O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, janeiro 31, 2023

A TOTAL ALIENAÇÃO DA ALMA...

Este texto escrevi-o e publiquei aqui há cerca de 7 anos, antes desta ofensiva transgénero...


FEMININO VERSUS MASCULINO


Há cerca de um ano vi um documentário na televisão sobre transexualidade, se não estou em erro, no Irão. Entre vários outros depoimentos e testemunhos de “homens” e “mulheres” sobre as razões e os factos que os levaram a optar por mudar de sexo, estava uma sensibilidade feminina ou a paixão por outro homem ou ainda o sonho de ser mulher…no caso dos homens biologicamente machos.
O que eu vi, para além de um sofrimento atroz quer no plano psicológico quer no plano físico, no caso da mutilação genital, era o absurdo e grotesco de uma sociedade regida por preconceitos e dogmas religiosos em que o ser humano é condicionado a viver de acordo com uma história escrita há centenas ou milhares de anos, um mundo cheio de tabus para mulheres e que as aprisiona nas suas leis RETRÓGADAS E ESTÚPIDAS, anti-naturais.
Ora o que nesse e noutros países de fundamentalismo islâmico, assim como o cristão de um modo mais atenuado, é uma definição sexual e psicológica dos seres que não corresponde à realidade do SER em si, À SUA TOTALIDADE. A total ignorância de que o ser humano é um ser ambivalente, contendo em si os dois “sexos” que são a expressão da dualidade inerente a toda a manifestação DE VIDA, sendo o homem expressão visível do princípio masculino (YANG) e a mulher (YIN) do seu oposto, o princípio feminino, mas contendo em cada um o par de opostos complementares. Assim naturalmente homem e mulher são em potencial e em simultâneo feminino e masculino, embora a expressão sexual de cada um deva, em princípio, corresponder ao comportamento macho e comportamento fêmea de acordo com os seus aparelhos genitais. Sabemos no entanto que existem casos de indefinição sexual à nascença, e que não é perceptível aos olhos dos pais e nem aos dos médicos. Então temos os casos de comportamentos contrários ao padrão estipulado, do que é à partida feminino e masculino, tudo tão ridículo como o azul e cor-de-rosa, e aí começam os dramas e as psicoses e também o erro GROSSEIRO de uma ciência reducionista tal com a psicologia por vezes, que não vê mais do que a mente o corpo e órgãos...em separado! Então a “solução” é operar a menina ou o menino e corrigir a natureza… Quando é caso clínico claro, quando não, se for mais do foro psicológico ou hormonal, só na idade adulta o sujeito decide mudar ele próprio de sexo…Aí começam os maiores conflitos, os dramas, as dores, depois dos problemas imensos com a família a perseguição da sociedade a condenação da religião etc…levados até às últimas consequências que é a mutilação genital. Isto no caso do Irão que sendo um país islâmico e fundamentalista, o facto de no Corão estar escrito que não é permitida a sodomia, como não está escrito que não é proibido mudar de sexo, isto dito por um chefe religioso, então a religião islâmica aceita a operação que no fundo é a castração dos seus homens preferível à homossexualidade.
No dia seguinte à operação o homem recebe então um bilhete de identidade de mulher com um nome feminino. E a aberração social ou religiosa começa aí. Porque se a sociedade compreendesse o ser para lá dessa dicotomia dos sexos e das aparências dos factos, se aceitasse as pessoas como elas são essencialmente e naturalmente e para lá das suas ficções religiosas dogmáticas e do fanatismo instituído, da ideia de família restrita, tudo seria mais natural e mais simples. BASTAVA ACEITAR E RESPEITAR A PESSOA HUMANA NA SUA EXPRESSÃO PRÓPRIA E INDIVIDUAL!
Bastava que se alargasse a noção de feminino e masculino, para lá dos conceitos estreitos, bastava que os sexos não tivessem que corresponder a padrões de comportamentos específicos, bastava que se ampliasse a questão para uma dimensão da alma e para o espírito de amor HUMANO E universal e que a liberdade de amar não dependesse de regras leis ou rótulos…
Com isso poupava-se muita dor e muito sofrimento moral e físico. E no fim também seria atenuado o equívoco e o absurdo que é estipularem para cada sexo apetências e aspectos determinados, comportamentos estereotipados e se diferentes sancionados. Nesse mesmo programa vi o caso de um casal homem e mulher, em que o homem era operado, mas a mulher não, que viviam os dois trocados na sua identidade, mas ao fim e ao cabo não sendo nenhum homossexual…a mulher era o homem num corpo óbvio de mulher e o homem que tinha um corpo masculino operado, dançava a dança do ventre para “o esposo” que não era AINDA operada… Ele vestia as roupas que tinham sido dela enquanto ela vestia as roupas que eram dele…disseram.
Moral da história, para que mudaram de sexo? Se afinal viviam como homem e mulher trocando entre si de papéis? E sexos…Que sexos?
Eu também conheci pessoalmente nos anos 70 um dos primeiros transexuais em Portugal…era um homem muito bonito, casado (diziam) com uma psiquiatra e que tinha três filhas, mas amava os homens...depois da operação para mulher ele/ela, passou a gostar de mulheres dizia ele/a…
Haverá algum sentido nisto quando de facto o ser humano é vasto como o mar e um mistério tão grande como o Universo? Sim, o Uno mais o Diverso...

rosa leonor pedro

sexta-feira, janeiro 27, 2023

SEC. XXII - O CAOS IDENTITÁRIO DO HOMEM E DA MULHER




VOU SER EXCUMUNGADA PELA NOVA INQUISIÇÃO...

"A Mulher é o mais belo espelho da divindade, mas o Dogma assassinou a mulher...e por consequência, o homem." Ibn Arrabi

O problema dos homens sempre foram as mulheres...
Durante séculos eles imitaram as mulheres: eles eram travestis e procuravam de algum modo mimetizar as mulheres fosse no carnaval fosse onde calhasse... Não foi só no teatro, sabemos que na antiguidade haviam eunucos e sacerdotes emasculados: (tirar o carácter varonil ou masculino a. = CASTRAR), que serviam a deusa... mas, mais recentemente, foi no teatro onde só os homens representavam as mulheres - que as proibiu durante séculos de actuar - assim como simplesmente elas eram banidas de toda a cena publica, reduzidas aos trabalhos inferiores e secundários para além de mães e esposa ou prostitutas…Entretanto, com os tempos e o advento da modernidade eles aperfeiçoaram essa imitação e desde terem invadido todos os campos da “especialidade” feminina, trabalhos e profissões secundárias de recurso, já que eram banidas dos lugares mais importantes da sociedade, banidas que eram das actividades profissionais de relevo como as espirituais ou religiosas e mesmo cénicas, culturais e artisticas, elas limitavam-se a executar trabalhos inferiores, os que lhes eram permitidos, como ser criadas e cozinheiras, costureiras, decoradoras, cabeleireiras, pedicuras, e por ultimo, a mais antiga e famosa, dançarinas de cabaré ou prostitutas… E todos esses papeis em meio século vieram a ser usurpados por homens, normalmente gays, e que se tornam famosos chefes e estilistas, ou donos dos mercados da cosmética e costura etc. e ai começaram eles a ditar a moda e a mascarar as mulheres como bem lhes apetecia e inventavam uma mulher ficticia, plastificada, ridícula e sem essência… e que por sua vez as mulheres aculturadas e ignorantes queriam ser.
Claro que, com o feminismo e a “emancipação” das mulheres, depois da 2ª guerra mundial, derivado da falta de homens, elas também começaram a usurpar as profissões antigamente apenas dos homens e tornaram-se policias e soldados, medicas, advogadas e catedráticas e deputadas e até ministras, etc..
E ai tudo se misturou e se confundiu numa aparente normalidade cultural social. A igualdade surgiu, mas nunca os direitos iguais. As mulheres continuaram a ser descriminadas e a ganhar menos, a ser violadas e abusadas como sempre…e … até que chegamos a este derradeiro impasse, os nosso dias de hoje bem atribulados em que já ninguém sabe nada, a confusão de narizes está instalada – já não se trata tão só de profissões nem de igualdade…trata-se de identidades e género, tudo posto em causa, e o homem que sempre invejou a mulher na sua natureza intrínseca, mística e misteriosa, sedutora e magnética, esse feminino essencial que lhes escapa sempre e que nunca conseguem apreender, hoje chegaram ao ponto máximo e aberrante desta mascarada, não apenas ao quererem imitar a mulher através das suas maquilhagens e adornos e fetiches - baton e saltos altos - digamos, eles agora querem “ser essas mulheres" que inventaram … eles chegam a este ponto lancinante e dramático de se trans-formarem e mutilarem fisicamente para querer ser "mulheres"… e tornam-se de facto tão só e apenas CARICATURAS dramáticas de uma mulher ficticia que eles inventaram e agora querem ser essa coisa na pele… - isto já nada tem a ver com homossexualidade ou homoafectividade ou liberdade - e temos este espectaculo absurdo, este drama vivo degenerante dos homens a quererem de novo dominar a cena e os palcos não só do teatro, mas todos os espaços do feminino, seja da casa, da familia, e até as WC, impondo uma caricatura de mulher e reduzindo a mulher a uma coisa chamada “cis”??? …
E, grosso modo, tudo isto se resume a essa caricatura desnaturada e absurda da mulher… e todo o circo embala neste “politicamente correcto”…nesta alienação colectiva, esta insanidade monstruosa, em que jornalistas do lixo e médicos comerciantes, políticos sem etica nem consciência, escritores de 3º e feministas radicais, e para cumulo, as mulheres marxistas-intelectuais ou artísticas e vazias de si, que aceitam esta usurpação e se negam na sua natureza biológica alinhando nesta mascarada sem ver nada… porque elas mesmas estão perdidas da sua natureza e identidade feminina adoptando um ego masculino com que assinam esta palhaçada toda.
SIM, O Grande Circo e os PALHAÇOS ricos e pobres invadiram as cidades deste mundo agonizante e eles dominam tudo. Quem não entrar no Circo de Roma é marcado como fóbico e excluído das cidades romanas.
rlp

O DRAMA DO HOMEM

"E toda a mulher é uma mãe, real ou potencial"

"À força de rejeitar tudo o que a feminilidade representava como solução para a angústia do homem, criou-se uma humanidade perfeitamente neurótica, pois se o rapazinho é obrigado a praticar este acto é porque não lhe vestiram na mais tenra idade uma veste feminina, como se fazia antigamente. Uma concepção estúpida e formal da virilidade impediu a continuação desta prática que, com origem em motivos inconscientes, era muito mais válida que a destruição do amor que educadores desprovidos de educação tentam levar a cabo, criando uma suposta educação sexual.

É, uma vez mais, toda a nossa sociedade que está em causa. A masculinização da sociedade conduziu a ignorar aquilo que constitui o próprio fundamento de toda a relação psicossocial, a saber, os laços afectivos que unem os membros duma mesma família, dum mesmo clã. E estes repousam muito particularmente na relação mãe-filho (rapaz ou rapariga). Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo-a à autoridade dum deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintual que estabelecia o primitivo equilíbrio. Daí provêm as neuroses e outros dramas que transtornam as sociedades paternalistas, incluindo aquelas que se consideram mais evoluídas, aquelas que pretendem, com belas palavras, atribuir à mulher um lugar de honra, um lugar escolhido pelo homem. Na verdade, o homem não pode escolher o lugar da mulher nem o seu próprio lugar face à mulher. Ele deve obedecer a uma lei inelutável, que é, para retomar a definição de Montesquieu, uma lei de natura, contra a qual a lei da razão nada pode. Esta lei de natura concretiza-se no instinto, que não é algo que possamos negar. Negá-lo, como fizeram tantos moralistas e psicólogos, antes de Freud, é abrir a via dos desregulamentos psíquicos, porque todo o comportamento se ressente do facto de não estar apoiado na lei natural.
Esta querela entre natureza e razão, que de resto sempre foi uma falsa questão, é responsável pela cegueira desta sociedade que, ao querer corrigir o instinto, cortou o ser humano daquilo que era a sua natureza.
A verdade é que o instinto não se corrige. Sublima-se, transcende-se, e isso graças a uma razão que o dirige, mas que em caso algum o deve encerrar em limites estreitos e negá-lo. E o instinto assusta, porque é forte e porque é inelutável. Este estudo sistemático do princípio feminino na cultura celta tem pelo menos o mérito de trazer à luz da consciência a ideia de que o instinto é primordial, no sentido etimológico do termo, que ele é necessário, que é um factor de progresso e de evolução.
Mas o instinto tem algo de selvagem, de “bárbaro”, mesmo. E é por aí que ele atinge a “grandiosidade”. Ele é o único motor dos nossos sentimentos, da nossa acção. E, tendo em conta os nossos hábitos morais, é por vezes difícil formulá-lo e olhá-lo de frente: a verdade choca-nos. Quando ousamos afirmar que todas as relações entre homens e mulheres, quaisquer que elas sejam (conjugais, filiais ou outras) são necessariamente relações incestuosas entre mãe e filho, atraímos as mais ásperas críticas e somos tidos por obcecados. E no entanto…

O homem é, com efeito, um ser incompleto e tem consciência disso. O seu medo e a sua atracção pelo abismo negro (o nada de onde provém), o seu medo e a sua vertigem diante da morte (o nada que o espera) tornam-no um ser frágil que procura a segurança a todo o custo. Essa segurança é a mãe, tanto para o homem como para a mulher. Mas o homem, física e afectivamente, possui um meio de reentrar, pelo menos provisoriamente, na mãe. Não é preciso insistir: qualquer tendência da psicanálise já esclareceu suficientemente bem que o pénis, pequena parte do homem, mas uma parte exterior e susceptível de aumentar, constitui o substituto do próprio homem. Ele pode, portanto, em certas ocasiões, reactualizar de modo fantasmagórico o regresso ao paraíso que a mãe representa.
E toda a mulher é uma mãe, real ou potencial. O homem está portanto biologicamente sujeito à mulher, quer ele queira quer não. Ele é o conteúdo, enquanto a mulher é o continente: isso constitui um estado de inferioridade muito óbvio para o homem e ele passará depois todo o seu tempo a negar tal realidade para provar a si próprio que é superior. É assim que se explica a acção masculina, o facto dos homens serem dotados para a acção, para a violência e o combate. Esta acção é o único meio que lhes resta para tentarem afirmar-se.

E se o homem é o conteúdo, portanto um ser inferior, ele arroga-se o direito dum ser superior, mostrando que a sua força activa é a única capaz de proteger a espécie. Até conseguiu persuadir a própria mulher dessa superioridade, simbolizada pelo reconhecimento do pénis do rapazinho no momento do nascimento, feito pela mãe ou por qualquer outra mulher que ajude no parto. O famoso grito: “É um rapaz!”, repetido geração após geração, é bastante eloquente a esse respeito. Quando nasce uma rapariga, aceita-se; mas quando nasce um rapaz, rejubila-se.

No entanto, o continente, a mãe, que é o mesmo que dizer a mulher , é a própria realização do Paraíso. Ela realiza-o sob dois aspectos duma mesma realidade: ela contém o filho e o amante. De resto, como alguns psicanalistas já referiram, a vagina da rapariga não é reconhecida pela mãe, nem pelo pai, no momento do nascimento. Tal reconhecimento far-se-á, no entanto, um dia, e será o homem a efectuá-lo. Assim, para se afirmar, para tomar consciência de quem é e sobretudo do seu poder, a mulher precisa do homem. Traduzido em linguagem mitológica dá: o homem precisa duma deusa, mas a deusa precisa do homem. É esta a razão pela qual se perpetuaram, sob formas diversas, os antigos cultos da divindade feminina.

Na cultura celta, vimo-la sob os seus diferentes aspectos, ou melhor, sob as diferentes máscaras que os homens lhe atribuíram. Todos os nomes que lhe foram dados, entretanto, não nos devem fazer esquecer que se trata dum ser único, da mãe primordial, da primitiva deusa, da grande rainha dos começos."

Jean Markale, “La Femme Celte”, Petite Bibliothèque Payot (traduzido por Luiza Frazão)


quarta-feira, janeiro 18, 2023

O Cristianismo demonizou a serpente e esmagou-a sob os pés da Virgem,



OFIOLATRIA, OU A DEUSA POR LINHAS TORTAS


A seguinte visão da História escapa aos padrões comuns, aos roteiros aceites como factuais, mais pela força da repetição do que pela sua consistência. Quando nos desviamos dos caminhos por outros tantas vezes andados, acabamos por descobrir novas sendas capazes de nos conduzir a velhos lugares perdidos no tempo. Nem sempre a verdade é óbvia, e menos o é quando encoberta por um autêntico palimpsesto de símbolos e de interpretações. Confiamos quase sempre na palavra escrita, nos textos arcaicos e nos testemunhos mais incríveis tornados banais pela arte do historicismo. Quase nunca questionamos eventos e menos ainda personagens, por mais absurdos ou torpes que se nos afigurem; quase nunca pomos em causa a nobreza dos antigos relatos.
Façamos, agora, este exercício de olhar para o que temos a respeito das origens míticas da humanidade, que embora variem na forma consoante os povos que as narram, focam essencialmente os mesmos conteúdos, ou seja, o criacionismo:
O «Genesis» bíblico, que recorda - entenda-se 'plagia' - a «Epopeia de Gilgamesh», codifica uma história real, compilada e confabulada pelo povo Judeu durante a sua passagem pela Babilónia, entre os séculos VII e VI a.C.. Com efeito, o período que ficou conhecido por ‘cativeiro’ ou ‘exílio babilónico’, iniciado por Nabucodonosor II e terminado por decreto de Ciro II, terá sido decisivo na construção de um modelo social que viria a ser implementado no mundo antigo e, mais tarde, expandido para toda a Europa a partir do Concílio de Niceia, no qual o Cristianismo foi empoderado enquanto nova religião revelada - entenda-se 'inventada' -, desta feita um culto ao Sol e não a Saturno. Sendo questionável o ‘exílio’ em si, como o é todo o conteúdo bíblico, o certo é que foi nas vastas bibliotecas babilónicas, que guardavam o conhecimento dos Sumérios e dos antigos povos da Europa e da Ásia, que alguns judeus letrados obtiveram os alicerces do Judaísmo, a primeira religião constituída por design, precisamente por os seus conceitos terem sido engendrados ou distorcidos a partir de bases teóricas legadas por outros povos e filosofias, entre elas o Zoroastrismo. A história de Moisés, por exemplo, que muitos acreditam ter sido inspirada na do faraó Akhenaton, pelo menos no que toca aos Dez Mandamentos (Decálogo), e que comporta os traços gerais da infância de Sargão I, ela própria uma lenda improvável que circulava nos tempos da Babilónia, terá sido introduzida no passado fictício dos Judeus pelo escriba Esdras e por Neemias, que havia sido copeiro de Artaxerxes da Pérsia. É bem provável que no tempo de Esdras os Judeus não passassem de um conjunto de tribos frequentadoras dos desertos e da região da Judeia, das quais fariam parte os Hicsos, todas elas adoradoras de deuses antigos na forma de serpentes, não cumprindo a lei mosaica, uma vez que esta não existia por ainda não ter sido criada e atribuída a uma personagem fictícia do passado. Todos os passos parecem conduzir ao dito cativeiro babilónico, onde tudo começou. No entanto, apesar de a história dos Judeus anterior a esta data ter sido fabricada com objectivos políticos, dando profundidade e antiguidade a uma religião que não as tinha e a uma etnia que não o era, muito do conhecimento que absorveu radica em premissas espantosamente reais.
O Adão, a Eva e a Serpente
O mito de Adão e Eva mais não será do que uma alegoria que nos narra - se assim o entendermos - os primórdios da manipulação genética que se crê ter tido lugar em diversos momentos da Pré-História da humanidade. Entrando sem temer no campo movediço da especulação e do inusitado, podemos ver Adão e Eva como representantes de um povo neolítico, matriarcal por definição. A serpente do Éden está também longe de corresponder ao animal que lhe dá nome. A figura da serpente, decalcada de uma matriz energética, mais do que material, derivará do próprio conceito de magnetismo ligado às águas, à Lua e à Deusa-Mãe, cujo culto primordial abarcava o mundo antigo na sua totalidade. A palavra grega δαίμων, 'daemon', da qual derivou «demónio», significa tão-simplesmente «espírito», o mesmo que 'ba' para os egípcios, ou «aquele que conhece», muito à semelhança de 'nahash', «serpente» em hebraico, já que esta também pode ser lida como «aquele que decifra», e isto é válido para o grego ὄφις (ophis), «ofídeo/serpente», raiz que está na base de palavras como 'óptica' ou 'oftalmologia', porque a serpente é aquela que vê, tal como a piton é «aquela que sabe». Na mitologia hindu, os Nagas, metade humanos, metade serpentes, são tidos por semi-deuses conhecedores das leis do universo e habitantes do subsolo, mais exactamente a Naga-Loka, onde se encontram os seus palácios encantados, feitos de gemas preciosas. É assim que para o Gnosticismo a serpente era a instructora, porque detinha a visão e o conhecimento, sabia interpretar os símbolos, os códigos genéticos da matriz que era ela própria, Sophia, a serpente energética que escapara do Pleroma. Também em hieroglífico, a cobra remete para um segredo guardado, para o conhecimento em si, para o silêncio.
Se bem observarmos as divindades femininas do panteão sumério, depressa nos apercebemos da persistente relação entre a Mãe primordial, a árvore, ou rama da vida (a Tamara/tamareira), e a Serpente. Ninmah, Nammu ou Ereskigal são alguns exemplos de deusas em cuja iconografia figura a serpente e a palma, a mesma palma que vamos encontrar na iconografia de Endovélico e na dos mártires cristãos, o fitomorfo que nos fala da vitória da vida sobre a morte. Ninhursag, outro teónimo para Ninmah, deusa da fertilidade e do leite, pode ser traduzido por ‘Senhora da Serpente’, identificando uma analogia entre a 'mulher, o leite e a cobra', como na obra do psicanalista e antropólogo J. Gabriel Pereira Bastos.
Serpentes não faltam no mundo antigo pré-cristão, aludindo sempre a algo oculto, que se esgueira por entre as ervas, pois esta é a própria acepção da verdade, coisa esquiva que desejamos conhecer, mas que quase sempre tememos tocar, posto que tocá-la pode bem significar a derrocada de velhas crenças históricas, científicas ou teológicas nas quais a mente encontra conforto. Talvez por isso se diga que a verdade nem sempre é fácil de discernir no meio do artificialismo e da confusão.
No Egipto, onde a Natureza semeou cerca de trinta e quatro espécies deste animal, a cobra é de longe o ser mais vezes representado. De hieróglifo à coroa dos faraós, a uraeus, forma latinizada de 'iaret', «a que se ergue», era por definição a protectora da família real, a que se erguia contra os seus inimigos. Lá, no reino das duas terras, era associada não à Lua, mas ao Sol, era o seu olho flamejante, aquele que tudo conhece. Por observação da mudança de pele a que está sujeita, os egípcios relacionaram-na com a fertilidade e com a ciclicidade enquanto ouroboros, símbolo frequente nos sarcófagos da Época Baixa.
Em suma, o culto da Serpente, seja ela Lilith, Ninhursag, Uadjit, ou qualquer outro nome tomado de empréstimo a uma qualquer mitologia, evoca necessariamente o Neolítico matriarcal e antediluviano. A serpente que ofereceu a Eva o conhecimento seria a guardiã do povo adâmico, a sua protectora, nunca a sua inimiga.
Se quisermos pensar nos Elohim conforme Mauro Biglino os apresenta na sua obra «A Bíblia não é um Livro Sagrado - o Grande Engano», e os imaginarmos enquanto engenheiros genéticos vindos de um qualquer local interdimensional, extraterreno ou mesmo de uma América ou de uma Atlântida que pouco a pouco se afundava no grande mar, há então que reconhecer três grupos presentes no Genesis, os Elohim, as Serpentes guardiãs do conhecimento e os Adâmicos. O povo da Serpente, que liberta a humanidade entregando-lhe as chaves de si própria ao revelar-lhe a sua origem divina, bem como a sua semelhança com os deuses criadores, também eles 'humanos', foi aviltado, e o adâmico punido pela sua ousadia. No «Genesis» são listadas as maldições lançadas por esse bom deus criador sobre o povo criado, ou manipulado. Entre elas contam-se a proibição de comer do fruto da vida eterna, a necessidade de trabalhar para obter sustento, a submissão das mulheres face aos homens e a imposição das dores de parto, que até então as mães, supostamente, e de acordo com o mito, não teriam. Quanto à Serpente libertadora, esta foi condenada a rastejar sobre o seu próprio ventre e a comer o pó dos caminhos. Traduzindo, estes conteúdos simbólicos referem-se à escravatura total e à morte cíclica, à enfermidade do corpo e à sua decomposição. Extravasando do mito para a vida, ainda hoje as serpentes de um Éden que já não o é, continuam a alertar o povo adâmico para a sua condição de escravo do sistema dos Elohim, e persistem em defender a humanidade à qual um dia entregaram o conhecimento.
Esta visão alternativa da História concilia aspectos mitológicos com outros bem tangíveis. A verdade mais depressa se codifica num mito do que se expõe abertamente nas páginas de um livro oficial.
O valor psíquico da serpente molda-se ao do ondular dos rios, dos cursos aquáticos e dos veios freáticos. O seu carácter ctónico e sub-reptício, associado às fendas e covas pelas quais desliza, e ao seu corpo fálico que lhe empresta uma conotação masculina capaz de a elevar à condição de dragão, «aquele que vê» e que transmuta a água somática em fogo espiritual, funde-se ao simbolismo da caverna, do ventre e do magnetismo próprios dos filões metalúrgicos que serpeiam as rochas no interior obducto e misterioso da terra. É aqui que reside o seu mais amplo significado oracular, como em Delfos, e mistérico, pelo contacto com o Ínfero, com o plano dos Antepassados. Talvez seja por isso que até à Idade Média subsistiu em certos lugares da Europa a estranha crença de que os ossos dos mortos se transformavam em serpentes. Linhas ondulantes, ziguezagues, círculos e espirais são as expressões gráficas mais comuns deste ser que ora retrata o electromagnetismo que enforma a matéria, ora se concretiza na criatura enigmática que deambula pela noite subterrânea das origens. Os dólmenes de Zedes, de Sales, do Padrão ou de Escariz I, bem como o complexo rupestre do Vale do Tejo, o penedo do cobrão ou o menir do Monte da Ribeira, são exemplos de arqueossítios relacionados com a ofiolatria, onde podemos observar tais motivos serpentiformes alusivos ao fluxo da vida e à sua constante renovação.
Cobra, cobre e corvo intercambiar-se-iam por assonância no falar de outrora. Com frequência encontramos topónimos mineiros ligados ao corvo ou à cobra, como Torre de Moncorvo, Cobro ou Neves-Corvo. As minas de Vipasca, hoje Aljustrel, exploradas no tempo de Roma são outro exemplo. O seu nome antigo, claramente derivado da raiz *vip-, «víbora», comporta um sufixo tipicamente lígure, *-asca, indicando nas landes alentejanas a possível presença deste povo mineiro, ele próprio habitante do subsolo, de acordo com as lendas.
O Cristianismo demonizou a serpente e esmagou-a sob os pés da Virgem, subvertendo o profundo significado de ambas, ligado quer à fertilidade do corpo, quer à criatividade da mente. A nova religião, forjada sob o poder de Roma, seria o golpe final no matriarcado, pois é disto que se trata a serpente, nunca de um animal, menos ainda de um arauto das trevas. A imagem da Virgem, ou de um arcanjo, que subjuga ou neutraliza a cabeça da víbora, fala-nos, afinal, da subjugação ou da neutralização do espírito humano, daquele que sabe, daquele que tudo vê - o olho de Hórus, ou o sistema límbico, hoje em dia cada vez mais comprometido pela adição de flúor e de outros químicos à água, aos alimentos, à atmosfera e aos produtos de higiene. Um povo cuja criatividade e capacidade de percepção extra-sensorial foram neutralizadas, é um povo fácil de manipular e de gerir em proveito do sistema patriarcal, fundado no medo e na culpa. Essa ‘Lilith’ da árvore do conhecimento corresponde-se com a consciência da humanidade prístina, a sua pineal, o ápice ligado à espinal medula, ao sistema designado por reptiliano (Kundalini), que transporta informação entre o Inconsciente, ou sistema nervoso entérico, e o Consciente, ou neocórtex. Em poucas palavras, a Serpente é a Intuição, onda vibrátil que materializa na mente física as percepções elusivas que emanam do campo electromagnético em permanente contacto com o Cosmos.
Clara fica a noção de que a Igreja e o patriarcado, seja ele judaico, cristão ou islâmico, religiões artificiais que partilham as mesmas bases políticas disfarçadas de cultos astrais, foram os motores do conflito social que opôs homens e mulheres ao longo da História, escravizando ambos na renúncia do divino que lhes é intrínseco e da sua verdadeira espiritualidade. Esmagada, culpabilizada, amaldiçoada e, por fim, masculinizada, a mulher foi sendo moldada negativamente pela astúcia do simbolismo, a mesma que transformou a Serpente matriarcal numa pérfida criatura habitante dos ‘sórdidos esconsos’ do submundo. Se queremos destruir ou submeter um povo, devemos começar por destruir ou subverter os seus símbolos, fazer com que sejam odiados e repudiados - veja-se o caso típico da suástica. Assim, a Serpente passou a ser conotada com o Mal e com a mentira, num volte-face que nos faz pensar na acção dos fact-ch&ck&rs de outrora, que decidiam a verdade de acordo com as narrativas vigentes em cada época. A desacreditação e a humilhação sempre foram usadas na construção do paradigma 'correcto', daquele que os senhores do jogo nos incitam a seguir. Capaz de colocar em risco a palavra instituída e o status de uma sociedade edificada sobre mentiras, o conhecimento do espírito-serpente é tabu, assunto digno de escárnio.
Em «Lilith, a Mulher Primordial», Rosa Leonor Pedro avança profundamente nestas e noutras questões ligadas ao papel da Mulher e à sua instrumentalização nas mãos patriarcais de um sistema corrupto, fundado na falsidade e na distorção:
«Lilith é a Rainha do tempo, fora do tempo, e pouco tem a ver com essas ideias maléficas e monstruosas que dela projectaram os homens tementes de Deus Pai. (...) Ela está para lá de toda a dualidade, do Bem e do Mal. Ela nunca foi o macho nem a fêmea animal, porque Ela é a Essência feminina e o Gérmen da mulher futura, da mulher que era para ser no início e não foi. Ela é o gérmen da mulher integral, e o que ela será já está inscrito no nosso ADN. Ela não morreu, porque renasce de si mesma, inteira como a Fénix. Renasce na união das duas mulheres cindidas e nas consciências de feminino e do masculino, e para lá dos dois.» pg. 83.
Ctnoniana, telúrica, cósmica, a Serpente é um fluido universal, que ora se enrosca numa acepção feminina enquanto espiral magnética, ora se projecta em onda hertziana, masculina e linear. Ela é isto e aquilo, é o Todo e cada uma das partes, ela é o Infinito, tempo e espaço na ininterrupta trama da existência.
In Caderno de Ilurbeda

Isabella Garneche


terça-feira, janeiro 17, 2023

Homem e Mulher são um produto do que lhes foi imposto.


Não somos don@s dos nossos pensamentos - Não nascemos com eles à partida
....
Muitas vezes, sinto que pertenço a uma outra sociedade de valores, cultura e educação que não existe ainda... nasci a dançar, gostava de fazer coisas em alegria pura... e sempre disse para mim, que nascera nos tempos e vida errada!!! Vejo-me, contudo, presa nesta sociedade geracional que sempre tende a formatar e dirigir a Mente Humana para os seus interesses, nunca favorecendo a Liberdade e sim, criando condições à Libertinagem e que, é senão mais que o aniquilamento do ser-se um individuo inteiro, para cair na desmembração de todas as actividades atávicas, que geram assim, uma falta de ligação e um sentido e uma compreensão abrangente da vida e de Si Mesmo. As matriarcais querem o sentido da Vida e da unidade sendo expresso; as patriarcais negam a ligação do Homem e da Mulher ao Espírito Maior da Vida, e prendem o homem às leis da sociedade, e com isso todos acabamos por ser animais internos... ou seja, o Leão mata com a boca sem palavras e com as patas sem dó; o Homem usa a boca com palavras para desferir por todo o lado a raiva e todas as expectativas e, com as mãos mata com prazer ou raiva consciente.
Depois pelo meio, há esses fundamentalismos: Machistas e Feministas; exacerbação do Ego Masculino sobre tudo e, ausência total de Ego Feminino - lá está, sim, também há Ego Feminino, só que totalmente ausente nas sociedades actuais, que é exclusivamente Patriarcal, e ainda dizem, os homens, que estão a ser desvalorizados dentro do reino que eles próprios conceberam?!
Com se vê, gasta-me energia ter que ficar entre estes dois fundamentos, duas legiões, duas metrópoles (uma visível e outra invisível)... daí, querer uma palavra neutra, para expressar algo que não é medido em termos de ideologias de género. As duas linguagens, Outro e Outra estão gastas pelo tempo, e tudo o que já foi dito, já foi escrito muito antes... repetir à exaustão não me parece resolver as coisas. Não passamos de Indivíduos sob forças para além de nós, essas que ocorrem nos bastidores da nossa realidade! Também, esquecemos que a Mente, é a maior predadora, já que dela se origina o Caos, a Desordem... nela se infiltram processos oriundos de coisas sem nome, os quais denomino, em parte, de controlo por Ondas Alfa e que escapa à consciência. Não somos donos dos nossos pensamentos - Não nascemos com eles à partida! É importante que se saiba isso, por isso, a mente é essa coisa que está aberta a ser penetrada e ser absorvida por tudo o que lê e ouve...
Homem e Mulher são um produto do que lhes foi imposto... portanto, nada lhes pertence... são vasilhas de processos mentais absorvidos de qualquer Artigo, Livro... completamente estatelado de informações e manuais de sobrevivência - já que julga que o próximo é um animal que o vai devorar, e ele não pensa que também é um animal -. Do que adianta saber toda a história do mundo, de como todas as guerras foram perpetuadas, se depois de se saber tudo, continua-se a agir como um animal, a processar os mesmos erros; a tratar o próximo com mais selvajaria? É esse que é o Grande Conhecimento que Liberta? Ou isso, é o Grande EGO que se assenhora do Conhecimento (possível) para destruir tudo o que é vida, inclusive essa experiência que é Amor, Paz, Sabedoria, Sensualidade, Vida...
«são os actos que denunciam, e a esquizofrenia de palavras entre o que se pensa e o que se diz e depois o que se faz!!! as pessoas deviam nascer Surdas, porque isso permitia-lhes observar mais os actos e percebiam que a palavra, sempre é um punhal em riste para destruir e não alquimizar!!!»
No fim, como irei arranjar essa forma, essa palavra neutra para escrever?? Sem ter que me dirigir, é para o Homem é para a Mulher!! Há coisas que quero escrever sem esta dualidade e tão separada que engendra toda a espécie de dramatismos. Não, não é ignorar a dualidade, e nem é não aceitar... é apenas mudar o discurso já tão velho!!! Isto vai ser como encontrar uma agulha em palheiro!!! Daqui a pouco vou começar a dizer EU. Já que é tão abrangente, e quando alguém lê, lerá Eu... sem sexo algum, apenas Eu."


in naosoueaoutra
ana fernandes

"Você deve, você tem que, você deve"




O EGO FEMININO E O ANIMUS

"Quando as expectativas do pai sobre a menina foram combinadas com as necessidades animadas negativas da mãe, a identidade individual da mulher não se desenvolveu.
Aquela voz animus conjunta sussurra constantemente "Você deve, você tem que, você deve".
No vácuo deixado pela perda de sentimento, o animus negativo ataca, dizendo-lhe que ela é inamável, indigna, feia e para sempre sua prisioneira. Desde que ela caia sob o feitiço dessa voz, e projete esse animus no homem exterior, a rejeição que ela teme começará a acontecer porque ao projetar o seu animus negativo ela instantaneamente constelou a mãe negativa do homem. Depois ela relacionou-se com ele através de logotipos, geralmente num jogo de "julgar e culpar". Ela assume o papel masculino e os dois ficam sem sentimento.
Através da consciência, uma mulher pode descobrir que pode se proteger da violação do Animus.
Para fazer isso, ela tem que permanecer fiel aos seus próprios sentimentos, por mais inseguros que eles possam ser. Ela pode ouvir os argumentos dele (a lógica dele é excelente! ) e eles respondem firmemente :"sim, isso é verdade. Você discute bem, mas está sem sentimentos. Esses argumentos não têm nada a ver com a minha essência. Estes são os meus sentimentos, mesmo que penses que estou a fazer figura de idiota. Estes sentimentos são a minha verdade. "
O Ego feminino pode ser aterrorizado pela invasão masculina e a sua única defesa é um sentimento autêntico."


Marion Woodman
Vício em perfeição
Pagina 260

segunda-feira, janeiro 16, 2023

Protejam as crianças e adolescentes, se puderem...

 "Não existe uma definição para uma mulher, uma mulher é uma experiência, uma energia feminina que tece, que é tecida, que é desfeita e se movimenta."  in A Tecelã

 


Eu falo pelos cotovelos, pior que a boneca Emília, mas nem sempre eu me exponho, nem sempre eu compartilho minha intimidade...

Quem me acompanha desde o Orkut ou o blog, eu era mais explícita em derramar minhas entranhas, com o tempo fui ficando mais reservada...

Esta foto sou eu e uma irmã, eu com 16 anos e com a família reunida. Uma menina de 16 anos não sabe decidir sua sexualidade e seu gênero, eu visívelmente não sabia. Não sabia naquela época, tudo que sei agora e não tinha a menor possibilidade de me defender de toda violência que sofria, principalmente psicológica, mas tbm verbal e inúmeras vezes surras que me deixava cheia de hematomas. É muito cruel o que as mães narcisistas fazem impunemente com crianças indefesas, que sequer sabem que são vítimas de alguém, de uma pessoa acima de todas as suspeitas. Dos 10 até os 18 anos, me transformaram num homenzinho, eu não podia deixar meu cabelo crescer, meu cabelo era cortado todo mês por meu vizinho, minhas irmãs menores podiam ter cabelo comprido, eu não. Eu não tinha roupas de menina, eu não tinha bonecas não brincava de casinha. Qualquer coisa feminina em mim foi escondida, reprimida, abafada, hoje eu sei pq, pq a mãe narcisista não consegue lidar com a filha crescendo e virando mulher e no seu poder absoluto sobre os filhos ela faz muitas vezes essa repressão do feminino das filhas, até mesmo da autoestima ou vaidade, elas apagam o feminino das filhas, e naquela época não tinham livros, internet, alguma informação, nada, quase nada. Eu meio que virei o homem da casa, na ausência do meu pai, exatamente aos 10 anos (mesma época da separação dos pais e mudança de cidade) quando meu cabelo era cortado bem curto contra a minha vontade, mas se não deixasse cortar, apanhava, se reclamasse, apanhava, e nem podia chorar, "engole o choro" (hoje em dia quero chorar, preciso chorar e não consigo). A autoridade da mãe era total, absoluta, só me restava acatar depois de cansar de apanhar, com ou sem motivo. E agora me digam, como eu nessa idade e com tantas coisas me influenciando, como eu poderia ter capacidade de definir meu gênero? Quem pode dizer que sim? Se naquela época me fizessem acreditar em disforia de gênero, e se eu tivesse me mutilado e mudado de gênero? de sexo? Até mesmo para satisfazer a loucura e o sadismo perverso de uma narcisista? E se? Um ano mais tarde eu comecei a namorar, ainda me vestindo assim, pois eu não comprava minhas roupas, eu não escolhia. Minhas irmãs eram menores e usavam vestidos, laços tudo muito feminino, eu não. Eu só fui realmente me descobrir mulher quando fiquei grávida, foi quando pude ter voltar a ter meus vestidos, usei cor de rosa, tive cabelo comprido, já depois dos 30 anos e mãe... Enfim, são memórias muito doloridas pra mim pq só há pouco tempo entendi o que é o transtorno narcisista e ainda estou lambendo minhas feridas... Não faço muita exposição da minha intimidade, é um processo longo e difícil, de trabalhar tudo isto sozinha...

Quando a questão trans e o pronome neutro aparecem aqui é pq eu sofri muito bullying na escola, dos colegas, irmãs, primas, primos e até um professor de inglês que me chamava de "la hom" por causa do meu cabelo. Provavelmente meus professores deviam me rotular de sapatão, lésbica, pq apesar de delicada, educada e boa aluna, minha aparência não refletia como eu era... E agora eu pergunto, quem pode dizer a uma menina de 16 anos que ela pode definir seu gênero, sua sexualidade? Quantas variantes estão ali dentro das quatro paredes da família, que ninguém sabe o que realmente acontece? Quem poderia me ajudar a me libertar de todas essas violências, as vezes explícitas, as vezes muito sutis? Eu só agora pouco tempo, quase aos 50 anos fui entender muitas coisas que passei...

E se naquela época me dissessem se eu queria mudar de sexo? O feminino só me machucava, minha mãe me batia e minhas irmãs ficavam rindo, depois entrou um outro fator, que era a religião, e eu não aceitava a religião, elas sim. Então elas estavam salvas e iam pro céu e eu já estava condenada ao inferno, sem ter a quem eu recorrer ou pra me defender. Eu fui queimada viva, minha vida já era um inferno, eu estava na fogueira durante anos. A maternidade me libertou, não queria ser tão fraca, não podia ser tão fraca e tive de me reinventar pra cuidar do filho... Tudo ainda é muito doloroso e sofrido... E é por isso que esse assunto me afeta, é meu lugar de fala também, pq passei muito tempo na minha vida sem o direito de ser mulher, sem poder expressar meu feminino e poderiam ter me influenciado a mudar de sexo ou de gênero e eu era só uma menina machucada e reprimida, que não tinha condições de compreender tudo que estava passando. O feminino é sufocado de muitas formas e é muito difícil ser mulher, poder ser uma mulher e descobrir a essência feminina... Protejam as crianças e adolescentes, se puderem...

(Testemunho actualissimo de uma amiga que acompanho há mais de 20 anos)

domingo, janeiro 15, 2023

 


Mulheres de todo mundo: ESCREVEI !!!

Por Nana Odara - escrito em 2008

"Ultimamente venho me apercebendo mais de como ler, e ler mulheres foi fundamental nessa trajetória ler mulheres...o complexo de cinderela, mulheres que amam demais, mulheres que correm com lobos, she, he e it, a cama na varanda, mulheres no terceiro milênio, o cálice e a espada, antes do verbo era o útero, as deusas em cada mulher, as mulheres antes do patriarcado a mãe morta...e muuuuuuuuuuuuuuuitas mais...não tanto na ficção, já quase não leio ficção...rs...mas imensas mulheres, que despejam suas entranhas nas páginas que li, e que lemos todas...

Histórias escondidas de mutilações, genocídios, guerras, violências surdas transparentes que se tornaram horrores simplesmente porque foram escritas e lidas por mulheres e mudaram a face de muitas coisas dantes normalmente aceites, e mudaram as mulheres de dentro pra fora, e continuam na onda, propagando essa energia e mudando o mundo...

Cada mulher que empunha uma caneta ou um teclado de computador, com pc ou sem pc...rs...está fazendo parte dessa revolução pq somos muito mais capazes do que supunhamos ou do que queriam eles que acreditássemos...Cada mulher que ousa escrever mais e ler mais está de mãos dadas construindo a nossa rede de amor fraterno e Lealdade Feminina, está construindo o Mater Mundi O mundo vindouro da Deusa...Acendendo a luz da sabedoria ancestral iluminando a nossa alma feminina para a nossa evolução...

Cada mulher que ousa escrever e ler escrever e ler MULHER sobre a mulher para a mulher...é um ponto de não-retorno para o mundo Mater Mundi (tbm os homens, que despertam sua sensibilidade feminina, reconhecendo-se imediatamente em religação com a Deusa, e entendendo que não podem mais continuar usufruindo e perpetuando a lealdade patriarcal desse sistema moribundo...)

Meu infinito e eterno agradecimento profundo e sincero a todas as mulheres que escreveram e que escrevem...sobre a Mulher e para a Mulher...E também às mulheres que leem mulheres, que fazem eco dessas idéias todas dentro da própria alma, e reverberam em suas entranhas as vibrações do Mater Mundi vindouro, co-criando um mundo novo em nossos úteros cósmicos...sementes de luz...

Mulheres de todo o mundo:

Escrevam MULHER,

Juliana

NOTA:

Este texto foi publicado em 2008… passaram apenas 15 anos… e dai até cá tudo mudou…a esperança morreu e as mulheres continuam a ser atacadas e impedidas de se expressaram. Mas como ela diz, as mulheres continuarão a lutar pela sua vida e o direito a sua expressão como mulheres.

O texto que se segue é da autora do Manifesto “Lealdade feminina” escrito nessa altura no seu blog Mater Mundi. Hoje ela respondeu-me assim:

 

“A ideia dessa grande utopia da Lealdade Feminina foi triturada pelos liberais, com um laço de cetim amarrada e puseram em cima um rótulo de plástico : sororidade... Mas com isso tiraram a sua essência e mudaram as pautas para coisas vazias, e igualmente inúteis, como depilação e topless, como se isso de alguma forma resolvesse o grave problema da violência. Outra forma de violência foi impor a questão trans e sobrepor às demandas das mulheres, como se fossemos todas trans e quem não é trans, automaticamente é rotulado de transfobico. E como tem muita testosterona alguns agem com violência sobre as mulheres cis, como se nós estivéssemos invadindo o lado deles, alguns incapazes do mínimo respeito e delicadeza, educação mesmo. Querem ser donos de tudo, como é tipicamente masculino. Há exceções honrosas exceções, e agora tenho um trans na minha família, que nasceu mulher na Inglaterra e se tornou homem, antes dos 15 anos... e lá está, quando é na carne, vemos as nuances e vamos todas e todos aprendendo a entender, lidar e principalmente respeitar...

...o que se passa é que respeito é uma via de mão dupla e muitos trans não respeitam as mulheres cis e não respeitam a maternidade e a sacralidade do útero. Sim, é preciso um espermatozóide e um óvulo. Mas se nós dermos ao homem o óvulo, ele não pode fazer nada. E a mulher pode fazer Vida, e só a mulher pode fazer a vida e alimentar com o próprio seio. E tanto cis como trans tem de respeitar isto. Não podem desmerecer o útero e os ciclos femininos, a menina, a mãe e a velha, pq não se compara com o homem. Poderia ficar aqui por dias, anos e séculos falando desse respeito primordial, até que dos meus pés brotassem raízes e se agarrassem pelas entranhas do solo afundando retorcidas a procura de água no subsolo... É um assunto muito complexo, mas podemos, por hora, resumir nesta palavra: r e s p e i t o.

Respeito ao espaço feminino, respeito aos ciclos femininos, respeito ao dom divino da maternidade e da maternagem, respeito ao útero e ao leite que amamenta a raça humana. Podem dizer nem todas tem útero ou nem todas são mães, mas até aqui é uma infima exceção. A maioria absoluta quase uníssona tem o útero, tem os ciclos, tem a maternidade, ou a escolha pela jovem ou velha... é diferente de um corpo de homem que psicologicamente quer ser mulher, usando de artifícios construídos culturalmente que tbm não é a mulher. Copiam a cópia porque a original está em falta e justamente isso que estamos tentando defender ou resgatar ou explicar, e esse espaço do resgate do feminino ancestral não pode ser invadido ou desrespeitado, quando estamos tratando desse feminino essencial ou ontológico, como te referes. Não tem nada a ver com batom, esmalte, perucas, meia-calça e salto alto, esse feminino inventado pelo cinema e pela mídia, nem nos interessa... O que queremos ultrapassa tudo isso, e sim, o queremos e o defendemos e vamos resgatando - ou morreremos tentando... ❤️ Não vamos interferir no mundo das trans, e nem elas podem interferir nesse espaço que estamos resgatando e que só as mulheres cis podem faze-lo a partir do seu corpo e alma de mulher, seus ciclos e seus dons...

É só respeito que pedimos, porque  estamos tentando resgatar a mulher perdida dentro do patriarcado. E ninguém poderia ou deveria se deixar enganar quanto aos nefastos projetos neoliberais de subverter as pautas e sufocar a mulher dentro de seu próprio gênero, invadindo o espaço, muitas vezes de forma bem rude, tipicamente masculina, é a pura testosterona querendo mijar no nosso espaço pra demarcar o território "deles" e isso é em tudo muito masculino... já não é feminino na essência desde aí, pode ser superficialmente feminino, mas o modus operandi é completamente masculino. Há exceções, repito, honrosas exceções, mas são exceções, não a regra...

Não nos impede de acolher mulheres trans, como até mesmo homens, porque esse trabalho não é isolado do mundo. E as mulheres precisam do homem porque não temos sozinhas o antídoto da violência. E toda vez que a sociedade começa a trabalhar esse feminino é calada com violência. A mulher dá a vida e esse é seu poder, o homem viola, tira a vida, seu poder é a violência. E toda vez na história que a mulher tentou resgatar o feminino foi calada pela violência, a violência de ser escrava, a violência das fogueiras, a violência da guerra, a violência psicológica, física, verbal, financeira, cultural, etc... E para essa violência ainda não fomos capazes de a anular ou impedir... continuaremos tentando... morreremos tentando e renasceremos outra vez tentando...

Juh Nana

 

 

ESCREVER MULHER

 


"Aqueles de nós que adoram ler e escrever acreditam que ser escritor é uma confiança sagrada. Significa dizer a verdade. Significa ser incorruptível. Significa não ter medo e nunca mentir. Aqueles de nós que adoram ler e escrever sentem muita dor porque muitas pessoas que escrevem livros se tornaram covardes, palhaços e mentirosos. Aqueles de nós que adoram ler e escrever começam a sentir um desprezo mortal pelos livros, porque vemos escritores sendo comprados e vendidos no mercado — nós os vemos vendendo seus batidos produtos em todas as esquinas. Muitos escritores, de acordo com o estilo de vida americano, venderiam suas mães por um centavo. Manter a sagrada confiança do escritor é simplesmente respeitar as pessoas e amar a comunidade. Violar essa confiança é abusar de si mesmo e causar danos aos outros. Acredito que o escritor tenha uma função vital na comunidade e uma responsabilidade absoluta para com as pessoas. Peço que este livro seja julgado nesse contexto.
Especificamente, o ódio às mulheres é sobre mulheres e homens, os papéis que desempenham, a violência entre eles. Começamos com os contos de fadas, os primeiros cenários de mulheres e homens que moldam nossa psique, ensinados a nós antes que possamos conhecer de maneira diferente. Seguimos para a pornografia, onde encontramos os mesmos cenários, explicitamente sexuais e agora mais reconhecíveis, nós mesmos, mulheres carnais e homens heroicos. Continuamos a mulheristória — a amarração de pés na China, a queima de bruxas na Europa e na América. Aí vemos as definições pornográficas e de conto de fadas de mulheres funcionando na realidade, a verdadeira aniquilação de mulheres reais — o esmigalhar até o nada da sua liberdade, vontade, vida — como foram forçadas a viver e como foram forçadas a morrer. Vemos as dimensões do crime, as dimensões da opressão, a angústia e a miséria que são uma consequência direta da definição polar de papéis, das mulheres definidas como carnais, más e “Outras”. Reconhecemos que é a estrutura da cultura que cria as mortes, violações, violência, e procuramos alternativas, maneiras de destruir a cultura como a conhecemos, reconstruindo-a como podemos imaginar.

Escrevo, contudo, com uma ferramenta quebrada, uma linguagem sexista e discriminatória em sua essência. Tento fazer distinções, sem “história”* como toda a história humana, sem “homem” como termo genérico para a espécie, sem “masculinidade” como sinônimo de coragem, dignidade e força. Mas não consegui reinventar a linguagem."

Andrea Dworkin
Nova York, julho de 1973


É urgente que as mulheres acordem para a ideia de que somos o antídoto

MULHERES SÃO COMO SERES AMNÉSICOS


"As Mulheres e Deusas tornaram-se agregadas (as ideologias) e perdidas na política do patriarcado; esquecemo-nos de quem somos, e agora estamos a encontrar pedaços, escondidos em mitos, desenterrados em locais arqueológicos, descobertos nos Evangelhos Gnósticos. A verdade da Mulher e da Deusa se perdeu na transliteração. Mulheres são como seres amnésicos que estão recuperando a memória. É urgente que as mulheres acordem para a ideia de que somos o antídoto e temos o poder de mudar o rumo que o patriarcado nos colocou."

Jean Shinoda Bole


A MULHER NÃO TEM GÉNERO...É MULHER 

Toda esta confusão de género começa na amnésia da mulher - no seu sono milenar  - onde andou enterrada até as primeiras pesquisas arqueologicas feitas por mulheres... A verdadeira mulher perdeu-se na narrativa biblica em que a mulher foi completamente apagada da história dos homens e do seu deus misógino - denigrida e explorada até se perder nas mil versões da deusa e do pecado. A mulher e a deusa foram deturpadas pela transliteração das escrituras e esqueceu quem era. Sendo que a mulher de hoje, aculturada por décadas pela narrativa patriarcal e as suas ideologias que a continuam a anular e a explorar, nada sabe do seu passado porque entrou de cabeça na sua filosofia. 

 Assim,  enquanto ela não acordar para si mesma e se lembrar de quem era...ela continuará sendo apenas um subproduto do Sistema patrista, e continuará a buscar-se no obscurantismo religioso e ideológico, inserida no quadro académico em que está atada a ideias e conceitos, filosofias e psicologias machistas, digo, enquanto não se "desemaranha" de toda essa teia patriarcal, e da própria sua (dele) semântica...ela busca-se no vazio que de si o Homem criou e a projectou intelectualmente...SEM NUNCA SE ENCONTRAR.
 
Penso, tal como disse Natália Correia:
 
"Acho que não vale a pena a mulher libertar-se para imitar os padrões patristas que nos têm regido até hoje. Ou valerá a pena, no aspecto da realização pessoal, mas não é isso que vem modificar o mundo, que vem dar um novo rumo às sociedades, que vem revitalizar a vida.
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impor ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.
É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem."
NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983

quinta-feira, janeiro 12, 2023

Sinto simpatia profunda por seres homo-afectivos...

A VERDADE BIOLOGICA

"A verdade fria biológica é que as mudanças de sexo são impossíveis. Cada célula do corpo humano permanece codificada com o género de nascimento para a vida. Podem ocorrer ambiguidades intersexuais, mas são anomalias de desenvolvimento que representam uma pequena proporção de todos os nascimentos humanos ".
Paglia acrescentou: "Como Germaine Greer e Sheila Jeffreys, rejeito a coerção patrocinada pelo Estado para chamar alguém de "mulher" ou de" homem "simplesmente com base no seu sentimento subjectivo sobre isso.” 

*In Personas sexuais de Camille Paglia
 

SER OU NÃO SER...MULHER EIS A QUESTÃO!

"O cancro da terra são os homens..." (Cioran)


Gostaria de deixar algumas palavras de respeito e simpatia profunda por seres homo-afectivos, seres que conheço e amo, seres que se debatem e se questionam sobre a sua identidade sexual a partir de uma sensação de não pertença a um determinado corpo com o qual se incompatibilizam sejam quais forem os motivos, fruto de um conflito sexual, parental, psicológico, emocional e afectivo, diante de um Sistema que cataloga os seres pela sua sexualidade primária e forma de vestir e os identifica e educa de forma arbitrária como se fossem animais racionais e matéria apenas.

EU NÃO ESTOU CONTRA OS TRANS NEM CONTRA  OS SERES QUE ASSIM SE SENTEM, mas contra tudo o que se está a fazer CONTRA A MULHER E A SUA IDENTIDADE.
Quero deixar claro a esses amigos e amigas que a minha amizade e estima está por cima desta luta e que se acaso me lerem saberão que não escrevo contra eles enquanto pessoas, mas contra as consequências de uma ideologia de género que vem despromover e desprestigiar a condição e natureza  inata da mulher, anulando a sua designação de Mulher e Mãe. 

A minha questão de principio é que a natureza humana é complexa e variada e que os seres biologicamente homens ou mulheres podem sentir atracção e desejo de seres do mesmo sexo sem que isso contrarie a Natureza do Ser em si ou ponha em questão a sua biologia. 
Somos todos andróginos psiquicamente, uns mais do que outros e por isso temos uma certa ambivalência afectiva natural que nos permite amar os seres indiscriminadamente. O que foi brutalmente condenado pelas igrejas e pelos estados do sistema patriarcal ao longo dos séculos a fim de gerar filhos escravos do sistema e crentes do obscurantismo religioso - crescei e multiplicai-vos.... Esta condenação brutal da Igreja e dos Estados da vida afectiva e sexual dos seres gerou grandes dramas e injustiças neste mundo, mas AGORA estamos a assistir a uma INVERSÃO DESSE ERRO monstruoso e quem sofre a condenação e a perseguição dos seguidores das ideologias de género são principalmente as MULHERES, impedidas de serem apenas Mulheres em função de novas designações arbitrarias de cariz sexual e de ideologias materialistas que NEGAM A ESSÊNCIA da natureza humana e a transcendência de cada individuo como alma (e a alma não tem sexo) e assim como a sua constituição de ser ambivalente à partida e com a liberdade de ser e expressar-se como SENTIR sem ter que destruir nem mutilar o seu corpo e seguir ideias destrutivas...
rlp
Imagem: ser anjo é não ter seios...


Esta é a loucura dos dias atuais...

UMA MULHER É UMA MULHER, É UMA MULHER, É UMA MULHER.


COMENTÁRIO E NOTA SOBRE: A MULHER NASCE MULHER 

Anónimo disse...

"Mulheres agora não existem mais enquanto sexo e classe sexual. O identitarismo trans/queer exige que sejamos nomeadas como "pessoas que menstruam', "portadoras de vagina" e que a palavra mãe seja substituida na medicina e na linguagem cientifica por "genitora'. Não temos mais direito à palavra que nos define porque pessoas do sexo masculino agora requisitam ser nomeados como "mulher trans" e nós somos "cis". Sexo nao existe porque é assinalado ao nascer e não observado e a orientação sexual que o ativismo trans/queer admite é a bissexualidade, pois ser hetero, lésbica ou gay e se recusar a aceitar um parceiro trans, é transfobia. Lésbicas são xingadas de 'transfóbicas" se se recusam a ter relações com "penis femininos". Essa é a loucura dos dias atuais."


O PERIGO E A ALIENAÇÃO DO SER MULHER 

Se não se importar eu vou PUBLICAR este seu comentário bem esclarecedor da situação e no meu caso, como mulher, lutarei até ao fim dos meus dias pelo Ser Mulher biológico QUE SOU, pelas mulheres que nascem com genitália feminina, com seios, Utero e ovários, assim como escreverei pela dignidade e integridade da Mulher e Mãe até morrer e espero que os homens façam a mesma coisa por eles. 

Mas vejo com grande apreensão que as mulheres não se apercebem do que está aqui em causa. Nem o que elas estão em vias de perder como o mais fundamental da sua identidade feminina. SER MULHER E MÃE. O direito a essa designação natural milenar. Por outro lado VEJO todo o aproveitamento da frase de Simone de Beauvoir dizendo que a "Mulher não nasce Mulher" e como se criou o mais crasso  erro histórico e uma mancha enorme sobre o feminismo. 

Simone de Beauvoir era existencialista, marxista e o seu pensamento era sem duvida masculino, ela negava a ESSÊNCIA e o Espírito, para mim uma mulher sem ligação ao utero, sem coração, digamos, mas um intelecto ou ego masculino, que desenvolveu conjuntamente com Sarte a quem se dedicou inteiramente e a sua Filosofia!


rlp

quarta-feira, janeiro 11, 2023

"Quando o colectivo é hostil à vida natural da mulher...



A NOVA DEFINIÇÃO DE MULHER É A NEGAÇÃO DA IDENTIDADE MULHER! 

NÃO, MULHER NASCE MULHER DE ACORDO COM A SUA GENITÁLIA E IDENTIDADE FEMININA. NÃO É O MARXISMO, nem o existencialismo que podem definir a Essência de um ser, aliás NEGAM, nem o pensamento CARTESIANO que pode definir um ser que  nasce de acordo com um sexo mesmo que a "educação", a cultura  e a sociedade o adulterem COMO AGORA QUEREM FAZER crer as ideologias de género.

Sim, o que esta gente sem qualquer dimensão ontológica nem consciência de si, tem feito com as palavras e as sua definições é algo monstruoso... Sabemos através da medicina chinesa, que "a nível energético existe um canal que conecta diretamente o útero com o coração... e curiosamente esse canal pertence a uma função energética que equivale à atividade que realiza uma mulher quando trabalha a consciência de si mesma... Portanto a essência do feminino encontra-se no útero.... lugar sagrado com que a Mulher nasce..." S. C.


Sim,  "Nós ainda temos predadores na nossa cultura"! E cada dia que passa é mais perigosa essa cultura consumista e materialista,  que hoje vem  a par das ideologias de género tentando adulterar a génese da humanidade e do ser humano na sua expressão humana biológica, adulterando o conceito de feminino e masculino e a sua nomenclatura. A mulher já não sofre apenas o abuso e a violência e a violação ou a exploração do ser enquanto amante mulher mãe  e esposa, mas a negação da sua identidade e essência de mulher. Nunca como hoje a sociedade se tornou tão hostil à mulher e é importante que as mulheres se apercebam do perigo que correm. No entanto, motivadas por um certo instinto maternal e viciadas na cultura de defesa do mais fraco e dos pobres, estão a alinhar com estas pseudo liberdade em nome de direitos humanos contra si próprias, sem ver os danos e a confusão que geram nas crianças e nos filhos sem se aperceberem do perigo de extinção do eterno feminino  em que estão a incorrer - um atentado já em curso nos dicionários - em que a própria palavra MULHER deixará de poder ser empregue a curto prazo ou Mãe, para passar a ser apenas "pessoa gravida" ou progenitora... 

"O CDC [Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA] introduziu uma mudança nas orientações sobre vacinas contra a gripe durante a gravidez. Eles substituíram o termo 'mulheres grávidas' por 'pessoas grávidas', de género neutro. "  

"Quando o colectivo é hostil à vida natural da mulher, em vez de aceitar os rótulos desrespeitadores ou pejorativos que lhe são aplicados, ela pode e deve, como o patinho feio, resistir, aguentar e procurar o meio a que pertence - e de preferência sobreviver a quem a rejeitou, tornando-se maior e melhor do que os que a rejeitaram. 
(...)
Eu gostaria de poder afirmar que nesta altura já não existem todas essas armadilhas para as mulheres, ou que elas já estão tão calejadas que detectam essas armadilhas de longe. No entanto isso não acontece. Nós ainda temos predadores na nossa cultura, e eles ainda tentam sabotar e destruir toda a conscientização e todas as tentativas de alcançar a totalidade (de uma mulher).
Há uma grande verdade no ditado que diz que é preciso lutar de novo pela liberdade em cada vinte anos. As vezes tenho a impressão de que é preciso lutar por ela de cinco em cinco minutos. "

 
in MULHERES CORRENDO COM OS LOBOS
DE CLARISSA PINKOLA ESTES - da ROCCO


terça-feira, janeiro 10, 2023

Este planeta está sujeito a um grande choque cultural...




OS MENSAGEIROS DO AMANHACER


UM CHOQUE CULTURAL

Li este livro há mais de vinte anos e só agora começo a compreender a dimensão desta historia que nos foi negada e apagada de todos os manuais pelas Religiões... milhares de livros e testemunhos destruídos sistematicamente pela Igreja Católica de Roma e a Religião Islâmica e a Mitologia deturpada e contada como lenda ou ficção, quando relata de facto uma realidade que nos ultrapassa por termos sido mantidos separados e isolados do universo e ignorantes da origem do mundo assim como de outros mundos e seres e manipulados durante seculos,  deformados por ideias e dogmas que nos mantem em estado de infantilidade e obediência cega. 
(...) 

"Vocês vieram para cá, agora, com um propósito determinado: enfrentar os deuses criadores que refizeram a espécie humana que estão voltando. Alguns deles já estão aqui. Este planeta tem sido constantemente visitado e muitas formas diferentes de seres humanos foram semeadas aqui através de grande variedade de experiências. Houve muitos fatores que influenciaram o curso da história na Terra. Durante milhões de anos, existiram neste planeta civilizações que vieram e se foram sem deixar vestígio. Todas estas civilizações, assim como a vossa história, foram influenciadas por inúmeros seres luminosos que vocês denominaram Deus. Na Bíblia, muitos destes seres foram combinados passando a representar um ser, quando não eram de Jeito nenhum um único ser, mas uma combinação de várias energias luminosas extraterrestres muito poderosas eram, sem dúvida, energias majestosas vistas sob nossa perspectiva, e é fácil compreender porque foram adoradas e glorificadas.
Não há literatura na Terra que apresente um retrato verdadeiro destes seres. Todos os deuses vieram aqui para aprender e acelerar o seu próprio desenvolvimento através do trabalho com criatividade, consciência e energia. Alguns foram bem sucedidos e aprenderam suas lições, enquanto outros cometeram erros devastadores.
Quem eram estes deuses da antiguidade? Eram seres capazes de modificar a realidade e comandar os espíritos da Natureza segundo a sua vontade. Os humanos tradicional¬mente chamam de Deus seres capazes de fazer o que eles não conseguem.
Estes seres passaram por antigas culturas de varias sociedades, retratados como criaturas aladas e bolas de luz. Este mundo é permeado de pistas, indícios e artefatos que indicam quem eram os seus deuses. Contudo aqueles que desejavam manipular os humanos inventaram suas próprias historias criando paradigmas para os poderem controlar. Disseram-lhes que estes seres eram deuses verdadeiros e vocês foram ensinados a cultuá-los, adorá-los e obedecê-los Este paradigma está agora na eminência de sofrer uma mudança gigantesca. A verdade aparecerá, uma verdade que mudará completamente a maneira como vêem o mundo. Pobres daqueles que não quiserem enxergar.

As reverberações do choque atingirão todo o mundo.

Os deuses criadores que têm governado este planeta possuem a capacidade de assumir a forma física, embora na maior parte do tempo existam em outras dimensões Eles mantêm a Terra numa determinada freqüência vibracional criando traumas emocionais para se alimentar. Existem seres que honram a vida acima de tudo, e seres que não respeitam a vida nem compreendem a ligação que têm com ela.
Consciência alimenta consciência. Não é fácil entenderem este conceito, porque vocês se alimentam de comida. A comida para alguns seres, é a consciência. Toda a comida contém consciência em algum ponto do seu próprio desenvolvimento, quer você a frite, cozinhe ou colha da horta; você a ingere para manter-se nutrido. As vossas emoções são alimento para outros seres. Quando vocês são controlados para gerarem devastação e fúria, estão criando uma freqüência vibracional que sustenta a existência destes outros seres, porque é disso que eles se nutrem.
Existem seres que vivem da vibração do amor, e esse grupo gostaria de restabelecer o alimento do amor neste planeta. Eles gostariam de ligar este universo na freqüência do amor para que ele tenha a oportunidade de sair e semear outros mundos."
(...)
barbara marciniake - os mensageiros do amanhecer

A GLOBALIZAÇÃO






Estava a ver se me lembrava ou se lia alguma coisa boa sobre a Terra, digo sobre este mundo governado por homens rapaces...e entregue a voracidade dos corruptos, onde as armas que eles fabricam e vendem são a lei do mais forte, como sempre foram desde que o mundo é mundo... E a suposta evolução tecnologica não é senão uma outra arma de destruição lenta e paulatina. Mas hoje ninguém é totalmente vítima nem ninguém é totalmente criminoso...Há igualmente recursos para uma tomada de consciência mas o colectivo é sempre rebanho, obedece e é cego. Sim, o Ocidente que criou a "civilização" também criou a sua destruição...e ela está a alastrar-se de todas as maneiras e por todo o lado e há ainda quem se surpreenda ou não queira ver onde está a ferida...onde reside o erro! 

rlp

A VERDADE É QUE "No enganoso oásis das cidades, sejam elas metrópoles ou povoados, vive-se para o momento e para o lucro fácil. É muito prática e superficial a filosofia dos homens. Irmãos devoram irmãos, maculando a fraternidade cósmica com a nódoa do egoísmo e o feio esgar da ambição.
Nessas cidades os momentos de paz, cada vez mais raros, são meros interlúdios para novas guerras e o dinheiro, transformado em deus de barro, reúne a seus pés uma interminável multidão de súditos."?

 

E HOJE EM DIA, 

"Estamos cercados por dispositivos tecnológicos altamente avançados, com tudo, desde nossos televisores e dispositivos móveis a sofisticados centros residenciais inteligentes, transformando nossas casas, espaços de trabalho e escolas nas chamadas zonas "inteligentes". A cada ano que passa, no entanto, à medida que a tecnologia se torna mais inteligente, as pessoas parecem perder mais sua capacidade de pensar, nunca parando para questionar para onde está indo toda essa tecnologia "inteligente" ou a destruição que ela pode causar.
A maioria de nós está tão ligada a nossos telefones, tablets e outros dispositivos sem fio, e tão fascinada com a facilidade com que parecem tornar nossas vidas, que não paramos para pensar nos efeitos a longo prazo para a saúde de estarmos cercados por dispositivos emissores de radiação 24 horas por dia.
Já existem evidências esmagadoras de que a radiação WiFi causa sérios problemas de saúde. Dezenas de estudos confirmaram que ela tem efeitos devastadores no cérebro e na saúde em geral, com crianças sendo especialmente vulneráveis ​​aos efeitos desse tipo de exposição."?

NOTA - DESCONHEÇO OS AUTORES 


A NOSSA VIDA...não a vemos...



"A única maneira de escreveres a verdade é assumir que aquilo que colocas nunca será lido. Nem por qualquer outra pessoa, nem mesmo por ti mesmo numa data posterior. Caso contrário, você começa a se desculpar. Tens de ver a escrita como a emergir como um longo pergaminho de tinta do dedo indicador da tua mão direita; tens de ver a tua mão esquerda a apagá-la. ”
 

Margaret Atwood



Só nós vemos a nossa vida. 

"Os outros vêem a nossa presença, os nossos gestos, a maneira como as palavras se formam nos nossos lábios: só nós vemos a nossa vida. O que é estranho: vemo-la, surpreendemo-nos que ela seja como é, e não podemos mudá-la. ...Mesmo quando a julgamos continuamos a pertencer-lhe; a nossa aprovação ou a nossa censura fazem parte dela; é sempre ela que a si mesma se reflecte. Porque não há mais nada; o mundo, para cada um de nós, existe apenas na medida em que confina a nossa vida. E os elementos que a compõem são destrinçáveis; sei por demais que os instintos de que nos orgulhamos e aqueles que não confessamos têm no fundo a mesma origem. Não conseguiríamos suprimir um deles sem modificar todos os outros. "
 
In Alexis – Ou o tratado do vão combate – Marguerite Yourcenar


"Nem todos os rituais são tão felizes.



"Nem todos os rituais são tão felizes. Às vezes o nosso grupo traz a Deusa à consciência através de um aborto, uma histerectomia, a menopausa, uma doença terminal ou morte.
O padrão é constante - o terror da separação, a morte do velho, o sacrifício, a rendição pelos ritos de passagem, o renascimento.
Sempre o ritual conecta cada uma de nós às suas profundezas interiores onde estamos Unas com @ outr@ e o Poder Transcendente; sempre reconhecemos quando estamos entrando no espaço sagrado, ESTÃO lá, e depois saímos.
A demarcação dos mundos sagrados e profanos purifica ambos. Porque muitas mulheres nunca souberam o que é valorizar os seus próprios corpos, rituais que envolvem toda a sua musculatura podem tornar-se poderosos ritos de mistério. Enquanto os fatos exteriores podem ser descritos, a transformação interior é velada em silêncio. O poder do amor transformador não pode ser articulado.
Grupos de mulheres que se amam e apoiam umas às outras na tentativa de encontrar os seus próprios ritmos e valores femininos são as pedras de toque do crescente reconhecimento do significado da feminilidade. "

- Marion Woodman, Do Concreto à Consciência: A Emergência do Feminino, em Betwixt e Between: Patterns of Masculine and Feminine Initiation, editado por Louise Carus Mahdi, Steven Foster, Meredith Little (1998)


sexta-feira, janeiro 06, 2023

É LILITH PANDORA?

O MITO DE PANDORA 
E OS DEUSES DO OLIMPO

"Mito de Pandora se refere ao mito grego em torno da primeira mulher humana, criada por Hefesto e por Atena.

Mito de Pandora refere-se, na mitologia grega, à primeira mulher do mundo. Pandora significa em grego “a que possui tudo”, “a que tudo dá” e “a que tudo tira”. Ela criada pelo artesão divino, Hefesto, e pela deusa da sabedoria, Atena, por ordem de Zeus, com a função de agradar aos homens.

Eles foram auxiliados por todos os demais deuses. Cada um forneceu uma qualidade. Um deu a Pandora beleza, outro lhe deu inteligência. Pandora foi dotada de graça, persuasão, delicadeza, habilidades nas artes da dança e nas artes manuais. Em resumo, ela foi feita à imagem e semelhança dos deuses.

Ela foi dada como presente ao titã Epimeteu. Seu irmão, Prometeu, lhe orientou a jamais aceitar um presente que viesse dos deuses. Apaixonado pela beleza de Pandora, o titã esqueceu-se do conselho do irmão e aceitou a jovem mulher como sua esposa. Assim começa o Mito de Pandora.

Epimeteu possuía em sua morada uma caixa. Essa caixa, batizada posteriormente como Caixa de Pandora, foi um presente que o titã recebeu de Hermes como presente de casamento, com a recomendação explícita de que não abrisse o objeto. A caixa continha em seu interior todos os males existentes no mundo: fome, medo, frio, doenças, violência, entre tantos outras coisas ruins. Zeus foi quem mandou o objeto, na esperança de que a curiosidade vencesse Epimeteu.
O Mito de Pandora e a caixa dos males

Durante muito tempo Epimeteu e Pandora viveram felizes. Em um dado momento, atraído pelos barulhos que vinham da caixa, o titã pediu que a jovem a abrisse. Muito devido a sua curiosidade e inocência, qualidades dadas pelos deuses, Pandora acata e abre o objeto. Ao abrir a caixa, ela é fulminada e solta sem querer todos os males sobre o mundo. No fundo do artefato, no entanto, ficou presa a esperança. O Mito de Pandora narra, então, a origem de como o mundo, anteriormente um lugar paradisíaco, ficou repleto de coisas ruins.

Após a morte de Pandora, Hades procurou as Moiras, senhoras do tempo, e lhes pediu que voltassem o tempo até antes da jovem morrer. Zeus, no entanto, não permitiu. O deus dos mortos insistiu e convenceu o irmão a ressuscitar Pandora e a transformá-la em uma deusa. Assim, Pandora se tornou a deusa da ressurreição.

O objetivo de Pandora enquanto deusa era, na verdade, evitar que as almas ressuscitassem. Ela deveria entregar aos mortos tarefas julgadas impossíveis de serem realizadas. Dessa forma, ela mantém a ordem cósmica e não permite que qualquer alma do reino de Hades consiga recuperar a vida mortal.


UMA VERSÃO MISOGINA DO MITO: 

"Pandora foi responsável por iniciar a degradação da humanidade. Hesíodo explica isso no mito das Cinco Idades:

Era do Ouro: os homens não se esforçavam para sobreviver. Tudo era belo, uma vez que não havia necessidade de fortificações ou conflitos.

Era de Prata: Zeus criou as estações do ano, vindo então o frio do Inverno. Casas foram criadas e houve necessidade de plantar alimentos. A juventude eterna foi extinta.

Era do Bronze: iniciam-se conflitos bélicos entre os humanos por poder e território.

Era dos Heróis: Inocência, pureza e justiça abandonam o mundo mortal.

Era do Ferro: Surgem os crimes, a violência gratuita. A humanidade como é conhecida, repleta de falhas e ausente de muitas virtudes, domina o mundo."


A (A)versão dos DEUSES à mulher, por Hesíodo...  

ELA VEM DO ODIO DE JAVÉ A PANDORA...


De acordo com alguns estudiosos de mitologia, o Mito de Pandora é anterior à versão mais conhecida dele, atribuída à Hesíodo, contado na Teogonia. Inicialmente, Pandora é vista como uma entidade da terra, matriarcal, responsável por um papel de elevada importância na vida dos seres humanos.

Hesíodo, no entanto, diminui a figura de Pandora. Ele coloca não só ela como culpada pelos males do mundo, mas todas as mulheres e figuras femininas depois dela. Na Teogonia ele diz que dela vem as mulheres, as mulheres que trazem problemas aos homens mortais. Ele caracteriza Pandora e as demais mulheres como interesseiras e como odiosas, em uma atitude claramente machista, embora naquele período não fosse vista dessa forma.

Mito de Pandora se refere ao mito grego em torno da primeira mulher humana, criada por Hefesto e por Atena.

Mito de Pandora refere-se, na mitologia grega, à primeira mulher do mundo. Pandora significa em grego “a que possui tudo”, “a que tudo dá” e “a que tudo tira”. Ela criada pelo artesão divino, Hefesto, e pela deusa da sabedoria, Atena, por ordem de Zeus, com a função de agradar aos homens.

Eles foram auxiliados por todos os demais deuses. Cada um forneceu uma qualidade. Um deu a Pandora beleza, outro lhe deu inteligência. Pandora foi dotada de graça, persuasão, delicadeza, habilidades nas artes da dança e nas artes manuais. Em resumo, ela foi feita à imagem e semelhança dos deuses.

Ela foi dada como presente ao titã Epimeteu. Seu irmão, Prometeu, lhe orientou a jamais aceitar um presente que viesse dos deuses. Apaixonado pela beleza de Pandora, o titã esqueceu-se do conselho do irmão e aceitou a jovem mulher como sua esposa. Assim começa o Mito de Pandora.

Epimeteu possuía em sua morada uma caixa. Essa caixa, batizada posteriormente como Caixa de Pandora, foi um presente que o titã recebeu de Hermes como presente de casamento, com a recomendação explícita de que não abrisse o objeto. A caixa continha em seu interior todos os males existentes no mundo: fome, medo, frio, doenças, violência, entre tantos outras coisas ruins. Zeus foi quem mandou o objeto, na esperança de que a curiosidade vencesse Epimeteu.


É LILITH PANDORA?

«Lilith, para mim, é, pois, a Mulher esquecida nos tempos, a mulher livre que vem dos confins da nossa memória resgatar a nossa mulher original. Trata-se de uma revelação interior, de um fogo, de uma força inerente ao nosso ser mulher, uma energia que vem do mais profundo, como uma chama ardente, na vivência de uma fusão interior de si consigo mesma. Essa é que é fusão. A experiência da vivência profunda de um amor que se revela à Mulher como o ser sensual em si mesma. Uma iniciação vivida como um mergulho nos seus abismos, experimentada no seu corpo através das suas entranhas e do seu sangue, no pulsar ardente do seu desejo Mulher.»*

Rosa Leonor Pedro
*in "Lilith - A Mulher Primordial"