...a origem sagrada do êxtase feminino...
“ O homem e a Mulher são diferentes, diz-nos Joelle de Gravellaine, os seus êxtases não são os mesmos”.
Em vez de se reduzir a uma espécie de incomunicabilidade feminista, a fundadora da célebre colecção Response, decidiu contar-nos a origem sagrada do êxtase das mulheres, persuadida que isso pode ajudar a iluminação do homem.”
Em 1985, depois de quarenta anos de caminho, para lançar uma primeira síntese entre os domínios da sua predilecção, em que se articulam simbólica, poesia, mito, psicologia das profundidades, ela faz de Lilith – fiel serva do Criador – o seu tema de estudo, publicando uma obra astrológica e mitológica com o título O Retorno de Lilith: a lua negra.
Através de ambiguidade do desejo e da rebelião da primeira parceira de Adão (antes de Eva), ela ataca um momento apaixonante do inconsciente colectivo: aquele em que, nomeadamente interposta pela Bíblia, a nova ordem patriarcal decide encerrar a selvajaria do desejo feminino no inferno.
Joelle de Gravelaine termina hoje a sua defesa sobre a natureza feminina com a Deusa Selvagem. Ela conta que a terra é à imagem da Mãe e vice-versa, Terra Mãe, Magna Mater, dadora de vida e de morte, senhora das árvores e dos animais selvagens, ela é ao mesmo tempo primitiva, subtil, espiritual, andrógino, loba, serpente, porca e jumento. Ela denuncia a atitude desonesta dos gregos que em vez das deusas – de Isthar a Athena passando por Ísis, Demeter, Ereshkigal -, na sua luta obstinada de as reduzir à condição de ogres satânicos e mães desrutivas, vazias de todo o apelo à vida e à ressurreição. Posição misógina e recuperada e mantida mais tarde pela tradição judaico-cristã.
Resultado: ainda são numerosos aqueles a quem o desejo selvagem, o prazer, o instinto da mulher arquetípica, embaraçam consideravelmente. Eles contestam a legitimidade da Deusa das Origens, e fazendo-o, negam completamente o papel da mulher no mundo.” (Introdução a uma entrevista feita à autora por N.C.)
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