O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, dezembro 28, 2013

O NOVO E O VELHO MUNDO


O QUE EU CREIO...

Enquanto as mulheres estiverem divididas e a lutar entre si por ideias e conceitos do que é a sua liberdade, enquanto não houver um discernimento e uma coesão entre si dentro de uma Visão abrangente que englobe as várias perspectivas da Deusa, do Sagrado e da Mulher...não pode haver união nem entendimento  entre mulheres de nenhum grupo ou movimento. Porque haverá sempre grupos opositores, e tal como na política vão perdendo o seu objectivo de união, seguindo os seus interesses pessoais, ideológicos ou religiosos, formando partidos e capelinhas, todos lutam uns contra os outros sem resolver nada de fundo...tal como os séculos nos demonstram que foi. Mudam as ideologias e os regimes, mas o Sistema é sempre o mesmo...
 

Este é o velho mundo...
 

E nós estamos agora entre mundos...no velho mundo que nos aprisionou e anulou grande parte do nosso potencial e de forma deliberada, e o novo mundo ainda em esboço...mas esses dois mundos de algum modo coexistem já...e é preciso escolher de que lado do mundo estamos...se queremos lutar contra o mundo velho ou se queremos erguer um mundo novo e isso significa separação...das águas...Significa que lutar contra o velho mundo e fazer do mesmo é dar-lhe força e entrar num círculo vicioso do qual nunca sairemos; Lutar pelo velho mundo onde ainda estamos inseridas, é atrasar o nosso processo individual...perder a nossa energia contra algo e sabermos que ganharmos ou perdermos vai resultar no mesmo, porque revolucionar as "leis" não nos faz evoluir. E temos o exemplo disso nas revoluções sociais, sejam elas com armas ou com cravos...
E nós temos de evoluir para um outro plano de consciência. E isso é já entrar num novo mundo. E entrar no mundo novo construindo-o a partir de uma consciência individual, de uma integração das duas mulheres em nós e do despertar inerente de um saber inato adormecido que de si só nos pode alçar para planos que já não são de luta nem competição nem de ego...esse é o nosso trabalho de base.
Pode ser um Caminho silencioso, mas seguro. Pode ser um Caminho espinhoso, mas duradouro...pode ser pouco visível ou até apagado...mas é o caminho real, o Caminho que começa em nós e fundado numa consciência do Ser Mulher em si, da Mulher de Hoje e não um modelo do passado nem um modelo criado pelo homem.

A Mulher é um ser por revelar-se tal como o Amor e a Sabedoria inerente ao seu Poder. E é esse empoderamento que a mulher terá no novo mundo e não o poder dos homens ou à sua imagem...o poder da força da violência do medo e da Guerra....
Eu creio na Natureza intrínseca da Mulher como um expoente de todas as forças da Natureza e do Cosmos integradas e que ela só por si é um ENTE ESPIRITUAL e não precisa de ser iniciada por nenhum mestre. A Mulher é iniciada por Natureza. Ela dá à Luz a criança e Ela ilumina o Homem. Ela só tem que entrar em contacto com a sua verdadeira natureza. Dessa união consigo mesma nascerá a Nova Mulher e dela também nascerá paulatinamente o Novo Mundo...

Esta é a minha crença! Visionária...ou ... louca, o que quiserem, mas é assim que vejo sinto e apreendo a MULHER do Novo Mundo a construir por cada uma de nós. Em casa...sozinhas, com outras mulheres...mas seguramente sempre a partir do nosso interior e do nosso centro, até alcançarmos a visão unificada do nosso SER e possamos ser coesas e equânimes.

rosaleonorpedro
Dezembro de 2013

O QUE É UMA MULHER INTEGRADA?


O QUE É UMA MULHER INTEGRADA?

(resposta a uma pergunta de uma leitora...)

Uma Mulher é INTEGRADA na medida do seu equilíbrio pessoal e da harmonia do seu ser enquanto mulher  consciente de si...
Uma mulher integrada é cada mulher que tendo uma visão dos seus dois lados que se tornaram opostos na divisão das duas mulheres na sociedade patriarcal judaica ou cristã - a forma como ela é olhada secularmente como santa ou como puta - mas para quem essa divisão já não existe. A mulher integrada é aquela que já não toma instintivamente o partido de nenhum modelo de si oposto ou antagónico aquele que ela representa socialmente em detrimento da "outra"...seja da puta seja da santa; porque é esta dicotomia da santa e da puta, esta alternância de valores atribuídos à partida a todas as  mulheres que cria os estereótipos e as suas extensões, o que mais divide ainda as mulheres no mundo e assim, mesmo as que estão supostamente do lado da Deusa, podem defender o modelo da puta e vice versa...e o que se quer hoje é ...uma visão una e global das duas mulheres em nós e em simultâneo...e não ser uma nem a outra dentro dessa alternância...É não defender uma ideia ou a outra nem contrapor uma à outra...É Ser uma mulher com consciência dos seus dois lados separadas mas já integrados, e portanto a mulher integral para mim é aquela que já não pende para nenhum dos lados, mas é apenas UMA em si mesma...É mulher inteira, ora sensual ora casta...ora sexual ora terna, ora mãe ora amante, ora instintiva ora lógica...ora furiosa ora afectiva...Mas já sem clivagens...entre esses dois aspectos fundamentais que foram divididos na sua psique, como qualidades opostas e antagónicas....só assim ela acede à totalidade da sua Alma e pode irradiar a experiência da Deusa...que engloba todas as facetas.
E ela luta pela integração dessas facetas em todas as mulheres.

Esse é o Seu Foco.
rlp

2013 - A MULHER E O DIABO...NO CORPO...


2013 - A  MULHER E O DIABO...
QUE LHE AGARRA O CORPO DE DEUS...

Vi só agora a imagem do filme sobre a mulher que salta para o altar em plena Missa de Natal 2013... numa catedral de Colónia...Alemanha. Ela subiu para o altar em plena missa e gritou: "Eu sou Deus" - errado...ela devia ter dito: EU SOU A DEUSA...
Compreendo muito bem o empolgamento de muitas mulheres por esta imagem catalisadora de todas as revoltas e apoteótica do que poderia ser a libertação efectiva da Mulher do jugo do cristianismo usurpador dos seus direitos se a simbólica desse acto fosse de afirmação da Deusa Mãe como contraparte da Manifestação do Divino na Terra. Posso mesmo dizer-vos que uma parte de mim delira com ela...Soa a vingança da Mulher...da fogueiras e dos crimes contra si...

Esta imagem porém acaba por corresponder apenas à imagem efabulada pelos padres da igreja  da "mulher pecadora" e foi essa a mulher que saltou para o altar onde só a Virgem Mãe e imaculada tem visibilidade. Ela confronta a multidão na noite de celebração da mãe do menino santo que nasceu para salvar o mundo e os padres seculares que a acusam e impedem de ser empossada na Igreja, como sacerdote (não sacerdotisa)...justamente porque secularmente para eles ela encarna o Pecado e Satã...a grande tentadora ligada à Serpente e ao mal...no imaginário cristão...
E esta imagem o que é senão o decalque dessa mesma imagem dada pela Igreja de Roma  de uma mulher em desordem e de um desvario que foi sempre associado à mulher, vista  como histérica e demente, sem alma etc.  e que esta mulher agora evoca em pleno na com um grito de guerra a meio da Missa...
Significa isso alguma libertação da mulher, alguma afirmação de valor e de justiça...ou que evoque o Sagrado Feminino e possa representar uma restauração dos valores da Deusa na Terra? Evoca ela sequer LILITH - o súcubo e o demónio que os teólogos e os santos da igreja condenaram aos infernos e totalmente ao descrédito, a primeira mulher da história bíblica, esquecida e sonegada?
Creio que não...
Não é essa a Imagem da Deusa pagã e dos primórdios que chega até nós, apesar de que  todas as suas reminiscências e dados serem inconclusivos e muitos apenas alusivos, elas não nos mostram como a Deusa Mãe era adorada ou evocada nas suas cerimónias senão de forma muito rudimentar na ideia de cultos e de rituais os mais controversos e obscuros...assim, não é esta imagem de mulher nua que irrompe selvaticamente no altar de deus que nós mulheres de hoje  tentamos resgatar um pouco dessa Memória ancestral para  de novo restabelecer o contacto com o Princípio Feminino e o Sagrado e que, como sabemos, todos esses rituais cristãos foram usurpados e os paramentos dos padres uma imitação grotesca das sacerdotisas daqueles tempos...
Eles são meros travestis das sacerdotisas...
Mas essa mulher por mais selvagem e fascinante que me pareça...uma justiceira ou uma amazona dos novos tempos...ela não me representa...nem ao Sagrado Feminino nem a Mulher integral que eu defendo.
E penso que agora entre esta imagem de mulher revoltada e a imagem da Sacerdotisa da Deusa...existe  um abismo de diferença, e essa diferença está na Reverência da Deusa e da Mulher como baluartes de uma Divindade Suprema, de uma Autoridade perene...a da GRANDE MÃE E DA GRANDE DEUSA, Senhora de todos os nomes e poderes...e que NUNCA SE MANIFESTARIA desta maneira nem diante dos seus algozes...dando corpo e corroborando uma imagem que eles mesmos  caluniaram e condenaram às fogueiras como bruxas...
Todavia, eu creio que  mesmo assim esta imagem é muito impressiva e demolidora aparente dos costumes e da moral católica...surge como uma afronta ao Clero e aos homens da Fé... mas pouco mais do que isso. E, atrevo-me mesmo a dizer que ela pode ser até produzida por uma matriz de controlo do velho mundo...e com o fim de os homens e os padres continuarem a denigrir a imagem da mulher, tendo-a de algum modo fabricado podendo mesmo ter sido consentida a um certo nível...mas não creio que esta imagem fique para símbolo da verdadeira mulher e menos ainda da DEUSA! Ela é em si mesma a negação da Deusa que eu sinto viva em mim e na Terra.
rlp

segunda-feira, dezembro 23, 2013

NATAL, A ALIENAÇÃO COMERCIAL...

 
A ONDA DA FELICIDADE...e o Natal...

Todos/as nós de uma maneira geral, tendemos a ir ao encontro das chamadas "coisas boas"...das coisas bonitas, das coisas agradáveis...e com isso, devido a uma cultura/religião, a meu ver totalmente hipócrita e falsa, esquecemos e omitimos o verdadeiro ou desviamo-nos das coisas complicadas e difíceis, demitimo-nos das coisas profundas e complexas, nomeadamente da nossa Sombra e tudo o que concerne o nosso inconsciente é perigoso e guardamos a 7 chaves...como fazemos com tudo o mais que não nos agrada e varremos para debaixo do tapete julgando que com isso avançamos e estamos a ir ao encontro do céu...de deus ou da felicidade.
Vejo que os textos mais elucidativos e as citações mais profundas ou sérias são deixadas em branco, trocadas por coisas completamente descabidas e sem interesse, que sugerem comentários fáceis e superficiais...vamos na onda de tudo o que nos promete o céu e a felicidade...tudo o que são desejos de amor e alegria breves...
Eu sei que este meio (falo do facebook) serve para isso mesmo, para alienar o mais possível e levar as pessoas nessa onda de "prazer" e alegria fáceis ...e de felicidade, sem qualquer compromisso ou responsabilidade com a realidade.

 
rlp 
 
NOTA: enquanto isso também verifico que os blogs deixaram de ter o mesmo interesse mas são procurados por pessoas mais interessadas em assuntos sérios...embora peca pela escassez - cada vez mais há menos leitores...
 

El invierno me ha llevado al núcleo profundo



 
 
El invierno me ha llevado al núcleo profundo, ahí donde viven y perviven los afectos. Allí me encuentro con todos los amores, los vivos y los muertos, donde la ausencia es una presencia Este invierno estoy dejando atrás las visiones de juventud, aquellas que me hacían anhelar a alguien para que el amor naciera, como si fuera el fruto de dos Y después de muertes y ausencias, compruebo que el amor no es de dos, sino que dos se tocan y se tornan canales, que como hilos de cobre lo conducen Y entonces puedo amar mi cuerpo pues no necesito de nadie que me lo haga sentir amable Mi cuerpo es erótico-cobrizo y soy yo la que te hará sentir que en un abrazo ascendemos en Eros, y como Eros, somos dioses viviendo en éxtasis. 

Como cantar o amado ou a amada?




NÃO VOS VOU DESEJAR NADA...

Hoje, confesso que quis vir aqui e deixar algo de substancial...de épico...ou de eterno. Qualquer coisa tão bela e tão verdadeira que não houvesse mais nenhuma palavra a acrescentar depois, nunca mais...
Tenho muitas vezes este sentimento, foi ele que me marcou na minha ansia de poesia desejo/sede de amor e morte...mas hoje queria palavras puras de eternidade e do AGORA...
Procurei, procurei nos arquivos de Mulheres & Deusas e nos livros que mais gosto...e nem no Livro do Esplendor ou no Louco de Shakti encontrei a palavra chave...
Não seria o Amor essa PALAVRA...porque essa é a palavra mais traída de todas as que pronunciamos...
As palavras estão tão gastas, os sentidos que lhes dão são tão estéreis, tão banais e vulgares os dizeres...

Hoje como ontem e tantas vezes acontece fiquei enjoada com o lixo tóxico das palavras prostituídas, das imagens de deuses e santos e dos jogos viciados, da mentira e da falsa vida...

Como cantar o amado ou a amada?

"Quem ama
Fica cheio de não-saber
Não pára de procurar..."*

 

*Ana Hatherly - Rilkeana

Rosa Leonor Pedro

terça-feira, dezembro 17, 2013

A INCONSCIÊNCIA DOS PAIS E MÃES


Enquanto a publicidade faz o que faz com a bebé da esquerda...há mães e pais que vestem as filhas ainda meninas de mulheres fatais e as expõem aos predadores e pedófilos...
Como dizia uma amiga, muitas "mães que não lhes foi permitido vestirem-se assim hoje vestem as filhas..."
Enquanto isso, cada mulher em menina sofre regra geral um atentado a sua expressão de feminilidade e sobretudo quando é mais expressiva ela é normalmente reprimida e rejeitada pelo pai ou pela mãe e obrigada a reprimir a sua expressão de afecto ou amor, a sua sensibilidade...porque os adultos têm medo e confundem tudo com sexo, aliás eles não sabem o que é a verdadeira sexualidade...e estão carregados da moral cristã que lhes disse toda a vida que a mulher e o sexo eram pecado. Este é um drama recorrente em quase todas as famílias, nomeadamente de origem católica, mas quase sempre a menina é vítima de qualquer preconceito desse tipo. A menina quando começa a manifestar a sua beleza e sensualidade só porque assusta a mãe e o pai, nesta sexualidade reprimida e abjecta que eles vivem, nem que seja só num gesto ou numa palavra, num olhar...é logo castigada...e obrigada a retrair-se...se for bonita ainda é pior... e obrigada em adolescente a reprimir-se ainda mais e assim se torna uma mulher metade...

Ela torna-se na mulher cindida  que foi obrigada a desligar-se do seu lado instintivo e sensual... como sendo um mal, evocando o Pecado...perante a família e a sociedade. 

RLP
 

segunda-feira, dezembro 16, 2013

SÓ A VIDA É VERDADEIRA



FAZER  A APOLOGIA  E A DEFESA DA PROSTITUIÇÃO, já é ser doente, é de um Sistema podre!

"AS PUTAS SÃO SINCERAS..."

- Só a Vida é Verdadeira, ou só a Vida é sincera, para o caso serve.
Dizer que as putas são sinceras é apenas um cliché, é estar a abismos de distância da historia real de cada puta, que é sempre uma historia de dor, mas duma dor que nenhum homem conhece ou pode conhecer, mesmo os que se prostituem, porque a natureza deles é outra.


Dizer que as putas são sinceras é não saber nem QUERER SABER nada do que se passa com cada uma delas, apenas querer usá-las. Nem que seja com os olhos.
Quando os homens se deitam com uma mulher é lhe chamam "p..." ou derivados, eles não estão com aquela mulher, não estão unindo-se com aquela mulher, estão a obrigá-la a identificar-se com uma imagem, uma personagem, que a sua histeria (dos homens) fabricou.
Nunca uma Vestal, ou mulher consagrada ao eros divino, que as há, por aí, levaria a que um homem lhe chamasse isso. Para se poder deitar com ela, e banhar-se noutro nível de prazer, ele teria largado há muito, essas toscas imagens, mecanicamente herdadas. É que têm uma historia , ou muitas historias, tão tristes, por detrás.


UMA PUTA NUNCA É MENINA: Ela perdeu para sempre o contacto com essa menina que em si existiu, mesmo que as vezes tenha de fingir esse disfarce. Para ser puta, a menina morreu. Ela carrega uma criança morta dentro de si.
A "menina puta" ou as "putas que são sinceras" são imagens-recurso de um estado doente. De quem, da mulher, nada toca e por nada , da mulher, verdadeiramente é tocado.

AS PUTAS SÃO SINCERAS?!

(anónimo)
republicando 

A nossa esperança são as mães

"No princípio era a Mãe. O Verbo veio muito depois e iniciou uma nova era: o patriarcado. (Marilyn French)

O Futuro"Como podemos dar forma a um futuro se a base do amor se encontrar perturbada? Se os melhores de entre os nossos filhos se opuserem aos adultos, cheios de indignação, já que estes não querem ver como destroem o ambiente, e se não fizeram seu o amor?

A nossa esperança são as mães. Por conseguinte tem de ser dada às mulheres a possibilidade de deixarem de ser consideradas propriedade do homem, a fim de incentivar o que houver vivo nos seus filhos e na vida.
Dizer isto não quer dizer que a própria maternidade deveria ser transformada num fim obrigatório. É esse o problema. Estamos programados pela nossa sociedade de tal forma que a “bondade” se transforma numa parte de toda essa loucura. É que somos sugestionados no sentido de que a bondade é um fim em si, e assim uma boa mãe transforma-se na expressão da mitologia masculina do sucesso. Se alguém quiser ser uma boa mãe por esta razão isso equivale a venerar o mito masculino sem disso ter consciência. Passa a ser este a determinar o valor de uma mulher, e não os objectivos autênticos dela. Parir tornou-se um êxito. A destrutividade da cultura dominada pelo Homem infiltra-se em tudo o que seja vivo.
 
...E assim as vítimas firmam um acordo com quem as destrói. E as mulheres que interiorizam desta forma o mundo masculino, embora sejam suas vítimas, ainda podem ter efeitos mais destrutivos que muitos desses homens, já que transmitem a ideologia masculina sob a capa da feminilidade.”
(…)
In FALSOS DEUSES DE ARNO GRUEN

terça-feira, dezembro 10, 2013

ASSIM CREIO



OS SERES HUMANOS SÃO TODOS
UMA PARTE FEMININA E UMA PARTE MASCULINA,
a integrar pela consumação da Obra Alquímica e pela individuação.

Sobre o texto publicado anteriormente sobre o feminicídio (assassínio) das mulheres, físico ou psicológico, não podia estar mais de acordo com esta ideia tão bonita como é a deste comentário, que resume toda a questão dos transsexuais numa frase: "As tentativas de adaptar o corpo, só afastam a anima da matéria."


 -"Não vejo a possibilidade do feminino ter várias frentes. Há uma só, uma maneira de ser, um estado de espírito, uma forma de de proceder, de sentir. Está nas profundezas da alma e não na forma física. Há mulheres masculinas e homens femininos.
As tentativas de adaptar o corpo, só afastam a ânima da matéria. Creio que o feminino em todas suas formas, inclusive presente em nossa volta, na natureza, deve ser apreciado, incentivado na sua forma mais pura. Nada tem a ver com o corpo. O feminino em todas suas variantes possibilitará um mundo bonito e justo. Assim creio."


BJ.
Agenor RIO.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

O FEMINICIO EM MUITAS FRENTES

"Uma homenagem a mulher que não é considerada mulher por um mero conceito científico"???
 
Entramos no campo da maior especulação, em nome de uma aberração patriarcal, que foi destruir as mulheres na sua essência e a partir dessa negação da verdadeira mulher  criou seres aberrantes que agora dão lugar à exigência de transexuais,  homens que se querem fazer passar por mulheres fictícias, através de operações e silicone e dizem que é por um mero "conceito científico" que não são aceites como mulheres?
Não, as MULHERES NASCEM MULHERES! Não se TRANSFORMAM em MULHERES por desejo vontade e capricho de homossexuais - não, não  sou homofóbica, mas a cada coisa o seu lugar!  - e que na verdade seguem os modelos da Pin-up (é uma modelo cujas imagens sensuais produzidas em grande escala exercem um forte atrativo na cultura pop.) ou da  vampe, da actriz ou da mulher fatal...para isso se fazem operar, injectam de hormonas e se vestem e se vendem ...como as prostitutas ou as modelos e viverem um permanente espectáculo!
Não há nada que enganar. As mulheres que os transexuais querem "ser" NÃO SÃO MULHERES, mas o fruto de uma cultura patriarcal no seu apogeu e que transformou as próprias mulheres em seres fictícios, sem identidade própria e agora são os homens a querer ser iguais a elas?
 
Por tudo isso é muito Muito grave o que se está a passar!
 
É preciso, de uma vez por todas, defendermos uma Mulher essencial, a Verdadeira mulher em extinção, porque um novo e brutal ataque está a ser feito a Mulher no mundo.
 
PORQUE O  FEMINICIO É TAMBÉM MORAL E PSICOLÓGICO...  
- A IGNORÂNCIA DO QUE É SER MULHER DERIVA DA ALIENAÇÃO PROFUNDA  DA ESSÊNCIA DO FEMININO SAGRADO E PERTENCE À ORDEM DO CAOS DO SISTEMA PATRIARCAL! 

ESTE TEXTO QUE SE SEGUE É UMA  PERFEITA ABERRAÇÃO DO PENSAMENTO MODERNO PATRIARCAL...É UMA CEGUEIRA COLECTIVA...OU O ASSSASSINATO DO QUE RESTA DA MULHER VERDADEIRA!
COMPARAR O TRANSSEXUAL Á MULHER É CRIMINOSO DO PONTO DE VISTA ONTOLÓGICO...sejamos homo, hétero ou bissexuais, hermafroditas, andróginos e lésbicas MAS NUNCA MULHERES em corpos mutilados de homens...sejam transsexuais ou que quiserem mas não se intitulem Mulheres...

 



A DEFESA DE UMA CULTURA DE GUETO...
"A performance "TRANS" aborda a marginalização da sexualidade nos dias atuais. Consequência da ditadura sexual, a acomodação do homem deu espaço aos rótulos, definidos simplesmente por termos científicos ou estéticos. Esqueceu-se do conceito básico e iluminista da liberdade, de ser o que se pretende ser. Segundo pesquisa, 90% das mulheres transexuais morrem até os 35 anos de idade, vítimas de uma negligencia da sociedade frente aos seus direitos, gerada por falta de apoio governamental e psicológico. A performance "TRANS" homenageia todas as mulheres transexuais que foram assassinadas sem nenhuma referência na mídia, sem nenhuma notoriedade necessária para que esses crimes fossem banidos. Uma homenagem à mulher que não é considerada mulher por um mero conceito científico. Marginalizadas até o ato final do suicídio ou o mero assassinato." - Com vocês, Jhoe Nicoletti.
***

NOTE-SE....a morte de transexuais não é de maneira nenhuma comparável à morte e violação abuso e violência continuada sobre e contra as mulheres em todo o mundo...é isso que eu chamo de ABERRAÇÃO, fazer esta colagem à Mulher - é mau matar quem quer que seja...mas vir defender os transexuais que por razões óbvias se expõem às maiores violências como a sua castração e todo o tipo de violência sobre si mesmos em operações sem conta, implantação de seios e silicone etc. castigando o  seu próprio corpo para o alterar em nome de um sentimento/identificação com a prostituta (não com a MULHER!) e andado exclusivamente em meios de violência e de marginalidade por escolha, VENHAM AGORA COMPARAR A VIOLÊNCIA SOBRE CASOS ISOLADOS quando AS MULHERES CONTINUAM A SER AS MAIORES VÍTIMAS DE SEMPRE EM TODO O GLOBO. Não é isto uma aberração cultural grave, um desvio da verdadeira dimensão das coisas? Eu acho que esta inversão "cultural" é uma coisa bem mais aberrante do que a morte de pessoas (sempre de lamentar) que se violentam continuamente e cometem crimes contra si mesmos. SE nós classificamos de anormal e de violência extrema sobre a mulher a excisão do clitóris das mulheres no Oriente e em África,  o que vamos chamar à castração do pénis no homem por vontade própria??? Só porque se quer fantasiar de puta, de uma mulher que não existe e é fabricada por esta sociedade e por homens? Vamos lá pensar como deve ser!

rlp

sábado, dezembro 07, 2013

UM POEMA ÚNICO E MARAVILHOSO

 
QUANDO EU ME FIZ FRUTO...

 DE JOUMANA HADDAD

A sombra da lua fui concebida rapaz e rapariga ...

mas quando nasci foi sacrificado Adão,
foi imolado aos vendedores da noite.
Minha mãe baptizou-me nas águas do mistério
para encher o vazio da minha outra essência,
colocou-me à beira de todos os abismos
e entregou-me ao estrondo das perguntas.
Dedicou-me à Eva das vertigens
e amassou-me em luz e trevas
para que me tornasse mulher centro e mulher lança
trespassada e gloriosa
anjo dos prazeres sem nome.

Estrangeira cresci e ninguém me colheu o trigo.
Desenhei a minha vida numa folha branca,
maçã que nenhuma árvore gerou,
mas depois rompi-a e saí dela
em parte vestida de vermelho, em parte branco.
Não habitei no tempo
nem estive fora dele
porque amadureci nas duas florestas.
Lembrei-me antes de nascer
que sou uma multidão de corpos
que dormi longamente
que longamente vivi
e quando me tornei fruto
conheci o que me esperava.
Pedi aos feiticeiros que cuidassem de mim
e levaram-me com eles.
Era
o meu riso
terno
a minha nudez
azul
e o meu pecado
tímido.
Voava numa pena de pássaro
e fazia-me travesseiro na hora do delírio.
Eles cobriram-me o corpo de amuletos
e untaram-me o coração com o mel da loucura.
Guardaram os meus tesouros e os ladrões dos meus tesouros
trouxeram-me silêncios e histórias
e prepararam-me para viver sem raízes.

E fui-me embora a partir daí.
Nas nuvens de cada noite reincarno
e viajo.
Só eu me despeço de mim
só eu me abro a porta.
O desejo é o meu caminho e a tempestade a bússola.
Em amor, em nenhum porto lanço ferro.
Abandono à noite a maior parte de mim mesma
e reencontro-me apaixonadamente.
Misturo fluxo e refluxo
vaga e areia da margem
abstinência da lua e os seus vícios
amor
e morte do amor.
De dia
o meu riso pertence aos outros
e é meu o meu jantar secreto.
Conhecem-me os que entendem o meu ritmo,
seguem-me
mas não me alcançam nunca.


(Tradução: Pedro Tamen- Laureano Silveira)

De uma vez por todas...



...a origem sagrada do êxtase feminino...

O homem e a Mulher são diferentes, diz-nos Joelle de Gravellaine, os seus êxtases não são os mesmos”.

Em vez de se reduzir a uma espécie de incomunicabilidade feminista, a fundadora da célebre colecção Response, decidiu contar-nos a origem sagrada do êxtase das mulheres, persuadida que isso pode ajudar a iluminação do homem.”

Em 1985, depois de quarenta anos de caminho, para lançar uma primeira síntese entre os domínios da sua predilecção, em que se articulam simbólica, poesia, mito, psicologia das profundidades, ela faz de Lilith – fiel serva do Criador – o seu tema de estudo, publicando uma obra astrológica e mitológica com o título O Retorno de Lilith: a lua negra.
Através de ambiguidade do desejo e da rebelião da primeira parceira de Adão (antes de Eva), ela ataca um momento apaixonante do inconsciente colectivo: aquele em que, nomeadamente interposta pela Bíblia, a nova ordem patriarcal decide encerrar a selvajaria do desejo feminino no inferno.

Joelle de Gravelaine termina hoje a sua defesa sobre a natureza feminina com a Deusa Selvagem. Ela conta que a terra é à imagem da Mãe e vice-versa, Terra Mãe, Magna Mater, dadora de vida e de morte, senhora das árvores e dos animais selvagens, ela é ao mesmo tempo primitiva, subtil, espiritual, andrógino, loba, serpente, porca e jumento. Ela denuncia a atitude desonesta dos gregos que em vez das deusas – de Isthar a Athena passando por Ísis, Demeter, Ereshkigal -, na sua luta obstinada de as reduzir à condição de ogres satânicos e mães desrutivas, vazias de todo o apelo à vida e à ressurreição. Posição misógina e recuperada e mantida mais tarde pela tradição judaico-cristã.
Resultado: ainda são numerosos aqueles a quem o desejo selvagem, o prazer, o instinto da mulher arquetípica, embaraçam consideravelmente. Eles contestam a legitimidade da Deusa das Origens, e fazendo-o, negam completamente o papel da mulher no mundo.”
(Introdução a uma entrevista feita à autora por N.C.)

quarta-feira, dezembro 04, 2013

A LINHA MATRILINEAR


 
"Antes de sermos concebidos, existíamos em parte como um ovo no ovário da nossa mãe. Todos os ovos que uma mulher vai ter formam-se enquanto ela é um feto de quatro meses de idade no ventre de sua mãe. Isto significa que a nossa vida celular como um ovo começa no ventre de nossa avó. Cada um de nós passou cinco meses no ventre de nossa avó e ela, por sua vez, dentro do ventre de sua avó.
Nós vibramos com os ritmos de sangue da nossa mãe antes de ela própria ter nascido. E este ritmo é o fio de sangue que corre desde lá detrás desde as avós da primeira mãe. Nós todos compartilhamos o sangue da primeira mãe - somos  verdadeiramente crianças de um só sangue.

Os homens não podem transmitir esta continuidade de energia celular para seu esperma. O pai não passa a marca de uma vida, mas apenas a energia fugaz de poucas semanas. A natureza do homem é, em muitas formas metafóricas, uma rápida ascensão e queda - o desaparecimento e ressuscitar de energia refletida em tantos dos antigos deuses masculinos."

 - When The Drummers Were Women de Layne Redmond

DA RIVALIDADE ENTRE MULHERES...



"Creio que inciaticamente, toda a mulher nasce uma segunda vez de outra mulher que não é a sua mãe. Pela confiança noutra mulher, que já não é vista como uma rival, ela reconhece o seu feminino, abre-se a uma outra dimensão de amor." - paule Salomon


(…)
E como tenho dito algumas vezes aqui, a mim interessa-se o processo iniciático vivido pela mulher em si mesma e creio firmemente que uma mulher que se busca no mais fundo dela mesma só pode acordar para esse fundo, depois de passar por esse segundo nascimento-iniciação através de outra mulher que não a sua mãe. Porque, como diz a autora, só depois de ganhar essa confiança noutra mulher, ela ultrapassa o registo ancestral da rivalidade entre as mulheres. SEM essa iniciação, sem essa integração da Deusa e a Consciência do Feminino Sagrado viv...
ido na sua pele e no seu coração, o que prevalece entre as mulheres e acaba por minar todas as relações afectivas entre elas, seja no âmbito da família seja no trabalho, e até em movimentos feministas é o ódio baseado na competição e na rivalidade. O padrão social dominante é esse, é o padrão que passa de forma escandalosa ou subliminarmente, nos romances, nos filmes e telenovelas que impregnam e marcam as mulheres comuns e a forma de pensarem e sentirem umas contra as outras. Foi assim que foram programadas durante séculos e sem serem de novo consciencializadas do seu poder interno e pela fidelidade à sua essência, a mulher é sempre uma rival de outra mulher.

Lilith a Grande Serpente…começa a despertar na Mulher.

rlp

**
No princípio era Lilith. Digam o que disserem, na origem era o Andrógino. E depois do seu exílio, senão mesmo do seu desterro, o Éden nunca mais voltou a ser o que era antes.” 

- Joelle de Garavelaine
 

segunda-feira, dezembro 02, 2013

OS ULTIMOS 5 MIL ANOS...



"Não se esqueçam de que os seres femininos, literalmente, trazem vida ao planeta pois a vida sai do corpo feminino."



Para as mulheres, a constante entre espiritualidade como caminho, e a busca da sua identidade profunda, coloca-se muitas vezes em oposição ou em alternativa. E não é uma coisa nem outra. Mas continuamos a confundir o processo dito espiritual como uma finalidade em si, comum a todos os indivíduos e a não ver este ponto crucial da realidade da mulher que é ela estar cindida...que é ela ter uma ferida do tamanho do Mundo: Que é Ela ser a visada, diria mesmo a vítima, (e a causadora da “Queda”) dentro do Sistema patriarcal e que o caminho espiritual da mulher possa ser diferente do caminho do homem porque – e isto é algo que não se quer ver ou sequer pensar - parte da sua espiritualidade está ligada à sua Natureza intrínseca, ontológica, ao sangue e as luas, ao dar à Luz – tudo o que faz essa diferença e é a sua essência. A Mulher, não estando ligada à sua fonte interna como mulher - o que acontece regra geral na nossa sociedade, totalmente alienada dessas funções primordiais...em que todas as mulheres vivem essa divisão na sua psique, sendo apenas metade de si e uma espécie de “utensílio” ao serviço dos homens maridos e filhos - e portanto não unindo essas suas partes e não tendo acesso a essa mulher das profundezas -, a mulher estará sempre sujeita ao fracasso e consequentemente o homem também porque não tem acesso à verdadeira, mulher ontológica, ou seja à sua Anima ou ao seu verdadeiro feminino que a mulher lhe espelha. Essa divisão-cisão na mulher não só a impede a ela de ser uma totalidade em si como mulher, como impede o próprio homem de chegar a si mesmo pois ele chega à Deusa através da deusa e da Mulher...

A razão de Jung ter qualificado a anima como parte integrante do masculino e o animus parte integrante do feminino, associando esse princípio ao yin e ao yang, embora estes dois aspectos estejam em simultâneo em ambos os seres, e isso ser efectivamente uma verdade, eu não considero que nem um nem outro, homem ou mulher, estejam ou possam estar na plenitude dessa consciência ou vivendo a integração desses dois lados do ser em Um, e dai a ideia da necessidade de “completude”, na sua união do par dentro e fora, se a mulher não representar antes de mais a ANIMA. Quanto a mim, a Mulher será sempre a Anima, a Dama e a Rainha, a Musa...e é ela que dá corpo ao Graal é ela que dá corpo a vida e a Luz o homem...

Por isso parece-me um total absurdo (embora compreensível na época...) qualificar a anima no homem e o animus na mulher. O facto é que na época de Jung e Freud etc. se dava por natural essa cisão na mulher que nem sequer era vista como tal e o que ela reflectia dessa cisão e conflito profundo dentro de si, era considerado como uma patologia apenas, uma neurose, sendo a mulher uma histérica ou um mistério, etc.
Na verdade o drama da mulher ao longo de séculos tem sido uma Psique dividida e ferida profundamente, separadas nela a função maternal e a do prazer… forçada pelas regras de uma sociedade paternalista e das leis do homens que a relegaram a uma inferioridade humana e social e atribuindo-lhe um duplo papel, o de esposa ou de amante ao instituir o casamento como via única para a mulher nobre e séria e assim manter a descendência e o nome do Pai e portanto a mulher que não fosse casada e pertença do Homem, mãe dos seus filhos, seria pelas circunstâncias obrigada a se prostituir…e tão apenas isto…
Esta divisão da mulher em duas espécies, está tão inculcado nas cabeças das pessoas, tão enraizado na mente colectiva, que nem os homens mais espertos e estudiosos ou os mais inteligentes nunca deram por nada…e vemos assim psicólogos, filósofos e sexólogos completamente alheios a uma questão tão óbvia e premente como exta. E portanto quando eu falo de Mulher Inteira, não falo do par animus anima equilibrado, ou integrado, mas antes de tudo, de uma Mulher que já não sofre essa cisão, uma mulher que une em si as duas mulheres divididas pelo patriarcado não sendo uma nem outra mas o somatório das duas...

Contudo, tal como se lerá mais abaixo neste texto,
"As mulheres começaram a abrir sua garganta há cerca de trinta anos, passando a ter a oportunidade de falar sempre. O problema é que muitas mulheres acabaram fechando o centro do sentimento ao abrirem o da fala. Começaram a parecer homens. É necessário equi­líbrio. A mulher agora está sentindo a necessidade de despertar o princípio feminino dentro dela. Vive num corpo feminino e controla o uso da vibração masculina no seu interior.

Saiu para o mundo, sente-se poderosa. Pode andar pelas ruas sem um véu a esconder-lhe o rosto e decidir se deseja, ou não, se casar. É dona de si. É responsável por suas próprias decisões. Está começando a se tornar mais suave, despertando seu lado fe­minino que a nutre e vitaliza. Ao se tornar inteira, com suas porções masculina e feminina, e se permitir vivenciar o DNA evoluído, ela transmite uma frequência. E esta será a frequência predominante no planeta. É inevitável que os homens abram o centro do sentimento. É o próximo passo que precisam dar para estabelecer o equilíbrio com as mulheres. Isto vai acontecer muito depressa para os homens."*
(...)
*In Mensageiros do Amanhecer – Barbara Marciniake

rleonorpedro

sábado, novembro 30, 2013

LILITH a mulher que vem do futuro...




A ENERGIA DE LILITH, 
E AS DUAS MULHERES EM NÓS...
(Republicando...)

Sem dúvida que a energia de Lilth é desestabilizadora ou desencadeia emoções fortes e subversivas... A mulher que não estiver minimamente preparada para a olhar nos olhos e sentir a sua falsa segurança interior abalada, e porque Lilith mexe nas entranhas mais profundas da mulher e dos seus medos, é capaz de se sentir muito mal na sua pele e até possuída do "diabo" e a breve trecho vai até associá-la a um demónio e ao vampirismo...ao medo da sua sombra e fugir para a "LUz"...
 Se Lilith porém se revelar à própria mulher em sonhos ou de forma numinosa, ou de uma forma consciente, na busca de si mesma, é mais fácil integrá-la, mas se ela se manifestar através de outra mulher como uma força alheia a si, e isso pode acontecer nas relações comuns das mulheres de forma inesperada, e se neste caso se manifestar de forma intensa na relação com a "outra" mulher que é ainda a potencial rival ou inimiga, a que lhe espelha-revela esse poder, torna-se a seus olhos efectivamente uma força demoníaca... E então temos duas vítimas...a que espelha e a que se sente espelhada que passa a agredir a primeira...como culpada do mal que se sente, da desordem dos seus sentimentos e emoções profundas que vem a superfície de forma caótica, o que a leva a condenar a outra mulher - como toda a história o indica - a vampira e demónio...Isso ainda acontece no nosso tempo, nos nossos dias, apesar de tantos séculos e numa cultura que se pretende moderna e civilizada. A mulher comum continua a reflectir sobre “a outra” mulher as mais arcaicas impressões de inveja e ciúme, raiva e ódio, quando se sente ameaçada perante aquela que lhe sugere ou espelha o que ela não tem consciencializado, seja a nível da sua sexualidade seja a nível das suas ambições ou do seu ego…
Há realmente duas formas de Lilith se manifestar na sua natureza indómita e selvagem: enquanto mulher mais jovem que a vive e representa pela sua sensualidade e pelo  seu corpo ou pela  sua ousadia e mais ainda  se for  bela, e na mulher mais velha quando esta a encarna depois da  menopausa, como energia  irradiante e só por si demolidora de forças obscuras e neste caso Lilith  pode ao ser evocada,  pode manifestar-se já não através do corpo ou da sexualidade, mas da emoção e do Saber...na Mulher Mais Velha, Aquela que Sabe… (atrevo-me a dizer como eu...e malgré moi)…

Quando isso acontece, em ambos os casos, quer na mulher nova quer na mulher velha, estas mulheres Liliths são expostas a esse ódio antigo, registo celular, e vítimas de perseguição (como no caso famoso das “bruxas” condenadas às fogueiras da Inquisição e denunciadas pelas outras mulheres) e hoje a nível social quem sabe mediático causado por todo esse medo arcaico ancestral que divide e separa as mulheres no mundo...
Isso acontece sempre regra geral quando a mulher cuja Lilith está adormecida e Lilith constitui uma boa parte da sua Sombra que não é apenas o seu lado "negativo" e recalcado, mas muito mais do que isso, podendo até sentirem-se atraídas por elas de forma sensual emocional ou sexual, porque é essa   a sua sombra, de forma não consciente claro, que lhe é espelhada  nessa energia, nessa paixão, nesse fogo, sendo a sua própria Lilith que se manifesta  porque também obviamente está dentro delas, mas logo elas recuam e vêm na outra mulher o Mal, o mal protagonizado pela mulher na "Queda" e que foi tentada pela Serpente!.

Normalmente as mulheres Evas  têm um medo pavoroso dessa escondida a parte de si ignorada desde sempre, aliás como tem igual pavor das serpentes e estão tão tolhidas por ele, que  em vez de vencerem essa barreira da Sombra, da qual Lilith é a guardiã do Umbral, (tratando-se de uma primeira grande etapa a mais difícil do caminho da mulher para si mesma na descoberta do seu verdadeiro ser), e porque  isso implica verem muitas coisas de si negativas, quem sabe memórias ou experiências devastadoras de infância, abusos ou traumas, e como não querem encarar nem voltar a sentir coisas que nunca sentiram (até mesmo a atracção sexual ou emocional pela outra mulher) é então que esse trama antigo proveniente da cisão das mulheres, volta em forma de ódio e se transforma numa perseguição ou como dizia simplesmente numa fuga de si mesma...e num retrocesso na sua evolução.
Para mim, é como que uma prova de fogo na vida da mulher e ...se a mulher não o passar e passar pela outra mulher, aceitando-a ou mesmo amando-a, então temos mais uma inimiga para toda a vida...
Mulheres que iniciam a senda do feminino sagrado sem enfrentarem essa descida e que não tendo feito nenhum trabalho a nível da sua psique, sem uma consciência psicológica dos seus complexos e traumas, sem um qualquer trabalho interior, quando começam a entrar em contacto com a sua sombra sem nenhuma preparação, acabam por se sentir entrar como que no inferno...e a ver "cobras e lagartos"  nas mulheres que lhes espelham o seu próprio poder ou fogo interior, sobretudo  frente a outra mulher que a tenha já integrada...e então ou fazem o movimento de fuga inconsciente ou a perseguição caluniosa e predatória é iniciada porque essas mulheres se sentem acossadas pelos seus fantasmas...mas têm de ter um bode expiatório...e esse é um dos maiores dramas das relações entre mulheres, face à sua necessidade de  evolução!!!
(...)
Escrito em 2011
rosaleonorpedro

quarta-feira, novembro 27, 2013

A ANULAÇÃO DA MULHER NÃO É UM MITO!



A MULHER É ANULADA
E CONTINUA A ANULAR-SE A SI PRÓPRIA NA CULTURA PATRIARCAL

 A razão da anulação global da mulher  continua  porque as mulheres têm uma capacidade incrível para se esquecerem de si...de se dar...esvaziando-se, mas  para isso acontecer assim elas foram durantes séculos convencidas, persuadidas, alimentadas por essa ideia, precisamente para nem lhes passar pela cabeça que são ou podem ser uma pessoa livre e autónoma. Primeiro porque o não eram economicamente e agora porque estão formatadas psicologicamente. E ainda acontece de forma generalizada essa "educação" e podem já não ser os padres, mas são ainda as  mães e pais e família e amigas que lhes dizem...que é e era se "dando" a elas inteiras ao amor apaixonado de um homem e aos filhos, que elas encontrariam o sentido único da sua vida  e seriam ...as mais abnegadas e puras criaturas de Deus...


O que se pretende com isto, na verdade, não é uma mulher elevada e plena mas uma mulher sujeita e submissa e entregue aos seus senhores...aos seus donos... e o que é essencialmente visado é manter o esvaziamento sistemático da Mulher em si mesma, a sua falta de identidade, a falta de sentido na sua própria existência, é minar a confiança que possa desenvolver em si mesmo!.
Foram anos e anos, desde que a menina nasce e cresce a convencê-la e a formatá-la com esse propósito; foram anos e anos a programa-la para ela sentir que por si não valia nada...que a sua vida não tinha outro sentido senão amar o homem e o filho e o Pai e a Deus todo poderoso, caso contrário seria banida e corria o risco de vir a ser uma prostituta...e as suas variantes camufladas...Que a mulher sem um homem para protege-la perde-se porque é fraca e frágil, pode ser tentada e vir a ser uma puta...essa "outra" mulher que é a sua Sombra renegada...a sua sensualidade a sua sexualidade livre, mas não forçada a vender-se...como alternativa à mulher casada, com proprietário...
 

O que se disse e diz ainda é que a Mulher em si não vale nada...que não é ninguém...é assim que se fez e se faz  mesmo pensando que não é já assim...e que somos emancipadas...mas isso é só mais uma manobra vasta...A cultura, a arte, a publicidade e os livros e os filmes e as canções lhe dizem isso todos os dias..."tu sem ele não és nada..."
Sim, se durante séculos ela não foi senão a escrava, a amante e a concubina, a criada e a serva... a reprodutora dos filhos do homem...agora ela é ainda a executiva, a médica, a advogada e a ministra das suas causas...ela agora é formada, formatada em "cursos superiores"...mas ao serviço dos patriarcas e dos mestres, dos governantes e do Sistema que a oprime e reduziu a nada durantes séculos. Todos as revoluções a usaram, todos os regines o fizeram, todas as ideologias o fizeram.

Por isso vos digo, hoje em dia e cada vez mais me repugna e tenho muita dificuldade em aceitar estas mulheres patriarcais, as Atenas saídas da cabeça do Pai...sejam elas as vítimas ou as algozes, as prisioneiras ou as polícias... e não suporto ver mulheres sobretudo presas nos seus sentimentos obsessivos, carentes e cegas e obedientes ao macho...sedentes de carinho e de uma migalha de amor...e mesmo quando eles são violentes e as espancam ou as rebaixam e danificam psicologicamente elas continuam fiéis e a querer o seu amor...e rastejar aos seus pés...

Essa imagem comum das mulheres é gritante e revoltante, a mim dói-me no mais fundo do ser...é pior do que toda a violência no mundo, do que a tortura, porque é uma tortura autoinfligida...Não já não sou complacente nem tenho compaixão por elas...elas podem e devem elevar-se...lutar...sair das prisões, separar-se...Como é que a mulher pode chegar a este ponto de negação de si mesma, de degradação? Porque já não é só a mulher pobre e ignorante a que acontece essa anulação de si, essa desgraça...as mulheres ricas e as cultas também se submetem. E como pode a mulher "inteligente" e "culta" aceitar essa subserviência e esta violência sistemática?
Sim, como?
É claro que eu sei e todo o meu trabalho de anos tem sido denunciar esse abuso, essa extorsão, essa vampirização do homem sobre a mulher...mesmo que me achem extrema ou radical demais...
 

Querem melhor exemplo de como a medicina e os médicos em nome da sua ciência e da "cura" e como prevenção do cancro ou o que seja tiram e arrancam as entranhas da mulher, cortam os seios e os ovários e o útero às mulheres? Fariam eles isso aos homens com a mesma leviandade se fosse cortar os seus testículos ou coisa que o valha, como alguém perguntava? Mas o pior para mim é ver como  elas ficam descansadas quando  eles dizem que aquilo já não servia para nada...só estava a atrapalhar...e que é melhor assim? Elas confiam nos médicos como confiaram séculos nos padres e nas confissões...e elas fazem operações estéticas...elas acrescentam ou tiram seios e nádegas...ou cortam o corpo por "amor" dos homens e da moda...
 

E são  AS MULHERES NO MUNDO, que sustentam as indústrias milionárias das cosméticas para parecerem o que não são, só para agradar ao homem e por causa desse VAZIO de si mesmas...por causa dessa anulação do seu SER...desde há séculos!
Fizeram melhor as feministas, que me desculpem as crentes...mas igualdade e direitos iguais...trouxe mais do mesmo só que a um outro nível bem mais macabro se calhar, mas por enquanto as mulheres estão convencidas que evoluíram por irem a Guerra e matar como os homens fazem e mesmo aí são violadas e abusadas pelos camaradas de armas...e tudo é camuflado!
 

Mulheres, vejam portanto, vejam por favor  o que cada mulher podia e pode fazer para mudar no mundo que está contra si, se cada uma de nós tiver CONSCIÊNCIA desta alienação, desta ANULAÇÃO, desta loucura, desta insanidade e começar o trabalho da mulher integral?
Se ela começar a ter consciência do seu valor...da sua integridade e dignidade - e essa dignidade não esteve no salário igual nem na igualdade sexual...
 

Sim, este trabalho em si mesma, de tomar consciência de si, da sua cisão começa em cada uma de nós e em cada momento e em cada momento podemos passar a mensagem às outras  mulheres do lado...podemos e devemos fazer isso.
É preciso Chamar a Mulher à Consciência de si mesma.
Está na Hora....
Está na HORA...
Não sigam mais mestres e guias e gritem e sejam vocês mesmas inteiras!!!
LIBERTEM-SE DAS AMARRAS E DOS AÇAIMES!

rlp

segunda-feira, novembro 25, 2013

A HISTÓRIA DAS MULHERES...



"Será que também nós aqui poderíamos estar agora a desbravar e a mostrar ao mundo a luz vibrante e inspiradora duma sociedade ginocêntrica florescente do tipo da de Creta ou de Çatal Hüyük? A nossa querida Dalila Lello Pereira da Costa acha que sim. Para ela, nunca nós conhecemos verdadeiro progresso nem desenvolvimento como no Neolítico, em que a sociedade era… ia dizer “matriarcal”, mas não digo, era ginocêntrica.
Ginocêntrica, diz a Riane Eisler, é muito mais correcto.

UMA HISTÓRIA QUE NÃO É NOSSA
 
Qual séc. XVI, qual quê! Como é que nós mulheres podemos enaltecer um tempo em que os homens (não confundir, foram eles!) saíram daqui para impor a outros povos que estavam sossegadinhos no seu canto, a sua Lei da Espada, a escravatura, a conquista, a dominação?!

Essa não é a nossa história, queridas irmãs, e precisamos de nos distanciar dela se queremos chegar a algum lado. Não esquecer que primeiro, antes de agirem dessa maneira reprovável em todos os sentidos, tiveram eles de nos dominar e escravizar a nós!
Essa história que nos contam na escola é aquilo que em inglês se designa por “history” (a história dele), diferente de “herstory” (a história dela).

Enquanto mulheres, precisamos de nos dissociar dessa história oficial, da qual mais legítimo seria sentirmos vergonha do que orgulho e voltarmo-nos para a nossa história, aquela de quando éramos nós a dizer como se devia fazer.

E é aqui que a Simone de Beauvoir em “O Segundo Sexo”, não tem razão quando afirma que o domínio do homem sobre a mulher sempre foi uma constante na história humana. Não foi. Graças a arqueólogas feministas, como a Marija Gimbutas, e às descobertas de sociedades do passado altamente desenvolvidas e prósperas que cultuavam a Deusa  e em que as mulheres detiveram papéis muito importante, não dominando ninguém nem sendo dominadas, sabemos que nem sempre os homens dominaram as mulheres.

 AS NOSSAS ANTEPASSADAS DO NEOLÍTICO

Então, a Dalila Pereira da Costa, que é muito discreta em relação às reivindicações feministas, diga-se, mas supereficaz na defesa dos valores femininos, dá-nos esta ideia de irmos atrás da nossa glória de mulheres, descobrindo a força e o valor das nossas antepassadas, as mulheres do Neolítico. E onde estão elas? Pois, muito perto… é lerem a Dalila (parece difícil mas ultrapassado o medo de não percebermos nada, torna-se do mais fascinante que já li nesta vida…) é lerem a Dalila, repito, com este objectivo concreto: perceber aonde andam as nossas mulheres poderosas do Neolítico, aquelas que não foram trucidadas ou deformadas pelos patriarcas (romanos e cristãos e outros igualmente pouco recomendáveis), as nossas Irmãs das Hespérides, que bailam felizes, livres e formosas como na gruta de Cogul, nos vasos de Creta, nos templos de Çatal Hüyük… Aqui elas eram tão fortes que, ao mesmo tempo que fiavam, podiam transportar à cabeça as tais “pedras formosas”...
Guardam elas tesouros e riquezas que vale a pena descobrir, as nossas gloriosas antepassadas do Neolítico, a nossa Idade de Ouro…

UMA VISÃO QUE VALE A PENA

Algumas pessoas podem dizer que tudo isto é mentira, pura invenção. Seja como for, é uma visão que vale a pena seguir, e atenção, conheço famosas académicas que dizem que a verdade é dessa ordem…

Fontes: Dalila Pereira da Costa, "Da Serpente à Imaculada", Lello Editores
            Riane Eisler, "O Cálice e a Espada", Via Óptima
            Simone de Beauvoir, "O Segundo Sexo" 
Imagens: Google - Hespérides, Edward Burne-Jones e Pedra Formosa da Citânia de Briteiros

PUBLICADO POR LUIZA FRAZÃO
IN círculo de estudos sobre mulheres 

domingo, novembro 24, 2013

ÀS VEZES...



Às vezes a falta de dinâmica d Blog, a falta de feedback do leitores/as, a dúvida se os há.... pode levar-nos a um certo desanimo face ao Facebook, onde a interacção e o "diálogo" constante  entre as pessoas leva a  uma comunicação mais directa. Tem os seus inconvenientes e são muitos, sendo mais superficial e efémero o efeito; não fica nada de extraordinário enquanto que o Blog guarda tudo o que se escreve e é de mais fácil acesso e sem dúvida que nos permite uma maior profundidade...mas temo que seja por isso mesmo que os Blogs em geral percam o interesse do publico e dos leitores em  geral em função do Facebook.
Seja como for, persisto nesta Página sendo como é um dos Blogs mais velhos creio que em língua portuguesa segundo a estatística feita por um brasileiro...Resta-me honrar este facto e o meu trabalho. Mesmo que ninguém leia...

rlp

terça-feira, novembro 19, 2013

UMA HOMENAGEM QUE ME GRATIFICA

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARTEMÍSIA EU SOU
 
Há muito tempo que sinto que o devo dizer: Há Alguns que vêm antes, para abrir Portas a outros que virão depois.
É isso:
Passaram décadas desde que defendes a dignidade da Mulher, desde que denuncias a violência física e psicológica a que muitas Mulheres são sujeitas.
Há décadas que proclamas o Sagrado Feminino e lutas contra a maioria da sociedade que considera a Mulher "inferior" ou pecadora...
ou diabólica, ultrajando-A.
Há décadas que sonhas com uma Mulher inteira que se assuma na sua face Lunar de Deusa tríplice.
à tua maneira: abriste Portas.
Mereces o meu respeito e a minha gratidão.

Saúdo-Te Rosa Leonor Pedro.

O HOMEM E A MULHER...


 


"A carruagem da masculinização, que trouxe numa mesma braçada o racionalismo religioso e o positivismo científico, provocou a dessacralização da sexualidade e a redução do eros a festim da corporal – se é que ainda é festim!  (…)
Reina tanto mais a confusão quanto uma clivagem se cava no coração da humanidade; está em ressonância quase completa com aquela que eu exprimia mais atrás, separando o homem da mulher: de um lado estão aqueles, homens e mulheres, que por enquanto só olham para fora (…), a seu ver normativa em si mesma; do outro estão os que se viram para o oriente. Os primeiros debatem-se num dilúvio de violência e não sabem mais do que sobreviver radicalizando ao extremo, no terror de uma perda de segurança, os velhos esquemas masculinizados das éticas religiosas, políticas, sociais, etc; os segundos, começam a aceitar morrer para esses valores passados, porque aceitam morrer para esses valores passados começam a viver."

 O feminino do ser - Annick de Souzenelle
***

ESCRITO POR UM HOMEM - Sobre a Alienação dos Homens...

Josep-Vicent Marqués - professor de sociologia, escritor, ecologista, divorciado, sentimental, despistado, moderadamente míope, orador muito apreciado - é doutor em Direito. É também um humorista espanhol muito estimado, tendo mantido durante anos uma coluna no diário El País.
“O homem nasce livre e vemo-lo por todo lado carregado de cadeias. É escravo das ideias que lhe inculcaram acerca daquilo que deve ser um homem. Os seus movimentos de aproximação relativamente aos outros homens e às mulheres vêem-se entorpecidos pelas cadeias do patriarcado. Mal o identificam como varão pelos seus órgãos genitais, doutrinam-no num conjunto de obrigações sem outro fundamento além do sexo que lhe tocou por acaso.

Prometem-lhe vir a ser um chefe, mas geralmente só consegue a chefia de uma mulher e de uns filhos cada vez mais lavandiscos. Em contrapartida, é perpetuamente chantageado por um modelo desmedido, paranóico, megalómano daquilo que deve ser um autêntico homem, um grande homem. Alguns privilegiados, apoiados por factores externos como a riqueza e o poder, exercem uma masculinidade prepotente aborrecendo a vizinhança. Para a maioria dos varões, no entanto, o resultado é hoje apenas a angústia do frustrado ou a vaidade do insensato.

Todo o homem traz dentro de si o cadáver da criança sensível e brincalhona que o obrigaram a estrangular em nome da gloriosa corporação dos varões. Todo o homem traz ainda dentro de si o gérmen de uma possível pessoa."

MULHERES & DEUSAS : OS MISTÉRIOS ELEUSIANOS E A AUTOCONSCIÊNCIA DA MU...

MULHERES & DEUSAS : OS MISTÉRIOS ELEUSIANOS
E A AUTOCONSCIÊNCIA DA MU...
: OS MISTÉRIOS ELEUSIANOS E A AUTOCONSCIÊNCIA DA MULHER >"Somente em um momento posterior, nos Mistérios Eleusianos, de Ísis e out...

O grande motivo essencial dos Mistérios de Elêusis e, portanto de todos os mistérios matriarcais é a heuresis, a redescoberta de Core por Deméter, a reunião da mãe e da filha.

Esse reencontro significa, sob o ponto de vista psicológico, anular o assédio e o rapto masculinos e reconstruir a unidade matriarcal da filha e da mãe, depois do casamento. Isto significa que a hegemonia do grupo matriarcal _ legitimada pela relação da filha com a mãe -, que havia sido colocada em risco pela incursão do homem no mundo das mulheres e pela reacção destas àquele, é renovada e segurada nos Mistérios".
(...)

In “A GRANDE MÃE” de Erich Neuman

segunda-feira, novembro 18, 2013

A GRANDE ALIENAÇÃO DA MULHER...

Sobre o post  "Representações femininas no Facebook" do PDuarte no "L'obéissance est morte":
 
 ..." as jovens na tua publicação só são "putedo" a partir do momento em que tu lhes dás esse nome. Bem vistas as coisas, não há nada de errado em ser puta mas há algo de muito errado na forma como homens (e mulheres) se referem e tratam as putas.
Paternalismo é mau, paternalismo à esquerda é muito mau, o teu post é pior."
 
 
O QUE OS HOMENS PENSAM DESTA MULHER:

"O Facebook converteu-se no grande prostíbulo da putaria global. Quem quer putear sem ser na berma da estrada é para lá que se dirige.(E, no meio disto, Banguecoque, com os seus outrora vibrantes ’go-go bars’, virou uma aldeia pequena e pacata na nova geografia da oferta sexual.)"(do mesmo blog) 

***
O FRUTO DE UMA DIVISÃO ANCESTRAL:

HÁ UMA DIFERENÇA ABISSAL ENTRE A MULHER AUTÊNTICA E A MULHER COMUM DO NOSSO TEMPO, DIVIDIDA EM DOIS ESTERÓTIPOS BÁSICOS, A VIRGEM E A PECADORA...completamente formatado no inconsciente colectivo e ninguém se dá conta dessa formatação impingida à mulher desde que nasce, seja qual for a classe ou a cultura a que pertença.
O QUE ACONTECE  AGORA É QUE A MULHER MODERNA E "EMANCIPADA", A MULHER QUE  EXPÕE O CORPO OBJECTO E REIVINDICA A SUA "LIBERDADE" SEXUAL, NA REALIDADE QUER  TER A MESMA LIBERDADE QUE AS PUTAS...e ser respeitada na mesma...Ela quer ser a pecadora...mas ser respeitada como a virgem...
A questão torna-se confusa...estamos lá perto, mas não é invertendo os termos da questão que a mulher verdadeira se afirma livre e digna!
O FEMINISMO O QUE FEZ, AO ALIENAR-SE DESSA SECULAR DIVISÃO DA MULHER EM DUAS,  LUTANDO APENAS PELA IGUALDADE DOS SEXOS, E DIREITOS IGUAIS AOS HOMENS, NÃO VIU ESSA DIVISÃO ANCESTRAL NA MULHER ENTRE A SANTA E A PUTA E AGORA A CONFUSÃO GENERALIZA-SE...  
 
As feministas e intelectuais, as mulheres modernas do nosso tempo e cultura, desde as mais eruditas às menos cultas, e ainda as muito ignorantes, como é o caso da massificação do conhecimento das gerações mais novas que nada sabem, lidam com estes dois opostos sem ver a Mulher Real na sua dimensão ontológica, nem têm a menor consciência da sua verdadeira Natureza, ctónica e instintiva; elas consideram a sua intuição/emoção um valor menor ou menosprezam em si esses aspecto porque são excessivamente racionais e portanto não têm  noção alguma da sua dimensão do sagrado, ignorando que “a apreensão do divino faz-se pela dimensão do feminino”* por consideram que nas sociedades opressoras da mulher, nomeadamente a religião, tornou o papel exclusivo da mulher, reduzida a esposa e mãe como redutor...e quiseram ser livres sem perceber o que isso implicaria. Á partida elas tinham razão, mas daí partiram para todo o tipo de especulação mental e sem ver ou entender  uma realidade em que a Mulher é ora uma metade de si ora outra…E sem verem a dimensão e a plenitude do Ser Mulher em si, como um todo, nem puta nem santa,  partem para a reivindicação de uma igualdade entre os sexos...gerando-se toda essa confusão cultural que é resultado dessa divisão e da fragmentação do Ser Mulher à partida no Sistema patriarcal.Assim, o feminismo ao buscar a igualdade entre os sexos, sem ter em conta a dimensão do sagrado, e da ligação da mulher à Natureza, nem ver essa divisão da mulher em si, vai anular de certo modo as diferenças fundamentais entre o princípio feminino e o princípio masculino, entre o macho e a fêmea e retira à mulher o seu poder  pessoal naquilo que é inerente à sua essência e natureza profunda da qual foi desligada e por isso  impedida de atingir a dimensão cabal do seu ser impedindo-a por sua vez de ter acesso à consciência e expressão total do seu ser Mulher. Porque a Mulher é "o lugar onde se prova e experimenta a fonte transcendente de todas as coisas".*


Sem essa dimensão do transcendente e do sagrado ela é apenas a "consorte" do homem, anulada ou adulada pelo macho nas suas variantes culturais e sociais, mas ela é sempre vista ora numa função de reprodutora, mãe e esposa ora de objecto de prazer, no papel de amante/prostituta. Separados estes dois aspectos na mulher na tradição judaico-cristã e mais ou menos assumidos em separado nas mulheres em geral, o feminismo partiu da base errada – numa perspectiva positivista ateia e marxista da História - e nos nossos dias, vemos essa divisão subsistir no inconsciente das pessoas, homens e mulheres, embora com estereótipos diversos e contaminados pelas diferentes tentativas de atribuir a mulher um outro valor que não o seu próprio. Deriva ainda dessa circunstância a dicotomia da "santa e da puta” e toda a confusão inerente a esta cisão milenar dentro da própria mulher e estas expressões talvez desusadas são ainda comuns e populares (de acepção mais ou menos depreciativas) e representam a divisão intrínseca da natureza da mulher em duas naturezas distintas. O que não é mais do que a separação da sua natureza erótica e sensual e diria até iniciática (como antiga sacerdotisa da Deusa Mãe) por um lado e do outro a sua função maternal e reprodutora (o casamento instituição) e que assim se viram antagonizadas pelo catolicismo.
Não há afinal de contas "putas nem santas" mas a visão desses aspectos separados na Mulher é o que gera o conceito da mulher ordinária, vulgo puta ou vadia e da mulher "séria" honesta e fiel esposa, casta etc. e isso também padroniza o comportamento do homem em relação a cada mulher...se usas mini-saia...és p...se te vestes de maneira decente és pura…mas a questão crucial da identidade feminina de fundo ficou completamente por resolver com o feminismo e agora temos a mulher doméstica e comum, sobretudo a jovem, já não a prostituta, a querer ter os mesmos direitos da puta...   

Quando me perguntaram um dia se a "minha menina puta" (o que é uma forma insultuosa de o fazer) já saíra do porão e posto as suas flores no altar da deusa, alude-se àquilo que chamam a "prostituição sagrada" com essa acepção ou carga negativa do sexo e da mulher como prostituta...quer ela o expresse na sua maneira garrida de ser, provocante, quer ela o esconda e seja discreta e insípida. Querem os homens dizer com isto que a mulher, qualquer mulher tem sempre lá no fundo uma put…escondida que não assumiu e que se faz de sonsa...ou de santa, o que é típico do pensamento masculino misógino e machista onde também paira sempre uma pontinha de inveja...mas a questão não está nem aí...por agora.
Aquilo que hoje chamam de "prostitutas sagradas" não corresponde de forma alguma ao espírito do paganismo puro mas sim já ao preconceito religioso cristão que denegriu a função das sacerdotisas como iniciadores do amor da Deusa aos homens (a troco de oferendas à Deusa e não ao proxeneta ou ao chulo...explorador da prostituta). No espírito pagão original está implícita a liberdade da mulher em termos da sua expressão erótico/sensual ligada ao divino e ao sagrado e não haver ainda qualquer distinção ou divisão entre essas funções de mãe e de amante na mulher quer da expressões do corpo e do desejo da mulher.
Conclusão, a relação do homem com a mulher está completamente minada e viciada por esta dupla visão da mulher – ela ou é uma ou é outra - e o seu comportamento com ela, grosso modo - sendo quase sempre inconsciente - depende de como ele a vê de acordo com os estereótipos mais antigos, e assim, conforme  ela se comporta socialmente é identificada pelo que veste e usa ou a  forma como se  pinta, se usa decotes, como esta imagem mostra etc.. E por mais que a mulher venha para a rua e diga: "a minha sai curta nada tem a ver com você " - tem tudo a ver com o que o homem efetivamente pensa  do feminino a partir dessa divisão milenar da mulher  em santa e puta e que NINGUÉM QUER VER. 
 rosaleonorpedro
(*Michel Cazenave)