferio direito mais atuante) e um universo harmonico, multidimensional (como descoberto pela fisica quântica) onde precisamos exercitar nossa capacidade de ir além...Shopia derrama sobre nos o balsamo do poder de entender(masculino) e sentir(feminino) uma realidade subjacente.


*António Filipe Nunes Morais

Para meu contentamento daí me me focalizar com a mente subtil que me deixa vivenciar esse estado de prazer e delícia, que sei depois não ser capaz de o descrever e quando tentado perde a clareza e a beleza de aí estar, sentindo...
 

Rui Couto

um labirinto que afinal já o não é...bom trabalho este...obrigado

quarta-feira, fevereiro 17, 2021

a nossa alma neste mundo...



A HOSTILIDADE RESULTANTE DO ESPÍRITO RELIGIOSO 

"Jung condena a consciência apocalítica, em qualquer das suas múltiplas variações, como uma convicção infantil e insustentável de que é melhor fugir ou acabar com o mundo de que enfrentar as tensões e as contradições que envolvem a nossa vida neste mundo. A aversão pela vida e suas vicissitudes e a hostilidade resultante do espírito religioso contra o oponente e o contraditor, latentes em toda a literatura, precisam de ser vistas como expressões de ódio que de facto são. Elas precisam de ser superadas em nome da empatia mais abrangente. Jung exprime sua própria rejeição de uma unilateralidade desesperada até mesmo em relação às imagens apocalípticas cristãs da Nova Jerusalém e dos esponsais do Cordeiro..."

in Amor, Celibato e Casamento Interior
John P. Dourley


SOMOS PARADOXAIS... 

"Passar da oposição (sempre uma discórdia) para o paradoxo (sempre sagrado) é dar um salto de consciência. Esse salto transporta-nos através do caos da meia idade e dá-nos uma visão que ilumina os dias que nos restam." 

In "OWNING YOUR OWN SHADOW" Robert A. Johnson


A mulher nua olha para o horizonte...



"A mulher nua olha para o horizonte. O horizonte é uma cortina de palmeiras. Vê uma mancha. É um enxame. De abelhas? Não, deve ser de vespas. Ou de galinhas tolinhas acossadas pela queda de um bago de milho do tecto do celeiro. Mas a mancha vai ganhando altura, forma e movimento dos fantasmas. Uma mancha que levanta uma nuvem de pó, como uma manada furiosa, pisando solo seco. Da mancha falante ela ouve sons demolidores como dragões subterrâneos a comandar temores de terra. Sons que lhe diziam coisas. Coisas que ela entendia. Outras que não entendia. Sente cheiro de leite. Ouve o choro de uma criança - ah, afinal é um bando de mulheres zangadas. Não compreendia porque estavam ali. Não compreendia aquela procissão, nem aquela zanga. O que queriam elas? Matá-la?O grupo de mulheres furiosas precipita-se sobre ela como aves de rapina ávidas de sangue. Um grupo numeroso. Era o instinto de defesa comandando a marcha. Inquietação. Dentro das mentes assustadas, os mitos surgem como a única verdade, para explicar o inexplicável. Imaginavam as plantas a secar e a chuva a cair e a arrasar todas as sementeiras. O gado a minguar. Os galos a esterilizar, as galinhas a não chocar nem ovos nem pintos.
Aquela presença era o prenúncio do desaparecimento da espécie dos galináceos. Nas curvas da mulher nua, mensagens de desespero.
- Hei, o que fazes ai?
A multidão vê a mulher nua sentada num trono de barro, beira do rio. Na posição de lótus, colocando a sua intimidade na frescura do rio. Vê-lhe o interior desabrochado, como um antúrio vermelho com rebordos de barro. Vê-lhe as tatuagens no seu ventre de mulher madura. Vê-lhe o corpo esguio, pequeno, recheado á frente, recheado atrás, esculpido por inspiração divina. Vê-lhe a pele macia, de café torrado. Os lábios gordos como um tutano, cheios de sangue, cheios de carne. Olhos de gata. Vê-lhe o cabelo e sobrancelhas macias e fartas como novelos de seda, com gotas de água escorrendo sobre as costas, como contas de lagrimas, na grinalda de uma noiva.
- Escandalosa, sai já dai.
Os pés da mulher nua contaram já muitas pedras no caminho. Palmilharam vários destinos á busca de um tesouro. Como uma condenada a caminhar a vida inteira. Atiraram-lhe pedras por todos os lados onde passou. Expulsaram-na com paus e pedras, como um animal estranho que invadia propriedades alheias. As vozes queriam que ela desaparecesse. Mas desaparecer para onde se ela não tinha para onde ir? Compara as pessoas aos chacais, aos abutres. Não vê diferença. Há uma pessoa no abismo pedindo ajuda. A sociedade humana apressa-se a atirar paus e pedras, a pisar a mão com que te expressas por teu ultimo desejo.
A mulher nua levantou a cabeça. Balançava os olhos entre o céu e o horizonte na visão clarividente dos poetas.
- Hei, que fazes ai? – grita uma das mulheres.
- Quem és tu?
Ela olha para a multidão, com os olhos no limbo. Deve estar a ouvir a música do amor. Deve estar a viver paixões secretas que lhe vêm do outro lado do mundo. Talvez veja imagens em movimento. Ou sombras falantes. Dentro dela deve haver sentimentos, pensamentos, vozes, sonhos, histórias, canções de embalar. Que se apresentam numa amálgama, causando-lhe confusão na mente.
- De onde viste?
Ela é solitária. Exila. Estrangeira. Surgiu do nada na solidão das águas do rio. Vindo de lugar nenhum. Os seus pés parecem ter percorrido todo o universo pólo a pólo. Parece que nasceu ali, gémea das águas, das ervas, do milho e das arvores dos mangais. A vegetação pariu um ser.
Raiva e espanto no mesmo sentimento. Bem-aventurados os olhos cegos, que jamais verão a cor do terror inspirado por esta mulher nua. Algumas mulheres protegem os olhos da imoralidade. Da infâmia. Olham para o chão. As profanas rogam pragas em grossos palavrões. As puritanas benzem-se e colocam a palma da mão sobre o rosto como um leque. Fazem de conta que não vêm o que conseguem ver pelos interstícios dos dedos.
- De onde vieste tu?
As mulheres preparam o sermão do momento, feito de moral e ameaças. Ela escuta. Supera as ameaças com um sorriso.
- Quem és tu? – Insistiam as mulheres furiosas.
As pessoas gostam muito de identidades. Chegam a exigir uma certidão de nascimento para uma pessoa presente. Haverá melhor testemunho do que a presença para confirmar que nasci?
- Porque estás nua?
A mulher nua está demasiado cansada para responder. Demasiado surda para ouvir. Desespera-se. Quantas forças uma mulher deve ter para carregar a tortura, a ansiedade e a esperança. Quantas palavras terá a oração da eterna clemência a um deus desconhecido, cuja resposta não virá jamais?
- Usa a tua roupa, desconhecida.
A roupa dela está ali, molhada. Cobrindo os arbustos verdes como um guarda-sol.
- Vá, veste-te já, mulher!
- Mulher, não tens vergonha na cara? Onde vendeste a tua vergonha? Não tens pena das nossas crianças que vão cegar com a tua nudez? Não tens medo dos homens? Não sabes que te podem usar e abusar? Oh, mulher veste lá a tua roupa que a tua nudez mata e cega!
Ela responde com a linguagem dos peixes do rio. Sorri. Olha para o chão. Para o céu. Com brandura. Com candura. Os olhos emanam muita luz e uma miríade de cores. Ela é simpática. Ela é agradável. Tem dentes muito brancos. Completos. Ela é bonita. Tem sorriso de anjo. O que é que ela vê, para além do horizonte?
- Esconde a tua vergonha, mulher.
A imagem de Maria distorce o sentido mágico da nudez das sereias. Parece trazer o presságio da tempestade á flor da pele. Os corações se dilatam de piedade. De medo. Há mensagens escondidas nas linhas nuas do corpo. Nos grãs de areia. Na Via Láctea. Nas barbas do sol. Nas pálpebras da lua. Nas pegadas de um pescador qualquer á beira do rio. Nas rajadas do vento. Esta mulher não veio ao acaso. Mensageira do destino mau.
… Ameaçaram-na. Talvez ela assim tivesse medo e se vestisse. Mas ela acomodava-se ainda mais no seu espaço., sereia rainha em trono de barro. Ela vê os olhos da multidão. Mais escuros do que a noite…Sombras em movimento.
…Mas o exército de mulheres estava de mãos nuas. Confiavam na arma da língua. Da persuasão.
…As vozes da multidão ululam furiosas como uma onda. Era a superstição e o medo aliando-se como fios da mesma corda. Punhados de areia caem no corpo da mulher nua como chuva de granizo. O seu peito incha com a força do medo. Expira ar quente que o vento colhe para o infinito. E dá um mergulho no rio e navega na impulsão das águas, como uma ninfa rolando nas ondas…Já longe, a mulher nua sibila um riso venenoso, que cai como uma espada sobre as lanças do inimigo. E celebra o seu triunfo sobre a multidão.
Ali estava a heroína do dia. Protegida na fortaleza do rio. Num trono de água. Que venceu um exército de mulheres e colocou desordem na moral pública. Que desafiou os hábitos da terra e conspurcou o santuário dos homens.”


“O Alegre Canto da Perdiz” de Paulina Chiziane


A MARCA COM QUE NASCI

UM POUCO DE HISTÓRIA...

Tenho divulgado imagens de mulheres que tiraram fotos com o livro Lilith, a Mulher Primordial, porque não só ajuda a divulgação de um conteúdo importante e premente para todas as mulheres dos nossos dias, como resume e sintetiza todo o meu trabalho e dedicação ao Feminino e ao Sagrado de há mais de 30 anos...
Sinto-me grata ao meu destino por ter sido uma das pioneiras a trazer a Portugal o tema e a PAIXÃO DA DEUSA, através deste Blog e que me guia na vida quase desde que nasci...

Lembro-me que entretanto só em 2001, como podem ver no registo do blog, foi há cerca de 20 canos atrás, que comecei a divulgar o meu trabalho através deste  Blog Mulheres & Deusas, ou Rosa Mater, assim como foi aqui que comecei a divulgar todos os livros importantes de grandes autores e algumas desconhecidas e que me chegavam às mãos que traduzia e copiava avidamente. Foi o amor à Deusa e à Mãe que me impulsionou a editar o meu primeiro livro de poesia dedicado à Mulher em 1996, a que se seguiram mais 3 livros - um 2º de poesia de elegia à grandeza e beleza da mulher, e um 3º com textos e citações e excertos de outros autores - sendo este o 4º e ultimo o que realmente resume bem todo o esforço e trabalho de dedicação profunda à essência da Mulher e à Mãe e a Deusa. Lilith sendo para mim e por fim a Mulher Primordial a acordar na mulher moderna como sua integração plenitude e atrevo-me a dizer salvação...

Mas queria também dizer-vos como nasceu esta ideia das mulheres se associarem na divulgação do livro. Na verdade tudo começou porque a capa do livro (o nu da Mulher) foi sucessivamente censurada pelo facebook e então eu desafiei as mulheres que o liam a publicarem a sua capa como sentissem de maneira a vencer esta estupidez facebookiana e a censura que se anunciava, e queria deste modo AGRADECER A TODAS AS MULHERES que se prontificaram a dar a cara por ele e a fazer fotos suas com ele... e continuarem a fazê-lo!
O meu desejo sincero e sem ego ou vaidade, é de que o livro pela sua mensagem, energia e força genuína chegue a todas as mulheres que se abram a sua revelação. Por mim apenas tenho de agradecer a Vida ter-me permitido escrevê-lo e ao meu editor - o Alexandre Gabriel da Zéfiro - ser um homem sensível e inteligente que o soube acolher e SENTIR Lilith...
A minha gratidão a todas e a todos que me leem do coração. 

Deixo um poema do meu 1º livro

A marca com que nasci..

Senhora da minha alma,
que sou eu diante da imensidão do teu espírito,
neste insondável mistério que é o universo?
Grão de areia ou pó? Não! Sou muito mais...
Eu sou tu e tu és eu, eternamente misturadas numa só.
Tu és o infinito na minha alma
que tanto chorou por ti e agora te canta...
Tu és a luxuria máxima dos sentidos
e a unica esperança, Tu és a Mãe Eterna
e a criança que trás ao mundo o Verbo.
Tu és o Santo Nome da Criação,
o segredo que dá vida ao cosmos.
Tu és a primeira forma e matéria,
inteligente matéria que cresce e o espírito modela.
Tu és o ventre sagrado de onde eu vim,
tu és a primeira porta e a chave do meu coração....
Tu és a minha aura
e a glória da minha história
A marca com que nasci.

in Mulher Incesto, Sonata e preludio
de Rosa Leonor Pedro

MULHERES QUE LEEM LILITH

 



UMA LEITORA DE LILITH, A MULHER PRIMORDIAL - excerto e foto do livro:

"A mulher não pode continuar  a aceitar essa divisão do seu  ser, passando, alternadamente, da imagem da santa para a imagem da vadia e da puta.

Ela tem de unir as duas mulheres em si e não aceitar mais que o homem e a sociedade olhem para ela como se houvesse duas mulheres e não apenas uma.

Ela não pode continuar a dar o corpo a duas mulheres, como quem muda de vestido, ora sendo a mulher fatal – vestida para matar -  ora sendo a mulher maternal que dá a luz."

sábado, fevereiro 13, 2021

ESTAMOS DIANTE DE UMA GUERRA SURDA E CEGA...




AS CIVILIZAÇÕES...
As guerras e os impérios do medo...

"Cada civilização crê que o seu modo de vida é o único bom e o único concebível, que ele deve converter o mundo ou infligi-lo ao mundo; trata-se para ela de um equivalente a uma soteriologia (cristologia) expressa ou camuflada; ou, de facto, a um imperialismo elegante, mas que deixa de o ser assim que a aventura militar passa a acompanhá-lo.
Não se funda um império apenas por capricho. Submetemos os outros para que eles nos imitem, para que eles se moldem por nós, pelas nossas crenças e pelos nossos hábitos; vem a seguir o imperialismo perverso de fazer deles escravos para neles contemplarmos o esboço lisonjeiro ou caricatural de nós próprios."
(...)
in HISTÓRIA DA UTOPIA
Emile Cioran


A ASSINALAR UMA CONJUGAÇÃO ASTROLOGICA, dizem os astrólogos, em tudo semelhante à de 1962 e hoje 11 de fevereiro de 2021, eu lembrei-me de como me marcou essa época e como vivi essa década de sessenta e tudo o que aconteceu mais ou menos cronologicamente de relevante. E revejo como os grandes acontecimentos da época foram projectados, e não os vou enumerar, apenas ver como eles se expandiram e modelaram de algum modo os anos que vieram e em que muitas pessoas - uma crescente classe media culta, artistas e escritores, filósofos, psicólogos e cientistas - que consideravam os nossos tempos modernos em crescente evolução, tempos de liberdade de expressão e de direitos humanos, e que pareciam ou foram anos magníficos e grande descobertas cientificas e tecnológicas. Mas voltando a esse longo período de luta e escuridão vemos como foram feitas coisas boas entretanto - tudo tem sempre os dois lado - e que cresceram a partir desses tempos terríveis, "make peace not war" e isso aconteceu depois das duas guerras e catástrofes e assassínios de grandes homens; mas ao mesmo tempo que se sucederam as coisas mais terríveis, também podemos ver e ter a noção da grandeza e beleza humanas que acabariam por vencer, assim pensávamos nós, que vimos a gerações seguintes florescer nas artes, vimos os cantores, pintores, escritores e músicos renascer e que deram de novo lugar aqueles que viram os seus sonhos de "renascimento" social e cultural, no principio do sec. XX e que sofreram a seguir a 1ª guerra mundial em morreram milhares de seres sob os efeitos desastrosos da guerra e logo a seguir da Gripe espanhola.

Eu nasci no fim da 2ª Guerra Mundial, e como todas as pessoas da minha geração, sofremos primeiro os efeitos do impacto psicológico e material de toda essa destruição e morte; crescemos com o espectro da guerra e das ditaduras terríveis - em Portugal Salazar -, e convivemos com a dor de tantas perseguições e crimes e a visão negra do holocausto dos judeus e da miséria na Europa e das mortes de milhões de seres humanos por nazis ao serviço de Hitler; e contudo enfrentamos tudo o que parecia querer obstruir as nossas vidas para a frente e vivemos alguns progressos e beneficiamos de muita coisa... vimos o fim de algumas ditaduras...

Em Portugal a revolta dos militares no 25 de Abril de 1974 que destronou o Regime salazarento e que tomámos por uma "revolução dos cravos" na verdade foi apenas uma vitória dos militares. O povo apenas foi para a rua gritar sem gloria e até se convenceu de que era livre e tinha direitos a tudo, menos educação ou cultura, na verdade vê-se agora bem, não evoluiu nada... Mas avançamos mesmo assim à custa da União Europeia e de dividas e do turismo, mais, acabávamos de ser descobertos como o melhor destino da europa para os inúteis turistas que como zombies vagueavam pelo mundo já...

...e de repente, do nada, passados mais de 60 anos e quando tudo parecia ir no sentido de uma vida plena, de mais ou menos paz...tudo se desmorona em pleno sec. XXI, à conta de uma Pandemia" viral... e eu que pensava ir ter uma velhice tranquila ...em paz e sossego, dou por mim apavorada com a vacina e outras atrocidades que estão a preparar os Estados e a União Europeia para entregar os Países aos mesmos porcos e maus de sempre e que seguem fielmente a sua Agenda secreta e criminosa.

Grandes dramas se adivinham para a nossa vida agora e a mãos com esta nossa actualidade, esta derrocada de tudo o que havíamos conseguido. Fechou tudo durante meses de CONFINAMNETO e as pessoas aterrorizadas e apáticas deixam-se amordaçar e seguem como cães o que os ditadores dizem. O comercio e a restauraação o turismo e as artes MORREM ...

Vai haver muita luta e muita miséria e fome...

É certo, que já tínhamos as mesmas guerras e destruição de sempre de países e a pobreza horrível no mundo inteiro, sobretudo a oriente e outras tantos crimes contra os seres humanos e o ambiente - crises sociais e climáticas e económicas que nunca cessam -, contudo pensávamos nós, creio eu, que íamos a caminhar para um tempo de justiça e verdade, alguma Paz quando tudo descambou e se virou ou inverteu no pior dos cenários... Uma guerra surda e cega...

A PANDEMIA DO CO-VI-D...izer...

Não foi uma 3ª Guerra que rebentou, nem bombas atómicas mas O TERROR MEDIÁTICO que se espalhou na Terra e o medo de uma Pandemia forçada pelos Governos e pela Economia global e os grandes lideres da finança, que tendo em vista o controlo da População mundial, pôs em curso um RETROCESSO SOCIAL E ECONOMICO sem precedentes, levando a curto prazo a maioria dos países à miséria e a morte... em nome da vida e da saúde! Sim, há um vírus muito chato, muitos virus...e com o frio que esteve na Europa este anos e como todos os anos com as gripes morrem muitas pessoas sobretudo os idosos que vivem em lares sem nenhum amor ou conforto... Mas eles sinistramente contam todos os mortos ...todos os dias estamos sentados diante do Horror da Pandemia mediática, deste crime sem precedentes. A partir daqui e como referi com esta nova Conjunção Planetária, teremos uma década crucial para construir um novo Paradigma, PARA DESPERTARMOS FINALMENTE ao nível da alma e do espirito, ou sermos totalmente esmagados e feitos escravos pela inteligência artificial e a nova ordem mundial. Uma guerra química contra toda a humanidade.
 rlp

Sim, sei que qualquer pessoa que PENSE ou diga aquilo que vê fora do contexto televisivo e estatal, de acordo com a Mafia médica e os falso cientistas é perseguida e considerada negacionista, mas..."não me venham dizer que não são coincidências a mais":

OS "GRANDES"  QUE PROMOVEM ESTA GUERRA
E AS ESTRANHAS  COINCIDÊNCIAS -deixo ao vosso critério...

“O laboratório biológico chinês em Wuhan pertence à Glaxosmithkline que (por acaso) é dona da Pfizer!" (aquele que produz a vacina contra o vírus que (coincidentemente) começou no Laboratório Biológico de Wuhan, que (coincidentemente) foi financiado pelo Dr. Fauci que (coincidentemente) promove a vacina! "GlaxoSmithKline (por coincidência) é gerenciado pela Black Rock finance que (por coincidência) administra as finanças da Open Foundation Company (Soros Foundation) que (por coincidência) atende a AXA francesa! "Coincidentemente Soros é dono da empresa alemã Winterthur que (por coincidência) construiu o laboratório chinês em Wuhan e foi comprado por German Allianz que (coincidentemente) tem a Vanguard como acionista que (coincidentemente) é acionista da Black Rock, que (coincidentemente) controla bancos centrais e administra cerca de um terço do capital de investimento global. ”Black Rock (coincidentemente) também é uma grande empresa acionista da MICROSOFT, de propriedade de Bill Gates, que (coincidentemente) é acionista da Pfizer (quem - você se lembra? a vacina milagrosa) e (por coincidência) é atualmente o primeiro patrocinador da OMS! Agora você entende como um morcego morto vendido em um mercado húmido na China infectou TODO O PLANETA! "


O QUE QUER A MULHER?




UMA LUCIDA E PERTINENTE CRITICA A FREUD...

“Aqui fica uma grande incógnita que não consegui descobrir, mesmo após 30 anos de estudos sobre a alma feminina: o que quer a mulher?” Freud

*Marthe Robert sobre Freud:

"... a heróica trivialidade da sua aula."

"Freud tanto me importa como homem como escritor, assim como odeio a sua doutrina, cujos exageros monstruosos me deixam enjoado.
Freud tinha muito espírito e muito pouco humor. Quer dizer que ele não tinha distância suficiente da sua obra. Ele é um profeta, o chefe de uma seita, um reformador 'religioso'. Ele confundiu constantemente a sua tarefa com a verdade, em detrimento desta. É inimaginável uma mente menos objectiva, entre os homens da ciência naturalmente. Ele tinha algo do fanático, do homem da antiga Aliança."


*Marthe Robert, née le 25 mars 1914 à Paris où elle est morte le 12 avril 19961, est une critique littéraire française.

sábado, fevereiro 06, 2021


Maravilhoso livro a redescoberta do feminino do ser verdadeiramente mulher, uma viagem interna mágica

Ana Catarina Muglietti

A LÚCIDA VISÃO DE OLGA TOKARCZUK



A VOZ AUTÊNTICA DAS MULHERES

“É por isso que os tiranos de todos os matizes, servos infernais, têm um ódio tão arraigado pelos nómadas - é por isso que perseguem os ciganos e os judeus e obrigam todos os povos livres a se estabelecerem, atribuindo-lhes os endereços que servem como sentenças.
O que eles querem é criar uma ordem congelada, falsificar a passagem do tempo. Querem que os dias se repitam, imutáveis, querem construir uma grande máquina onde cada criatura seja forçada a tomar o seu lugar e a realizar falsos actos. Instituições e escritórios, selos, boletins informativos, a hierarquia e classificações, graus, aplicações e rejeições, passaportes, números, cartões, resultados de eleições, vendas e acumulação de pontos, coleta, troca algumas coisas por outras.
O que eles querem é localizar tudo no mundo com a ajuda de códigos de barras, rotular todas as coisas, deixar claro que tudo é mercadoria, que isso é quanto lhe vai custar. Que esta nova língua estrangeira seja ilegível para os humanos, que seja lida exclusivamente por autómatos, máquinas. Assim, à noite, nas suas grandes lojas underground, eles podem organizar a leitura da sua própria poesia em código de barras.
Move-te. Vai em frente. Bendito seja aquele que parte. ”

(tradução de Mariana Inverno )


“This is why tyrants of all stripes, infernal servants, have such deep-seated hatred for the nomads - this is why they persecute the Gypsies and the Jews, and why they force all free peoples to settle, assigning the addresses that serve as our sentences.
What they want is to create a frozen order, to falsify time's passage. They want for the days to repeat themselves, unchanging, they want to build a big machine where every creature will be forced to take its place and carry out false actions. Institutions and offices, stamps,newsletters, a hierarchy, and ranks, degrees, applications and rejections, passports, numbers, cards, elections results, sales and amassing points, collecting, exchanging some things for others.
What they want is to pin down the world with the aid of barcodes, labelling all things, letting it be known that everything is a commodity, that this is how much it will cost you. Let this new foreign language be illegible to humans, let it be read exclusively by automatons, machines. That way by night, in their great underground shops, they can organize reading of their own barcoded poetry.
Move. Get going. Blessed is he who leaves.”


― Olga TOKARCZUK, in "Flights"
Prémio Nobel da Literatura 2019


A VIA DO CORAÇÃO



 

Estas palavras revoltarão os falsamente piedosos e os ignorantes...

"A piedade é um reflexo pessoal diante da dor do outro apreciada pelo eu (pequeno); é a reacção do humano (inferior) que receia por si mesmo ter uma dor semelhante, ou então é a condescendência do benfeitor que se desculpa, por esse gesto de ser privilegiado.
Em todos os casos, é a impressão relativa da sua própria sensibilidade, uma apreciação pessoal (egoica).
Como é que o homem ignorante poderia decifrar a multiplicidade das causas e dos efeitos? Os senhores da compaixão que oferecem a sua beatitude para minorar o sofrimento humano, não tirariam a ninguém as provas (lições) necessárias para a sua evolução.
Estas palavras revoltarão aqueles que fazem parte “deste mundo”, porque eles praticam a piedade a fim de eles mesmos beneficiarem dela directamente (paga pelo bem que fazem). É por isso que é importante diferenciar a piedade arbitrária e a falsa caridade do altruísmo compassivo e desinteressado."




O LIVRE ARBITRIO...

"Na realidade, esse livre arbítrio não é senão a possibilidade de escolha entre obedecer ao chamado do reino (consciência) superior ou a obediência à lei do animal humano ao qual pertence o seu ser (consciência) inferior.
De acordo com a sua submissão a uma ou a outra destas directrizes, ele pode elevar a sua consciência ao sobre-humano ou sofrer a lenta evolução do animal humano.
(…)
Quanto ao altruísmo causado por um sentimento real de solidariedade provocado pelo sofrimento de alguém, pode haver duas fontes. A primeira é a consciência instintiva da solidariedade da espécie (animal e humana): é o altruísmo do animal e o do ser humano que escutam a sua consciência inata. A outra fonte, que é a consciência da solidariedade espiritual da Humanidade, é um grau superior deste altruísmo quando totalmente isenta de egoísmo, e que é a mais alta compaixão, impessoal e desinteressada. A “Via do Coração” é a que conduz directamente a ela.”
(…)
ISHA SCHWALLER DE LUBICZ – IN L’ OUVERTURE DU CHEMIN


MULHERES QUE LEEM LILITH, A MULHER PRIMORDIAL

 


Ola boa tarde! Finalmente consegui escrever o texto mas em ingles, consigo me expessar melhor . O Português não e a minha lingua materna....

 

Being a woman I was already intrigued about Lilith’s persona when I found out about her in the last years; seeing this book at the book store was like a big “yes” to my call  of wanting to know more. I am thrilled that  it came to me as it helped me understand things I had already felt and had not been able to express with words as well as realize about other aspects about woman’s oppression that I had not even thought about. It is a must read for every woman as I believe it is an eye opener and also for men  to understand where many women come from, it is not from hate but from wanting to be able to be us in our pure essence and not be censored, judged or even hurt. Thanks to Rosa Leonor Pedro I can now put into words what I already felt, I will for sure share it with my circle of woman and men so we can all help each other be that 100% that we already are.

(Loirinha Africana)


TRADUÇÃO 
(Elisa Soares)

"Enquanto mulher, intrigava-me já a persona de Lilith quando a descobri nos últimos anos; ver este livro na livraria foi um grande “sim!” em resposta a minha chamada de querer saber mais. Estou entusiasmada que me tenha aparecido, enquanto me ajudava a compreender coisas que eu já sentira e que não era capaz de expressar em palavras, bem como acerca de outros aspetos da opressão da mulher, de que nem sequer me tinha apercebido. Trata-se de um livro a ler necessariamente por cada mulher enquanto suscetível de nos abrir os olhos, e também para os homens compreenderem de onde veem as mulheres; não vimos do ódio mas de querermos ser capazes de sermos nós próprias, na nossa pura essência, e não ser censuradas, julgadas ou feridas. Graças a Rosa Leonor Pedro  posso agora por em palavras o que já senti, certamente o partilharei com o meu círculo de mulheres e homens, a fim de nos ajudarmos mutuamente a ser os 100% que já somos."

sexta-feira, fevereiro 05, 2021

MULHERES QUE LEEM LILITH, A MULHER PRIMORDIAL

 



Seu livro tem sido minha companhia nestes últimos tempos...Tem me revirado as entranhas ...Tanta sombra , tanto medo de mim mesma, tanta sensibilidade ... Sinto-me perdida...Enfim que faça parte do meu processo de transformação...Tanta ferida com a Mãe para olhar e sentir...Que Lilith crie esse despertar profundo na minha psique de Mulher...

Muito obrigada por ser inspiradora…

Acredito que partilhas entre mulheres ajudam a curar as nossas feridas do feminino...

Acho que deixo de ser a leitora anónima do seu blog...

Deixei um comentário há alguns dias atrás no seu blog e esqueci de assinar ...

Por isso aqui vai...Meu nome é Carla Cristina Macedo e foi uma honra ter o privilégio de a conhecer apenas um pouco através de sua escrita que tanto admiro...

Um bem-haja para Mulheres inteiras que nos inspiram a resgatar o nosso verdadeiro feminino ...

Parabéns pelo seu trabalho

segunda-feira, fevereiro 01, 2021

UMA VISÃO LUCIDA




PORTUGAL ANTES DA PANDEMIA

"Antes da pandemia, Portugal era um mero exercício de politica e escravidão. A liberdade humana passou a estar dependente do dinheiro. O amor já tinha sido morto e a amizade ia pelo mesmo caminho. O sexo tinha sido banalizado e usado como moeda de troca. As pessoas viviam para pagar contas e sobreviver. Não existia respeito algum, nem valores. Quem os apregoasse era um lunático que tinha parado no tempo. A hipocrisia e o socialmente correcto tornaram-se formas de viver na sociedade. O parecer, valia mais que o ser. Existiam os espertos que eram, os que faziam tudo por dinheiro e os burros que eram os restantes. Ia-se para a política para se ter tacho. As crianças e adolescentes viviam em torno de um telemóvel e de um computador. Os pais despachavam-nas sempre que podiam, porque davam muito trabalho a aturar. Os idosos eram largados em lares sem quaisquer condições, esperando ali a morte. Ou então, aguardavam nos bancos do jardim que a morte viesse um dia. As famílias eram desunidas e até lutavam no seu próprio seio. Existia, cada vez mais, corrupção, ilegalidade e abusos de todo o género. Já se vivia num cenário pré-apocalíptico e ninguém fazia nada. Ano após ano, tudo piorava. No entanto, sempre acreditei que assim seria até à progressiva destruição de todos. Seria óbvio que, o caos fosse cada vez mais progressivo até que fosse o fim de todos.
Mas não, foi lançado este plano mundial com o pretexto de uma pandemia. Assim, eles próprios romperam com o próprio sistema social errático e completamente a seu favor. Estavam com pressa. Porque será? Embora este plano seja muito pensado, a meu ver, foi mal planeado. Porque está acente em estratégias absurdas e com um grau de previsibilidade enorme. A velocidade deles tem o embalo hipnótico das massas como aliado, mas tem a mediocridade como defeito (total!). Diz a sabedoria que, depressa e bem não faz ninguém. Outro problema deles, é o plano ser mundial (sim, parecem ter mais força ao ser mundial), mas como se pode executar um plano mundial entre os costumes próprios de um povo? E na dimensão nacional concreta de um país? No clima e hábitos particulares, até das próprias regiões de um país? Encerro este longo pensamento, com uma simples reflexão: Sabem porque os Nazis perderam a guerra? Quais foram os erros deles? Pois, a história irá repetir-se novamente. Não tenham dúvidas disso! Mesmo que Vos pareça que, eles têm tudo ganho... Para caírem, só dependerá de tempo e até se estão a aguentar bem. Eles irão fazer o que sabem e nada mais que isso. O que sabem, é muito pouco para o que querem. Aliás, já era pouco, por isso eles já estavam mal. Por isso necessitaram de fazer isto e criar uma situação extrema. Obviamente que, numa situação extrema destas (será cada vez mais), os alicerces vão cair e um novo mundo surgirá. Um novo mundo será construído e nele estes vão deixar de existir."

Por Dr. 
Ricardo Graça


A SOLIDÃO



ESTAMOS TODOS SÓS DE ALGUMA MANEIRA



′′ Estamos todos sozinhos, nascemos sozinhos, morremos sozinhos e - apesar de todos os romance verdadeiros - todos nós um dia vamos olhar para trás nas nossas vidas e ver que, apesar de termos tido a companhia de alguém, estávamos sozinhos no caminho todo. Não digo solitário - pelo menos, nem sempre - mas essencialmente, e por fim sozinho. Isto é o que torna o teu auto-respeito tão importante, e não vejo como podes respeitar-te a ti mesmo se tens de olhar para o coração e a mente de outros para (garantir) a tua felicidade."

William Burroughs
(tradução livre...)

"We are all alone, born alone, die alone, and — in spite of true romance magazines — we shall all someday look back on our lives and see that, in spite of our company, we were alone the whole way. I do not say lonely — at least, not all the time — but essentially, and finally, alone. This is what makes your self-respect so important, and i don’t see how you can respect yourself if you must look in the hearts and minds of others for your happiness."

William Burroughs

OS SERES FEMININOS



A MULHER ANIMA

" Á medida que o arquétipo feminino consciente se desdobra na consciência, o seu arquétipo aliado muda também. Tão pouco conhecemos ainda o verdadeiro masculino consciente. Confundimos o princípio de poder patriarcal, que controla e altera a natureza a qualquer custo, com o masculino. Assim, o masculino sofreu um desequilíbrio pela perda do feminino, e também ele pode ser renovado, esclarecer-se e renascer em nós. Com a sua aparição, temos uma grande oportunidade para fazer alquimia espiritual, para encontrar o mistério do outro no casamento sagrado." - Connie zweig

"Não se esqueçam de que os seres femininos, literalmente, trazem vida ao planeta pois a vida sai do corpo feminino."

Para as mulheres, a constante entre espiritualidade como caminho, e a busca da sua identidade profunda, coloca-se muitas vezes em oposição ou em alternativa. E não é uma coisa nem outra. Mas continuamos a confundir o processo dito espiritual como uma finalidade em si, comum a todos os indivíduos e a não ver este ponto crucial da realidade da mulher que é ela estar cindida...que é ela ter uma ferida do tamanho do Mundo: Que é Ela ser a visada, diria mesmo a vítima, (e a causadora da “Queda”) dentro do Sistema patriarcal e que o caminho espiritual da mulher possa ser diferente do caminho do homem porque – e isto é algo que não se quer ver ou sequer pensar - parte da sua espiritualidade está ligada à sua Natureza intrínseca, ontológica, ao sangue e as luas, portanto ao Utero e aos ovários e ao dar à Luz – tudo o que faz essa diferença e é a sua essência. A Mulher, não estando ligada à sua fonte interna como mulher - o que acontece regra geral na nossa sociedade, totalmente alienada da sua profundidade primordial e por outro lado presas dessas funções ...e é ai que todas as mulheres vivem essa divisão intrínseca na sua psique, sendo apenas uma metade de si ora santa ora puta sempre uma espécie de “utensílio” ao serviço dos homens, “amantes” maridos e filhos - e portanto não unindo essas suas partes de si a mulher abissal e a mulher psíquica pois não tendo acesso a essa mulher das profundezas, a mulher estará sempre sujeita ao fracasso de ser apenas uma metade e consequentemente o homem também porque não tem acesso à verdadeira mulher, a mulher da origem, a mulher ontológica, ou seja à sua Anima ou ao seu verdadeiro feminino que a mulher lhe espelha. Essa divisão-cisão na mulher não só a impede a ela de ser uma totalidade em si com de ser Mulher, assim como impede o próprio homem de chegar a si mesmo pois ele chega à Deusa através da deusa e da Mulher...o homem toca a anima através da Mulher e vice versa, em realção a mulher tocar o seu animus.
Para mim, a razão de Jung ter qualificado a anima como parte integrante do masculino e o animus parte integrante do feminino, associando esse princípio ao yin e ao yang, embora estes dois aspectos estejam em simultâneo em ambos os seres, e isso ser efectivamente uma verdade, eu não considero que nem um nem outro, homem ou mulher, estejam ou possam estar na plenitude dessa consciência da sua integralidade ou vivendo a integração desses dois lados do ser Um, e dai a ideia da necessidade de “completude” nascer do vazio de ambos, embora havendo um apelo à união do par dentro e fora, mas só poderá acontecer se a mulher representar antes de mais a ANIMA. Quanto a mim, a Mulher será sempre a Anima, a Dama e a Rainha, a Musa...e é ela que dá corpo ao Graal é ela que dá corpo a vida e a Luz o homem...
Por isso parece-me um total absurdo (embora compreensível na época...) qualificar a anima como o aspecto interior no homem e o animus na mulher. Confunde-se a alteridade de feminino-masculino em ambos os sexos. O facto é que na época de Jung e Freud etc. se dava por natural essa cisão na mulher - era natural haver as esposas legitimas e as filhas do papá e as putas e os filhos da puta...era dentro desses contextos haver as meninas educadas...e as gajas ordinárias, sem educação paternalista, que se prostituíam , como era natural haver os ricos e os pobres. Portanto tudo o que a mulher da altura reflectia das suas lutas em família e contra os costumes e o que ela reflectia dessa cisão e conflito profundo dentro de si e que se reflectia fora, era tomada como um distúrbio psíquico, uma doença, era considerado como uma patologia por falta de homem e de sexo apenas, neurose, sendo a mulher uma histérica ou um mistério, para eles etc. sendo muitas vezes internada cem Hospícios como é o caso da famosa discípula de Jung….
Na verdade o drama da mulher ao longo de séculos tem sido uma Psique dividida e ferida profundamente, separadas nela a função maternal e a do prazer… forçada pelas regras de uma sociedade paternalista e das leis do homens que a relegaram a uma inferioridade humana e social e atribuindo-lhe um duplo papel, o de esposa ou de amante ao instituir o casamento como via única para a mulher nobre e séria e assim manter a descendência e o nome do Pai e portanto a mulher que não fosse casada e pertença do Homem, mãe dos seus filhos, seria pelas circunstâncias obrigada a se prostituir…e t ão apenas isto…
Esta mitologia do Pai e de Deus e do filho, afastou completamente a mulher da Mãe e da Deusa levando a mulher a sofrer essa separação da mãe e a rejeitar o seu feminino à imagem da mãe sofrida ela por sua vez também sacrificada ao mito Homem.
Esta divisão da mulher em duas espécies, está tão inculcado nas cabeças das pessoas, tão enraizado na mente colectiva, que nem os homens mais espertos e estudiosos ou os mais inteligentes nunca deram por nada…e vemos assim psicólogos, filósofos e sexólogos completamente alheios a uma questão tão óbvia e premente como exta. Mas o mais grave é haver mulheres e psicologas a enveredar pelo mesmo erro e sem qualquer consciência de si e do seu trauma-cisão.
E portanto quando eu falo de Mulher Inteira, não falo do par animus-anima equilibrado, ou integrado, mas antes de tudo, de uma Mulher que já não sofre essa cisão, uma mulher que une em si as duas mulheres divididas pelo patriarcado não sendo uma nem outra mas o somatório das duas… e que elege a Mãe e a Deusa como suporte da sua inteireza, conscientes da sua história e como foram sonegadas e relegadas para um plano de inferioridade e subalternidade ao longo da história dos homens.
Será interessante ler e pensar no se pode ler mais abaixo neste texto que se segue,

"As mulheres começaram a abrir sua garganta há cerca de trinta anos, passando a ter a oportunidade de falar sempre. O problema é que muitas mulheres acabaram fechando o centro do sentimento ao abrirem o da fala. Começaram a parecer homens. É necessário equi­líbrio. A mulher agora está sentindo a necessidade de despertar o princípio feminino dentro dela. Vive num corpo feminino e controla o uso da vibração masculina no seu interior.

Saiu para o mundo, sente-se poderosa. Pode andar pelas ruas sem um véu a esconder-lhe o rosto e decidir se deseja, ou não, se casar. É dona de si. É responsável por suas próprias decisões. Está começando a se tornar mais suave, despertando seu lado fe­minino que a nutre e vitaliza. Ao se tornar inteira, com suas porções masculina e feminina, e se permitir vivenciar o DNA evoluído, ela transmite uma frequência. E esta será a frequência predominante no planeta. É inevitável que os homens abram o centro do sentimento. É o próximo passo que precisam dar para estabelecer o equilíbrio com as mulheres. Isto vai acontecer muito depressa para os homens."*
(...)
*In Mensageiros do Amanhecer – Barbara Marciniake

rleonorpedro 
escrito em 2018