O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, março 31, 2016

SENTIMENTOS...


A TRISTEZA

É UM MEIO TRANSFORMADOR

"A tristeza é o abandono emocional sentido quando as nossas expectativas e desejos caiem por terra e sofremos uma decepção. A tensão da espera desaparece e a tristeza dói porque supõe uma separação daquilo a que nos apegámos, seja um beijo de boa noite, uma medalha de ouro ou um romance, e conviver com a perda. Todos conhecemos os sinais de tristeza: olhos cansados, cara caída, costas inclinadas, ombros caídos, braços pendurados, pés que se ...arrastam e voz lânguida. A tristeza é uma espécie de murchidão.
Como é de supor, lutamos contra a tristeza com todas as nossas forças. Desejamos a felicidade, e sua procura é um direito inalienável, uma obsessão universal. Acreditamos que a forma óbvia de sermos felizes, de possuir o encanto e a faísca da felicidade, é evitar a tristeza. No entanto, na verdade é o contrário. A verdadeira alegria só é possível através da aceitação da tristeza inevitável, pois esta é uma reação saudável perante o fracasso de expectativas, de algo inevitável na vida. Desejamos que as coisas permaneçam sempre iguais, mas a vida é feita de mudança e sofremos ferimentos na adaptação. Desejamos que as outras pessoas nos tratem bem, mas não podemos controlá-las e ainda ter relações vitais com elas. As desilusões não se podem evitar.
A tristeza, então, conecta-nos com o centro da nossa vulnerabilidade e com os apegos primários que constituem a trama da nossa experiência fulcral. É uma energia de descompressão, uma tempestade que descarrega a tensão e limpa o ar, uma dança que dissolve, uma vibração caótica no nível celular que produz uma catarse curativa imprescindível para a fluidez e a elasticidade do ser. A tristeza é o meio transformador que nos permite amaciar a nossa rigidez e diluir o nosso desejo de segurança, estabilidade e garantias perante a inevitabilidade da mudança e a necessidade de crescimento. O desafio consiste em aceitar nossa incontornável vulnerabilidade e acolher a experiência de tristeza quando ela chegar, como libertação necessária para viver de forma saudável com o troco."*

(...)
 A RAIVA
 

"A raiva é uma reacção de protecção da integridade do nosso ser perante a invasão das nossas fronteiras pessoais. É um "não" instintivo a um dano, a uma violação. Põe limites e levanta barricadas. A ira cabal é afiada como uma faca. É rápida, clara e não precisa de explicação. São os dentes que mostra a mãe que defende seus filhotes, o lombo doridas e o soprar  do gato ameaçado por um cão. Não há nada mais limpo e eficaz que a raiva verdadeira, específica e justificada. Sua expressão franca expõe a incorrecção e defende a integridade em benefício de todos...
A ira interiorizada e contida é pandémica na nossa sociedade e as suas consequências são a catastrófica violência doméstica, os crimes, todo tipo de agressão gratuita, a guerra a todos os níveis e a destruição desesperada. A raiva é a emoção menos permitida, a mais desaprovada na nossa sociedade, e por conseguinte a mais reprimida. Os sinais corporais que reflectem raiva reprimida são visíveis em todas partes: dentes rangem, punhos fechados, costas rígidas, queixos proeminentes, vozes altas, olhos desafiadores. As sementes da raiva contida na eclosão de todos os dias de mil maneiras, destrutivas para si mesmo e para os outros, são uma praga. Se apenas aprendêssemos a reagir e nos  insurgirmos  corretamente no momento certo, protegendo o nosso território  das verdadeiras invasões, a ira se tornaria numa reacção adequada, uma resolução justa face aos desafios, um tratamento sem efeitos colaterais negativos, em vez de uma doença crónica cuja impotência acaba em destruição. A verdadeira libertação da raiva costuma levar a um sentimento de compaixão, porque passamos da raiva perante a violação a uma avaliação detalhada das causas que levaram as outras pessoas a invadir as fronteiras alheias. A própria ira pode ser uma forma oportuna de compaixão."*
(...)
*Gabrielle Roth
" Mapas ao êxtase. Ensinamentos de uma xamã urbana."
Via Germana Martin - mulheres em circulo


Paradoxo da recuperação

PARA ALGUÉM...
Nigel Buchanan

Recuperação não se refere a um produto final ou resultado. Isso não quer dizer que se está "Curado". De fato, a recuperação é marcada por uma aceitação cada vez mais profunda das nossas limitações.
Mas agora, ao invés de ser uma ocasião de desespero, descobrimos que nossas limitações pessoais são a terra da qual brotam as nossas próprias possibilidades únicas. Este é o paradoxo da recuperação, ou seja, que ao aceitar o que não podemos fazer ou ser, começamos a descobrir que o que puderemos ser e o que poderemos fazer. Assim, a recuperação é um processo. É um modo de vida. É uma atitude e uma forma de abordar os desafios do dia-a-dia. Não é um processo perfeitamente linear, como as marés, a recuperação tem suas estações, o seu tempo de crescimento, para baixo na escuridão, para garantir novas raízes e em seguida, os tempos de sair à luz do sol. Mas acima de tudo, recuperação é um processo lento, deliberado, que ocorre através de um pequeno grão de areia de cada vez.” 
Patricia E. Deegan, Ph.D.*
  
Pela autenticidade do testemunho, esforço-me por me lembrar de uma experiência vivida de sofrimento. Da recuperação. Do período de transição de uma situação que não volta, ou que percebemos, por fim, que deliberadamente teremos de abdicar. Centra-nos. Temos de ser nós, da pessoa contra si mesma.
Talvez possamos reconhecer os erros, sem culpas, mas não poderemos começar do princípio. Do princípio não. Para outro destino. 
Sem que seja um salto no vazio, é urgente acreditarmos, pacientemente, que vamos ficar bem passadas as provações e que as dificuldades serão temporárias.
Qualquer mudança deverá parecer-nos bem-vinda, e trocarmos pelo caminho, os máximos desejos, por pequenas vitórias alcançáveis. Serão pedacinhos de controlo. Esta parte de nós resiste, mantém-se saudável, o sofrimento não contaminou tudo, mas nunca se sabe quando se estará pronto, sabe-se que pela metamorfose, se sobreviveu. 
O esperado, nas palavras de Coimbra de Matos, que possamos adquirir um modo de ser  "...mais resistente e sobremaneira mais eficiente de dar a volta por cima, construir uma outra e superior maleabilidade e endurance (tenacidade)".
Na transformação da dor, a ferida vira tatuagem, para no futuro, não nos esquecermos que fomos mais fortes do que aquilo que nos afetou e que devemos honrar a nossa evolução. 

* Patricia E. Deegan PhD "Recovery, Rehabilitation and the Conspiracy of Hope"
in incalculável imperfeição

quarta-feira, março 30, 2016

O que será que não estou a sentir?

 
 
SERES CONSCIENTES  SÃO HUMILDES...


...Mas na realidade todos sabemos pouco, professores, psicanalistas, terapeutas, cientistas e artistas. O mundo é complexo e nós estamos continuamente a aprender profundamente. Hoje em dia tenho esse sentimento. Gosto muito da minha vida profissional e pessoal porque estou sempre a descobrir coisas com as pessoas. Não digo isto com uma "boutade"*. É verdade.


- É bom que assim seja. Revela compreensão.


- Revela a realidade, sem estarmos a escamotear ...e a escondermo-nos atrás dela. Porque a nossa tendência, quando nos dizem aquilo de que não gostamos, é defendermo-nos. Mas por aí não vamos a lado nenhum. Devemos perguntarmo-nos: “o que se passa comigo?” “Que será que não estou a perceber?”. E sobretudo:” O que será que não estou a sentir?” E depois reparamos que as pessoas nos dizem coisas que fazem sentido. Que nos exigem ajustamentos.


EXCERTO DE UMA ENTREVISTA a António Francisco Mendes Pedro
IN INCALCULÁVEL IMPERFEIÇÃO

* Boutade - palavra francesa para dito engraçado...

terça-feira, março 29, 2016

“stresse no trabalho”



A DOENÇA DO VALOR MATA…

“Assim que uma pessoa chega ao ponto de crer que não suscitara mais o desejo, que “além de um certo limite o seu bilhete já não tem validade”, que a sua força de existir aliás lhe é inacessível, um ser pode vir a anular-se. Estaríamos autorizados a falar de destruição da alma disfarçada de suicídio. Estamos longe, aqui, de fazer considerações hipócritas baseadas em “stresse no trabalho” e os remédios ridículos com que se pretender resolver a questão. A doença do valor mata porque ela priva de sentido os seres. Isolando os indivíduos, ela dissimula a realidade: mas um outro mundo é possível. “

IN A DOENÇA DO VALOR, A EPIDEMIA MODERNA  - Max Dorra

A SABEDORIA DO AMOR...


"A sabedoria do amor consiste na aprendizagem pelo sofrimento, do prazer nele contido. " Tisanas - ana hatherly


Não sou apologista de que devamos fugir à dor ou à tristeza...acontece o que aconteça, passem-se as coisas que passar, as mais terríveis, ao nível consciente ou não, sejam elas passadas ou presentes, elas devem ser integradas naturalmente e transformadas em saber, mas só depois de sentidas, vividas com coragem e dignidade - como as mortes e as doenças graves etc. -  e compreendidas em nós, embora nem sempre isso seja possível ao nível da razão e da lógica...

Pensamos demasiado na felicidade e somos demasiado instigados/as a ter medo da dor e do sofrimento tal como da morte, ignorando os dois lados da vida sempre em interacção. Cultuamos apenas a alegria e esta falsa felicidade...como se de um suposto garantido se tratasse e a vida não é assim, nunca foi. Por essa razão criamos paraísos artificiais, lutamos contra tudo e contra todos em busca desses paraísos - ganhar dinheiro, lutar, subir na vida -  e levamos a vida a fugir para lugares de sonhos e vivemos de idealizações que só nos fazem perder o contacto com a realidade e o nosso sentir verdadeiro.

Sinto e sei que devemos sempre aprofundar o sentir  aquilo que estamos a viver o que vem a nos em forma de sofrimento e deixar fluir as sensação em nós, sejam elas boas ou más, sem censura sem as bloquear por medo...Devemos deixar vir ao de cima tudo o que nos oprime ou às vezes revolta...sejam memórias passadas, acontecimentos presentes ou pressentimentos...tudo o que nos afecta e incomoda e não queremos ver...
A nossa Depressão é quase sempre uma necessidade de interiorizar, uma etapa importante quando vivemos alienados e a fugir de nós mesmas/os...tal como as doenças...é a nossa necessidade de parar e olhar para dentro...

Não, não sou daquelas pessoas que pensa que tudo tem de ser curado imediatamente e que há terapias, comprimidos ou mezinhas para tudo o que sentimos. Prezo e respeito o sofrimento em si como expressão natural do meu ser face a uma realidade aparentemente confusa e caótica: uma realidade (tanto interior como exterior) tantas vezes dramática ou trágica onde nada é realmente como sonhamos ou idealizamos e por isso aceito e respeito dignamente o meu sofrimento sem medo e o das outras pessoas nomeadamente das mulheres quase como uma coisa sagrada.
Para mim sofrer/sentir em silêncio é tantas vezes uma forma de oração superior, de interiorizar o saber que vem do coração e conhecer a fundo o que ele nos diz...em vez de fugir e recitar de cor mantras e rezas...ou recorrer a químicos e remédios e a médicos...psiquiatras e afins!
Eu alquimizo a dor em mim pela aceitação porque sei que há o outro lado que se revela quando o fazemos sinceramente e sem medo. É daí que vem a luz de dentro ou uma serenidade única...inefável...a colmatar essa transformação. Todos/as temos essa capacidade.
Esta sociedade de plástico, consumista e belicista,  que faz guerras e mata e destrói  tudo  à nossa volta e o mundo em que vivemos, ao mesmo tempo quer tudo feliz e contente, tudo nivelado  pelo mesmo padrão de escravidão e nos vende constantemente pacotes de mentira em nome do "amor e da paz" ou da "felicidade"...na verdade, a única coisi que quer é ver-nos alienados, em busca de sucedâneos e a consumir tudo o que nos vende e promete prazer e alegria constantemente.


Há dias em que vomito essa praga de curas e remédios na montra da "espiritualidade" e do positivo new age  com que nos bombardeiam por todo o lado. Sim, prefiro a minha dor e a minha tristeza a essa alegria fictícia que abunda por ai a qualquer preço! Às vezes muito alto...
rlp

ESCREVER

Escreve!


Senta-te diante da folha de papel e escreve. Escrever o quê? Não perguntes. Os crentes têm as suas horas de orar, mesmo não estando inclinados para isso. Concentram-se, fazem um esforço de contensão beata e lá conseguem. Esperam a graça e às vezes ela vem. Escrever é orar sem um deus para a oração. Porque o poder da divindade não passa apenas pela crença e é aí apenas uma modalidade de a fazer existir. Ela existe para os que não creem, como expressão do sagrado sem divindade que a preencha. Como é que outros escrevem em agnosticismo da sensibilidade? Decerto eles o fazem sendo crentes como os crentes pelo acto extremo de o manifestarem. Eles captarão assim o poder da transfiguração e do incognoscível na execução fria do acto em que isso deveria ser. Escreve e não perguntes. Escreve para te doeres disso, de não saberes. E já houve resposta bastante.


Vergílio Ferreira, in "Pensar"

segunda-feira, março 28, 2016

A CONFUSÃO DOS GÉNEROS...



E EU PERGUNTO QUAIS GÉNEROS?


Neste OBVIO  colapso cultural e social a nível mundial, há muita confusão em torno de quem pertence a qual categoria sexual e a uma definição conceptual...primária.


(...)

“Na realidade actual, diante da desintegração dos antigos costumes, inúmeras pessoas se encontram num estado menos de fusão do que de confusão. Com o colapso dos modelos sexuais tradicionais, as pessoas ficaram livres para experiências; diversas vezes, porém, acabam se vendo em grandes dificuldades e buscam ajuda para sair do emaranhado labirinto do sexo e da alma. Muitas das que pretendem estar confortavelmente instaladas nos papéis heterossexuais convencionais, na realidade não estão. Há muita confusão em torno de quem pertence a qual categoria sexual.
Uma das questões mais cruciais que qualquer nova teoria da sexualidade deve enfrentar são os rótulos geralmente aplicados à sexualidade – a heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade – e o significado relativo destes termos.
Apresento isso como uma única questão; e não como três questões distintas, porque na minha prática analítica é assim que ela, via de regra, aparece ainda que embrenhada em complicações. A maioria das pessoas está convencida de que “pertence” a uma destas três categorias, de que são de natureza hetero homo ou bissexual, e de que têm de aceitar o que são. Ou caso não consigam se aceitar como membros de uma categoria fixa, atribuem-se a tarefa de se modificarem para que possam se enquadrar numa delas.”*
(...)

A LUTA DOS PRINCÍPIOS:
FEMININO E MASCULINO E A SUA INTEGRAÇÃO...


A luta de princípios que o ser humano reflecte na luta dos sexos é o próprio princípio da manifestação da matéria. O principio feminino e o principio masculino, yang e yin, sol e lua. Dai que toda a manifestação seja sexualizada: luta de opostos ou contrários, atracção e repulsão...e de que nós ainda somos escravos. Se equacionarmos isto com alguma simplicidade e naturalidade os problemas inerentes aos sexos e as suas variantes deixarão de Ter uma carga tão dramática ou pejorativa, deixarão de ser cavalos de batalha ou estandartes de guerra, porque o que está em questão é sempre o ser humano e a sua totalidade e não a sua divisão. O problema do Amor não está no sexo nem em saber qual é o sexo dos anjos...reside isso sim na integridade do indivíduo no caminho da “individuação”. As ambivalências e ambiguidades sexuais, as preferências de cada pessoa, seja qual for o sexo ou género de cada um, é secundário... porque só inteiro o ser se pode equacionar e saber quem é ou do que gosta e de quem gosta um ser humano que se rejeita a si próprio ou desconhece a sua verdadeira identidade? Digo que antes de amarmos quem quer que seja temos de nos amar a nós mesmos . Tudo se processa ao nível das essências e não das aparências. Falo como é óbvio do nosso ser inteiro e não da personalidade ou da máscara que usamos. O único imperativo do novo século é sem sombra de dúvida nem “pecado” uma questão de tomada de Consciência do que é indubitavelmente um Ser Humano! Não há solução de problemas sem primeiro passar por esta questão vital ou essencial, que é o ser humano em si como SER HUMANO.



Rosa Leonor Pedro
(Excerto de um artigo publicado na E.D.)

*in “ANDROGINIA – RUMO A UMA NOVA TEORIA DA SEXUALIDADE” *
de June Singer (Cultrix)

domingo, março 27, 2016



OS SEMI DEUSES


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
...
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possiblidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão princípe - todos eles princípes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana,
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Quem contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó princípes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde há gente no mundo?
Então só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

anjos e deuses?



UMA OPERA BUFA..


Há qualquer coisa de profundamente irritante nisto de palestrantes e palestras a rodos, esta proliferação de gente que se propõe ensinar em todos os campos, nomeadamente o "espiritual...
Todos agora querem ensinar os outros...e se colocam a si mesmos no pódio...
Penso que isto tem a ver com o não reconhecimento dos verdadeiros valores e de quem realmente sabe e o facto de cada vez mais ninguém querer aprender nada e todos quererem ensinar...até o que não sabem e inventam como ontem uma miúda...Eu fiquei boquiaberta - ela falava de uma meditação que inventou e...dizia com o ar mais feliz da vida, se não queríamos ir à sua...palestra? Seria uma sátira ou uma peça cómica, só podia! Ou eu estarei enganada e seria mais um anjos, uma dessas ILUMINADAS encartadas de cursos de fim de semana?
Eu não digo que não haja gente séria e bem intencionada...e os "professores" de cátedra, os que se intitulam pelo Sistema,  não são melhores, antes pelo contrário...Mas quando vejo pessoas, homens e mulheres a quererem ser deuses e deusas, eu só vejo os pés de barro...Vejo o lodo e o pútrido que fica escondido debaixo do ego...felizmente nunca chegaremos ao "outro lado" nem tocaremos a ALMA  sem que sejamos totalmente isentos de mentiras...aquela coisa de um rico não conseguir entrar no reino dos céus...e ter de passar pelo buraco da agulha?


rlp
(escrito em 2014)

A FALTA DO SAGRADO



AS PESSOAS ESTÃO DOENTES


"As pessoas estão doentes em espírito, assim como no corpo. Não há um relacionamento profundo e sagrado com a vida, não faz sentido que a vida do indivíduo tenha sentido e valor além de alcançar uma posição de poder e influência na sociedade. Se insistirmos que não há nada além deste mundo visível, se ridicularizamos os místicos como pessoas iludidas, e deixamos de transmitir aos nossos filhos o trabalho dos artistas visionários, poetas e grandes videntes, o que pode dar-lhes a consciência de que há algo além das preocupações deste mundo material, e que aguarda a sua atenção?"

Kesller Campos


É O AMOR QUE NOS SALVA...

"Por vezes, as relações magoam as pessoas. E elas procuram, uma fuga para a solidão, encontrar um terreno mais neutro que lhes permita sobreviver. É compreensível, mas na solidão ficamos no nosso “buraco”. O que nos permite redescobrir o motivo porque estamos vivos e a razão de estarmos aqui, neste mundo é a relação com os outros. É o amor que nos salva. O reflexo do olhar encantado do outro dá-nos vontade de viver. É evidente que há pessoas que têm ...mais interioridade que outras. Não temos de andar a esvair-nos em relações superficiais. Estas não nos conduzem a lado nenhum. O que é substancial é a intimidade partilhada. Permite-nos encontrar a alegria, o entusiasmo. É claro que precisamos de momentos de reflexão e fantasia pessoal, e de nos encontrarmos connosco, de não nos deixarmos evadir pelos outros. Mas é nas relações verdadeiras que a vida tem mais possibilidade de fluir. É aí que encontramos qualquer coisa que nos dá gosto de viver, que nos leva a identificarmo-nos connosco próprios."*

António Francisco Mendes Pedro
*IN INCALCULÁVEL IMPERFEIÇÃO

não temos essa reverencia sadia


 


A FALTA DE REVERÊNCIA...


"Hoje em dias não temos essa reverencia sadia por aqueles que nos abriram as portas... as pessoas vivem sem inspiração... vivem como se ninguém as pudesse ajudar a verem além. E isso é um egoísmo de não aceitar a sabedoria daqueles que fizeram a passagem. Isso é diferente de uma reverencia doentia. É um reconhecimento por aqueles que escreveram os livros que moldaram a nossas vidas. Se vive num desespero como se não existisse nada e não conseguimos sair. Mas quem encontro alimento em obras assim sabe que ali está a fonte e a chave para sair do labirinto dentro e fora do coração..."

Kesller Campos

NINGUÉM SABE QUE ALMA TEM



COGITANDO...

Estava a pensar como é difícil lidar com tantas formas de sentir e pensar...e as diferenças, quer de carácter, idade ou cultura e como as relações humanas são complexas e implicam tanto cuidado na abordagem dessas diferenças, quando com elas somos confrontadas...
Pessoalmente nem sempre consigo ser correcta...ou distanciar-me de uma reacção instintiva que aparece quase sempre como defesa do que eu penso ser a verdade...e que gera o ataque de uma diferente opinião. Levamos anos a aprender a respeitar essas diferenças, a recuar e a observar e a aceitar o/a outro/a na sua visão das coisas, independentemente da nossa ...e raramente conseguimos ser imparciais na nossa análise a não ser quando já percebemos - o que acontece muito tarde na vida - que o essencial de tudo o que vivemos e sentimos nada tem a ver com ideias nem opiniões nossas ou de terceiros (sejam eles filósofos teólogos ou psiquiatras etc) e que a vida é aquilo que cada ser vive e sente e não a afirmação da verdade e da justiça como padrões que correspondem apenas a conceitos e ideias temporais feitas a partir de filosofias e religiões e dogmas, e saber que raramente tudo isso nada tem a ver com a experiência de vida de cada ser...
Desrespeitamos a experiência vivida pelo ser humano para dar lugar ao conhecimento fictício que tomamos por garantido e certo...por isso anulamos os velhos e as mulheres na sua experiência de vida autêntica e seguimos Mestres e "avatares"...
Isto parece que invalida a necessidade de saber e conhecer as leis do mundo e do universo, da ciência e da história, ou as leis diria da vida em si e do ser humano per se - mas do ser humano realmente quem é que sabe as leis da sua natureza interna que não são só cérebro e vísceras, esqueleto e órgãos, mas coração com emoções e sentimentos, sonhos e alma que não se pensa?
Quem sabe quem é quem?
Quem sabe ao certo quem é?
O famoso EU SOU...ou QUEM SOU EU?
De onde vim e o que estou cá a fazer?
Sim, quem sabe ao certo responder a tantas destas questões - "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo" de Platão...
Quem sou eu mesma? Sim, onde está o EU, mim, o "eu sou", o Eu dito superior...sem ser apenas este eu que nasce e morre?

Se ninguém sabe que alma tem...

Não, "Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem." - F. Pessoa

rosa leonor pedro

SOU XENÓFABA



Um elogio à Intolerância!

Estive em Londres há 15 dias e, infelizmente, constatei que sou xenófoba. Não sou xenófoba por não suportar seres ou coisas estrangeiras. Muito pelo contrário, eu adoro muito do que é "estrangeiro". No entanto, em Whitechapel, percebi que sou xenófoba. Esta avenida londrina foi colonizada por muçulmanos e, ao virar da esquina, é impossível não nos sentirmos deslocados. A... ocidentalidade desaparece no quarteirão anterior mas isso até pode ser encarado como algo engraçado. Afinal, somos países que levam a inclusão a sério. O que me fez mesmo reflectir neste assunto foram as mulheres. Não há mulheres nesta rua. Há seres estranhos, tapados (literalmente) dos pés à cabeça, e mesmo os olhos, essenciais à circulação, são dificilmente perceptíveis. E é esta estranheza que me incomoda. Eu não sei se aqueles seres tapados são realmente mulheres, afinal, qualquer um se pode esconder por trás daqueles trajes, basta querer.
Nada disto tem a ver com terrorismo, e eu estou longe de chamar terroristas àquelas mulheres. O que está aqui em questão é a tolerância. Eu não pude usar biquini em diversas praias de Marrocos, porque isso é inaceitável naquela cultura. As mini saias e os calções são proibidos às mulheres nos centros comerciais do Dubai. Mas há ruas, em Londres, completamente rendidas às burcas. E nós, ocidentais, aceitamos isso. Sou xenófoba quando a tolerância é unilateral, quando somos obrigados a tolerar o intolerável na nossa cultura. Sou xenófoba quando a estranheza dos seres me faz ter medo. Porque, na realidade, aquelas mulheres em nada se assemelham a seres humanos, ou ao que a minha cultura visual assimila como ser humano. Tinha guardado estes pensamentos só para mim mas decidi partilhá-los hoje. Não dá mais para ignorar que vivemos um choque de civilizações neste século XXI. E se nós, ocidentais, prescindimos de ir à praia e nos tapamos para entrar numa mesquita, gostava que o mesmo se aplicasse às outras culturas e que as mulheres de Whitechapel parecessem mulheres, mesmo sendo muçulmanas.

Rock and Rolla
via facebook

quinta-feira, março 24, 2016

SIGNIFICADO DA PÁSCOA



OSTERA
A DEUSA DA AURORA


SÓ "Posteriormente, a igreja católica acabou por associar sua Páscoa às festividades pagãs de Ostara e absorveu muitos de seus costumes, inclusive os ovos e coelhinho da Páscoa. Podemos perceber isso pelo próprio nome da Páscoa em inglês, Easter, muito semelhante a Eostre."

Eostre ou Ostera é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica. A primavera, lebres e ovos coloridos eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados.
De seus cultos pagãos originou-se a Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida e misturada pelas comemorações judaico-cristãs. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora”.

É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento chamado de Ostara.

Eostre era relacionada à aurora e posteriormente associada à luz crescente da Primavera, momento em que trazia alegria e bênçãos a Terra.

Por ser uma Deusa um tanto obscura, muito do que se sabia sobre ela acabou-se perdendo através dos tempos, e descrições, mitos e informações sobre ela são escassos.
(...)

O RENASCER...


A PRIMAVERA

" Ostara é o festival da Mãe do Fogo e da Luz, direcção Este, onde nasce o Sol. O nome Ostara tem origem em Eostre, Deusa da fertilidade da mitologia nórdica e germânica. O culto desta Deusa, entretanto, foi tão importante que em inglês é do Seu nome que provém a palavra designa Páscoa, " Easter". Também o estrogénio, conjunto das hormonas relacionadas com o controlo da ovulação e o desenvolvimento de características femininas, toma desta divindade a sua designação.
Este é o festival do Equinócio da Primavera, que no Hemisfério Norte ocorre por volta de 21 de Março, marcando o fim do inverno e o início da nova estação. Como nos diz a própria palavra Equinócio, o dia e a noite têm neste momento a mesma duração, mas os dias vão agora progressivamente tornar-se maiores e mais quentes e as noites mais curtas. Trata-se duma época do ano muito auspiciosa, porquanto todas as forças da Natureza se põem em acção para o renascimento da vida.
(...)
Se tivermos sorte, será possível regalar a vista com o vislumbre duma dessas maravilhas da arquitetura natural, abrindo ovinhos das mais deliciosas tonalidades e diferentes tamanhos, que enchem a terra de promessas de abundância e de renovação na forma de pequeninas criaturas cujo chilreio é o próprio som da Primavera.
De todos os momentos do ano, este é daqueles que mais nos arrebatam pelo novo alento que sentimos, porque a vida definitivamente retorna, e tal como acontece com a Natureza, também nós nos sentimos renascer, energizadas pela luz e pelo calor do sol, cada dia mais intenso.
(...)
Neste festival honramos Cale do Fogo, a Mãe do Fogo, Aurora, Trebaruna, Drusuna, Artemis, Sul, a Grande Mãe Ursa, Murça, e honramos ainda a Hespéride Marciana, a Senhora da Aveleira.



IN " A DEUSA DO JARDIM DAS HESPÉRIDES"
De Luiza Frazao

A MÃE É A CHAVE DA PAZ



O MUNDO PRECISA DA MÃE...
SEM MÃE O HOMEM DESTRÓI O MUNDO E NÃO RESPEITA A VIDA ...


Ontem fui a Fátima, fui ao Santuário de Fátima com uma amiga. E quando entrei no local...senti efectivamente uma grande serenidade e um bater do coração sensivelmente diferente e soube que sim, que esse é um lugar na terra privilegiado pela Mãe e pela energia do seu amor e paz que nos convida a ir aí...a ir mais fundo dentro de nós, mas logo a seguir vi a alienação do mundo, a contaminação católica apostólica romana; confrontei-me com o mercantilismo, com o turismo, os carros, com a crendice e o sacrifício e a voz manhosa do padre que dizia a missa e empestava o ar de mentiras seculares e escurecia o recinto e começou a fazer-me uma alergia - cresceu em mim uma revolta profunda por aquela usurpação...

Senti uma indignação enorme pela tomada do poder dos vendilhões do templo e pela dominação patriarcal de um lugar que apela à Deusa e à Mãe e não ao Pai - é ai que nasce a necessidade do feminino no mundo, da Mãe Humana e da Mulher real que urge...e não do Pai e do Filho - há um cansaço de guerra e de domínio do homem, do sacrifico do pai e do filho e AUSÊNCIA TOTAL DE MÃE neste mundo caótico e bélico. Quero ouvir ao vivo as vozes das Sacerdotisas de Lys que ai se anunciaram...quero ouvir de viva voz as mulheres sacrificadas e caladas pela religião católica!

rlp

TUDO O QUE SE NÃO QUER VER...



QUEM SÃO "OS TERRORISTAS" - produtos de uma sociedade patrista.


Cidadãos belgas...de origem marroquina...cidadãos franceses de origem árabe...cidadãos americanos de origem muçulmana...Rapazes jovens, fanáticos suicidam-se com bombas e matam dezenas ou centenas de pessoas "inocentes"...Matam cidadãos felizes numa sociedade de consumo que lhes atira à cara a sua civilização e os seus carros, casas, luxos e turismo e depois dizem-se solidários com os pobres e os migrantes que sofrem com as suas guerras...quando afinal os desprezaram e os remetem para os guetos...onde crescem como cidadãos de 3ª classe frustrados e cheios de ódio pelos cidadãos felizes donos do mundo...

São esses homens SEM MÃE que matam e violam as suas próprias mulheres, irmãs e filhas...seres que nascem de uma mãe escravizada e sem identidade, de uma mãe que não tem nome próprio (proibido de se pronunciar) sem quaisquer direitos a não ser procriar animais...e bestas de carga...este é o mundo árabe e que o mundo ocidental abriga...e acolhe em nome da solidariedade...depois de os votar ao lixo das suas cidades?
Que esperam destes seres e deste mundo virado do avesso, de políticos corruptos e sem pingo de dignidade, de gente hipócrita e falsa que finge um mundo que não existe e depois se espanta com o resultado???
Sim, o mundo está entregue ao Homem e a Mãe ausente e onde mais se faz sentir a ausência da Mãe é onde nasce o maior terror e o ódio...
Sem Mãe não se pode viver nem morrer. Sem Mãe não há Paz nem amor. E onde o pai controla e a mãe é anulada nasce um filho cheio de ódio, o violador, o criminoso ou o bombista suicida...
rlp

ROSA MATER : ABUSCA DE IDENTIDADE FEMININA



LER LER E RELER...





ROSA MATER : ABUSCA DE IDENTIDADE FEMININA: "A mulher busca a sua identidade (...) mas o referencial interno, que é a sua própria terra psíquica, é negado. Ao fazer a substituiç...

terça-feira, março 22, 2016

La fée Mélusine, déesse-mère serpent des mégalithes, de la France païenn...

As palavras


AS PALAVRAS


"As palavras me antecedem e me ultrapassam, elas me tentam e
me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou pelo menos não era apenas isso.
Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que não
...
posso me resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. E nem todas posso contar."




CLARICE LISPECTOR


Há limite para a sinceridade? - Rosa Leonor Pedro



"Há limite para a sinceridade?" é a questão que leva a escritora a abrir e a desconstruir parte de um tema delicado e importante.

ROSA Leonor PEDRO sempre se relacionou com a Verdade, sabendo que esta é a fonte que nos impele ou não a aceitar e a ser quem verdadeiramente somos.
Nos dias de hoje, vivem-se momentos de uma grande transição de paradigmas e para a maioria das pessoas ser verdadeiramente autentico deixou de ser simples ou até mesmo possível. As grandes verdades e as grandes mentiras, representadas pelo ser humano, têm vindo a criar-se à imagem de uma expectativa social baseada no medo e que o levou a renunciar a ligação ao seu próprio coração.
Como diz a escritora portuguesa - Não há evolução sem verdade e só vale a pena seguir esse caminho quando existem relações de maturidade, de reciprocidade e onde as pessoas desejem crescer em conjunto.

AEROPORTO - ATENTADO EM BRUXELAS...

HOJE...34  MORTOS E 200 FERIDOS...



AJUDAR OS OUTROS...?


Estava a ler um texto "espiritualista" de como ajudar os outros ...e apeteceu-me escrever algo para pessoas adultas...mulheres maduras...mulheres e homens que pensem sem se deixarem obscurecer pela emoção, pelo sentimentalismo, nem pelo idealismo bacoco.
Gostava sinceramente de superar o meu cepticismo em relação à solidariedade humana, no caso dos refugiados, mas não consigo ver nas pessoas que se dizem "solidárias", senão a fantasia do seu egoísmo e um ego inflacionado (partidário) e nestes casos um ego carregado de um idealismo qualquer comunista - como a compaixão imbecil pelo inimigo ou o dar a outra face cristã - como se o inimigo não existisse e tudo fosse só amor...
Eu sei que as guerras são cruéis e deixam vitimas inocentes de todos os lados, mas quando as bombas explodem mesmo ao nosso lado e também não temos culpa de nada...e vemos a guerra dos fiéis contra os infiéis, secular, cega, bárbara - e não sabemos ou não podemos destrinçar quem são os seres (humanos?) que de um lado sofrem e os que infligem os danos...e saber nós sabemos que TODOS sofrem, mas não os sabemos distinguir dos culpados, como eles não nos distinguem a nós como alvo da sua raiva, vingança, ódio e revolta...Como vamos dizer então que uns os que vêm são os bons e outros são os maus (os terroristas) ou que o ser humano é todo igual, quando nos estamos a matar todos em nome de deus e do amor...dos dois lados?
- Não é isso uma Guerra Cega como todas as guerras...e com que fins?
Sinto que é natural um SER HUMANO (mas será que somos todos humanos?) sentir-se desconfortável com a dor dos outros seres humanos... mas chegarmos ao ponto de abrir os braços ao inimigo potencial e a abrir-lhe as portas das nossas casas para eles se instalarem e matarem os nossos? E quem são os "nossos" afinal de contas? Eu defendo por Princípio as mulheres do homem...Pelo uso do poder milenar que o homem detém ele tornou-se uma espécie de predador-abusador que não perdoa à mulher a sua autonomia nem a sua liberdade, por mais que se diga o contrário e se idealize as relações românticas...eu sei isto e não odeio os homens - vejo apenas esta realidade, negada...o da vítima e do algoz...E acredito que entre os refugiados da Síria hajam centenas de seres, sobretudo mulheres e crianças, que sofrem brutalmente, mas não acredito naqueles homens que os sei predadores doutros seres humanos como todos os homens em todas as guerras.
Como vamos sair deste confronto milenar de ódios? Como vamos construir a Paz?
COMO SER SOLIDÁRIOS?
Sinto-me agoniada e constrangida com esta guerra ou com esta loucura e alienação do mundo de um sentido mais humano do SER e tão longe do coração...mas vamos ser ingénuos/as ao ponto de acreditar que os muçulmanos vão ser nossos amigos e respeitar as suas ou nossas mulheres se matam as deles sem dó nem piedade?
Não, não sei que loucura é esta que vivemos, mas sinto-me muito abalada com a alienação das mulheres sobretudo quanto a esta guerra desencadeada CONTRA AS MULHERES EM TODO O MUNDO e elas não verem isso...
Será que a "causa humana" de per se...se torna mais importante do que a escravidão e sujeição da mulher ao homem?

rlp


segunda-feira, março 21, 2016

A MULHER E A DEUSA FOI VIOLENTADA




TAL COMO A MULHER...

"A Deusa foi violentada quando devia ser honrada. Foi insultada quando devia ser adorada. Foi paciente quando podia ter sido enérgica. Mas alguma coisa mudou.
Ela nascerá através de nós, e seremos nós a determinar se o seu reaparecimento será violento ou se, pelo contrário, será doce e amigável. Ela está aqui. Não há maneira de a fazer recuar. Mas a forma como ela se vai manifestar é escolhida por cada uma das mulheres e, em certa medida, por cada um dos homens. Em meu entender, este é o sentido da libertação da mulher: a mulher que existe dentro de nós e as mulheres à nossa volta devem libertar-se da mentalidade grotesca e degradante que ainda é dominante e que considera o feminino como coisa fraca e sem valor, que não é necessário escutar e que não é importante o amor."



in O VALOR DE UMA MULHER - O LIVRO
Marianne Williamson

A BUSCA DE DESTRUIÇÃO DA MULHER...



AS MULHERES VIVEM AINDA HOJE
NA PERIFERIA DA CULTURA  E DAS SOCIEDADES.

“ Na verdade, as mulheres têm vivido apenas no domínio pessoal, na periferia da cultura do Ocidente, em funções fortemente circunscritas, frequentemente subordinadas a homens, posição social, filhos etc., ocultando sua necessidade de poder e paixão, vivendo em segurança e secundariamente na relação com nomes sobrecarregados, nos quais se projectou todo o poder que a cultura legitima para eles. O que se tornou assim comportamento colectivamente aceitável para as mulheres, perdeu a conexão com o sagrado, ao mesmo tempo em que a estatura da Deusa era reduzida. Tornou-se cada vez mais hiperbólico o superego patriarcal, originalmente necessário para inculcar a sensibilidade ética; a seguir, esse superego foi fortalecido pela Igreja cristã institucional, com o fim de disciplinar as emoções tribais e selvagens do mundo medieval. A partir da mudança do Utilitarismo e da época Vitoriana, o superego que comprimiu e reprimiu durante tanto tempo essas energias vitais, que agora elas têm de irromper, forçando entre outras coisas, o retorno da Deusa à cultura ocidental.”*

ENTRETANTO FOMOS DE UM EXTREMO AO OUTRO...

Eu vou mais longe e digo, a mulher deixou de ser a mãe e a procriadora legal (pelo contrato de casamento) mas tornou-se numa mulher objecto na mesma. Deixou de ser a mártir do lar, a fiel esposa mas acabou por se tonar um objecto sexual, ou objecto de produção e consumo, objecto de entretinimento e objecto de uso exclusivo ao serviço do Sistema que a usa e deita fora como sempre o fez;  apesar da ilusão da mulher em se ter libertado e julgar que chegou a algum lado...eu creio que andámos para trás de um forma perigosa e fatal para a humanidade quem sabe...Não, não defendo o casamento nem a propriedade privada, nem a posse da mulher e dos filhos pelo Pai.  Defendo a verdadeira liberdade da mulher que é ela ser senhora de si e do seu corpo-sexo,  ciente e consciente da sua natureza intrínseca e ontológica e não serva do macho e dos seus instintos mais baixos, reduzida ao prazer quando antes nem sequer o prazer lhe era possível.  Como o não é na sociedade árabe.
Sim, a mulher  continua a viver na periferia do mundo e se não é de forma omissa é de forma indirecta, disfarçada...porque a cultura a que tiveram acesso nas ultimas décadas - a cultura quer das universitárias, mulheres formadas, quer das feministas de vanguarda - é uma cultura masculina, um conhecimento baseado apenas na logica e na razão, na ciência dos 5 sentidos...sem dimensão do sagrado,  em que a mulher tem sempre um papel inferior ou secundário quase abjecto e meramente decorativo...
Apesar de algumas mulheres proeminentes na Arte ou  escritoras de renome das quais se ressalvam uma  dúzia (pouco mais) no século passado, o que hoje temos é autoras de romances de cordel ...em que  cantam as glorias do macho, do dono, do galã rico e o seu domínio ... como as 50 Sombras de Gray - Best Seller no mundo ocidental...daqui às mulheres de silicone - meras bonecas insufladas - vai um passo, tal como vemos nas imagens...


Nas ultimas décadas, a  mulher para ser aceite e considerada "moderna" versus emancipada, e nos dias de hoje teve de se submeter uma vez mais, já não ao lar-marido-filhos, como o era antes, mas a uma profissão de sucesso e a um patrão, a uma ideologia ou a uma cultura e a uma arte essencialmente masculina, direi sem essência e em que o feminino é denigrido e a mulher transformada num mero objecto sexual.
Ela deixou entretanto de ser "a esposa" fiel ou mesmo a "amante" ou a "puta" e passou a ser emancipada...ela dá-se em nome de uma liberdade e de um prazer que afinal de contas...nem é o seu, mas ela não sabe...porque não se conhece.
Se olharmos para a mulher moderna vemos apenas como ela se deixou aos poucos usar em todas as plateias e palcos, em todos os cenários e filmes, em todas as passerelles, vendendo-se e traindo a sua verdadeira natureza de que se afastou completamente à medida que ia respondendo aos apelos de uma imagem estereotipada, do consumismo e do sucesso material que a sociedade patriarcal dela exigia...
A mulher de casta passou a ser promiscua...liberal...ter muitos amantes é preciso, escrever sobre o seu corpo ou exibi-lo sem pudor...ela filma até a sua intimidade, os seus orgasmos, como fez a escritora Clara Pinto Correia, mas sobretudo ao escrever desabridamente o "fodamos" - "mulheres capazes"- sem freio, sem tino, superficialmente  - seguem escritores semi pornográficos que exaltam a sua submissão sexual e rebaixamento humano total etc. e defendem uma mulher desinibida e sem limites para o uso do corpo-sexo...Defendem as estéticas artificiais e o silicone e tudo que esta Mafia médica e farmacêutica cria e com a qual visa apenas destruir a sua verdadeira identidade - como digo tantas vezes -, arrancando-lhe os ovários o útero e os seios...enchendo-a de químicos. "Medicina" que lhe destrói a sua integridade física e moral, em nome da cura...que lhe  vende todos os produtos criando o medo da morte e da doença - ela arranca-lhe  sem mais, seios e ovários para prevenir o cancro...Os médicos violentam as grávidas - violência obstétrica -  e os cientistas querem limpar-lhe o sangue...e os  maridos e amantes (ah, os "companheiros")  limpam-lhe o sebo... e o feminicídio cresce em todo o mundo.

ALGO DE GRAVE SE PASSA NO MUNDO CONTRA AS MULHERES

Algo está mal...algo muito grave se está a passar no mundo e as mulheres não querem ver;  ninguém quer ver ou rever o que de errado aconteceu nesta parafernália de supostos "direitos e igualdades"  - o homem que não seria nada a imitar nem a copiar tornou-se o modelo da mulher... elas quiserem ser iguais a eles...agora eles respondem-lhes  em massa na violação no abuso inclusive das filhas...alinham na destruição massiva da mulher, aliando-se a muçulmanos ideologicamente ou solidariamente...ah hah a...eles os árabes vão inventar um Utero artificial, eles criaram mulheres de silicone...e os cientistas criaram um útero artificial para os gays terem filhos e serem desventrados como as mães - ah a inveja do útero tão primitiva afinal - eles os gays adoptam crianças sem mãe, cantores e  jogadores de futebol milionários compram crianças como compram automóveis...eles fazem render as mulheres como "barrigas de aluguer" - já não precisam de criadas nem de servas...nem de mulheres para nada...eles roubaram tudo à Mulher, tudo...começaram pela cozinha...pela costura, pela manicura, pela cabeleireira...e agora só faltava o útero...porque os seios já os tinham de silicone...
ah sim, as mulheres foram para a guerra...e mataram...

rosa leonor pedro

*in Caminho para a Iniciação Feminina - Sylvia B. Perera

NÃO HÁ DIAS DA POESIA...



Poema inédito
(sem título)



a morte é mesmo estranha:
morre-se todos os dias
e enquanto se morre pede-se uma esmola para matar a fome de outra vida,
e dão-nos pelo amor de Deus uma pequena moeda de nenhum país,
e não há ranhura onde a moeda entre, nem a ranhura de uma velha caixa de música, e no entanto estremeço
e falta-me o ar, sim sim
arrebatavam-me as músicas de J.S. Bach
no silêncio das naves através da catedral inteira,
vozes e vozes dos rapazes castrados
e de repente um baixo monstruoso,
e isto se Deus existisse mesmo, punhal fundo no músculo coração,
e depois quente chôro pela cara abaixo
- oh porque me abandonaste?
mas na verdade ninguém me abandonara

Herberto helder

domingo, março 20, 2016

A CHEGADA DA PRIMAVERA


ORAÇÃO
(...)
eu invoco aqui e agora a Grande Deusa Ibéria
a Deusa Cale, a Deusa Ophiusa
a as nove Irmãs Sábias do Poente,
...
Eufémia, Marciana, Genivera, Marinha, Basília, Vitória, Liberata, Germana e Quitéria.

Eu acolho no meu coração e neste Templo
a Vossa inspiração, criatividade, sabedoria, beleza, discernimento, coragem, força e protecção.

Que eu seja um veículo para a expressão
da Vossa energia curadora e transformadora no mundo.
Que a Vossa presença nos ilumine
e guie o nosso caminho sempre.

Assim seja. Abençoada seja.


(excerto de uma oração apresentada por Luiza Frazao, no seu maravilhoso livro

"AS DEUSAS DO JARDIM DAS HESPÉRIDES" )
Via Maria de Lourdes Pinto de oliveira

O despertar da shakti





A MULHER  - SHAKTI

Ela foi durante milhares de anos ensinada que "ser boa" era a melhor qualidade de uma mulher.
Foi-lhe dito que apenas algumas partes de si eram aceitáveis e outras não; começou assim a sua marginalização,  o desvalorizar do seu ser, o desmembramento da psique da mulher.
Ela aprendeu como se tornar apenas uma imagem e uma boa pessoa no mundo. Ela foi recompensado por ser boa, e punida por ser má. Ela começou a coleccionar essas medalhas. E a sua shakti (alma-essência) foi-lhe roubada.
Nessa batalha e em luta consigo mesma ela percebeu como tudo nela  foi castigado.  Viu como se anulou e suprimiu partes de si mesma  e como infelizmente a sua "verdadeira" Mulher nunca apareceu. Ocasionalmente,  mulher selvagem surgiu ~ o lobo a uivar para a lua, às vezes, para ela correr com a sua alcateia, mas ela não o ouviu.
Ela está a olhar para tudo o que foi rotulado nela de " Mau, escuro, feio ', e a reavaliar todos os "tens de e não tens de " e a descobrir que afinal os seus demônios eram os seus poderes interiores que eram negados .  Os seus talentos e anseios. Mesmo aqueles que a perseguiam em sonhos para a acordar e as partes que foram dela arrancadas.
O despertar da shakti (a alma feminina) é o mais poderoso surgimento no planeta hoje.
Ela (mulher-deusa) está a despertar no corpo, no coração e na alma.
De cada mulher e de cada homem
Quem está pronto pode abraçá-la.
Ela já não está a desperdiçar as suas energias  nem  em guerra consigo própria; ela começa a abraçar cada coisa dentro de si.
Ela fez  uma limpeza de primavera ao seu "Programa"
E a esvaziar  todo o lixo da sua cabeça.
Ela está descobrindo que é sagrada em si mesma.
Ela está  a aprender agora  a ser a melhor mãe para si própria.

(Tradução do inglês da Google e corrigida de forma livre por mim ...)

~ Sukhvinder sircar

She had been taught for thousands of years that 'being nice' is the best quality of a woman.
She was told that only some parts of her were acceptable, & thus began the disempowerment, devaluing and dismembering of a woman's psyche.
She 'learnt' to become a star nice person in her world. She got rewarded for being good, and punished for being bad. She started collecting medals. Her Shakti was stolen.
She learnt to battle within herself everything that was not sanctioned. So she suppressed it & sadly, the 'real' woman never showed up. Occasionally, the wild feral wolf woman emerged ~ to howl at the moon, sometimes to run with her pack.
She is looking at all that was labelled 'bad, dark, ugly' in her, re-evaluating all the 'should's and should not's' and is discovering that her demons as her own denied powers, talents & longings. Even those that chase her in her dreams are perhaps her own parts wanting to re-unite.
The awakening of Shakti is the most powerful emergence on the planet today.
She is awakening in the body, heart and soul
of every single Woman AND Man
who is ready to embrace Her.
She's no longer wasting her energies being at war with her own self, & is embracing every single thing in her.
She's spring cleaning her 'programme'
and emptying the trash in her head.
She is discovering she is sacredness herself.
She is learning to be the best mother to herself now.

~Sukhvinder Sircar


O sistema indiano de divindades se refere à Shakti como a manifestação do poder supremo. Shakti, a deusa mãe, também conhecida como ambā (mãe), ou devī (deusa). É considerada a personificação da energia cósmica em sua forma dinâmica. Acredita-se que Shakti seja a força e a energia nas quais o universo é criado, preservado, destruído e recriado (pela trindade do Hinduísmo: Brahma, Vishnu e Shiva). Neste caso, Shakti é identificada à Realidade Absoluta, ou Brahman, sendo considerada superior a todas as divindades masculinas.[1]

VAMA significa Mulher

O culto da Serpente de Fogo
"Vama significa ‘mulher’. Ela era tipificada pela lua, o néter, o fundo, ou inferno, em contraposição ao éter, o topo, o superior; a esquerda em contraste com a direita. Marg significa ‘caminho’; daí o termo Vama Marg denotar o Caminho que envolve a utilização da mulher, a corrente lunar ou seus poderes infernais.
(...)
 O culto à Shakti significa, de fato, o exercício da Serpente de Fogo, que não apenas fortifica o corpo de luz mas gradualmente queima todas as impurezas do corpo físico e o rejuvenesce. Quando o poder desperto da Serpente de Fogo chega ao plano da Lua, o fluxo de líquidos cérebro-espinais acalma os estados febris e remove todas as toxinas do corpo, refrigerando todo o sistema. Os adeptos do Tantra têm utilizado há muitos séculos vários métodos de elevação da Serpente de Fogo, e eles sabem, por exemplo, do valor mágico da urina e das essências vaginais que estão carregadas de vitalidade pois contêm as secreções das glândulas endócrinas. Estas práticas influenciam o sistema endócrino e estimulam os centros nervosos sutis ou chakras que formam uma ramificação dos centros de poder no corpo que agem como condutores das energias cósmicas.

Os Adeptos da Kaula, ao invés de dirigirem sua adoração à coroa da Deusa, preferem oferecê-la à vulva, onde está contida sua energia máxima, carregada de poder mágico.

As três gunas (os princípios sutis que eqüivalem aos elementos da Alquimia: Mercúrio, Enxofre e Sal), Sattva, Rajas e Tamas se eqüivalem à suave e fresca ambrosia, ou vinho prateado da lua, ao vinho rubro dos fluidos ígneos de Rajas e às borras espessas do vinho vermelho, ou lava negra, de Qliphoth. No plano da Serpente de Fogo, Tamas, ou Noite, caracteriza Seu primeiro estágio: o caos negro da ‘Noite do Tempo’ e a ‘Serpente do Lodo’. Quando a Serpente de Fogo desperta, Ela então derrama o pó vermelho, ou perfumes, associados ao Rajas. Este é o pó dos Pés da Mãe, que se manifesta no fluxo menstrual em seu segundo e terceiro dias. Finalmente, Ela atinge a pureza calma de sua essência lunar à medida em que chega ao cérebro, acima da zona de poder do visuddha (Chakra da garganta). É nesta jornada de volta que Ela reúne estas essências num Supremo Elixir e o descarrega através do Olho Secreto da Sacerdotisa. A Lua Cheia, portanto, representa a Deusa 15, uma lunação, pois Ela é o símbolo do ponto de retorno, criando, assim, a 16a. Kala ou Dígito do Supremo Elixir: a Parakala.

Rajas, Tamas e Sattva são representados na Tradição Oculta Ocidental pelos princípios alquímicos do Enxofre, Sal e Mercúrio, assim revelando que a arte da Alquimia não tinha outra provável intenção além daquela que tem sido objeto da preocupação dos místicos e dos magos, isto é, a obtenção da consciência cósmica através dos Mistérios psicossexuais da Serpente de Fogo. Esta trindade, Rajas, Tamas e Sattva ou Enxofre, Sal e Mercúrio, aparece no Tantra sob o nome de tribindu (três sementes; kamakala, literalmente, a flor ou essência do desejo). De acordo com o Varivasya Rahasya, estas três essências são conhecidas como shanti, Shakti e shambhu, ou paz, poder e abundância, e elas fluem dos pés da Deusa. É por isto que o tribindu está situado, diagramàticamente, na trikona ou triângulo invertido (yoni ou vagina) que simboliza Kali. Sattva, Rajas e Tamas são, assim, as três gunas ou princípios representados um em cada vértice do triângulo pelas letras do alfabeto Sânscrito que contém as vibrações de seus poderes relevantes. Conforme orientação específica do Culto, uma ou outra guna é exaltada; na prática, a disposição das letras não faz muita diferença. É a coleta das essências dos pés da Deusa que deu seu nome ao Vama Marg ou Caminho da Mão Esquerda, pois, neste contexto, Vama significa tanto ‘gerar’ como ‘botar para fora’. Os praticantes deste Caminho trabalham com as secreções que fluem da genitália feminina e não com a mera pronúncia das letras do alfabeto que, apesar de sua utilização mântrica para carregar e direcionar os fluidos, têm pouca ou nenhuma outra utilidade além desta.

De acordo com o Tantra, a Serpente de Fogo é em si o mantra criativo OM. A reverberação deste mantra, conforme ensinado no Culto da Kaula, alcança o poder enrodilhado na base da coluna vertebral e faz com que este se erga, inundando o corpo físico de luz. E, pela veneração Tântrica da Serpente de Fogo através da vagina da mulher escolhida para representar a Deusa, a kundalini relampeja para cima e, finalmente, se une em êxtase ao seu Senhor Shiva no Local da lótus de Mil Pétalas.

Tantrismo Homossexual Feminino

O amor Erótico entre as mulheres pode ser uma celebração de uma iniciação dentro o espírito criativo feminino, os mistérios femininos. Quando nós nos abrimos aos grandes segredos femininos, o espaço sagrado que é a fundação do mundo, fazendo amor torna-se sagrado. Lésbicas seguram a dimensão da força da mulher em seu mais profundo significado. Muitas lésbicas procuram identificar a nós mesmos de uma ótica interior de sabedoria feminina. Com cada ato de amar nós podemos abraçar este espaço interior profundo e explorar as possibilidades de voltar para nossa perfeição original. A Mulher amorosa pode ser considerada um processo alquímico alcançado dentro nossas muitas células. Através da pureza desta energia nós podemos reconhecer a integridade essencial da natureza. Nós sabemos que nós mesmos trazemos em nosso interior uma parte da "virgem", que significa um-em-ela mesma, não pertencendo a nenhum homem. O Lésbico amor sexual sagrado tem o potencial de acordar e nos reunir com a fonte divina de nossa existência. Não Importando Se nós temos companheiros sexuais que contam com muitos fatores, incluindo nossas circunstâncias, nosso karma e nosso propósito de vida. Sexo é sexo. Isto não está no gênero de nosso companheiro que faz nosso sexo tornar-se sagrado. Somente o conhecimento que nos é passado em nossos atos sexuais é que fazem com que eles tornem-se sagrados, seja quando nós fazemos amor para nós mesmos ou com um companheiro. Amor Lésbico é sagrado quando isto é visionário, interconectado e transformacional. Através da força do amor nós podemos descobrir ambas como mães/ criadoras de nossas vidas e como filhas / vigias da terra. Nossas vidas e nosso trabalho podem tornar-se expressões desta sabedoria e força.

Carma e Sexo

A compreensão e aceitação do conceito oriental de carma é particularmente importante para todas as pessoas que desejam aplicar os ensinamentos Tântricos em sua vida. A atuação do carma na vida diária deve ser constantemente estudada. As causas dos acontecimentos quase sempre nos parecem misteriosas, porém, se olharmos cuidadosamente o jogo de forças de um ponto de vista cármico, podemos mais facilmente compreender os trabalhos sutis do destino. Embora a idéia geral do carma, a lei da ação e reação, tenha sido aceita pelo pensamento ocidental contemporâneo, dificilmente é encontrada uma intuição altamente desenvolvida de seu preciso funcionamento. De acordo com a visão oriental, o carma dá forma a realidade; os acontecimentos que estamos no momento experimentando são um resultado direto das nossas ações passadas, seja nesta vida ou em vidas anteriores. E, da mesma forma, nossas atuais atitudes e ações determinam nosso futuro. Este princípio é tão verdadeiro para o mundo da física quanto para o drama da vida individual e coletiva. De acordo com os ensinamentos Tântricos, as forças do Carma permeiam todo o mundo. Os desejos agarram e acompanham a alma individual (Jiva) através de suas varias encarnações. Jiva sofre ou se delicia com os frutos de nossas ações; atado as correntes da matéria por seu carma, Jiva encarna seguidamente, recebendo vários nomes e identidades. Finalmente, quando todo o seu carma e extinto, Jiva e absorvido por sua Origem, a qual os textos sânscritos referem-se como Parabrahma (alem de Brahma); a divindade universal.

Os carmas migram, como pássaros, de vida a vida, prendendo-se a força vital.
Estas forças cármicas são modificadas pela ação consciente durante vidas sucessivas, 0 Prana Upanishad declara que: “Seja o que for que se pense no momento da morte, une a pessoa com seu Prana primário; então, o Prana se une com a alma e leva o indivíduo a renascer em algum lugar adequado”. Vocês já devem ter lido citações sobre as vitalidades ascendentes e descendentes do corpo, e também sobre o conceito dos portais superiores e inferiores do nosso templo do corpo. Estes são os portais através dos quais o Prana (força vital, respiração) e o carma entram e deixam o corpo; sem uma combinação destes dois, o indivíduo não reencarnaria, 0 Prana Upanishad, um antigo texto hindu, nos diz: “0 Prana entra no corpo na hora do nascimento, de forma que os desejos da mente, continuando de vidas anteriores, possam ser realizados.” As motivações pessoais são os “desejos da mente”; geralmente estas motivações inconscientes aparecem em horas de agonia ou êxtase. Os Tantras explicam que uma pessoa pode aprender a dissolver o carma pela ação do fogo interior, pela abstração dos sentidos, pela meditação e absoluta quietude interior, e participando das mesmas atividades que criam o carma, apenas com um cuidado e uma consciência tais que os desejos originais passados são transcendidos. Além disso, se uma pessoa pode viver dinamicamente “no presente”, as influências passadas podem ser transcendidas. As forças cármicas movem-se através dos canais do Corpo Sutil e também se encontram espalhadas no mundo exterior, manifestando-se em acontecimentos diários. Cada momento é uma experiência cármicas; contemplando e correlacionando estes momentos, podemos redescobrir o Eterno Agora dentro de nos mesmos."(...)
 D.A.

Copiado de PISTAS DO CAMINHO

COMENTÁRIO DE

Ananda Krishna Lila Este texto é uma confusão, um saco sem fundo de má informação e equívocos de toda a espécie, a começar pela palavra "vama" ou dizer que o tantra teve origem no Egipto. Parece-me uma colagem de algumas coisas que se encontram em diversos sites dentro da espera do google e alguns livros, como do André van Lysebeth que também não escreveu nada que se aproveitasse sobre tantra, embora tenha afirmado ser discípulo do Shivananda, afirmação à qual levanto muitas dúvidas.
A cultura védica e tantrica existiu lado a lado, a primeira direccionada para as duas castas mais altas e a segunda para o povo em geral sendo ambas nativas, nem trazidas por um suposto povo ariano vindo do norte e muito menos do Egipto. Pelo contrário, com o avanço das descobertas arqueológicas e sistemas de datação sabe-se hoje que a cultura do Vale do Sindhu se estendia de Varanasi até ao Paquistão, Tibete, China e Afeganistão, é mais antiga que a Suméria e que o Egipto e maior em extensão que as duas juntas.
Se tiver oportunidade assista a este video:
https://www.youtube.com/watch?v=8zcGLlLEbmI