O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, janeiro 15, 2023

 


Mulheres de todo mundo: ESCREVEI !!!

Por Nana Odara - escrito em 2008

"Ultimamente venho me apercebendo mais de como ler, e ler mulheres foi fundamental nessa trajetória ler mulheres...o complexo de cinderela, mulheres que amam demais, mulheres que correm com lobos, she, he e it, a cama na varanda, mulheres no terceiro milênio, o cálice e a espada, antes do verbo era o útero, as deusas em cada mulher, as mulheres antes do patriarcado a mãe morta...e muuuuuuuuuuuuuuuitas mais...não tanto na ficção, já quase não leio ficção...rs...mas imensas mulheres, que despejam suas entranhas nas páginas que li, e que lemos todas...

Histórias escondidas de mutilações, genocídios, guerras, violências surdas transparentes que se tornaram horrores simplesmente porque foram escritas e lidas por mulheres e mudaram a face de muitas coisas dantes normalmente aceites, e mudaram as mulheres de dentro pra fora, e continuam na onda, propagando essa energia e mudando o mundo...

Cada mulher que empunha uma caneta ou um teclado de computador, com pc ou sem pc...rs...está fazendo parte dessa revolução pq somos muito mais capazes do que supunhamos ou do que queriam eles que acreditássemos...Cada mulher que ousa escrever mais e ler mais está de mãos dadas construindo a nossa rede de amor fraterno e Lealdade Feminina, está construindo o Mater Mundi O mundo vindouro da Deusa...Acendendo a luz da sabedoria ancestral iluminando a nossa alma feminina para a nossa evolução...

Cada mulher que ousa escrever e ler escrever e ler MULHER sobre a mulher para a mulher...é um ponto de não-retorno para o mundo Mater Mundi (tbm os homens, que despertam sua sensibilidade feminina, reconhecendo-se imediatamente em religação com a Deusa, e entendendo que não podem mais continuar usufruindo e perpetuando a lealdade patriarcal desse sistema moribundo...)

Meu infinito e eterno agradecimento profundo e sincero a todas as mulheres que escreveram e que escrevem...sobre a Mulher e para a Mulher...E também às mulheres que leem mulheres, que fazem eco dessas idéias todas dentro da própria alma, e reverberam em suas entranhas as vibrações do Mater Mundi vindouro, co-criando um mundo novo em nossos úteros cósmicos...sementes de luz...

Mulheres de todo o mundo:

Escrevam MULHER,

Juliana

NOTA:

Este texto foi publicado em 2008… passaram apenas 15 anos… e dai até cá tudo mudou…a esperança morreu e as mulheres continuam a ser atacadas e impedidas de se expressaram. Mas como ela diz, as mulheres continuarão a lutar pela sua vida e o direito a sua expressão como mulheres.

O texto que se segue é da autora do Manifesto “Lealdade feminina” escrito nessa altura no seu blog Mater Mundi. Hoje ela respondeu-me assim:

 

“A ideia dessa grande utopia da Lealdade Feminina foi triturada pelos liberais, com um laço de cetim amarrada e puseram em cima um rótulo de plástico : sororidade... Mas com isso tiraram a sua essência e mudaram as pautas para coisas vazias, e igualmente inúteis, como depilação e topless, como se isso de alguma forma resolvesse o grave problema da violência. Outra forma de violência foi impor a questão trans e sobrepor às demandas das mulheres, como se fossemos todas trans e quem não é trans, automaticamente é rotulado de transfobico. E como tem muita testosterona alguns agem com violência sobre as mulheres cis, como se nós estivéssemos invadindo o lado deles, alguns incapazes do mínimo respeito e delicadeza, educação mesmo. Querem ser donos de tudo, como é tipicamente masculino. Há exceções honrosas exceções, e agora tenho um trans na minha família, que nasceu mulher na Inglaterra e se tornou homem, antes dos 15 anos... e lá está, quando é na carne, vemos as nuances e vamos todas e todos aprendendo a entender, lidar e principalmente respeitar...

...o que se passa é que respeito é uma via de mão dupla e muitos trans não respeitam as mulheres cis e não respeitam a maternidade e a sacralidade do útero. Sim, é preciso um espermatozóide e um óvulo. Mas se nós dermos ao homem o óvulo, ele não pode fazer nada. E a mulher pode fazer Vida, e só a mulher pode fazer a vida e alimentar com o próprio seio. E tanto cis como trans tem de respeitar isto. Não podem desmerecer o útero e os ciclos femininos, a menina, a mãe e a velha, pq não se compara com o homem. Poderia ficar aqui por dias, anos e séculos falando desse respeito primordial, até que dos meus pés brotassem raízes e se agarrassem pelas entranhas do solo afundando retorcidas a procura de água no subsolo... É um assunto muito complexo, mas podemos, por hora, resumir nesta palavra: r e s p e i t o.

Respeito ao espaço feminino, respeito aos ciclos femininos, respeito ao dom divino da maternidade e da maternagem, respeito ao útero e ao leite que amamenta a raça humana. Podem dizer nem todas tem útero ou nem todas são mães, mas até aqui é uma infima exceção. A maioria absoluta quase uníssona tem o útero, tem os ciclos, tem a maternidade, ou a escolha pela jovem ou velha... é diferente de um corpo de homem que psicologicamente quer ser mulher, usando de artifícios construídos culturalmente que tbm não é a mulher. Copiam a cópia porque a original está em falta e justamente isso que estamos tentando defender ou resgatar ou explicar, e esse espaço do resgate do feminino ancestral não pode ser invadido ou desrespeitado, quando estamos tratando desse feminino essencial ou ontológico, como te referes. Não tem nada a ver com batom, esmalte, perucas, meia-calça e salto alto, esse feminino inventado pelo cinema e pela mídia, nem nos interessa... O que queremos ultrapassa tudo isso, e sim, o queremos e o defendemos e vamos resgatando - ou morreremos tentando... ❤️ Não vamos interferir no mundo das trans, e nem elas podem interferir nesse espaço que estamos resgatando e que só as mulheres cis podem faze-lo a partir do seu corpo e alma de mulher, seus ciclos e seus dons...

É só respeito que pedimos, porque  estamos tentando resgatar a mulher perdida dentro do patriarcado. E ninguém poderia ou deveria se deixar enganar quanto aos nefastos projetos neoliberais de subverter as pautas e sufocar a mulher dentro de seu próprio gênero, invadindo o espaço, muitas vezes de forma bem rude, tipicamente masculina, é a pura testosterona querendo mijar no nosso espaço pra demarcar o território "deles" e isso é em tudo muito masculino... já não é feminino na essência desde aí, pode ser superficialmente feminino, mas o modus operandi é completamente masculino. Há exceções, repito, honrosas exceções, mas são exceções, não a regra...

Não nos impede de acolher mulheres trans, como até mesmo homens, porque esse trabalho não é isolado do mundo. E as mulheres precisam do homem porque não temos sozinhas o antídoto da violência. E toda vez que a sociedade começa a trabalhar esse feminino é calada com violência. A mulher dá a vida e esse é seu poder, o homem viola, tira a vida, seu poder é a violência. E toda vez na história que a mulher tentou resgatar o feminino foi calada pela violência, a violência de ser escrava, a violência das fogueiras, a violência da guerra, a violência psicológica, física, verbal, financeira, cultural, etc... E para essa violência ainda não fomos capazes de a anular ou impedir... continuaremos tentando... morreremos tentando e renasceremos outra vez tentando...

Juh Nana

 

 

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