O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, janeiro 28, 2014

"E então, o que é a Mulher Selvagem?

 
"E então, o que é a Mulher Selvagem?
 
Do ponto de vista da psicologia arquetípica, bem como pela tradição das contadoras de histórias, ela é a alma feminina. No entanto, ela é mais do que isso. Ela é a origem do feminino. Ela é tudo o que fo...r instintivo, tanto do mundo visível quanto do oculto - ela é a base. Cada uma de nós recebe uma célula refulgente que contém todos os instintos e conhecimentos necessários para a nossa vida.
Ela é a força da vida-morte-vida; é a incubadora. É a intuição, a vidência, é a que escuta com atenção e tem o coração leal. Ela estimula os humanos a continuarem a ser multilíngües: fluentes no linguajar dos sonhos, da paixão, da poesia. Ela sussurra em sonhos noturnos; ela deixa em seu rastro no terreno da alma da mulher um pêlo grosseiro e pegadas lamacentas. Esses sinais enchem as mulheres de vontade de encontrá-la, libertá-la e amá-la.
Ela é idéias, sentimentos, impulsos e recordações. Ela ficou perdida e esquecida por muito, muito tempo. Ela é a fonte, a luz, a noite, a treva e o amanhecer. Ela é o cheiro da lama boa e a perna traseira da raposa. Os pássaros que nos contam segredos pertencem a ela. Ela é a voz que diz, "Por aqui, por aqui".
Ela é quem se enfurece diante da injustiça. Ela e a que gira como uma roda enorme. É a criadora dos ciclos. É à procura dela que saímos de casa. É à procura dela que voltamos para casa. Ela é a raiz estrumada de todas as mulheres. Ela é tudo que nos mantém vivas quando achamos que chegamos ao fim. Ela é a geradora de acordos e idéias pequenas e incipientes. Ela é a mente que nos concebe; nós somos os seus Pensamentos."
 
Clarissa Pinkola 

A MÃE...



UM ASSUNTO MUITO SÉRIO...

“Correndo o risco de destruir muitas ilusões na vossa cabeça, devo dizer-vos um pouco mais sobre a origem do amor da mãe pela criança. Acontece que a criança é feita da sua própria substância, e, durante muito tempo, relativamente longo, esse elo material e físico, substancial, entre mães e filho é extremamente próximo - é como se se tivesse pegado um bocado da sua carne e a colocasse à distância – e só muito tempo depois esse elo entre os dois é completamente cortado. Há uma espécie de ligação, uma sensação de tal modo subtil que a mãe sente exactamente o que a criança sente, como ela o sentiria se acontecesse em si mesma. Esta é a base física e material da ligação da mãe com a criança. É uma base de identidade material, nada mais do que isso. O sentimento vem muito tempo depois (pode até vir antes, mas depende das mulheres), mas eu falo da maioria das mulheres: o sentimento só vem depois e é condicionado. Há muitas espécies de coisas… podia falar-vos durante horas sobre esta questão. Mas enfim, não podemos misturar isso com o amor. É uma identidade material que faz com que se sinta intimamente, sentir de uma forma concreta e física o que o bebé sente: se o bebé sofre um choque, a mãe sente. Isso dura pelo menos até aos dois meses. “ - Mère

Temos aqui um texto de uma Mestra, altamente influenciada pelo pensamento do seu Mestre, Sri Aurobindo, e que estabelece a diferenciação entre o sentir da mãe pelo seu lado físico e carnal/material – como mecânico e inferior e o lado espiritual como superior a que se liga a ideia de um sentimento posterior como verdadeiro tentando subtrair valor efectivo a uma ligação de carne e do corpo da mulher à criança como uma coisa não espiritual.
Ora esta ideia de negação da Natureza e das forças instintivas da Natureza e da matéria e da vida na manifestação como ser inferior é uma ideia puramente yogui baseada na ideia de renúncia e uma visão ascética do Caminho espiritual que nega o corpo e a vida material como "baixos instintos" tendo como único objectivo de vida a ascese e a evolução da alma e do espírito, a fim de se libertar da carne e dos apegos deste mundo…
Essa ideia e pensamento filosófico e espiritual, com raízes  no pensamento hindu (e védico?), nega efectivamente a Natureza da vida na manifestação e da Mulher e do Paganismo  tido como a origem da filosofia ocidental à partida, em que a Natureza e a Mãe são sagradas; sabemos no entanto que os orientais e os yoguis de um modo geral, que consideram a manifestação, Maya ou ilusão, como ilusória, tentam a todo o transe - através das mais variadas práticas e meditações e mantras - libertarem-se do sofrimento causado pelo Samsara, originado na encarnação.

Sabemos que há uma Consciência e uma evolução e que existem os baixos instintos como existem as mais baixas e primárias manifestações do ser humano em tudo e que é preciso elevar o nosso ser   a um nível superior de entendimento e realização humana, mas a meu ver sem negar  a Manifestação e a Natureza em si nem a natureza do ser na sua encarnação, corpo-alma-espírito, e menos ainda da MÃE e da Mulher como geradora da vida humana na Terra. 
Creio que poderemos viver  na Terra em paz e harmonia e de acordo com  a alma e o espirito,  inclusive tendo em conta as  ideias mais recentes de que a Matéria é Luz e energia e que não há divisão entre a matéria e o espírito…acredito na evolução da Humanidade sem negar o corpo e os sentidos...desde que consigamos integrar os opostos complementares e ligar o que está em baixo  ao que está em cima...
É aqui que chegamos a um grande impasse que é o das religiões orientais em princípio, incluindo a cristã, em que quase todas começam e acabam com a negação da Mulher como tentação e pecado apara o Homem, a mulher como representante negativa da própria  Natureza e da Terra,   para se elevarem apenas aos valores do Céu e do Espírito.
Voltando a questão inicial,  tendo em conta a mulher como indivíduo responsável pelo nascimento da criança e a sua amamentação, porque é através dela Mãe  que passa para a criança fluidos essenciais para a formação e estabilidade física do bebé, o futuro homem e mulher, acho  fundamental no nascimento da criança, a assistência e dedicação da mãe, insubstituível por quem quer que seja… pois são precisamente esses laços físicos e materiais que são também laços psíquicos e anímicos muito importantes que formam o ser inicialmente e por mais que se queira negar ou diminuir isso em nome de uma espiritualidade que nega as funções naturais do corpo, os “apegos”, os afectos e o desejo tanto de um sexo como do outro, reduzindo o ser humano a uma única aspiração, a do mundo divino e não da Terra…
É aqui que se levanta uma grande dúvida no meu espírito…acerca de todos estes caminhos de renúncia e pureza…em nome da alma e do espírito.
Se alguém tiver dúvidas disto que me responda...

rlp

segunda-feira, janeiro 27, 2014

UMA FALSA IGUALDADE...



A MULHER

"SISTEMATICAMENTE AMESQUINHADA"


"O género humano tornou-se homogéneo do ponto de vista da cidade e das funções sociais que a constituem, mas, no seu seio, a oposição feminino-masculino subsiste, reduzida doravante à diferença entre uma melhor maneira para os homens e uma menos boa maneira para a mulheres de realizar cada uma das tarefas comuns aos dois sexos. Do ponto de vista conceptual, a imagem da mulher não ganha nada senão a ver-se sistematicamente amesquinhada.”(...)

in A alma é um corpo de Mulher - Giula Sissa

SER MULHER OU SER IMITAÇÃO...


A CONSCIÊNCIA DE SI COMO MULHER
Sabemos todas nós mulheres, que cada uma de nós está numa fase da sua vida e que isso corresponde a um idade; sabemos que cada um de nós, na melhor das hipóteses e neste âmbito, está a fazer o trabalho que deve fazer consigo mesma. Nenhuma de nós pode julgar uma idade ou uma fase da vida da mulher através de um processo ou julgar  uma mulher melhor do que a outra através da sua própria experiência e menos ainda ajudar ou empurrar a outra para outra fase que não é a sua, para uma  experiência que ela ainda não fez…ou fazer o trabalho da outra ou ainda condicionar e modelar a outra mulher, seja através de ideias seja através de que processo for.
Isto porque o caminho da mulher não tem nada a ver com uma mentalização nem com nenhum conhecimento teórico, nem com a leitura de livros, embora também reconheça o mérito em se ir sabendo um pouco de tudo o que se poder, e nos acrescenta, mas não fazer do conhecimento teórico um sucedâneo de realização pessoal nem de experiência vivida. Por esta razão, não sendo contra nenhum método ou tentativa de evolução ou mudança na vida de uma mulher, a partir de um qualquer processo, terapia ou iniciação, não defendo felizmente nenhum método que passe por qualquer tipo de mentalização, nem uso fórmulas, nem mantras, nem técnicas...

Quando muito em relação às mulheres acredito nos Círculos…no contar das suas experiências, na elevação da sua consciência a partir de dentro, do útero e dos ovários, ao seu próprio ritmo e ao bater do seu coração…
Acredito no saber que brota de dentro da Mulher integral.
Quando a mulher se toca no âmago, ela toca a sua própria fonte...
Para mim ela não precisa de caminhos espirituais...
Ela é ESPIRITUAL.

Essa é a Mística da Mulher. Esse foi o segredo que se perdeu. Esse foi o mistério que o Homem e o seu Deus lhe roubaram. Isso é que é preciso acordar nela. E embora para algumas mulheres esses processos espirituais possam ser paralelos, uteis e até necessários, também podem fazer atrasar essa consciência de si em si mesmas e atribuí-la aos outros ou aos métodos…ou mesmo fazer com que se afastem de si próprias enquanto mulheres. Esse é o perigo. Por isso o que eu falo e defendo é de um processo de consciencialização interior lento e preciso, interior e subjectivo, diria – que tem muito mais a ver com o plano psicológico e intimista – o acordar desse poder da mulher em si, o escutar-se e o ouvir-se a si mesma  e independente de tudo o que aprendeu; e isto é completamente diferente de qualquer crença, fé, ou do apreender ideias, teorias meditações ou ter metas fora de si...
Eu não tenho ou proponho nenhum método! Nem metas a atingir. Mas alego e defendo uma Consciência precisa dentro da mulher a despertar por si. Uma consciência inerente ao ser mulher, a todas as mulheres, e a que toda a mulher tem acesso NATURALMENTE quando se começa a consciencializar da sua divisão interna, da sua cisão psíquica e começa então a perceber as causas das suas limitações e conflitos consigo mesmas e com as outras mulheres. Aí sim há um fundamento ancestral compreensível que  explica a mulher dividida em dois lados da sua humanidade, antagónicos, sempre elegendo um em detrimento do outro.

Deste modo, para mim cada tomada de consciência nesse particular - e não há mesmo como confundir consciência com teoria de tudo ou de nada - cada experiência integrada, cada pequena coisa que nos clarifica da nossa divisão interior e das causas de toda a problemática da Mulher - não como ser humano diria a par do homem, mas muito particularmente no que diz respeito à sua psique e ao seu foro íntimo como mulher nesta sociedade - a mulher condicionada desde que nasce a uma determinada mentalidade patrista -, que a diminui e a coíbe de ser e expressar a sua natureza profunda, que a impede de se ouvir, e toda uma influência nefasta sobre o seu ser, que a marca e inferioriza; fazer isso  já é um passo enorme e faz toda a diferença, pois há um abrir de dentro, já é um acontecer real e isso é tão válido como o que possa parecer chegar à grande sabedoria da mulher integrada, porque essa Sabedoria na mulher é inata.
Lamentavelmente as mulheres continuam a confundir as teorias e as ideias e os métodos com uma CONSCIÊNCIA. Continuam apenas a confundir pensar e achar que o "saber" de cor (não de coração, isso é realmente outra coisa) as  leva a algum lado;  e eu digo que o pensar algo muito bonito e muito positivo como se isso mudasse alguma coisa de fundo, não muda nada. A meu ver não muda mesmo nada, senão o próprio pensar. Porque em geral todos os métodos têm muito de especulação ou são pura mentalização e neste caso muda-se do pensamento negativo para o dito positivo; podem  até ser e serão balsâmicos, aparentemente transformadores a curto prazo, mas mais tarde ou mais cedo SEM A CONSCIÊNCIA PROFUNDA, integrada, não há evolução nem transformação. Por isso tantas vezes mulheres que parecem ser uma coisa e andam de mãos dadas com as outras a apregoar mundos e fundos, de repente viram-se umas contra as outras e odeiam-se de morte…tornam-se “casos de polícia”…lamento a ironia, mas é literal…
Uma mulher ferida é sempre um drama senão um perigo iminente no círculo…

 A Consciência de si como mulher de que falo não tem nada a ver com a consciência dita do "si mesmo" - junguiano -, mas trata-se de  uma outra consciência inerente só à mulher e essa conSciência é o que está aqui em relevo. Porque essa Consciência  em si mesma ela é já activa e transformadora de dentro para fora; não é uma mera mentalização através do pensamento positivo ou negativo...tal como: "achas que és feia agora pensa que és bonita...e já não precisas de fazer uma plástica"...não. Quando uma mulher se consciencializa de si mesma e acorda para essa consciência adormecida nos séculos pode ver e entender que a origem de quase todos os seus dramas tem a ver com a divisão das mulheres em duas, pode ver que no fundo é quase sempre essa a origem dos seus conflitos, a sua ferida com a mãe ou com a irmã, então ela pode começar já e a partir daí a integrar a verdadeira mulher, porque a outra já não é uma “outra” fora de si, mas ela mesma.
Eu falo da mulher tocar o seu âmago. Tocar essa Essência que é o seu centro. O seu Útero. Nele está a chave do seu poder interno. A mulher não tem de aprender nem forçar-se a ser "objecto de prazer "ou de "procriação",  "barriga de aluguer" como a mulher moderna faz nem a ser executiva e lutar com os homens por um lugar de chefia, nem forçar-se a ser o que os homens e a sociedade querem ainda que ela seja. E se as suas raízes e estiverem ligadas ao seu Útero e a Gaia,  Ela nunca mais poderá ser soldado, polícia ou ir à Guerra…ou deixar os seus filhos passar fome… porque a Mulher é a Terra…e ela é abundante. Porque é dela que nasce o amor e a paz e a dádiva.

Ela é a Deusa em Si mesma. É aí que eu quero chegar!

  rlp

sábado, janeiro 25, 2014

Graças a Deus que sou mulher!

 
 
Virginia Woolf, Orlando

«"Graças a Deus que sou mulher!", gritou, estando prestes a cometer a loucura extrema - nada mais aflitivo tanto nos homens como nas mulheres - de se envaidecer do seu próprio sexo, quando a simples palavra que, e a...pesar de todos os nossos esforços para a esquecermos se insinuou no final da frase, a fez parar. Amor. "O amor." Nesse mesmo instante - tal é a sua impetuosidade - o amor tomou forma humana - tal é o seu orgulho. É que, enquanto os outros pensamentos se contentam em permanecer abstractos, nada mais satisfaz este do que assumir forma humana, de mantilha e saia, de calções e gibão. E, dado que todos os amores de Orlando haviam sido mulheres, agora, devido à lentidão dos seres humanos para se adaptarem às convenções, e muito embora fosse mulher, o objecto do seu amor continuava a ser uma mulher. E, se a consciência de pertencer ao mesmo sexo tinha algum efeito no caso, apenas apressava e aprofundava os sentimentos que a caracterizavam enquanto homem. Pois agora entendia toda uma série de alusões e mistérios que antes lhe escapavam. Agora, a obscuridade que divide os sexos e mantém as impurezas na sombra deixara de existir, e, se o poeta tem razão no que diz a respeito da beleza e da verdade, este amor ganhou em beleza aquilo que perdera em falsidade. Agora, gritou, conhecia Sasha tal como ela era, e, no ardor da descoberta e da ânsia de alcançar todos os tesouros que lhe eram revelados, sentiu-se tão arrebatada e encantada, que se sentiu como se lhe tivesse soado um tiro de canhão [...].» 

sexta-feira, janeiro 24, 2014

UMA VISÃO ORIENTAL DA MÃE...

A mulher vista como representação da Mãe Cósmica - mas implícita a negação da mulher como mulher...  

 

Paramahansa Yogananda, um dos grandes difusores da sabedoria yogue no Ocidente, ensinou sobre a Mãe Divina:

Toda mulher deveria ser um instrumento do amor da Mãe Divina, sentindo o mesmo amor pelo mundo inteiro. Ao inspirar os homens por meio de semelhante amor, a mulher oferece a maior bênção que possui.
Uma mulher cheia de ódio e ira verá essas mesmas qualidades no homem. É por isso que toda mulher deveria evitar deixar-se levar por seus estados de ânimo, mantendo-se sempre livre de toda emoção equivocada. Isso porque, quando é vítima do ciúme ou do ódio, a mulher perde a qualidade intuitiva, o dom especial que Deus lhe concedeu. Minha mãe, por exemplo, possuía uma grande intuição, porque sua mente era livre de todo ciúme, ódio e ira.
Todas as mães estão destinadas a ser uma manifestação do amor incondicional de Deus. Mas as mães humanas são imperfeitas; somente a Mãe Cósmica é perfeita. Quando vejo a cegueira de algumas mães humanas, penso: “Este não é, na verdade, o amor ilimitado da Mãe Divina”. Quando o amor de uma mãe alcança um grau de perfeição tal que não há mais nem limitação nem qualquer anseio de posse, ele se converte no amor da Mãe Divina.
A mãe deve oferecer seu amor maternal a todos por igual, e não apenas aos próprios filhos. “Mas não é possível acudir a todos os seres do mundo e oferecer-lhes tal amor”, poderão dizer. Existe, no entanto, um caminho mais fácil para desenvolver o amor incondicional. Ao meditar, concentre-se no coração e afirme: “Sinto Deus como a Mãe Divina”. Depois, ao tomar consciência desse grande amor, irradie-o mentalmente a todas as criaturas da terra.

POR ACASO O AMOR HUMANO NÃO É UMA EXPRESSÃO DO AMOR DIVINO?

TODOS NÓS SEM EXCEPÇÃO TEMOS UMA MÃE DIVINA DENTRO, UMA EXPRESSÃO DE DEUS

 
E verá nela a sua própria mãe. Para mim, agora, toda mulher é mãe.

Todas as relações humanas nos foram dadas não para idolatrá-las, mas para idealizá-las. Se você puder aprender a considerar sua mãe como uma manifestação do amor incondicional da Mãe Divina, quando ela se for, encontrará conforto ao se lembrar de que a mãe terrena era apenas a forma em que a Mãe Divina veio morar entre vocês por um breve tempo.
E se tiver perdido a mãe, deve encontrar a Mãe Divina oculta além dos céus. Jamais poderá perder a Mãe Suprema. A mãe que você amou era somente a manifestação da Mãe Cósmica; ela veio velar por você durante certo tempo, para depois fundir-se novamente no ser da Mãe Divina. Como conheço bem essa verdade! E como tive de sofrer para aprendê-la!
Minha mãe terrena era tudo para mim; minhas alegrias despertavam e dormiam no firmamento de sua presença. Lembro-me de uma viagem para casa, durante a qual senti intuitivamente que ela havia falecido; ao chegar à estação ferroviária, corri ao encontro do meu tio, e perguntei-lhe: “Ela ainda vive?” Como fiquei aliviado quando ele respondeu afirmativamente! Se tivesse confirmado meus temores, eu estava disposto a me jogar debaixo das rodas do trem.
(...)



Arrebatei-lhe aqueles olhos negros
que o aprisionavam,
para que pudesse encontrar
esses mesmos olhos
nos Meus olhos,
e no terno olhar
de todas as mães de olhos negros;
e para que pudesse perceber
em todos os olhos negros
só a sombra
dos Meus olhos.







Se lhes fosse possível experimentar o encantamento que se apoderou do meu Ser quando senti que aqueles olhos negros de minha Mãe contemplavam-me de todos os lugares, de cada partícula do Espaço! Que bela foi essa experiência! Todo o meu pesar converteu-se em gozo.
Se rezar profundamente, como lhe disse, receberá uma resposta audível. As suas orações ainda não são suficientemente profundas. Mas quando rezar com o coração, elevando incessantemente o seu chamado – com a determinação de não parar de rezar até receber uma resposta – a Mãe Divina lhe responderá.
E verá nela a sua própria mãe. Para mim, agora, toda mulher é mãe. Vejo, inclusive, em todo lugar onde se possa apreciar a mínima manifestação de bondade, a Mãe.
 (...)
(Paramahansa Yogananda, falando de sua Mãe Divina)

MUITO IMPORTANTE

 
 
CONVEM LEMBRAR...

 "Os fibromiomas, tais como outras doenças, não aparecem propriamente do nada aterrando no útero das mulheres. Quando a mulher quer mesmo inter-relacionar-se com o seu útero prestando atenção às suas mensagens, é porque acabou de dar o primeiro passo em direcção à cura em vez de apenas disfarçar ou eliminar sintomas. Depois de cada uma de nós ter tentado aprender as mensagens do seu útero, é-nos possível escolher o tratamento que resulta melhor, quer seja a c...irurgia, a dieta, a acupuntura ou uma combinação de todas elas.
Muitas mulheres conseguem correlacionar os primeiros sintomas dos seus fibromiomas com o início de abusos verbais dos companheiros, stress no emprego ou outros problemas nas suas relações com o undo exterior. Um trabalho interior é muitas vezes extremamente útil para encontrar novos caminhos para lidar com estas situações dolorosas ou de limite.
(…)
A cura verdadeira, não apenas o tratamento do nosso corpo e o aliviar da nossa ansiedade mental, envolve transformação do nosso campo de energia e consciência.
(…)

Os cientistas podem discutir tudo o que quiserem relativamente ao facto do que eu sugiro ser ou não possível mas, para mim, envolver-me nesta discussão seria participar no sistema aditivo. E é infinitamente mais apelativo prosseguir com a cura.

*
Chritiane Northrup – Corpo de Mulher sabedoria de Mulher

terça-feira, janeiro 21, 2014

É A MULHER UMA NINFÓMANA?



O QUE LEVA A MULHER A SER  SÓ  SEXO SÍMBOLO?
 
Ando há dias a pensar escrever uma "crónica" sobre as mulheres que “amam demais”...ou que não conseguem deixar de ter amantes seja qual for a sua idade …e que toda a vida não foram mais do que tratadas em função de amores e dos homens que amaram tal com as grandes atrizes... 
Mas o ponto da minha crónica…era principalmente  dizer que EU COMPREENDO que muitas mulheres precisem para viver ou para sobreviver  "ter um homem". Juro que compreendo e não julgo nenhuma mulher por isso! Mas antes do mais temos que considerar o seu vazio existencial e como essas primeiras mulheres que deram a cara são  vistas como meros objectos sexuais ou ícones de uma certa beleza...
A verdade é que durante séculos a mulher foi impedida de se expressar sexualmente, mas nas últimas décadas ou no último meio século a suposta emancipação e liberdade sexual deu às mulheres a possibilidade de viverem a seu "belo prazer" o seu corpo e aventurarem-se nesse campo sem que contudo elas tenha vivido - estou perfeitamente convicta disso - a sua verdadeira sensualidade...e menos ainda a sua verdadeira liberdade, mas sim e  só em função do prazer masculino de acordo com o modelo que ele criou para elas!
Não, volto a referir, eu não julgo as mulheres por isso, mas essa é precisamente a razão por que eu quero manter este meu ponto de vista ou o meu FOCO numa consciência específica do Feminino, na sua história e dizer que o faço porque acredito que se pode clarificar e mudar essa tendência “sexualizante” das mulheres modernas levando-as a compreender a razão histórica e psicológica dessa dependência e obsessão sexual dos nossos dias e ao mesmo tempo dessa negação de si em particular por causa do sexo... pois aviso, vai pegar na Moda o filme – NINFOMANIA… e as mulheres comuns vão descarrilar nessa mania...querendo ser fiéis ao modelo mais uma vez...
Este filme vai contaminar as mulheres ignorantes da sua verdadeira natureza ontológica e levá-las a um maior desequilíbrio emocional e sexual porque elas não têm qualquer referência psicológica do que aconteceu com elas – porque são ainda submetidas e violadas ou abusadas e mortas pelos homens e os próprios companheiros - pois a nossa cultura, o cinema e a arte, escamoteou muito bem todas essas razões e portanto elas estão cada vez mais afastadas do que se refere à sua cisão interna e muito menos sabem quem são intrinsecamente e as razões que as fazem anular-se em função de um desejo desvairado e insaciável que é exacerbado continuamente pelos Mídea, pelos espectáculos pop e pela pornografia e que mais não é do que o tentar preencher desesperado o seu vazio de identidade de Mulher-Mulher.  E o que eu quero também dizer é que a mulher pode ter companheiros e amantes…mas antes de tudo o mais ela precisa de SER MULHER, uma mulher integral que ainda não é, pois só assim deixaria de ser dependente e obcecada….

Por causa deste filme de que já se fala, ocorreu-me, dentro de uma perspectiva mais vasta, que devem existir muitas mulheres que têm uma memória de “sacerdotisas do amor” ou de cortesãs, hetairas ou mesmo de prostitutas de bordel e até de ninfómanas e que tenham vivido acima de tudo em função dos homens e do sexo, noutra vida. E que para elas isso seja muito meritório, e até “honrado”…como hoje se pretende fazer da prostituição uma “profissão” e o sexo um comércio, que já é…mas, e ainda dentro desta perspectiva mais alargada, dentro do conceito de vidas e reencarnações, digamos que essa memória as possa impedir, de serem mulheres realmente livres e de se realizarem mais uma vez nesta vida como mulheres inteiras amando-se e vivendo naturalmente os seus amores sem essa obsessão, sem essa dependência… e falo sobretudo é claro de mulheres que não conseguem manter a sua integridade, nem a sua dignidade nem se conseguem amar a si mesmas e ao contrário disso se desprezam projectando no Homem todo o seu valor…Não se dão a si mesmas qualquer importância e por isso se diluem nos homens como se nada mais fossem do que corpos e prazer e o prazer que dão ou que têm…e viverem só para isso…escravas do sexo ou do dinheiro.
É verdade que eu peco por um certo ascetismo, por ser mental e sexualmente neutra, ou talvez porque já sou “velha” e portanto não quero parecer injusta para com mulheres mais novas nem para com aquelas para quem o prazer é tudo; Mas, neste caso, o que eu queria salientar, é que há uma enorme confusão quanto ao propósito e ao sentido da vida de cada Ser Humano e da mulher, especialmente enquanto Mulher, e ela não se ver a si apenas como  mulher-objecto, ou como mulher-função….
A mulher não é só sexo…ou “barriga de aluguer” ou o prazer que dá e recebe! A Mulher tem um propósito especial…bem mais alto, que é unir em si a dimensão do Céu e da Terra… e além de ser a iniciadora do homem ao amor da Deusa; Sim, creio nisso, porque ela também é a Mãe por excelência, e mais tarde a Velha e a Sábia, a quem se devia dar um lugar de honra nas famílias e na sociedade…E mesmo que não tenha tido essa experiência de ser mãe biologicamente, tal como diz Natália Correia,  “à mulher não compete apenas uma maternidade de tipo fisiológico. Cabe-lhe ultrapassar este aspecto na medida em que pode conquistar uma sabedoria de tipo maternal para intervir no mundo e orientá-lo. Um mundo onde só o homem tem a palavra, palavra essa que é a origem de tantos desmandos, guerras, conflitos e soluções precárias de caracter económico e social.”
Durante séculos, a mulher como ser humano foi submetido a outro, o Homem. E por isso a vida na Terra é o palco de uma Humanidade ferida de morte pela negação da Mulher e da Mãe – uma mulher que foi destituída da sua função maior e divina, dividida em funções suplementares apenas, escrava dos sistemas políticos e sociais e religiosos, criando-se uma cisão dentro de si e na sua psique que a impede de desfrutar da plenitude do seu SER AMANTE EM TODAS AS DIMENSÕES DO SEU SER.
 
No entanto o que este texto queria de algum modo à partida CLARIFICAR é que a Mulher é um Ser Amante por natureza, sim, mas o seu amor pode e deve ir muito mais longe do que se anular para amar um homem ou um filho. E muito menos ainda para viver obcecada pelo sexo ao ponto da sua destruição ou fazer do sexo a sua única expressão de vida.

A mulher é A expressão da Deusa na Terra, ela representa a essência do Princípio Feminino e tem de  servir a sua humanidade em Magnificência e Honrar em Dignidade e não deixar-se coisificar ao sabor da vontade alheia, ser instrumentalizada… Ela é acima de tudo a Amante da Deusa na Terra …e como tal se deve comportar…seja ou não religiosa… Sim, pode até acontecer que ao nível de uma verdadeira espiritualidade a mulher cesse de ser a mulher para se tornar alma e ente que aspira e busca a sua realização para lá da dualidade e da sua vida mundana, mas  isso é toda uma outra história. O que eu defendo é neste mundo em que vivemos, mesmo sem essa aspiração espiritual, é que a Mulher e a Mãe seja una e tenha uma vida digna e seja inteiramente respeitada pelo homem. E isso é possível pois se ela acordar para si e para a sua totalidade como mulher, ela acede a um potencial único, como diz ainda Natália Correia porque ela é “Estruturalmente, (…) avessa, alérgica à ideia de guerra e de conflito. É como se a sua própria experiência maternal a predispusesse contra a guerra. Dá vida mas não gosta de contribuir para a sua destruição. É por uma actuação pacífica.” E assim como a mesma escritora já citada eu digo que sim, que este é um dos pontos fulcrais de toda a questão. “ É necessário que a sua emancipação obedeça desde já a uma orientação intelectual no sentido da pacificação do mundo.”

E é no sentido dessa sabedoria maternal que está o maior poder da mulher e a grande importância da Mulher como Mãe do Mundo.
É essa MÃE que na minha vida inteira tem todo o meu amor e devoção, quer no que escrevo quer no sentido que a vida me deu para me dedicar a um trabalho de consciencialização desse poder em mim no que é Ser Mulher e também, como não podia deixar de ser, na formação e integridade do meu ser como SER HUMANO.
É portanto esse acordar da mulher para si que eu sonho e porque acredito nele me dedico de corpo e coração, com toda a força da minha alma, à Causa Maior do Ser Mulher…

rlp

sábado, janeiro 18, 2014

A DINÂMICA DA VIDA...

AS MULHERES SÃO ENERGIA DE VIDA
E TAL COMO A SERPENTE REPRESENTAM
A DINÂMICA DA VIDA...

"A nossa interpretação da palavra 'demónio' como um significado de algo demoníaco é muito  curioso. O demoníaco vem do grego, e se refere à dinâmica da vida - o seu demônio é a dinâmica da vida. Em nossa tradição, somos tão contra a dinâmica da vida que a transformamos num diabo. 'Demônio' tem um sentido negativo em nossa tradição. Isso é incrível. De modo semelhante, a serpente, que também representa a dinâmica da vida, foi convertida num princípio negativo em nossa tradição. A serpente pode trocar de pele para renascer, representando assim o poder da vida de superar a morte e o vínculo da vida com o tempo. É a dinâmica da vida e da consciência no campo dos pares temporais de opostos, nascimento/morte e assim por diante; mas a vida prossegue. É como se a nossa tradição fosse contra a vida. A nossa própria divindade é contra a vida. Temos uma divindade que fala sobre graça sobrenatural e virtude, mas a vida em si é algo desprezado em vez de celebrado e o corpo é algo horrível em vez de fantástico. É um mundo estranho."

Joseph Campbell -

in E Por Falar Em Mitos...

RESGATAR METIS...


A MULHER MADURA...

"A medida que as mulheres chegam aos cinquenta ou alcançam a menopausa, ou perdem seus mentores ou suas ilusões amadurecem e deixam para trás as identificações com Atena como uma eterna filha do pai buscando aprovação das instituições masculinas e de homens poderosos, Métis, como a sabedoria feminina, prepara-se para surgir. É preciso ter evoluído além do contentar-se em tentar ser a filha dilecta do patriarcado para poder encontrar se com Metis, que é metade matrilinear de sua linhagem psicológica.
Penso em Métis como a esclarecedora da intuição, intelecto e experiência; uma maturidade que surge do facto de se ter tornado experiente e preparada pela vida, pela perda da "hibris*(orgulho e arrebatamento) e pela aprendizagem em primeira mão da humildade e da vulnerabilidade. "


In AS DEUSAS E A MULHER MADURA
jean shinoda Bolen

É preciso...dar ouvido as mulheres


A LUA FALA….

”É isso por isso que não estou a brincar quando digo que os seres humanos deviam dar ouvido as mulheres em primeiro lugar. Existe ouro nas glândulas subtis do vosso corpo e os seres da lua podem sentir as emanações emocionais mais subtis da vossa consciência pelo ouro escondido na Terra. Quando vocês sentem emanações cósmicas, libertam cristais de ouro das vossas glândulas endócrinas, que fluem no vosso sangue. As mulheres tendem a ser mais conectadas cosmicamen...te, porque esses cristais são libertados no seu sangue a cada ciclo lunar.
Todo o universo tem um processo de se sintonizar com a consciência dos corpos, mas geralmente essa capacidade está adormecida. (…)
Compreendendo essas vibrações, vocês podem perceber quando estão a ser influenciados. É isso que as mulheres querem dizer quando afirmam que podem “sentir” algo e que “ficam arrepiadas”. Os homens espertos deviam prestar atenção quando as mulheres fazem esse tipo de afirmação. AS mulheres precisam de desenvolver esse potencial, de modo que tanto homens como mulheres possam libertar-se das manipulações. Vocês não estão cansados de serem empurrados ora para um lado ora para outro? (…)
Muitos rituais – cerimónias que se repetem, não eventos espontâneos – insistem em que as mulheres menstruadas não participem. Isso acontece porque os os rituais repetitivos são tiro de passagem dos sistemas sacerdotais 4 D dos Anunakis. As mulheres menstruadas detectariam instantaneamente a presença de uma dinâmica de controlo e, por isso, são barradas e impedidas de entrar nesses ritos. Também o poder do sangue delas pode diluir esses rituais. Eu sou a Lua e regulo o corpo das mulheres, sintonizando a sua glândula pineal com a minha abertura criativa. Um dia ainda longe de nós, os humanos nem sequer pensarão realizar uma cerimónia sem a presença das mulheres menstruadas como administradoras da energia. Então eu Lua, saberei que vocês estão de novo a viver e a lembrar como antigamente alimentavam Gaia.(…)

Eu sou vossa amiga e honro-vos sempre que me contemplam. Quando corajosamente decidem ser auto-reflexivos e, portanto, eu espelho a luz do Sol para vocês. Os seres humanos não podem olhar directamente para o Sol, fonte da sua identidade, mas durante a Lua Cheia magníficos seres solares vêm a mim através de raios de luz. Eu os recebo 13 vezes por ano, acolho o seu poder e projecto as suas vibrações no ventre das mulheres.”

in A AGENDA PLEIADIANA - de Barbara Han ClowVer mais

quinta-feira, janeiro 16, 2014

QUE ESPERAR DE UMA SOCIEDADE QUE REJEITA A MÃE

 


E MALTRATA A MULHER?


"O sucesso é uma lei da vida. Toda vida é bem sucedida. O
importante é se também tomamos a vida como vida. Vida e mãe
são internamente o mesmo. Do mesmo modo que tomamos nossa mãe, assim tomamos a vida. Quem rejeita sua mãe, rejeita a vida."


Bert Hellinger

ESTE É O TEMPO DAS MULHERES



REVENDO A MATÉRIA DADA...

SER INTEIRA...


Por hora e neste presente tempo que é o nosso não há uma base sólida de "saber" para nos agarrarmos a nada e estarmos categoricamente certas...mas há um trabalho interior que implica à partida que a mulher procure sentir-se e que viva, o mais que poder, fora de um contexto social, no bom sentido...e basear a sua vida a partir de dentro dela, sendo ela a sua própria força, baseada na sua consciência. Se continuar a apoiar-se no mundo, na religião, qualquer que ela seja, na sociedade ou na família e toda a sua história familiar e social que a aprisiona poucas hipóteses terá.
A luta social em prol dos outros/as poderá acontecer quando a mulher estiver estruturada em si, confiante em si, e não como sucedâneo da sua infelicidade ou frustrações acumuladas, como acontece em gera, e esse é que é o trabalho que eu proponho a fazer-se individualmente: tomar primeiro consciência de si e depois dar-se de forma livre. Para isso é preciso trabalhar as nossas bases de ser mulher, unir as duas mulheres cindidas em nós, em interioridade, ou até no silêncio, para vencer essa velha rivalidade entre mulheres...pois é nessa divisão dentro das mulheres - a luta entre as duas mulheres, a boa e a má -  que os homens baseiam a sua supremacia e nos dominam, e nos impedem de ser nós mesmas, inteiras.
Curar essa ferida em nós, mãe e filhas, irmãs…e só em nós, e depois logo se verá...mas, por experiência própria, eu sei que á medida que fizermos esse trabalho connosco e nos distanciarmos da velha e atormentada mulher confinada à vontade alheia, directa ou indirectamente, também mudaremos face aos outros e ao mundo...Mas sem nos mudarmos a nós primeiro …sem essa Consciência não haverá Força para vencer…Continuaremos esmagadas e forçadas a ceder a pressão dos outros e do mundo e continuaremos a viver em nome de muitas coisas mas nunca de nós próprias.

O caminho é sempre interior e virado para dentro. É no nosso coração que temos de manter as reservas de força e amor para darmos a quem como nós, mulheres e homens porventura, façam o mesmo caminho para sair da luta deste Sistema que nos aprisiona a uns e outros há milénios. Este é o tempo Mulheres!

rosaleonorpedro

terça-feira, janeiro 14, 2014

PODEMOS SAIR DESSE IMPASSE...

REPUBLICANDO

..."OU EU ME VOLTO PARA DENTRO OU EU MORRO"... rose marie muraro



ESCRITO EM 2011

Estava a pensar como as mulheres em geral se refugiam numa "PARTILHA" de INTERESSES, LITERATURA E ARTE, TERAPIAS e CURSOS, PALESTRAS, YOGA etc. – Falam sobre as mais variadas coisas, tais como canalizações e astrologia, taralogia, quiromancia; ocupam-se de outros planos e dimensões, ovnis e chakras e auras, corpos astrais - e enfim também coisas da natureza é certo, especializam-se em hortas, plantas, a tratar dos animais e das árvores e claro tudo em nome da alma ou do espírito de deus e do céu ou mesmo da Terra...mas minha Mãe, minha Deusa...elas, no seu interior, no seu íntimo, no mais fundo de si, naquela parte que grita e chora… ficam sempre para trás...

Pensam que se realizam abordando temas espirituais ou dedicando-se a artes florais…fazem meditações e rezam orações e mantras…
Mas no fundo, vivem é escondidas ou escudadas com todas essas projecções ideias, as grandes teorias do que há-de vir...do que virá...de anjos e santos e almas puras e irmãs, que nos virão salvar, mas nunca tratam delas concretamente, nunca aprofundam a sua alma e o seu ser MULHER, nunca vêem o que mais as atormenta, nem a sua sombra; vivem contra natura, contra a sua natureza que desconhecem, vivem contra elas próprias...dedicadas ao amante controlador e ao marido que as asfixia e aos filhos que as absorvem e depois são abandonadas ou morrem de cancro...
De que têm medo as mulheres, porque têm tanto medo de si próprias e de enfrentarem medo das suas emoções ou das outras mulheres, que as espelham, para se escudarem em tanta coisa que por vezes as nega e as omite e não se querem ver a elas mesmas...
 
SIM, TÊM MEDO DE SI MESMAS E DAS MULHERES E ESSE MEDO É O que as impede de se libertarem e serem mais cooperantes umas com as outras, mais abertas…E quando as outras mulheres as espelham temem o que vêm em si e negam-se a ver quando precisamente deviam avançar, certas de que era por aí que deviam ir…mas não, o medo das emoções e dos espelhos tolhe-as e preferem agarrar-se ao velho mundo e entregarem-se de olhos vendados, cegas e carentes aos homens que as exploram a todos os níveis e as vampirizam energeticamente.

Se há uma coisa emergente neste momento e isso diz respeito a todas as mulheres, é a tomada de consciência do SER MULHER EM SI...um trabalho primordial para toda a mulher que se quer conhecer e aprofundar a questão essencial do seu Ser total.
Enquanto a mulher continuar dividida em estereótipos de acordo com a filosofia do masculino e da formatação que recebeu de uma cultura que omite sistemicamente a Mulher como ser individual, como um todo em si, vendo-a apenas como um objecto de desejo, de prazer, ou de produção...de mãe a barriga de aluguer, de esposa a prostituta...nunca será uma mulher inteira! E inverter os estereótipos e deixar de ser esposa para ser a amante ou a barriga de aluguer...não é a solução. Não é essa a saída, como vimos neste momento as novas feministas ao desfilarem sem soutien, a reclamar os direitos das putas, afinal de contas... chamando-se a si mesmas de "vadias"...ou as Femen a  confrontar  as instituições também despidas ou expondo-se de forma totalmente agressiva e provocatória...
Não, não creio que seja por aí...e não é preconceito...nem a rejeição de nenhum tipo de mulher que sobrevive nessas divisões do seu ser sem saber e sem culpa...mas por uma questão de LUCIDEZ...Posso parecer implacável talvez, mas não sem amor e muita compaixão pelas lutas e sofrimentos da mulheres ao longo dos séculos.
PODEMOS SAIR DESSE IMPASSE...
PODEMOS UNIR EM NÓS TODAS AS MULHERES QUE O PATRIARCADO DIVIDIU E ESTIGMATIZOU, mas dentro de nós...na união do nosso ser interior e na união das mulher no mundo...o caminho é dentro de nós e não passa pela provocação ou confronto com o Sistema
 

rlp
2011

quinta-feira, janeiro 09, 2014

MULHER REPRESENTA A TOTALIDADE

 
A mulher atrai e guia o herói ...
 
"Pode se dizer que a figura da mulher na linguagem pictórica da mitologia representa a totalidade do que pode ser conhecido. O aprendizado do herói se dá decorrente e à medida que ele progride, na lenta iniciação que é a vida. É neste sentido ...que a mulher atrai e guia o herói para que este rompa com as amarras e os grilhões que o prendem.
 
De acordo com Joseph Campbell:
 
“A mulher é o guia para o sublime auge da aventura sensual. Vista por olhos inferiores, é reduzida a condições inferiores; pelo olho mau da ignorância, é condenada à banalidade e à feiura. Mas é redimida pelos olhos da compreensão. O herói que puder considerá-la tal como ela é, sem comoção indevida, mas com a gentileza e a segurança que ela requer, traz em si o potencial do rei, do deus encarnado, do seu mundo criado.” 

via K. C.

AS ATROCIDADES LEEM-SE POR AI...


 

É preciso considerar que a essência ou princípio feminino NÃO PODE SER ENTENDIDA ATRAVÉS DE UM ESTUDO INTELECTUAL OU ACADÉMICO. A ESSÊNCIA ÍNTIMA DO PRINCÍPIO FEMININO não se permite tal ataque, o sentido real da feminilidade sempre escapa ao interrogador directo. Essa é a razão pela qual as mulheres são misteriosas para os homens – isto é, para o homem que persiste em tentar compreender intelectualmente a mulher.

In OS MISTÉRIOS DA MULHER  - de M. ESTHER HARDING

 
AS ATROCIDADES LEEM-SE POR AI:

  ..."Por fim, o que faz uma mulher e um homem não é o que ela ou ele teve ou tem entre as pernas, mas como ela ou ele se vê e se afirma. Os pacotes “homem'' e “mulher'' são construções sociais e individuais, afinal de contas. Ninguém nasce “homem'' ou “mulher''. Torna-se."

- Não, não será á partida, o que se tem entre as pernas que define a mulher e o homem apenas, mas dizer que não se nasce homem e mulher e que isso é convenção social e cultural é ridículo e redutor, para não dizer de uma ignorância absoluta, negando não só a verdadeira identidade natural do que é efectivamente nascer-se Mulher e nascer-se Homem...assim como as respectivas diferenças...
A verdade no entanto é esta...já ninguém sabe o que é ser mulher ou ser homem. Esta é que é a verdade. Não devemos porém, nem podemos, confundir isso com o facto de haver seres que não são nem "mulheres nem homens"  e esses sim são na maioria fruto desta sociedade e de uma Cultura alienada de valores essenciais, consumista e materialista,   e que porventura pertencem a outro tipo de ser - não catalogado - sim, que a cultura e a sociedade não enxerga nem integra nos seus manuais de "forçados sexuais". Todos os seres humanos hoje são "forçados sexuais" em campos de concentração mental obrigados a viver e a "assumir" uma sexualidade qualquer e até a inventarem-se "transsexuais" e por ai adiante...
Mas por amor de deusA...não confundir um 3º sexo, ou seres sexualmente neutros e ainda os homossexuais - que são à partida  machos ou fêmeas, mas que têm apetência sexual por seres do mesmo sexo - talvez seres mais próximos de uma androginia, digo com UM SER naturalmente feminino/masculino, ou com seres humanos que não têm apetência nenhuma por sexo...que também existem e muitos mais do que se pensa!
Incluamos todas as variantes, mas não esqueçamos que os Princípios Masculino e Feminino, Yin e Yang, são os princípios fundamentais de toda a Vida e da Natureza Humana e que não se nega as variantes de todas as espécies...mas pior do que isso é estarmos a negar agora o masculino e o feminino à partida só porque há outras manifestações da sexualidade...isso é MUITO GRAVE!!!

 rlp

UM AVISO ÀS MULHERES CRENTES ...


AS TERAPIAS?

Entre todas as terapias existentes hoje em dias e as múltiplas alternativas que nos são apresentadas, continuo a acreditar que a melhor das terapias ainda e sempre será uma boa psicologia...numa dimensão maior da usual, claro, ou mais alargada.
A psicologia junguiana, dita psicologia das profundidades, continuando a ser para mim a mais avançada, por abordar a dimensão mitológica e espiritual do ser humano, foi no entanto em parte superada, em alguns aspectos, sobretudo no aspecto do feminino e da anima - embora ela continue a ser a meu ver a maior ferramenta que uma pessoa tem ao seu alcance para se consciencializar de processos inconscientes...
Freud, de quem Jung se afastou, abordou na sua psicanálise um único mito, o de Édipo, fazendo dele uma das suas armas de interpretação da sexualidade, mas numa só via, a do masculino, sendo o Complexo de Édipo o amor do filho pela mãe, ou do pai pela filha, mas longe de entender o amor ou não amor da mãe pela filha e vice-versa, confessando por fim que não entendia em 30 anos de psicanálise o que é que a mulher queria, como ele afirmou...Creio que Jung, indo mais longe na abordagem dos Mitos e da Alquimia, se aproximou mais da  essência da mulher e do sagrado, mas manteve-se igualmente longe da sua Natureza profunda e para mim a questão de o homem representar a "anima" e a mulher o "animus" é  errada, pois à partida é  naturalmente o contrário embora cada um dos sexos tenha o seu oposto dentro de si...e se espelhem esses contrários.
Mas não só me estou a afastar do sentido deste texto como na verdade não tenho suficiente conhecimento da sua obra nem da Psicologia em geral, a mais recente ou moderna, sabendo apenas o suficiente para perceber até que ponto os psicólogos e psicanalistas não entenderam nada da mulher em geral. Nem mesmo as mulheres dentro desta área sabem de si, em termos da sua verdadeira natureza ontológica, uma vez que partem quase todas dos pressupostos dos seus mestres e pensam (raciocinam) como eles e não a partir de um entendimento da própria psique feminina...menos racional e mais intuitiva...
 
Mas voltando às terapias e  a sua disseminação nos meios ditos espirituais eu vejo de uma forma geral que muitas dessas supostas terapias e conhecimentos tomados como vastíssimos, ou "altíssimos", acabam por se revelar em pessoas sem nenhuma consciência psicológica de si...e que por conseguinte levam o indivíduo ao maior desfasamento da sua personalidade e a um caos psicológico e emocional interior na sua vida privada e não só.

Há tanta gente por aí a falar das alturas e dos anjos, dos céus e infernos ou mesmo canalizando deuses e mestres ascensos, mas do que eu constato amiúde, sem nenhuma estrutura psíquica, sem nenhuma consciência psicológica e em que os complexos e traumas andam todos à deriva e ao sabor dos reveses da vida...e então o que temos bem à vista de todos é a falta de coesão e coerência pessoal que, nas circunstancias adversas, acabam por se revelar nefastas e  acabam por se transformar noutro outro tipo de alienação/manipulação...e outras vezes conduzindo a crenças tão ridículas como as de antigamente...acabando em cultos de personalidade ou em devoção sexual inconsciente ao facilitador...sendo quase sempre as mulheres em sua grande maioria as pacientes e seguidoras desses "guias".

Há Grupos, "Institutos"* e Academias muito bem organizadas sobre o Tantra ou como libertar os bloqueios sexuais das mulheres...e acabam todas por ser uma forma de manipulação das fraquezas e frustrações das mulheres como em quase todas essas terapias acaba por acontecer, já não no domínio exclusivo da sexualidade, mas no campo emocional e físico ou "espiritual".
Nestes casos em geral, não há nenhum discernimento pessoal quer da parte dos instrutores quer das pessoas  que se entregam a esses processos que seguem cegas o "bom pastor" que não faz mais do que conduzi-los, como se diz na velha fábula, para o abismo de si mesmas.
A loucura neste campo é tão generalizada que os  efeitos só podem ser perversos...porque se por um lado a pessoa está convencidas que vai numa nave espacial para outros mundos ou para a 7ª ou  9ª Dimensão, nesta dimensão (3ª) em que vivemos é o caos total e ...anda tudo a rasar a mais profunda das mediocridade...embora todos se julguem a caminho da ascensão...
Assim, do pé para mão...



UM AVISO ÀS MULHERES CRENTES ...

*Há dias visitei o Mural no Facebook  de um mentor de Tantra brasileiro que havia partilhado alguns textos meus e que tudo o que escreve nesse espaço é de e sobre a mulher e o Sagrado Feminino...
A princípio achei interessante um homem debruçar-se
com tanta gentileza sobre o feminino, mas depois fui alertada por uma amiga, igualmente brasileira e que conhece o dito "Instituto" - que tem alguma incrementação nos Estados Unidos e na Europa - , de que se trata apenas de mais um  homem que usa de toda esta linguagem sobre o feminino para agradar e atrair as mulheres, NÃO PARA A CAUSA DAS MULHERES, nem para elas evoluírem, mas para seu próprio benefício abusando assim da ignorância e da fraqueza das mulheres a fim de não só ganhar dinheiro e promover-se através da "arte do Tantra" como para poder na verdade - o que acaba por acontecer mesmo em grupo - desfrutar delas sexualmente e a seu belo prazer... e de forma organizada!
Há muitas maneiras de seduzir e explorar ou abusar de mulheres hoje em dia, mas esta é porventura a mais degradante, a mais repulsiva de todas porque é utilizar o Nome da Deusa e do Feminino Sagrado para simples sedução sexual e abuso psicológico de mulheres.
Há muitos casos destes actualmente por aí, e uns serão mais evidentes que outros, por isso aconselho as mulheres a ficarem mais atentas a este tipo de abuso e exploração...

rosa leonor pedro

 

terça-feira, janeiro 07, 2014

Mate Con Mati 2 - Entrevista a Matias De Stefano, Caracas 2013 SEGUNDA P...



MUITO IMPORTANTE OUVIR E VER O QUE ELE DIZ SOBRE A MULHER!!

MAIS UM ATENTADO CONTRA A MULHER



Um alerta a todas as mulheres: não se pode ser mulher nem "VIVER SEM MENSTRUAR"!

"Menstruo porque sou MULHER... porque desde que ajuntamos pó de estrelas suficientes para formar nosso corpo, a cada mês, o MEU CORPO, o MEU TEMPLO, o fruto da engenharia PERFEITA da NATUREZA, se prepara para proteger e nutrir a VIDA. E, se uma vida não é formada, despejo meu SAGRADO SANGUE para fertilizar toda a TERRA.

Tenho TPM porque vivo numa sociedade (ainda) patriarcal e machista que TEME tudo aquilo que NÃO ENTENDE e, portanto, quer eliminar tudo aquilo que AMEAÇA a sua ILUSÃO de estabilidade, de permanência. Tenho TPM porque a PAUSA é parte FUNDAMENTAL de uma vida saudável, plena, FELIZ... Tenho TPM porque vivo num mundo que não respeita as minhas pausas, as minhas necessidades individuais... nem as minhas, nem as de ninguém. Tenho TPM porque fui criada como um Ser sensível às vibrações de todos os níveis de realidade, não somente os mais visíveis, e tenho dentro de mim a SABEDORIA de ser um canal de COMUNICAÇÃO entre eles.

No entanto, vivo num mundo onde o Deus CHRONOS, com seus moldes, fôrmas, estruturas pré-definidas e tic tacs devoradores da vida, persegue e crucifixa diariamente o Deus KAIRÓS - padroeiro da CRIATIVIDADE, da ESPONTANEIDADE, da LIBERDADE... Menstruo porque a NATUREZA foi GENEROSA para comigo e minhas irmãs - incrustou em mim a SABEDORIA da nossa avó LUA: a de SABER ESVASIAR-SE para, então, tornar-me plena novamente. Menstruo pois a LUA DENTRO DE MIM conhece os CICLOS DA VIDA e sabe, mesmo que lá no fundo, que é necessário SABER MORRER para poder RENASCER, limpa de tudo aquilo o que é velho.

AMO menstruar - mesmo com minhas cólicas, seios inchados e outras formas que meu corpo encontra para me dizer: PARE, este momento é SEU (e não do seu chefe!), pois tenho a CORAGEM de experimentar a VIDA com tudo o que ela tem: com suas dores e seus Amores... seus prazeres e desprazeres... seus ABSURDOS e suas GRAÇAS... e, à cada mês, recebo uma sublime aula sobre a IMPERMANÊNCIA de tudo o que existe. Não sou hoje a que fui ontem... nem serei amanhã a que hoje sou.

Fui criada para saborear brisas e tempestades e a VIDA dentro de mim PULSA PELO MOVIMENTO. MENSTRUAR É MOVIMENTAR! AMO MENSTRUAR pois acho PURA POESIA viver as fases da LUA dentro de mim... e as minhas fases me ensinam que é preciso HUMILDADE para compreender o SENTIDO de tudo aquilo que acontece.

A vida não evoluiu por milhões de anos para criar um ser que adoece a cada mês: mais HUMILDADE, senhora medicina, fiel súdita da indústria farmacêutica. Tens apenas poucas centenas de anos e tu simplesmente não existirias, e não fosse a GENEROSIDADE da mesma natureza que nos criou assim como somos.

Mais CUIDADO senhores médicos: não se pode falar com propriedade daquilo que não se experimentou com seu próprio corpo, suas próprias emoções ou, pelo menos, a partir da sua capacidade de EMPATIA. Saúde, já dizia meu pai, é saber DANÇAR COM AS ESTAÇÕES. E as estações de fora são as mesas de dentro. MULHERES, Temos a BENÇÃO de ter um corpo que flui com a VIDA à cada mês, não importa o quão desconectadas estejamos da HARMONIA do mundo em que vivemos. Deixaremos mais uma vez nos CALAR a VIDA que pulsa dentro de nós? Entregando nossos corpos, nossos TEMPLOS, para pessoas sem rostos e sorrisos em salas FRIAS E ESTÉREIS para os forçar a se ADEQUAR à um sistema que encontra-se profundamente DOENTE?

E, no final, descobriremos que a questão não é menstruar ou não... não é descobrir se quem pari é a mulher ou o médico... é SE DAR CONTA de a INQUISIÇÃO ainda não terminou - apenas transformou a forma de FAZER CALAR O FEMININO EM NÓS - uma forma cada vez mais sutil e, portanto, cada vez mais eficaz."


- Reflexões de Belinha Crema sobre o movimento "viva sem menstruar"
Daqui - http://www.teiadethea.org/?q=node%2F190

sábado, janeiro 04, 2014

A ECRITORA É MORTA PELOS IRMÃOS...

Assassinat: La romancière et écrivaine Saoudienne Balkis MELHEM est assassinée par ses frères.

Arabie Saoudite : Accusée de tolérance et d’être proche des laïques, la romancière et écrivaine Saoudienne Balkis MELHEM est assassinée par ses frères.  

Esta mulher foi morta, como tantas outras mulheres o foram, neste caso por escrever verdades, por ousar dizer o que sente  pensa num regime assassino  de mulheres tendo sido  acusada de ser laica e trair o fundamentalismo islâmico...os próprios irmãos a assassinaram.
 **
UMA NOTA "À PARTE"...

OS GOVERNOS E OS ESTADOS NÃO QUEREM SABER DAS MULHERES

Será que a Mulher está condenada por natureza e anatomia a ser violada como princípio de guerra em todo o mundo? Ou será que esse facto nunca foi questionado pelos “grandes homens” da história e das revoluções uma vez que NUNCA nada fizeram de efectivo e estrutural para o mudar a condição da mulher ao longo dos seus reinados e impérios? 
O Ocidente julga que está mais "evoluído" que o Oriente...mas a quanto à mulher, apesar das aparentes liberdades...a mulher continua a ser objecto de ódio e desprezo por parte dos homens em qualquer lado. Na rua, na Internet, em casa...

Será esta uma das leis da Vida?

Desprezar e violar a Mulher, matar o inimigo?

Parece que para os homens é assim…tacitamente, há séculos!

Mulheres mortas pela família ou mulheres mortas pelos maridos...

Mesmo tendo a prova cabal de que os Governos e as políticas do mundo em dezenas de anos pouco ou nada fizeram pelas mulheres, que eles não querem saber das mulheres, excepto usando-as como reprodutoras do Sistema ou objectos sexuais, por isso eles aceitam tacitamente a sua exploração por Máfias (quando não são mesmo polícias a fazê-lo) no mundo ocidental, que vendem e exploram sexualmente meninas para a Europa…

Não raro temos Ministros e líderes de Paridos e militantes de esquerda e direita etc. a bater nas mulheres...as próprias mulheres os servem e não querem pensar nisso e acham que isto até é natural…e acham-se livres…até que sejam violadas elas próprias … ou mortas pelos amantes e maridos...neste caso concreto, mortas pelos irmãos...
 rlp
 

O QUE SABEM AS MULHERES DE SI E POR SI?



OS REGISTOS ATÁVICOS...

Ao longo dos tempos, as mulheres sempre foram julgadas pela sua sexualidade simplesmente por a terem ou por a vivenciarem. Em ambos os casos a mulher era condenada só por isso, a não ser que fosse uma casta esposa e só procriasse…fiel ao marido e sempre em casa...ah! mas dir-me-ão que não, que  hoje já não é assim...pois não. Mas está lá o registo! A violência doméstica parte desse registo atávico...mas não tão atávico assim. A verdade é que grosso modo os dois modelos de mulher continuam activos, e a luta e conflito persiste em cada mulher e fora dela no seio da família e da sociedade...
É que se não estivesse lá esse registo...não haveria a velha reação do macho de apostrofar  contra  homens e mulheres de "filho da puta" ou "grande puta"...Portanto...enquanto estes dois grandes epítetos da mulher referentes à mãe e à amante...tiverem essa conotação, enquanto eles tiverem esta  carga pejorativa e violenta, destrutiva mesmo...é sinal de que essa distinção entre a mãe "casta e pura" (e afins)  e a mulher amante e livre como puta, existe... por  mais que me digam que não e tentem fazer passar as mulheres todas para o lado das prostitutas...como sinal de grande liberdade, seja na publicidade comercial, na moda e na arte em geral...na verdade e no fundo os homens continuam a querer uma mulher deles, como eles a sonham, fiel e casta e honesta...que não os trai que não os engane e que fique à sua mercê a todo o custo...nem que as matem...
O facto é que mesmo muitas mulheres modernas e intelectuais, as ditas emancipadas, ainda hoje seguem e defendem teóricos da sexualidade, uns professorzecos na moda, ou psicanalistas de renome como Freud ou Lacan e aceitam os seus pressupostos como verdades acerca de si mesmas e da sua sexualidade, como a ideia imbecil da inveja do pénis ou a ideia de que o falo é que é determinante na expressão do ser ("a palavra" é o falo) e continuam a duvidar quer de si e da sua voz do útero, que retiram com a maior das facilidades a qualquer ameaça de cancro...e os ovários idem idem aspas aspas...tal como os seios passam a ser de silicone...para agradar "à malta" enquanto que continuam adversas às outras mulheres e suspeitam ou rejeitam tudo o que as outras mulheres  lhes dizem ou reflectem de si mesmas como escritoras ou psicólogas...elas preferem a palavra-falo dos homens!.

As mulheres continuam aprisionadas aos padrões do pensamento masculino e vivem ainda totalmente presas dos seus conceitos…quer tenham ou não noção disso. Muitas das vezes nem se apercebem como estão completamente presas nesses padrões e os defendem.
A pergunta que urge e que não se pode mais adiar é justamente: *"É a sexualidade feminina uma experiência das mulheres ou um discurso masculino sobre a sexualidade feminina?" E esta pergunta  é válida não só obviamente sobre a sua sexualidade, mas com tudo o que se diz e escrevem os homens sobre as mulheres...

O QUE SABEM AS MULHERES DE SI E POR SI?
rlp

(*Emilce Bleichmar)

quinta-feira, janeiro 02, 2014

Ó curadora de almas


 

"Vem, ó noite anunciadora de todas as mortes, mão de todas as feridas e de todas dores, apaziguadora e benigna. Tu, encoberta com os véus de todas as tristezas da terra; tu, que a todas curas da febre com o imenso lenço de estrelas com que ...cobres os rostos mais velados e o teu, que de estrelas aparece coberto de raízes que são veias e dedos de uma transparente, solene e pacífica multiplicação de rosas de água sobre as feridas da alma. Fica, pela noite adentro, a velar-me o sono, e derrama sobre o rosto da terra, a bênção da tua face límpida, viajante nocturna que alivias de asas a barca pesada."
 
 
Maria Sarmento 
 

ALGUÉM QUE MORREU

"despudorado este coração que me desnuda e não me poupa...revelando as minhas pontes e o meu desterro." [Darpano Vera]
 
Não me apetecia ser sincera nem expor-me nas páginas do facebook, mas aqui é diferente...e é claro estou à procura de leitoras ou de interlocutores, ou então para quê falar e escrever se não fosse a necessidade de se ser ouvida ...ou de consolo?
Hoje morreu um amigo que não era bem meu amigo...mas eu o conhecia há mais 30 anos...e embora o visse anos seguidos quase diariamente nunca conversamos. Eu achava que ele não gostava de mim...Só quando ele voltou para o Brasil e começamos a escrever-nos no Blog e depois no facebook é que estreitamos relações...mas ele era uma pessoa muito difícil e implicativo. Uma pessoa de grande sensibilidade poética e um grande desnudamento sobre o que é a vida. Uma pessoa que não fazia concessões a ninguém nem a nada. Com ele nada do que supostamente era falso ficava de pé...nada. Cortava tudo a direito e não era nada simpático...
Ele pensava viajar para Lisboa dentro de dias...quando ficou doente e foi  internado num Hospital...
 
Mas não vou falar dele, porque nada sei afinal ao certo como se sentia nem como  ou de que morreu...vou falar antes de mim, do que senti ao saber da sua morte...porque me sinto profundamente tocada e ao mesmo tempo algo hipócrita... nesta comoção profunda de sentir com pesar a sua morte, a dor da alma do outro que  mal conheço? E não foi antes o sentimento de que podia ter sido eu...que sim, que me sinto assim...quase a morrer de repente...e porque penso nisso neste momento tocou-me fundo a alma e doeu-me como se fosse eu a morrer antecipadamente... e depois, tal como eu faço e sinto hoje, alguém que nunca me via sentiria a mesma coisa...e diria: "Que pena que ela morreu...e agora nada mais lhe posso dizer..."
E penso...como é que eu nunca partilhei um poema seu e o fiz hoje?...
O que nos move a nós diante da morte, senão o remorso e a pena de nós mesmas/os...sim quem choramos nós na morte de um outro ser?
Não será que nos choramos antes a nós mesmas/os...a dor que não é só da perda nem de não mais ver alguém porque eu não o via nunca...nem pensava nele - mas doeu-me mais e chorei-o como não chorei  talvez um familiar que morreu há umas semanas e fui ao enterro?
Que mistérios são estes?

rlp

HOMENAGEM A UM AMIGO, LEITOR CONTROVERSO...

 
 
"E LÁ SE VAI MAIS UM DIA" - legenda da foto, Paulo Barata

Porque nos surpreende tanto a morte de alguém? Sobretudo se não for ainda velho...e mais se for um amigo...o que significa essa Partida? "Deixar de ser visto", "o virar da esquina" ...como diz Pessoa...mas este amigo não gostava sequer de Pessoa - tinha a sua própria poesia...e trocamos ainda o desejo formal de "Bom Natal" - e ele nem chega ao "ano novo"?
É isto como se diz "A VIDA" ?
E amanhã quem me diz que não sou eu que parto ou tu? Sim...qualquer um de nos pode partir assim de repente. Mas nós NUNCA pensamos nisto, pois não?
Andamos aqui à deriva, a dar tudo por garantido e a negligenciar a vida e precisamente "os amigos"...a fazer as nossas coisas...a rezar os nossos credos, as nossas prioridades etc.
Esse amigo que não era bem um amigo, mas uma alma conhecida...deixa-me um profundo sentir pela sua existência conturbada mas com um Foco essencial...ele conhecia a Paz...partiu em paz. Para o País verdadeiro...

rlp
 


PÉROLAS SABOR

E rolam lágrimas
brincos
brilhos

pétalas de flor
tudo que cintila no peito...
do criador

E bailam luzes
claras
gemas

pedras de valor
tudo que revela o olho
do grande amor

E cantam pássaros
peixes
ostras

pérolas sabor

tudo que encontrei lá no fundo
do mar amor


 
Paulo Barata