O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, janeiro 15, 2023

É urgente que as mulheres acordem para a ideia de que somos o antídoto

MULHERES SÃO COMO SERES AMNÉSICOS


"As Mulheres e Deusas tornaram-se agregadas (as ideologias) e perdidas na política do patriarcado; esquecemo-nos de quem somos, e agora estamos a encontrar pedaços, escondidos em mitos, desenterrados em locais arqueológicos, descobertos nos Evangelhos Gnósticos. A verdade da Mulher e da Deusa se perdeu na transliteração. Mulheres são como seres amnésicos que estão recuperando a memória. É urgente que as mulheres acordem para a ideia de que somos o antídoto e temos o poder de mudar o rumo que o patriarcado nos colocou."

Jean Shinoda Bole


A MULHER NÃO TEM GÉNERO...É MULHER 

Toda esta confusão de género começa na amnésia da mulher - no seu sono milenar  - onde andou enterrada até as primeiras pesquisas arqueologicas feitas por mulheres... A verdadeira mulher perdeu-se na narrativa biblica em que a mulher foi completamente apagada da história dos homens e do seu deus misógino - denigrida e explorada até se perder nas mil versões da deusa e do pecado. A mulher e a deusa foram deturpadas pela transliteração das escrituras e esqueceu quem era. Sendo que a mulher de hoje, aculturada por décadas pela narrativa patriarcal e as suas ideologias que a continuam a anular e a explorar, nada sabe do seu passado porque entrou de cabeça na sua filosofia. 

 Assim,  enquanto ela não acordar para si mesma e se lembrar de quem era...ela continuará sendo apenas um subproduto do Sistema patrista, e continuará a buscar-se no obscurantismo religioso e ideológico, inserida no quadro académico em que está atada a ideias e conceitos, filosofias e psicologias machistas, digo, enquanto não se "desemaranha" de toda essa teia patriarcal, e da própria sua (dele) semântica...ela busca-se no vazio que de si o Homem criou e a projectou intelectualmente...SEM NUNCA SE ENCONTRAR.
 
Penso, tal como disse Natália Correia:
 
"Acho que não vale a pena a mulher libertar-se para imitar os padrões patristas que nos têm regido até hoje. Ou valerá a pena, no aspecto da realização pessoal, mas não é isso que vem modificar o mundo, que vem dar um novo rumo às sociedades, que vem revitalizar a vida.
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impor ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.
É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem."
NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983

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