O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 31, 2011

NO FACEBOOK


Adília Belotti - NO FACEBOOK

Todos os anos, sinto que essa história de bruxas quer nos dizer algo, coisa importante, coisa esquecida, mas que acaba tão embrulhada em abóboras que vira um sussurro empobrecido e débil! O post de Marcia Frazão, da Rosa Leonor Pedro e de tantas outras bruxas verdadeiras e corajosas pode nos ajudar a escarafunchar esses mistérios...
Enquanto isso, desejo a todos os amigos do FB, um Halloween que seja um chamamento, que nos faça voltar para casa e sentar em volta da mesa, vivos, mortos e quem mais aparecer para celebrar!

NO BLOG

(...) O costume de celebrar esse ir e vir das almas entre os mundos vai resistir ao cristianismo e, em 844, o bispo de Roma, Gregório IV proclama o caráter universal da Festa das Almas dos Mortos e a festa de Todos os Santos, dois dias para pausar a vida e festejar a morte: 1 e 2 de novembro.
Herdamos o Dia de Finados, a peregrinação aos cemitérios, as velas e as oferendas aos ancestrais, as rezas humanas que as almas do purgatório dizem que ouvem. Herdamos o Dia de Todos os Santos, as missas e as preces feitas aquelas criaturas especiais, que embora usufruindo das visões beatíficas do céu, ainda acham tempo de ouvir os lamentos humanos.
Cada santo tem seu dia, mas hoje a festa é dos santinhos miúdos, humanos e corriqueiros, a menina milagreira, a velha que benzia as crianças, o padre sempre disposto a ajudar. Gente comum, vivendo a santidade possível de todos os dias.
Hoje, a romaria leva aos cemitérios, ponto de encontro, sala de visitas. Na casa dos mortos, os vivos celebram a certeza de que são apenas as durezas do mundo que separam as almas. E levam lágrimas, velas, comidas e doces para animar a conversa…aceita um cafezinho, avó?


LEIA EM: http://colunistas.ig.com.br/toquesdealma/2010/11/02/vivos-e-mortos/

AS VERDADEIRAS BRUXAS...



MARCIA FRAZÃO:
"- Escritora, anarco-feminista, caótica, visionária, ensandecida, alucinada, caipira, pós-moderna, lunática, brasileira e bruxa (trecho do blog da escritora). Como alguém descobre que tem esse dom?" (Ademir Pascale)

"- No momento em que a gente se assume como ser sensível e participante, no mundo. Quando a gente reconhece no rosto do outro, a sua própria face. Enfim, quando assumimos que fazemos parte de um Todo."
Márcia Frazão



É ELA QUE NOS DIZ...
E EU CONCORDO COM ELA

"Não sou "boazinha". Tenho a coerência por bússola. Não digo coisas para agradar a maioria e depois ferrar comigo mesma. Aos sessenta anos de idade posso dizer que engoli poucos sapos e, garanto, vomitei quase todos. Num mundo onde o "amor incondicional" virou tópico de vida auto-ajudada, posso dizer que "sartei fora". Quando amo, amo com todos os líquidos do corpo e da alma; quando odeio, odeio com todas as tripas. Amo por coerência e odeio também por coerência. Coerência... eta palavra esquecida num mundo neopositivista."
Por: Marcia Frazão

AVISO ÀS FALSAS BRUXAS...


Hoje decretamos muito mau Karma para todas as falsas bruxas que se travestiam para se aproveitarem das pobres mulheres confusas que não sabem ao que andam...
EXIGIMOS rigor absoluto nos factos e nas representações; exigimos o máximo de fi-dignidade a risco de excomunhão eterna àquelas que querem fazer o que não sabem e induzem as noviças em erro...porque estão a trair a mais velha tradição... que é de pura dádiva e abnegação na missão, amor incondicional, respeito absoluto e cura...o uso do Dom não pode ser profanado. 

 rlp

sexta-feira, outubro 28, 2011

UMA HERANÇA PESADA (O PASSADO)


UMA MULHER NOTÁVEL:

VIRGÍNIA WOOLF

"...um artigo lido por uma mulher para mulheres deve terminar com algo particularmente desagradável..."

(aleksandra nowak)

(...)
Neste ponto eu me deteria, mas as pressões da convenção o determinam que todo discurso deve terminar com uma peroração. E uma peroração dirigida às mulheres deve ter algo, voces hão de convir, de particularmente exaltador e nobilitante. Eu lhes imploraria que se lembrem de suas responsabilidades, que sejam mais elevadas, mais espirituais; eu lhes lembraria quanta coisa depende de vocês e que enorme influência podem exercer no futuro. Mas essas exortações, penso eu, podem ser tranqüilamente deixadas a cargo de outro sexo, que as colocará, e a rigor as tem colocado, com muito maior eloqüência do que posso alcançar. Quando vasculho minha própria mente, não encontro sentimentos nobres sobre sermos companheiras e iguais e influenciarmos o mundo para fins mais elevados. Descubro-me dizendo, breve e prosaicamente, que é muito mais importante se ser o que se é do que qualquer outra coisa. Não sonhem influenciar outras pessoas, eu diria, se soubesse fazê-lo de forma mais brilhante. Pensem nas coisas como são.

E mais uma vez vem-me à lembrança, mergulhando em jornais e romances e biografias, que, quando uma mulher fala com mulheres, deve ter algo muito desagradável escondido na manga. As mulheres são duras com as mulheres. As mulheres não gostam das mulheres. As mulheres - mas será que voces não estão completamente fartas da palavra? Garanto-lhes que eu estou. Concordemos, então, em que um artigo lido por uma mulher para mulheres deve terminar com algo particularmente desagradável.

Mas como é isso? Em que posso pensar? A verdade é que freqüentemente gosto das mulheres. Gosto de sua informalidade. Gosto de sua inteireza. Gosto de seu anonimato. Gosto... Mas não devo prosseguir desta maneira. Aquele armário lá... Vocês dizem que ele contém apenas guardanapos limpos, mas e se Sir Archibald Bodkin estiver escondido entre eles? Permitam...

VIRGÍNIA WOOLF

quinta-feira, outubro 27, 2011

UMA LONGA...LENGA LENGA...


 UMA VELHA HISTÓRIA...

Sei muito bem que muitas mulheres se insurgem comigo quando eu foco aspectos menos simpáticos da sua dependência afectiva, da sua sujeição ao “amor”, à forma viciada como são ainda manipuladas pelos homens e pela sociedade de consumo…Sei o porquê e sei as razões. E compreendo. E se insisto nisto é porque é aí que urge apontar o dedo, não para julgar, mas para fazer compreender, para podermos ir mais fundo nesta velha submissão-escravidão da mulher ao “amor” – não dela própria – mas do homem (seja o pai, o amante, marido ou filho) porque é aí que reside todo o drama e sofrimento da mulher, é aí que reside o fulcro da sua anulação e manipulação que a faz ainda viver exclusivamente ao serviço do homem e da espécie…

Precisamos ver e saber onde tudo começou…e porque foi assim desde há séculos e o pouco que, na essência, as coisas mudaram nas sociedades ditas modernas nos últimos tempos, e que nos querem fazer crer e ver o contrário, e apesar das aparências, no fundo e na base elas continuam mais ou menos na mesma.
Assim, se atentarmos bem, vemos que as mulheres foram desde sempre “educadas” e são-no ainda, a não se dar valor a si mesmas como seres individuais, a não serem ninguém senão enquanto “esposas de alguém, mães ou filhas de ”; elas sempre se sacrificaram à família e aos filhos, sempre se desvalorizarem enquanto seres humanos autónomos, enquanto indivíduos…As mulheres nunca foram vistas como seres completos, e de resto essa ideia de seres metades é extensiva aos homens, só com a diferença de que os homens têm em geral uma autonomia própria que as mulheres nunca tiveram. Talvez as mulheres mais novas não tenham as mesmas referências que suas mães e avós…mas os conceitos e sobretudo os preconceitos que permanecem no inconsciente colectivo continuam os mesmos…e por isso há tanta violência sobre a mulher, mesmo entre os casais mais jovens…
É verdade que esta sociedade criou seres humanos dependentes e todos somos dependentes e manipulados pelas leis e pelos conceitos e preconceitos que regem as sociedades, mas no caso das mulheres é secular a anulação do seu Ser Interior, da sua essência, dessa parte feminina instintiva que caracterizava a Mulher ancestral, a mulher inteira, a Mulher pagã…a Mulher do início…

Ainda há dias eu falava com uma amiga sobre tudo isso e andámos à volta da origem dessa dependência caprichosa das mulheres e a obsessão pelo homem; e apesar de saber as suas causas remotas (e biológicas) e isso atenuar “a culpa” das mulheres, continua a parecer-me um absurdo que elas cedam a esses modelos e se neguem como seres autónomos e se virem umas contra as outras sempre que o homem aparece no meio. Apesar de não terem de facto culpa da forma como foram “educadas”, no caso de mulheres adultas, ou mais velhas, que continuam a seguir os mesmos padrões de antagonismo e rivalidade com a outra mulher…é para mim um absurdo! E precisamente entre essa amiga e outra sucedeu depois o inevitável do confronto de antagonismo e raiva, que é proveniente dessa sua divisão interna, logo que apareceu um homem na disputa de uma delas…

O que mais me espanta realmente nas mulheres é como elas não se apercebem ainda da forma como foram esvaziadas de identidade própria, de vontade, como foram moldadas desde crianças para que o objectivo da sua vida fosse unicamente casar, ter marido e filhos… e que mantivessem esse foco como o seu único propósito e para sempre, mesmo depois dos 50... Continuarem a julgar-se e a manter-se como seres fracos e dependentes, carentes e frágeis…tal como foram educadas, de forma a não acreditarem nunca nelas próprias e a entregar todo o seu poder pessoal aos homens, sempre a desconfiarem e a agredirem “a outra”, como culpada.
Sim, as mulheres foram esvaziadas de entranhas, tornadas objectos, divididas no seu corpo e na sua psique…e hoje valem (no mercado) apenas pelas suas mamas, pelo seu traseiro ou ancas, pelas suas pernas, pela sua cara, pela sua boca…assim, vistas por partes, separadas, fragmentadas, sem emoções e sentimentos, desacreditando da sua intuição e sem confiança na sua real capacidade de pensar e agir. Foram induzidas a confiarem-se totalmente nos homens, mais do que nelas próprias, para viver a vida inteira a perseguir um sonho de beleza e sucesso no único intuito de lhes agradar e assim continuarem…mesmo diante de destroços e divórcios e separação ou mesmo violência doméstica. Elas foram esvaziadas de tudo o que é SER MULHER em si, fragmentas até às unhas dos pés…Os homens tornaram-se os seus donos, namorados, amantes, cabeleireiros, estilistas, esteticistas, médicos, conselheiros, guias e terapeutas…

O que leva as mulheres, sobretudo as mais velhas, a raiar os 50 e mais, a terem ainda ilusões de um romance ou de um casamento ou mesmo de uma ligação, quando já sofreram tantas separações, tantos enganos, tantas decepções, tanto sofrimento…pelo abandono, traição, humilhação, desrespeito… violência psicológica, reduzidas a trapos, exploradas por vezes por “chulos” disfarçados de salvadores…E não são apenas mulheres comuns ou mulheres ignorantes…são mulheres por suposto cultas e instruídas, artistas ou escritoras…professoras…ou profissionais…E são essas mulheres as que mais me espantam por manterem ainda o foco no sexo e nos homens, as mais modernas, como se fossem adolescentes…sem qualquer pudor…sem qualquer pejo… E eu vejo como as mulheres frustradas e traídas investem e ainda caiem no logro das práticas sexuais aleatórias, na promiscuidade “amorosa”, no engate, nas massagens eróticas ou vivências e práticas separadas do amor verdadeiro e de sentimentos profundos…
Porque, note-se bem, eu não digo nem nunca disse que não se ame…que o amor não exista…e que a mulher não possa amar um homem (ou uma mulher); digo apenas que antes de mais a mulher se deve conhecer a si mesma e amar-se e respeitar-se a si como ente antes de tudo e a partir daí sim…pode amar e dar-se se confiar em si…e não entregar o seu poder pessoal a ninguém…amante homem mestre ou terapeuta…

Cada dia mais toda esta constatação está presente no círculo de mulheres que conheço…nos círculos em que me movo…e disso não tenho qualquer dúvida e mesmo que eu pareça pelo meu discurso, uma velha louca,  uma bruxa má...conservadora, "madre de um convento", como muitas mulheres mais jovens me querem ver… não é por isso que eu vou deixar de afirmar o que vejo e sinto, porque o sinto profundamente…e me dói…dói-me essa falta de crédito das mulheres em si e nas outras mulheres...

MERGULHAR NAS NOSSAS RAÍZES

E eu digo tudo isto porque sei que há uma saída… porque na minha vida ela aconteceu: Quando acordei em mim essa mulher ancestral, nessa fase decisiva que é a menopausa por volta dos 50 anos; pude nesses anos difíceis e confusos para todas as mulheres em transição e durante todo esse tempo de revelações e convulsões interior do corpo e da mente, das hormonas, discernir o que significava essa força em mim sem complementos hormonais…sem escapes sexuais, deixando a minha natureza profunda consolidar-se através das etapas da vida e da dor iniciática…a do renascer de mim mesma inteira…
É pois desta consciência e da minha experiência a partir da qual aprendi a ser eu mesma e a ser só, que vos digo o que o que digo. Porque foi procurando não depender de ninguém nem de nenhum amor que essa busca e essa certeza me permitiram ver a loucura em que eu e as mulheres todas caíam ao continuarem a anularem-se quando já perto da sua sabedoria inata, por um “amor” romântico, pelo homem ideal (ou mulher ideal), que não é mais do que um voltar atrás, um engodo criado e mantido pela publicidade na senda de uma mentira social e comercial à custa das mulheres e do seu sofrimento, cujo intuito é manter a mulher alienada de si; por isso, quando já se está na idade da sabedoria, da libertação dos padrões, depois de ter cumprido a função de mãe e esposa, eles (os médicos e as farmacêuticas) nos vêm dizer que temos ainda o direito a “amar” e ao prazer…como se essa fosse a única razão de ser e viver do ser humano especialmente da mulher…como se a mulher fosse apenas um sexo…como se a vida não continuasse para lá da manifestação da libido…

A Mulher que quiser ser Mulher inteira tem de definitivamente resgatar o seu ser de dentro dela própria, tem de se recuperar inteiramente de um velho trauma que é a sua divisão interna, e para isso tem que recuperar a sua identidade profunda, ir ao mais fundo de si e da sua psique.
As mulheres, sejam elas jovens maduras ou velhas, sejam elas homossexuais bissexuais ou heterossexuais…serão sempre Mulheres se forem fiéis à sua natureza profunda, onde são apenas Mulheres, se acordarem em si esse potencial interior; porque dentro da mulher há um manancial enorme de amor, uma fonte…
Para se encontrarem, bastaria que as mulheres fossem fiéis a si próprias e aos movimentos da vida dentro do seu ser a fim de descobrir esse Amor centrado em si; nessa altura a mulher autónoma saberia ver o seu real valor, o seu valor intrínseco e assim também reconheceria o da mulher em geral, de qualquer mulher, sem precisar de depender de ninguém em especial nem do sexo, nem de remédios, para se sentir mulher e viva e plena! E isso pode acontecer a todas as mulheres que se busquem e encontrem dentro de si nas raízes mais fundas do seu SER, no sentido mais puro da vida, que reside no seu âmago e não fora, no outro, seja o amante seja o filho. Então e só então elas verão por si mesmas como foram anuladas da sua identidade e como sofreram toda a vida sujeitas à milenar exploração do ser humano por outro e sobretudo do Ser mulher pelo homem nesta sociedade que até aqui apenas a usa, subestima, despreza e maltrata.
rlp

quarta-feira, outubro 26, 2011

“O corpo feminino é um espaço secreto, sagrado


“Aquilo que o ocidente reprime na sua visão da natureza é o ctónico, termo que significa “da Terra”, mas das suas entranhas, não da superfície.”
Camille Paglia

temenos...

É uma palavra grega que significa lugar sagrado e protegido:

“O corpo feminino é um espaço secreto, sagrado. É um recito ritual, um temenos, palavra grega que adoptei nos meus estudos sobre arte. No espaço marcado do corpo feminino, a natureza opera o seu registo mais tenebroso e mecânico. Cada mulher é uma sacerdotisa que guarda o temenos dos mistérios demónincos.
(…)
O corpo feminino é o protótipo de todos os espaços sagrados, desde a caverna-santuário, ao Templo e à Igreja. O Útero é o velado santo sanctorum, um grande desafio, como veremos, para polemistas sexuais como William Blake, que procura abolir a culpa e o secretismo do sexo. O tabu que envolve o corpo feminino é idêntico ao que sempre paira sobre os lugares mágicos.
A mulher é literalmente o oculto, o esconso. Estes misteriosos significados não podem ser alterados, podem apenas ser suprimidos temporariamente, até irromperem de novo na consciência cultural. Nada pode fazer contra o arquétipo. Só destruindo a imaginação e a lobotomizando o cérebro, só castrando e operando, é que os sexos se tornariam iguais. Até lá, temos de viver e sonhar na demónica turbulência da natureza.”

In Personas sexuais de Camille Paglia

segunda-feira, outubro 24, 2011

DAS PEQUENAS PERCEPÇÕES

Cinemagraphs Gifs de Jamie Beck

Consideremos um rosto e, nesse rosto, um sorriso. O sorriso pretende ser amigável, mas, apesar disso, apercebemo-nos de um não sei quê que nos revela exatamente ao contrário: esconde uma profunda antipatia, hostilidade até. Mas só um olhar atento capta este afastamento entre aquilo que o sorriso pretende exprimir e aquilo que realmente exprime. Este afastamento é apercebido graças às pequenas perceções: é um sorriso imperceptivalmente hipócrita.

José. N. Gil, Les Enjeux du Sensible. Revista Chiméres, nº 39

Os nossos encontros são feitos destas pequenas perceções e das outras que nos fazem sentir verdadeiramente acompanhados.
São detalhes mínimos da comunicação que pertencem ao reino do indizível e do íntimo. Falar deles a alguém, é uma experiencia solitária.
Devíamos dar mais valor às pequenas perceções. Os nossos pensamentos sobre as pessoas nascem desta essência afetiva.

domingo, outubro 23, 2011

AS DIFERENÇAS "CULTURAIS" E A EXPLORAÇÃO DA IMAGEM DA MULHER...

Veja as diferenças...
...entre o Ocidente de hoje e a China de alguns séculos atrás...

OS PÉS SÃO O SUPORTE E BASE DA VERTICALIDADE...

Espartilhada entre a moda e a elegância...a mulher continua a submeter-se as modas mais absurdas e anti natura...
Na China era feio e grotesco a mulher ter pés normais...no Ocidente é "chique" a mulher andar sobre o arame...ou no fio da agulha...
Porquê? Sim, porquê? Porque este fetichismo dos pés...
Porque continua a mulher a ser vítima de  modas e preconceitos sobre o seu caminhar...

Os pés como símbolo do Caminhar...e da alma, do caminho livre...do andar sobre a terra...

Porque é a mulher amputada do seu andar sobre a Terra...
Não será que daqui a 20 ou 50 anos não irão os seres humanos olhar para esses saltos altos de 10 a 12 (?) cm (não sei qual é a medida máxima suportada) e ficar abismados com a crueldade e a estupidez que as mulheres tinham de supostar para parecerem elegantes e andarem na moda? Na moda de quem? Na moda dos estilistas gays...na moda dos homens que  fizeram das mulheres objectos de prazer visual... de tortura e  sado-masoquismo...Não digo que as mulheres nãos sejam excelentes trapezistas...e prática de andar sobre o fio da navalha há séculos...mas hoje que já sou velha, e olho sem medo nem preconceitos ou sem falsas estéticas para o modo como a mulher se afirma pelos modelos gays, posso dizer que os pés das mulheres e o seu caminhar demonstram o caminho da tortura subtil...sim, como sempre me acharão axagerada...mas aquelas que ainda calçam saltos altos pensem no sacrifício...e em nome de quê???
Que prazer senão o da conquista do homem...ou da imagem repercutida obsessivamente pelos media e por toda a publicidade de uma mulher sexy e fatal...jutamente o que mais queriam ser os Gay...por mais que se disfarcem hoje de machos musculados, o ódio (da mãe) e a inveja da mulher é a sua obsessão ao ponto de a quererem hoje anular comprando-lhe o útero transformando as mulheres (uma nova forma de prostituição) em "barrigas de aluguer"...
Onde é que esta sociedade chegou???
Até onde chegou a alienação do SER MULHER?
Até onde deixará ainda a  Mulher continuar esta exploração do seu SER MAIOR?
rlp

sexta-feira, outubro 21, 2011

O trauma da separação


O sussurro do futuro está no feminino...

Enquanto acreditarmos que precisamos de outra pessoa, causa, coisa, missão, para nos tornarmos inteiros, continuaremos a nos perder na cidade-fantasma de sentimentos, pensamentos e projecções. O universo inteiro está dentro de nós. A energia não se perde; ela transmuta para contribuir para a dança da evolução.

A finalidade de estarmos encarnados é o regresso à origem. O sussurro do futuro está no feminino. É pela energia feminina que ocorre a manifestação da forma a partir da ausência de forma, mas, para produzir manifestação física, o yin funde-se com o yang e cria o impulso que move e articula as marés cósmicas.
Só alcançaremos a fusão total com outras formas de consciência se estivermos imbuídos do poder de vida a ponto de o irradiarmos. Senão, vamos projetar ou sugar energias. Quando reforçamos nossa energia radiante, ao mesmo tempo, atraímos os outros e os tornamos livres para nos "seguirem". A limpeza do corpo emocional de antigos hábitos negativos é o pré-requisito para o autoconhecimento. Primeiro é preciso recuperar a integridade individual para depois correr o risco de nos rendermos a uma nova energia de fusão.

in O EGO SEM MEDO - Chris Griscom

quarta-feira, outubro 19, 2011

AS CULTURAS E AS MULHERES...

 
 
A CULTURA OCIDENTAL...
E A ORIENTAL...


Na opinião de Camille Paglia, a grande civilização que chamamos de "cultura ocidental" não é nada mais do que manifestações sociais - na literatura, na arte, nas instituições políticas e religiosas – do medo dos homens das forças misteriosas que se escondem dentro do útero das mulheres e, daí, consequentemente, as suas tentativas obsessivo-compulsivo de valorizar seus pénis.
...Em suas mentes,  que estão sempre buscando a "verdade" e "a luz", estas forças obscuras estão intrinsecamente ligados com a fluidez da natureza. Ao tentar conquistar a natureza, os homens tentam subjugar o poder que as mulheres têm sobre eles – seja o sexo, seja tudo o que resista a ser encaixado pela sua lógica e pela razão.

TANTA RAZÃO E TANTA LÓGICA PARA NADA...

 
QUANDO “A INTUIÇÃO SAGRADA, essa “ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança,” é a Chave da sabedoria inata e de que a mulher é em essência a fiel mediadora - entre o visível e o invisível, o manifesto e o oculto - sendo ela própria o Oráculo. Assim era em Delfos, lugar sagrado, considerado o ônfalo (seio) da Terra, o lugar ou gruta onde a Serpente Piton revelava os SEUS mistérios através das suas Pitonisas. A profecia, é a palavra sagrada que nasce no útero da vida e da Terra, a Voz do Útero na mulher e que lhe dá essa “intuição sagrada”, de que ela foi CRIMINOSAMENTE desapossada pelos sacerdotes guerreiros do deus Apolo…e continuadamente até aos nossos dias pelas pelos padres das religiões patriarcais.

É por essa razão que devemos voltar-nos para a fonte dessa sabedoria, despertar em nós essa Intuição Sagrada e confiar em absoluto nela. A Mulher deve recuperar essa confiança no seu Útero onde reside a sua força e na Terra Mãe e na Deusa E OS SEUS MISTÉRIOS...
…"E são estes mistérios que convem abordar. Com
respeito, com audácia e inocência, tentando recorrer à intuição sagrada, essa “ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança.”
Porque: “A Deusa é generosa e regeneradora; ela é bela, com o seu cinto de ouro e de serpentes, estendendo os braços para a vida, pressionando os seus seios com as mãos para os fazer deitar leite como Reia – cujo nome significa “jacto de leite” e que se projecta na Via Láctea.(…)

De facto a Deusa Terra, a Magna Mater, recusa-se a fazer parte desses “homens castrados” que são suposto serem mulheres. Para Freud, não havia libido feminino correspondente à libido masculina – o que Lacan retomará dizendo que não há felicidade senão no phallus, o que, acrescenta ele, não significa que “o portador do dito seja feliz” (e que, diga-se de passagem, nos faz pensar que com efeito o homem é, muito mais do que a mulher, capaz de viver como que “separado”, clivado entre o seu phallus e o seu ser).
Outros psicanalistas, como Erich From, recusam-se a seguir Freud nesse terreno. Ele crê na igualdade real entre homem e mulher: “A hipótese segundo a qual uma metade da raça humana seria uma versão mutilada da outra metade não é senão um absurdo”; interpretação alias contestada hoje pelos psicanalistas de escolas diversas que consideram a pseudo-misoginia de Freud como um contra-senso fundamental…Se E. From crê nesse “instinto de morte”, é exclusivamente enquanto parte “destrutiva da libido sádica anal” o seu aspecto necrófilo. Ora a Deusa enquanto Deusa da fertilidade não é profundamente necrófila? Não é essa a sua dimensão primeira?
Mas ela é a Mãe e é aí que começa o drama. Ela está dentro deste fervilhamento da vida fundamental cercada pelas tempestades da morte”, como o diz de forma soberba Otto Walter. Mas o homem seria, ele por si só, excluído destas “tempestades da morte”?
(…)
Uma coisa é certa: o culto da Deusa Mãe está centrado nos Mistérios, no ciclo Vida/Morte/Renascimento e que está no coração de todas as interrogações metafísicas desde o começo dos tempos.
E são estes mistérios que convem abordar. Com respeito, com audácia e inocência, tentando recorrer à intuição sagrada, essa “ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança.”(…)(excerto traduzido do francês)
In A DEUSA SELVAGEM
Joelle de Gravelaine

terça-feira, outubro 18, 2011

“Num mundo de monstruosas tiranias.”


A MAIOR PARTE DAS MULHERES ODEIAM-SE SUBTILMENTE… ASSIM COMO À "MÍSTICA DA MULHER"...

...Acho curioso verificar como há tantas mulheres que rejeitam o que eu escrevo, nem suportam a minha abordagem ao aspecto evidente da sua divisão interior! Há muitas mulheres que não gostam nada deste meu "ponto de vista" nem das ideias de Mulheres & Deusas…
E Porquê? Porque elas sentem-se confrontadas com a dimensão do “feminino sagrado”, COM ASPECTOS DE SI QUE PURA E SIMPLESMENTE IGNORAM; não sabem nem querem saber do que se trata… acham-se muito espertas e "emancipadas" - demasiado inteligentes para perder tempo com “mitologias ou metafísicas”…elas são as filhas do pai…”as meninas do papá”, as Atenas saídas da cabeça de Zeus…e fazem tudo para ignorar a Mãe…o que significam as deusas e as bruxas na história HUMANA e o seu reflexo psicológico no quotidiano de hoje…

Eu sei que também há mulheres que por suposto estão na senda da Deusa, mas nem todas aprofundam o seu sentido a nível interior nem integram os seus valores ou atributos, como parte integrante do ser mulher. Contentam-se com o passado e histórias ou com rituais estéreis…enquanto as mulheres em geral essas, contentam-se com os saltos altos, as malas e os cosméticos…nem de longe nem de perto querem ser confrontadas com a sua natureza profunda atávica. Ainda acreditam no mito de Adão e Eva...embora para elas a ciência seja tudo…e agradecem a deus as pílulas do dia seguinte e até que as libertem da menstruação…

Eu falo sempre na generalidade embora saiba que há sempre excepções a regra...mas na verdade as mulheres  não gostam de si nem das outras mulheres. Não gostam das mães nem das irmãs…são inimigas ou  rivais umas das outras. Quase sempre se odeiam, na luta pelo filho ou pelo amante. Não serão movidas pela "inveja do pénis", como dizia Freud, mas elas admiram e invejam dos homens na sua liberdade de predador, no seu poder económico ao qual se vendem sem grande resistência. Elas querem exercer poder e não seguir a via do coração…elas riem-se das sentimentais...das intuitivas, das possessas, das histéricas…
Mesmo quando defendem as supostas causas de mulheres ou em nome das mulheres, falta-lhes a verdadeira empatia com o feminino pois não têm esse contacto como o seu verdadeiro feminino, a sua essência, nem têm a noção do que seja uma consciência ontológica, e nem sequer querem admitir que sem a vivência interior da Deusa, esse feminino profundo e atávico, não são mulheres…e é precisamente com esta parte do meu discurso que as mulheres feministas embirram comigo e estou mesmo em crer que me detestam…
Sinto quase o seu ódio… a sua raiva, o seu desprezo...por estas questões.

Não me perdoam esta insistência num trabalho que não querem fazer e olham-me como a uma mística alienada ou uma desfasada da realidade, uma fanática ou no mínimo uma chata! Justamente porque não se relacionam com a ideia mística da deusa em si nem da sua natureza intrínseca, e muito menos com a ideia do sagrado, associado ao preconceito religioso…elas são todas ou positivistas ou marxistas! Elas só querem ser livres e iguais aos homens. Continuar a competir entre si e a rivalizar por um lugar na empresa ou na TV!

Elas não entendem que a verdadeira Consciência do feminino passa pela essência da mulher, que a sua mística está no seu útero, que o seu poder está nos seus ovários, no seu sangue, na sua intuição e não no seu intelecto apenas…
Elas estão tão longe da sua natureza íntima, que não entendem que esta corresponda às qualidades inatas do ser mulher. Não sabem que existe uma natureza intrínseca própria do ser mulher, como alias do ser homem…e que essa diferença se prende com o seu corpo e com os dois hemisférios cerebrais, e a sua polarização, o esquerdo, masculino e o direito, feminino. E como a sua mentalidade e forma(ta)ção é masculina, pelo exercício exclusivo do seu cérebro esquerdo, razão e lógica, pragmatismo, mesmo que defendam questões femininas, referem-se meramente à misoginia ou ao sexismo dentro das concepções filosóficas e psicológicas masculinas, sem se aventurarem a ir às causas profundas que são no fundo a razão da misoginia e da violência sobre a mulher.

Elas tratam as questões da mulher no contexto patrista, no plano meramente psíquico ou intelectual, em termos políticos e económicos; tratam dos problemas da mulher face ao mundo moderno e intelectual, no plano filosófico materialista, ou no psicológico freudiano sem ir à origem e essência do arquétipo, sem ir à fonte última do seu ser, porque o desconhecem …
Pretendem desse modo que uma mulher que alcançou posições de destaque e domínio ou importância social e intelectual na nossa sociedade seja uma mulher representativa do feminino quando não é o caso. Por exemplo, Margueret Tacher, a “Dama de Ferro”, grande figura da política inglesa, é apontada pelo psicólogo e escritor alemão Arno Gruen no seu livro “Falsos Deuses”, como uma mulher sem sentimentos, apaixonada pelo poder e por si própria, egóica, sem qualquer sentido de empatia com o sofrimento humano, sem pinga de amor ou compaixão, segundo ainda o mesmo livro, que aconselho a ler.

Como este exemplo existem variadíssimos casos de mulheres de sucesso no mundo dos homens e mesmo dentro dos Governos e Partidos, mas nenhuma dessas mulheres representa ou dá um verdadeiro retrato da sensibilidade feminina… e que longe estão as mulheres modernas dessa mulher essência, dessa Mulher Eterna!
Todas essas mulheres que vivem nas ribaltas e palcos sociais do mundo patriarcal querem esquecer que vivemos...”num mundo de monstruosas tiranias.” Que existem governos e até os seus que, por controlo ou por negligência, permitem que pessoas passem fome, deixando que se destruía as suas vidas, que se dissolvam laços, que máfias trafiquem seres humanos mais especificamente mulheres e crianças. Elas querem esquecer a todo o transe ou simplesmente ignorar que por toda parte existe opressão à mulher, a outras raças, a modos de vida, e que morrem crianças à fome e que doença e desnutrição proliferam no mundo sem controlo…   

RLP
REPUBLICANDO…
PATRIA CRUXIFICADA - quadro de Vitor Belém 

segunda-feira, outubro 17, 2011

A FEMINILIDADE RADICAL

Em busca da completude...
*
"A MULHER NÃO PRECISA DE SE TRANSCENDER COMO O HOMEM PRECISA. COMPLETA-SE NELA PRÓPRIA."
A.B.L.
*
O nascimento místico, parto na dor dum outro nome e sexo impreciso, e em que o sangue toma uma importância rítmica, culminando a imitação da paixão, é nada menos do que a união consumada que só a mulher conhece.

A feminilidade radical é uma ferida de amor, amor completo e permanente é atmosfera, onde o homem não se encontra à vontade.
Um pouco decepcionado pelo que há de repetitivo na adoração feminina, que é um desejo angustiado, ele trata de ignorar pela censura e pela psicanálise, o seu pequeno papel no ferimento de amor que é a mística feminina.”
I
N “A MONJA DE LISBOA” de Agustina Bessa Luís

*
NÓS MULHERES: "Somos uma só identidade em múltiplas formas de conhecer o vasto mundo e os seus milagres [...]
Somos como irmãs que se desvelam a honrar a mãe-Terra, eterna não diremos, mas preparada por nossas mãos a empreender o voo, um dia, para outro lugar no espaço".


AGUSTINA BESSA-LUÍS

(REPUBLICANDO...)

domingo, outubro 16, 2011

AS VEZES ACONTECE...


Decepção

Uma palavra. Um gesto. Como estamos magoados “só por isso”, interrogam-nos com um certo constrangimento? Porém, aquela palavra, aquele gesto, tornaram-se emblemáticos de quem é o outro.
Não conseguimos dar nome às emoções, e receamos que se lhes tocarmos com as palavras, elas despertem a dor. O mundo que conhecíamos até aí deixa de existir. O futuro é ausente. Estamos emparedados.

“Nos momentos de decepção deste tipo, que todos nós vivemos sob uma ou outra forma, dir-se-ia que o próprio tecido da realidade se rompe, e que descobrimos que o mundo que conhecíamos, ou pensávamos conhecer, se perdeu; como se o desabar do mundo simbólico equivalesse de facto ao desabar do mundo físico.”
Ivan Ward Fobia Almedina

“As pessoas morrem quando nos decepcionam e, para nossa perplexidade, com elas morre sempre um bocadinho mais ou menos indecifrável dentro de nós" 

Eduardo Sá, Chega-te a mim e deixa-te estar, Oficina do livro

A decepção. Não o pequeno tremor frente à improvável atitude do outro. Mas a sensação que algo nos perfurou. Não antevemos possibilidade de regeneração.
Sofre-se duplamente. Pela perda do outro e pela perda desse bocadinho que não conseguimos localizar.
Esse bocadinho, é a imagem do outro que se entrelaçou dentro de nós a uma memória elementar. A toda a riqueza que acumulamos das nossas vivencias reais e fantasiadas. À memória das pessoas que amamos, e do que amamos em nós, apesar dos desapontamentos. É a poção de sobrevivência. Do que acreditamos e confiamos, e que nos faz uma companhia silenciosa.
E subitamente, o outro que é parte de nós, decepciona-nos. Diz-nos que está descomprometido com esses sentimentos e emoções. Ficamos sem sustentação. Aproximamo-nos da morte, por agitar temores de um tempo inseguro e desprotegido.

Se a reserva de amor que temos dentro de nós é a bastante, “isso nos permite compensar um fracasso ou um desapontamento em relação a uma pessoa estabelecendo um relacionamento amistoso com outras e aceitar substitutos para coisas que fomos incapazes de obter ou de guardar”. (Melanie Klein)


IN http://incalculavel-imperfeicao.blogspot.com/

quinta-feira, outubro 13, 2011

A INTEGRALIDADE DA MULHER


É O QUE EU ENTENDO POR A DEUSA NA MULHER...

O grande problema nesse excessivo enfoque no sagrado feminino e na deusa é que acabamos nos esquecendo que há um sagrado masculino e um deus. Acabamos por nos tornar meras inversões do cristianismo e do Deus Cristão...
(Beto)


Meu amigo, em parte eu concordo consigo...e sei a que se refere. Mas na verdade este enfoque na deusa não é senão uma teoria, um entretenimento...uma fuga à nossa humanidade limitada...  como o é o enfoque em deus, o deus tradicional...de qualquer religião instituida, tal como diz, do deus cristão. Mas a meu ver esse não é o verdadeiro problema...o problema com a deusa na mulher é a tomada de consciência do que é realmente o seu feminino primordial, a sua essência, para que se torne então sagrada o que só pode ser apreendido na união das duas mulheres cindidas pelo patriarcado. E enquanto  a união das duas mulheres divididas entre os estereótipos da santa e da puta não se fizer não há feminino sagrado. Continua a haver separação entre as mulheres, divisão dentro delas, fragmentação da sua psique e confusão nas suas emoções...projecções e mais projecções da deusa e de deus...

Muita confusão acerca da "prostituição" sagrada...que não é mais do que a interpretação misógina dos estudiosos e dos antropólogos  sobre as sacerdotisas do amor ao serviço da deusa, iniciadoras do amor sexual e do poder da deusa na mulher, gera a nos nossos dias a aceitação da prostituição como "normal" o que é uma forma de degradação da mulher e que resulta na continuação  da divisão das mulheres. Essa visão que cinde as mulheres em duas  não aponta para a integração do ser mulher total, da mulher como um ser uno, a que não diferencia a sua sexualidade e sensualidade da sua maternidade...está a ver? Por isso nada muda no culto da  deusa tal como no culto de deus...e só quando a mulher tiver resgatado essa dimensão do sagrado em si, baseada na sua totalidade, na união do seu ser interior e exterior, não obedecendo a nenhum estereótipo, poderá focar-se e dar lugar ao masculino sagrado...que não existe sem a Deusa, ou seja a mulher completa...porque a Deusa não é possível nem realidade sem que a Mulher seja una e integrada numa só entidade.
Quanto a mim esse enfoque   tem de ser feito pela e na Mulher em si, para si mesma...e isso não está a ser feito nesse domínio.
Quanto ao masculino sagrado é a busca do homem e é o homem que tem de o buscar também em si...a confusão toda deriva de estarmos sempre a pensar e a PROJECTAR NO OUTRO/A  antes de nos integrarmos a nós mesmas/os...

rlp

terça-feira, outubro 11, 2011

A OPRESSÃO E VIOLÊNCIA SOBRE A MULHER


O FUNDAMENTALISMO CRIMINOSO ISLAMICO

A actriz iraniana Marzie Vafamehrha foi condenada a um ano de prisão e 90 chicotadas pela sua participação no filme «Teherane Man Haray», informou hoje o site Kalameh.
Depois de tomar conhecimento da sentença no último domingo, decretada por um tribunal de justiça do Teerão, o advogado de Marzie apresentou um recurso à instância superior, acrescentou o site.
Mulher do cineasta iraniano Naser Taghvai, Marzie foi detida no final de junho, segundo a mesma fonte, por ter actuado num filme que narra os problemas de uma jovem artista para viajar à Austrália.
Taghvai declarou ao site Kalameh que outras pessoas envolvidas no filme também foram presas, mas só Marzie foi condenada. Segundo o cineasta iraniano, o filme contava com a permissão do Ministério de Cultura e Orientação Islâmica.
«Marzie está numa prisão de Garchak, numa província de Teerão. O local é um antigo galinheiro que não apresenta as mínimas condições higiénicas», acrescentou o marido da atriz.
Produzido há quatro anos por Garanaz Musavi, uma cidadã iraniana que reside na Austrália, o filme foi resultado de uma tese universitária e contou com a participação de muitos estudantes, todos com a permissão das autoridades.
Apresentada em vários festivais, o filme chegou ao Irão por vias desconhecidas e acabou por ser distribuído no mercado negro. «Antes, o filme era vendido por menos de 1 dólar. Agora, devido ao processo, custa 6 dólares», adiantou Taghvai.
A pressão sobre os artistas, especialmente mulheres cineastas e atrizes, aumentou muito nos últimos meses no Irão e várias delas foram detidas, processadas e condenadas com diversas penas.
in Diário Digital

EM BUSCA DO SAGRADO FEMININO


 "A volta da Deusa não significa
o retorno às antigas religiões"

"Atualmente observa-se no mundo todo o ressurgimento dos valores e da busca do Sagrado Feminino, simbolizando a necessidade de uma cura profunda da psique individual e coletiva, levando a uma expansão da consciência para assegurar a renovação planetária no próximo milênio. A volta da Deusa não significa o retorno às antigas religiões; o que ela prenuncia é uma nova forma de validação dos valores femininos, uma nova cosmologia centrada na Terra, uma nova ética enraizada na conscientização e reconhecimento das tradições e mitos do passado, mas para nos reconectar com a energia amorosa e compassiva da Grande Mãe precisamos passar por mudanças profundas na nossa maneira de pensar e agir, abrindo mão do jogo de poder, competição, retaliação, vitimização e opressão (características do patriarcado) e desenvolver a tolerância, a solidariedade, a compreensão e apoio mútuo, ultrapassando as diferenças e as cisões dualistas, em busca da pacificação interna e externa, em um empenho global para honrar e preservar Gaia, a nossa Grande Mãe. "

FONTE: O anuário da Grande Mãe
Livro de Mirella Faur
Excerto retirado do sítio: chamadoamanhecer.zip.net

segunda-feira, outubro 10, 2011

A diferença essencial entre evolução cultural e biológica


PARCERIA OU DOMINAÇÃO?

“Retornamos também a um outro ponto, de igual importância: a diferença essencial entre evolução cultural e biológica. A evolução biológica acarreta o que os cientistas denominam especiação; o surgimento de uma grande variedade de formas de vida cada vez mais complexas.

Em contraste, a evolução cultural humana relaciona-se com o desenvolvimento de uma espécie bem complexa — a nossa —, a qual se apresenta de duas formas: a feminina e a masculina.

Este dimorfismo humano, ou diferença na forma, como vimos, atua como uma coerção fundamental das possibilidades de nossa organização social, a qual pode basear-se tanto na supremacia quanto na união das duas metades da humanidade. A diferença crítica que outra vez deve ser enfatizada é a de que qualquer um dos dois modelos resultantes possui um tipo característico de evolução tecnológica e social. Em consequência, a direção de nossa evolução cultural — especialmente no que se refere a saber se ela será pacífica ou belicosa — depende de qual destes possíveis modelos será o guia para a evolução.
Nossa evolução social e tecnológica pode — o que, como vimos, de fato aconteceu —
passar de níveis mais simples aos mais complexos, primeiro sob uma sociedade de parceria e depois sob uma sociedade de dominação. No entanto, nossa evolução cultural, que direciona os usos que fazemos das maiores complexidades tecnológicas e sociais, é radicalmente diferente para cada modelo. E, por sua vez, esta direção na evolução cultural afeta profundamente a direção de nossa evolução social e tecnológica.

O exemplo mais óbvio é a tecnologia. Sob a direção cultural do paradigma de parceria, enfatizam-se as tecnologias com fins pacíficos. Mas com a ascensão do paradigma dominador, houve a grande mudança para o desenvolvimento de tecnologias de destruição e dominação, que ascenderam gradativamente ao longo de séculos, até nossa época ameaçada.
Como não estamos acostumados a considerar a história em termos de um modelo de dominação ou de parceria da sociedade, que molda nosso passado, presente e futuro, é para nós difícil enxergar o profundo efeito que esses dois modelos exerceram em nossa evolução cultural.”

O CÁLICE E A ESPADA, Riane Eiseler (versão brasileira)
Copiado de: http://saberdesi.blogspot.com/2011/09/parceria-ou-dominacao.html

ENCONTROS E DESENCONTROS


A MULHER QUE SE NEGA E SE DEIXA MUTILAR...

Hoje sinto uma grande tristeza…uma tristeza profunda ao constatar mais uma vez como o sonho que por vezes me anima de ver as mulheres unidas segundo um padrão elevado de beleza e seriedade…de integridade e consciência, de partilha e firme vontade de evoluir na descoberta do seu ser profundo e de uma grandeza interior, se esboroa nos meus dedos ao transformar-se em mais uma mera ilusão desfeita pela realidade…

Ver e constatar como as mulheres se movem ainda e só por sexo…dinheiro…e ego…ou fama… (em nada diferentes dos homens) dá-me esta profunda tristeza e vontade de abandonar de vez este sonho louco de unir e consciencializar as mulheres do seu valor intrínseco…quando afinal o que vejo é que elas se perdem uma e outra vez sempre em prol do amante, do predador, do homem que a explora ilude e engana…ou mesmo de outra mulher (se for caso disso) …é o engate, o “prazer” ou o “amor” romântico que as move…
Uma e outra vez essa ilusão macabra, do erro que se repete, de se projectarem no homem (ou mulher) e entregarem-lhe o seu poder pessoal… Quantas vezes…? Quantas vezes não dão mesmo tudo o que têm, sacrificam-se inteiramente, para ficar sem nada e de novo abandonadas, desprezadas, voltam a projectarem-se num mesmo sonho mórbido…
Quantos casamentos desfeitos, quantas traições…quantos enganos, quantas desilusões…quantas violências consentidas, abusos e prepotências em nome desse “prazer” ou desse “amor”? Porque esta permanente e obsessiva procura do “outro”?
Porque este medo de estar só…de não saber ser em si, este medo de não ser nada …este medo de não saber quem se é…e não se dar valor só por si?

Nas mulheres mais novas eu ainda compreendo o sonho intacto, a força da libido e a falta de experiência, querem casar e ter filhos…embora nada justifique a cegueira das mulheres e geral…mas ver mulheres maduras, mulheres cultas, mulheres inteligentes cair na armadilha…perder a dignidade e perder toda a postura, a sua independência por um falso prazer adiado… do “orgasmo” (que se calhar nunca tiveram), escravas de um mito, da “felicidade”, do “homem ideal”, do “príncipe encantado”… e quantos SAPOS, quantos, elas não engolem até morrer…até ter um cancro do útero ou da mama, e o médico lhes arrancar os seios e lhes tirar os ovários, consumida por pílulas desde jovem, pílulas do dia seguinte, anestesias e anti-depressivos a vida inteira…
Não, não creio que isto seja um destino nem uma condenação…mas a mulher foi e é ainda uma “escrava” do homem, disfarçada de emancipada, seja a esposa a filha ou a amante, não conseguindo libertar-se da ilusão do casamento e do “amor”, prisioneira da célula da família onde ela é apenas a reprodutora, a nutridora da criança e do macho, sem saber como ou sem querer até libertar-se! Primeiro ela não é nada sem um filho e depois sem um homem… E é esse medo justamente de ser só e estar vazia que a faz ceder e cede vezes sem conta, porque é esse vazio, o vazio que lhe inculcaram para a encher (a gravidez) e por medo de estar só, submeter-se ao macho, por não ter valor em si mesma que a faz viver sempre o mesmo filme de terror até ficar totalmente destruída… cansada, velha e desfeita…

Há mulheres felizes, dir-me-ão…mulheres realizadas…casadas e com famílias organizadas e que se sentem bem na sua pele…Mas essa não é a sua pele…e esse é que é o drama e elas nem sabem. Pode contudo haver excepções à regra…dizem-me, pode, mas eu sou céptica e talvez velha demais para acreditar no sonho americano…A ideia de felicidade é muito recente na Europa, e foram os filmes de Hollywhood que a propagou no mundo...
Portanto direi que não, que não acredito em mulheres felizes sem saberem de si mesmas. Há sim mulheres submetidas e entregas a esse sonho sem querer ver nada, totalmente cegas para si, anuladas, obedientes e contentes com a tudo o que “têm”…casas carros piscinas….ou carteiras e sapatos de marca. Ou então mulheres completamente alheias a si como seres humanos, sem individualidade, obedientes às regras e a viver no seu quotidiano vazio, sem emoções ou as empregadas, em grande sofrimento por não terem dinheiro, na luta pela sobrevivência, condenadas as mais miseráveis condições de vida…Classe alta e classe baixa…nos antípodas uma da outra…e a classe média, por suposto “culta e educada”…vive toda de filmes, escrava do consumo e da média, seguindo padrões e estereótipos de mecanização, robotizadas.

Não, as mulheres de todas as classes não têm vida própria ainda, não sabem quem são nem o que valem…tudo o que lhes disseram, as mães e os pais e os padres e os professores, como se de si próprias se tratasse era falso… tudo o que lhes contaram sobre a Mulher estava errado...ou quase tudo... 

Porque não acorda então a mulher para si mesma? Porque não se liberta a mulher moderna? Porque ela é prisioneira de uma biologia também, de um imperativo da espécie…mas não é só… está prisioneira porque ela própria não quer olhar-se a si mesma ao espelho…ela luta contra si e contra a sua irmã…ela mantém a separação entre mulheres, a contenda, a rivalidade: vê sempre na outra mulher a causadora da sua infelicidade… é sempre a “outra” mulher…a culpada da sua desgraça, da infidelidade do homem…precisamente porque ela não se conhece nem sabe que dentro dela coabitam as duas (a esposa e a amante, a mãe e a filha, a velha) e esse é um tesouro escondido, um manancial por abrir, que corresponde a uma vida plena…a um coração que por si espera, o seu próprio …que corresponde a uma vida cheia de sentido e amor por si mesma e creio que nas outras mulheres também…

No dia em que a Mulher deixar de ser dominada pelo medo de estar/ser incompleta ela poderá ser livre…

Sim, isso é possível, se a mulher se encontrar em si e elevar-se na sua força inteira, na sua plenitude, se resgatar o seu poder interior …ser plena e livre, amar-se a si mesma e depois então pode e deve amar os outros…mas nunca antes de se encontrar a si mesma e a sua identidade perdida nos confins dos tempo…

rlp

sexta-feira, outubro 07, 2011

DEIXEM AS MULHERES FALAR SOBRE SI PRÓPRIAS...


Em Um Quarto Só para Si, Virgínia Woolf descreve satiricamente a sua perplexidade perante os volumosos catálogos da biblioteca do Museu Britânico: porque é que há tantos livros escritos por homens acerca das mulheres, pergunta-se ela, e nenhum escrito por mulheres acerca dos homens? A resposta a essa pergunta é que desde o começo dos tempos os homens se têm debatido com a ameaça do domínio feminino. Essa torrente de livros foi instigada não pela fraqueza das mulheres, mas pela sua força, a sua complexidade e impenetrabilidade, a sua omnipresença aterradora. Ainda não nasceu o homem, nem sequer Jesus, que não tenha sido tecido, a partir de uma pobre partícula de plasma e até se converter num ser consciente, no tear secreto do corpo feminino. Esse corpo é o berço e a fofa almofada do amor feminino, mas é também o cavalete de tortura da natureza.”*
Camille Paglia

Muitas "espiritualidades" recentes (modistas) e novíssimos autores, procuram branquear a história e a realidade que é o apagamento global das qualidades intrínsecas das mulheres e lidar com a pseudo-emancipação destas como um dado garantido...para a "evolução" do ser humano como um todo, sem que a Mulher esteja na posse do seu mat(er)rimónio (não pat(er)rimónio), ou seja, da herança ancestral da linha matrilinear...que passa por uma consciência ontológica antes de mais. Uma ligação às suas raízes e a Terra. Que implica uma integração dos vários estereótipos em que ela foi dividida pelas religiões, vivendo ainda hoje completamente fragmentada ao nível da sua psique. Só quando a mulher deixar de viver alienada da sua natureza profunda (forças ctónicas, coração, útero sangue e ovários) poderá recuperar a sua verdadeira identidade e ser um ser autêntico na plena posse dos seus atributos. Até lá a mulher continua a ser o que o Homem e a "ciência" quer que ela seja...
Porque aquilo que o ocidente reprime na Mulher é ...

“Aquilo que o ocidente reprime na sua visão da natureza é o ctónico, termo que significa “da Terra”, mas das suas entranhas, não da superfície.” (Camille Paglia)



Destaco hoje este aspecto aqui dada a recente intervenção de alguns espiritualistas nova vaga, ou mesmo de “clássicos” (cristãos gnósticos, rosa-cruzes ou teosóficos), esoteristas em geral, os que que de bom já têm considerarem a mulher uma igual…ou que lhes conferem um papel digno…de parceria e complementaridade, por certo os mais bem-intencionados, mas que não vêem ou não querem ver (não podem ver porque não lhes passa na pele…) que a mulher moderna está cindida em vários estereótipos, em consequência de uma religião secular misógina que a cindiu basicamente em dois "arquétipos" (a santa e a prostituta) e uma cultura apolínea que nega o ctónico e a natureza telúrica, e por isso ainda hoje ela vive fragmentada na sua natureza profunda e na sua psique, apesar de se julgar livre dentro desses estereótipos masculinos. Eles acham que eu estou mesmo a atrasar os processos de evolução espiritual de ambos os sexos, ao dizer que a mulher não está na posse nem consciente da sua natureza intrínseca profunda… Do mesmo modo as feministas em geral e as marxistas me acham demasiado espiritual e negam o lado sagrado da natureza e a sua ligação a ela, negam que a força da mulher está nos seus ovários, negam a sua intuição e o lado das forças instintivas em prol do seu lado racional e lógico.

A questão por mim focada nunca passou por deitar abaixo "os homens" nem defender as mulheres...como eles pensam, (falando em vitimização, opressão, ou de uma sexualidade versus maternidade etc.) mas sim a defesa da minha perspectiva da questão que assenta na minha experiência profunda e é bem outra, fora de qualquer contexto habitual...e a meu ver fundamental.
Há planos de vida e de consciência, um tangível...e outro subtil... A espiritualidade é do plano subtil digamo, o plano da energia, e a realidade concreta social e psíquica é do plano tangível, material. Reduzir o ser humano aos seus cinco sentido e à razão intelecto, é a redução do ser humano a um animal racional...E o ser humano é muito mais do que isso sendo que a mulher é o veiculo da transcendência, dando vida e amando a um outro nível. Mas só a Mulher na posse da sua plenitude tem acesso a essa transcendência-consciência e para isso ela tem primeiramente que se conhecer a fundo tanto no plano tangível como no psíquico…e ir para além dos dois...isto é essencial uma vez que a história e a sociedade patriarcal a afastou completamente de si e desse seu potencial quer da sua verdadeira natureza ao longo de séculos de perseguição e anulação.

Conhecer a natureza de um ser, no caso da mulher (tal como com o homem) significa nascer e ser mulher na pele... neste plano. Considero por fim que um homem não tem que falar da mulher nem a mulher do homem. Por isso penso que é a altura de serem as mulheres e falar delas...a escrever sobre elas...a filosofar sobre elas, a dizerem o que elas REALMENTE sentem e querem...

Era tempo de os homens ficarem lá a falar com os seus botões...ou a filosofar entre si sobre os Homens e o seu mundo e o seu deus, o que quiserem, toda a porcaria que fizeram e continuam a fazer em nome das suas ideologias, democracias e economias...mas não mais sobre as mulheres. Como são ou deixam de ser ou se são ou não são como deviam...

DEIXEM AS MULHERES FALAR SOBRE SI PRÓPRIAS...
É SÓ ISSO QUE EU RECLAMO...

rlp

Três mulheres pela Paz


A Presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, a activista liberiana Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkul Karman ganharam o prémio Nobel da Paz 2011, foi hoje anunciado.

Comité Nobel Norueguês distinguiu as três mulheres «pela luta pacífica em defesa da segurança das mulheres e dos direitos das mulheres na participação total no trabalho de construção da paz».

Tawakkul Karman, que a agência noticiosa francesa AFP inicialmente identificou como liberiana, é de nacionalidade iemenita.

Johnson Sirleaf, de 72 anos, economista formada em Harvard, é a primeira mulher presidente de África eleita democraticamente em 2005.

Vista como reformista e pacifista quando assumiu o poder, Sirleaf apresenta-se novamente às eleições presidenciais, que decorrem este mês. Recentemente, opositores acusaram Sirleaf de comprar votos e usar fundos governamentais na campanha eleitoral.  ...(in dn)


NOTA A MARGEM:

Não é que eu acredite muito nas mulheres que dentro do sistema patriarcal, seja ele qual for, possam fazer grande coisa e não estejam viciadas dos seus valores e minadas pelos seus interesses, sujeitas as suas regras e leis...mas mesmo assim acho importante que as mulheres lutem pela paz...embora as "nações unidas" não sejam senão mais uma mentira e um disfarce global para a intervenção política dos estados dominadores.

terça-feira, outubro 04, 2011

Um eco...


Muitas vezes....

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio dos outros."

CLARICE LISPECTOR

ENTRE MULHERES, TODAS AS MULHERES

O PODER DA MULHER
Estamos aqui entre mulheres...

Mulheres...próximas de quê?
Mulheres próximas de si...viradas para dentro, suponho, em busca de uma identidade...de uma totalidade...de um encontro com a Deusa...
Mulheres que se interrogam, que se questionam sobre as suas raízes, as suas origens remotas...que buscam as suas ancestrais...o seu poder interno, a sua história.
Mulheres em busca da sua liberdade interior...em busca do seu ser profundo, no fundo da sua psique...que percebem a sua divisão e não querem mais lutar contra si nem serem as eternas rivais das outras mulheres...
Mulheres adultas, maduras, conscientes de uma vida que vale por si...a Sua...que lutam por si mesmas, que lutam por SER e por ter uma vontade própria, não pelos filhos, não pelos amantes, maridos, profissão ou religião, não pelo prazer, sendo apenas corpo de desejo, não pelo país ou pelo mundo...Mas antes de tudo em busca de si mesmas. Em busca do seu coração. O coração que em si bate e não que bate apenas porque o "outro" existe, mas bate porque a SUA vida é em si que se manifesta, cheia de amor e de vontade renovada em cada dia que acorda para uma nova vida.
Creio nas mulheres que se buscam em si, plenas, autodeterminadas, confiantes, mulheres que caminharam por todos os caminhos que fizeram todas as escolhas que deram tudo o que tinham...e nunca lhes deram o valor que por si só uma mulher tem. Mulheres que sabem o que valem intrinsecamente e que não querem mais entregar o seu Poder pessoal a ninguém...pais, vizinhos, guias, médicos, astrólogos, padres...
Mulheres que são o seu centro e querem amar sem se perderem de si...
É nessas mulheres que eu acredito...
Mulheres de corpo Alma e espírito que não se dividem nem se traiem por falsas promessas de sucesso, credos ou prazeres...

Por isso, o Foco principal deste Blog (ou do Grupo) é na Essência Mulher. Trata da questão da Mulher como SER em si e não da Mulher em relação com os outros...
O facto de se pensar a mulher sempre em termos de mãe, esposa ou amante...faz com que muitas mulheres ao se verem tratadas como seres individuais sem ter em conta (senão secundariamente) as suas relações com os outros, ficarem confundidas e desagradadas do facto e até a terem uma reação violenta com o grupo...podem sentir-se injustiçadas e mal compreendidas. Não, não é nada, nisso.

Uma vez que o centro da mulher é sempre ou quase sempre o "outro" - seja o filho o marido ou o amante - em vez dela própria...o facto de aqui tratarmos ou pretendermos tratar só da Mulher Essência, a Mulher em si, cria não só essas reacções como algum antagonismo e rejeição do grupo e por isso saiam.
Gostaria neste caso salientar que o centrarmo-nos na Mulher em si não significa uma recusa da vida sentimental, sexual ou familiar da mulher. De maneira nenhuma. Acreditamos ao contrário disso, que a Mulher plena, consciente de si mesma e do seu potencial, centrada em si, na sua própria força e sabedoria inata...tem mais possibilidades de ser uma melhor mãe amante e filha...o que seja. E nunca o contrário em que a mulher dependente e carente, insegura e manipulada pelos parceiros nunca consegue dizer o que sente ou nem sequer se olha como ser individual que é sempre ao serviço dos outros...

rlp

segunda-feira, outubro 03, 2011

MORTE ÀS MULHERES PELA "HONRA" DE QUEM? DE ALA, OU DE UMA CORJA DE FANÁTICOS ?


Paquistão: Família recusa ‘matar’ filha

Com apenas 17 anos, Kainat Soomro está no centro de uma batalha judicial no Paquistão. Em 2007, a jovem foi raptada e violada repetidas vezes por quatro homens durante três dias. Conseguiu fugir, mas enfrenta agora um conflito maior: um tribunal condenou-a à morte por ter perdido a virgindade fora do casamento.

A lei paquistanesa condena as mulheres que perdem a virgindade fora do casamento a sofrer uma “morte de honra”. Kainat foi raptada quando saía da escola e se dirigia a uma loja por quatro homens. Mantida em cativeiro, e violada inúmeras vezes, a jovem conseguiu fugir e contou à polícia o drama vivido.


O conselho tribal ilibou os suspeitos do crime sexual, considerando que as declarações da jovem eram insuficientes e condenou-a à pena de morte. A família de Kainat opõe-se à decisão e já mudou da pequena cidade onde vivia para Karachi, mas continua a ser alvo de protestos.


“Só quero justiça. Não vou desistir enquanto não tiver justiça”, assegurou a jovem. A família quer levar o caso ao Supremo Tribunal do Paquistão.


O mais recente relatório da Comissão dos Direitos Humanos no Paquistão estima que, em 2009, 46 por cento do total de mulheres mortas se tenha ficado a dever à “honra”. A imprensa noticiou nesse ano 647 casos. Mas os números podem ser muito mais negros. A maioria dos casos não chega ao conhecimento das autoridades e as mortes acabam por ser justificadas com suicídios.


Apesar da maioria dos casos se reportar a mulheres, as estatísticas indicam ainda que 30 por cento das “mortes de honra” reportam a casos envolvendo homens.

in correio da manhã