Mulheres de todo mundo: ESCREVEI !!!
Por Nana Odara - escrito em 2008
"Ultimamente venho me apercebendo mais de como ler, e
ler mulheres foi fundamental nessa trajetória ler mulheres...o complexo de
cinderela, mulheres que amam demais, mulheres que correm com lobos, she, he e
it, a cama na varanda, mulheres no terceiro milênio, o cálice e a espada, antes
do verbo era o útero, as deusas em cada mulher, as mulheres antes do
patriarcado a mãe morta...e muuuuuuuuuuuuuuuitas mais...não tanto na ficção, já
quase não leio ficção...rs...mas imensas mulheres, que despejam suas entranhas
nas páginas que li, e que lemos todas...
Histórias escondidas de mutilações, genocídios, guerras,
violências surdas transparentes que se tornaram horrores simplesmente porque
foram escritas e lidas por mulheres e mudaram a face de muitas coisas dantes
normalmente aceites, e mudaram as mulheres de dentro pra fora, e continuam na
onda, propagando essa energia e mudando o mundo...
Cada mulher que empunha uma caneta ou um teclado de
computador, com pc ou sem pc...rs...está fazendo parte dessa revolução pq somos
muito mais capazes do que supunhamos ou do que queriam eles que
acreditássemos...Cada mulher que ousa escrever mais e ler mais está de mãos
dadas construindo a nossa rede de amor fraterno e Lealdade Feminina, está
construindo o Mater Mundi O mundo vindouro da Deusa...Acendendo a luz da
sabedoria ancestral iluminando a nossa alma feminina para a nossa evolução...
Cada mulher que ousa escrever e ler escrever e ler MULHER
sobre a mulher para a mulher...é um ponto de não-retorno para o mundo Mater
Mundi (tbm os homens, que despertam sua sensibilidade feminina, reconhecendo-se
imediatamente em religação com a Deusa, e entendendo que não podem mais
continuar usufruindo e perpetuando a lealdade patriarcal desse sistema
moribundo...)
Meu infinito e eterno agradecimento profundo e sincero a
todas as mulheres que escreveram e que escrevem...sobre a Mulher e para a
Mulher...E também às mulheres que leem mulheres, que fazem eco dessas idéias todas
dentro da própria alma, e reverberam em suas entranhas as vibrações do Mater
Mundi vindouro, co-criando um mundo novo em nossos úteros cósmicos...sementes
de luz...
Mulheres de todo o mundo:
Escrevam MULHER,
Juliana
NOTA:
Este texto foi publicado em 2008… passaram apenas 15 anos… e
dai até cá tudo mudou…a esperança morreu e as mulheres continuam a ser atacadas
e impedidas de se expressaram. Mas como ela diz, as mulheres continuarão a lutar pela sua vida e o direito a sua expressão como mulheres.
O texto que se segue é da autora do Manifesto “Lealdade
feminina” escrito nessa altura no seu blog Mater Mundi. Hoje ela respondeu-me
assim:
“A ideia dessa grande utopia da Lealdade Feminina foi
triturada pelos liberais, com um laço de cetim amarrada e puseram em cima um
rótulo de plástico : sororidade... Mas com isso tiraram a sua essência e
mudaram as pautas para coisas vazias, e igualmente inúteis, como depilação e
topless, como se isso de alguma forma resolvesse o grave problema da violência.
Outra forma de violência foi impor a questão trans e sobrepor às demandas das
mulheres, como se fossemos todas trans e quem não é trans, automaticamente é
rotulado de transfobico. E como tem muita testosterona alguns agem com
violência sobre as mulheres cis, como se nós estivéssemos invadindo o lado
deles, alguns incapazes do mínimo respeito e delicadeza, educação mesmo. Querem
ser donos de tudo, como é tipicamente masculino. Há exceções honrosas exceções,
e agora tenho um trans na minha família, que nasceu mulher na Inglaterra e se
tornou homem, antes dos 15 anos... e lá está, quando é na carne, vemos as
nuances e vamos todas e todos aprendendo a entender, lidar e principalmente
respeitar...
...o que se passa é que respeito é uma via de mão dupla e
muitos trans não respeitam as mulheres cis e não respeitam a maternidade e a
sacralidade do útero. Sim, é preciso um espermatozóide e um óvulo. Mas se nós
dermos ao homem o óvulo, ele não pode fazer nada. E a mulher pode fazer Vida, e
só a mulher pode fazer a vida e alimentar com o próprio seio. E tanto cis como
trans tem de respeitar isto. Não podem desmerecer o útero e os ciclos
femininos, a menina, a mãe e a velha, pq não se compara com o homem. Poderia
ficar aqui por dias, anos e séculos falando desse respeito primordial, até que
dos meus pés brotassem raízes e se agarrassem pelas entranhas do solo afundando
retorcidas a procura de água no subsolo... É um assunto muito complexo, mas
podemos, por hora, resumir nesta palavra: r e s p e i t o.
Respeito ao espaço feminino, respeito aos ciclos femininos,
respeito ao dom divino da maternidade e da maternagem, respeito ao útero e ao
leite que amamenta a raça humana. Podem dizer nem todas tem útero ou nem todas
são mães, mas até aqui é uma infima exceção. A maioria absoluta quase uníssona
tem o útero, tem os ciclos, tem a maternidade, ou a escolha pela jovem ou
velha... é diferente de um corpo de homem que psicologicamente quer ser mulher,
usando de artifícios construídos culturalmente que tbm não é a mulher. Copiam a
cópia porque a original está em falta e justamente isso que estamos tentando
defender ou resgatar ou explicar, e esse espaço do resgate do feminino
ancestral não pode ser invadido ou desrespeitado, quando estamos tratando desse
feminino essencial ou ontológico, como te referes. Não tem nada a ver com
batom, esmalte, perucas, meia-calça e salto alto, esse feminino inventado pelo
cinema e pela mídia, nem nos interessa... O que queremos ultrapassa tudo isso,
e sim, o queremos e o defendemos e vamos resgatando - ou morreremos tentando...
❤️
Não vamos interferir no mundo das trans, e nem elas podem interferir nesse
espaço que estamos resgatando e que só as mulheres cis podem faze-lo a partir
do seu corpo e alma de mulher, seus ciclos e seus dons...
É só respeito que pedimos, porque estamos tentando resgatar a mulher perdida
dentro do patriarcado. E ninguém poderia ou deveria se deixar enganar quanto
aos nefastos projetos neoliberais de subverter as pautas e sufocar a mulher
dentro de seu próprio gênero, invadindo o espaço, muitas vezes de forma bem
rude, tipicamente masculina, é a pura testosterona querendo mijar no nosso
espaço pra demarcar o território "deles" e isso é em tudo muito
masculino... já não é feminino na essência desde aí, pode ser superficialmente
feminino, mas o modus operandi é completamente masculino. Há exceções, repito,
honrosas exceções, mas são exceções, não a regra...
Não nos impede de acolher mulheres trans, como até mesmo
homens, porque esse trabalho não é isolado do mundo. E as mulheres precisam do
homem porque não temos sozinhas o antídoto da violência. E toda vez que a
sociedade começa a trabalhar esse feminino é calada com violência. A mulher dá
a vida e esse é seu poder, o homem viola, tira a vida, seu poder é a violência.
E toda vez na história que a mulher tentou resgatar o feminino foi calada pela
violência, a violência de ser escrava, a violência das fogueiras, a violência
da guerra, a violência psicológica, física, verbal, financeira, cultural,
etc... E para essa violência ainda não fomos capazes de a anular ou impedir...
continuaremos tentando... morreremos tentando e renasceremos outra vez
tentando...
Sem comentários:
Enviar um comentário