O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, abril 29, 2005

É PRECISO RE-ESCREVER A HISTÓRIA

“O mais famoso oráculo do mundo antigo, Delfos, pertencia a Gaia muito antes de um intruso, o deus Apolo, se Ter apoderado dele.”
(...)
in “O CAMINHO DA DEUSA” de Patricia Monaghan


lena gal - doce serenidade
«««««««««««

>Venda da Alma e Venda do Corpo

"Não só as mulheres que casam sem amor, mas apenas por conveniência; não só as esposas que continuam a comer o pão daquele que já não amam e enganam; não só as mulheres se prostituem. É prostituto o escritor que coloca a pena ao serviço das ideias em que não crê; o advogado que defende causas que reconhece injustas; quem finge a adesão aos mitos e interesses dos poderosos para obter recompensas materiais e morais; o actor e o bobo que se expõem diante dos idiotas pagantes para arrecadar aplausos e dinheiro; o poeta que abre aos estranhos os segredos da sua alma, amores e melancolias, para obter em compensação um pouco de fama, de dinheiro ou de compaixão; e, acima de tudo, é prostituto o político, o demagogo, o tribuno que todos devem acariciar, seduzir, a todos promete favores e felicidade e a todos se entrega por amor à popularidade - justamente chamado homem público, quase irmão de toda a mulher pública."
(...)
in "Relatório Sobre os Homens" Giovanni Papini
PORQUE SÃO OS HOMENS NEURÓTICOS?

"Á força de rejeitar o que a Feminilidade traz como solução à angústia do homem, cria-se em todo o caso uma humanidade perfeitamente neurótica.
(...)
Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo à autoridade de um deus-pai,
desarticulou-se o mecanismo instintivo que fazia o equilíbrio inicial: daí advém todas as neuroses e outros dramas que sacodem estas sociedades paternalistas."


In LA FEMME CELTE - de Jean Markale

quarta-feira, abril 27, 2005


“É ELA sim, digo-vos,
que saberá abrir a Porta ao que vem.”


O FOGO FEMININO
CONTRA A ORDEM NEGRA DO IMPÉRIO ROMANO

(...)
Enquanto o Fogo da Mulher não for desejado pela consciência do homem, essa consciência será orfã de uma metade de si-mesma. Os profetas dos tempos antigos do nosso povo não tinham Mãe porque eles não a deixavam expressar-se através deles...Mas eis que a partir de agora, tem de ser diferente. Sou eu que apelo ao Fogo Feminino a encontrar o seu lugar e à Mulher a se revelar em toda a humanidade.

- Fala-nos dessa Força...pede Myriam...

- É a Força que sabe reconhecer a grandeza e a beleza de uma fraqueza. É aquela que pode reconhecer a força redentora de uma lágrima. É aquela que se que aceita as metamorfoses admitindo a mudança como energia de Vida. Ela é o princípio volátil através do qual tudo se eleva por si só.

“Digo-vos, é pela Mulher que tudo virá logo que a minha Palavra possa claramente ser entendida e é também por ELA que a minha Palavra secreta viajará através dos tempos. Existe n’ Ela um princípio destabilizador que a torna a eterna iniciadora...”
(...)
“A imaginação é uma faculdade feminina, irmã do Amor. Vocês podem vê-la como uma água saida das profundezas da alma e que impede o coração de secar. Ela é o contrapeso desse hábito que vos torna sujeitos de Roma...essa força vazia e orgulhosa que é o excesso do Fogo masculino que se estende pela Terra há tanto tempo! Essa energia de uniformização e de rotina a que eu chamo também ordem humana que sufoca a consciência. É a disciplina dos sonâmbulos, o ritual daqueles que não saiem dos carreiros feitos pelo pai do seu pai. É a força repetitiva que organiza e empareda as vidas, do princípio ao fim, sem lhes dar a possibilidade de um novo passo...”


in visions esséniennes - d.meurois-givaudan

terça-feira, abril 26, 2005

7 de outubro de 1930
A idéia de criar a união das mulheres em todo mundo é mais do que oportuna.

Nos dias difíceis dos levantes mundiais, da desunião humana, da negligência de todos os princípios superiores do Ser, que são os únicos doadores verdadeiros de vida, e que levam à evolução do mundo, deve ser ouvida uma voz chamando para a ressurreição do espírito e para a introdução do fogo da conquista em todas as ações da vida. E, com certeza, esta voz deve ser a voz da mulher, que durante milênios bebeu o cálice do sofrimento e da humilhação, e forjou seu espírito na maior paciência.

Agora, que a mulher — A Mãe do Mundo — diga: «Haja Luz», e que ela afirme suas conquistas ardentes. Como será esta Luz, quais das suas conquistas serão as grandes e ardentes? A bandeira do espírito será hasteada e nela será inscrito «Amor, Conhecimento e Beleza». Sim, só o coração da mulher, a mãe, pode unir sob esta Bandeira as crianças de todo o mundo, sem distinção de sexo, raça, nacionalidade e religião.

A mulher — mãe e esposa — testemunha do desenvolvimento do gênio do homem, pode avaliar o grande significado da cultura do pensamento e conhecimento.
A mulher — inspiradora da beleza - conhece toda a força, todo o poder sintetizador da beleza.
A mulher — portadora do poder sagrado e do conhecimento do espírito — pode verdadeiramente tomar-se «A Líder».


Portanto, ergamos sem demora a grande Bandeira da Nova Era — a Era da Mãe do Mundo. Que cada mulher amplie os limites de seu lar para abranger os lares de todo o mundo. Estes inúmeros fogos fortalecerão e enfeitarão seu próprio lar.
Sabendo que a limitação leva à destruição e que a expansão gera a criação, aspiremos com todas as nossas forças à expansão de nossa consciência, ao refinamento do pensamento e do sentimento, de modo que possamos acender nossa própria lareira com o fogo criativo resultante.

Coloquemos na base da União da Mulher a aspiração ao conhecimento verdadeiro, aquela que não conhece demarcações nem limitações humanas. Porém, podem nos perguntar como se pode alcançar o verdadeiro conhecimento. Responderemos: «Este conhecimento existe no seu espírito, no seu coração. Seja capaz de acordá-lo».
(...)
A humanidade deve conscientizar a majestosa Lei Cósmica da equivalência e da grandeza dos dois Princípios como a base da Existência. A predominância de um Princípio sobre o outro criou desequilíbrio e destruição, que podem ser agora notados em toda a vida. Porém, que a mulher que compreendeu esta lei e que aspira ao equilíbrio dos Princípios, ião perca a beleza da imagem feminina; que ela não perca a ternura do coração, a sutileza dos sentimentos, o auto-sacrifício e a coragem da paciência.


A mulher, portadora do conhecimento sagrado, pode tornar-se uma força que convoca, acendendo com palavras ardentes as almas que estão prontas. É necessário dar a cada mulher de acordo com sua consciência e sem impedir seu crescimento natural e individual. É necessário, com toques cuidadosos, alargar o horizonte sobre a base do Ensinamento da Vida. Que cada alma se desenvolva de maneira natural, trazendo à luz o melhor que e a puder, de acordo com o nível de sua consciência. A beleza está na variedade, mas tudo deve ter uma base geral — a base de aspirar ao Bem Geral. A mais ampla cooperação está inscrita na Bandeira da Mãe do Mundo. Portanto, mostremos a maior tolerância.

Irmãos da Montanha Dourada, um tempo bonito, mas perigoso, está à nossa frente — um tempo de grandes conquistas. Eu lhes envio o chamado do meu coração. Armemo-nos com aspiração flamejante e coragem, e levaremos a Bandeira da Mãe do Mundo acima de todos os obstáculos — a Bandeira do Amor, do Auto-Sacrifício e da Beleza — de modo, na hora da vitória, nós a fincarmos nos Picos do Mundo.
(...)Cartas de Helena Roerich

segunda-feira, abril 25, 2005

NO NOSSO MUNDO AINDA HOJE,
CATÓLICO E NÃO CATÓLICO...


"Apesar dos discursos que se pretendem feministas, apesar de importantes concessões feitas ao apostolado das mulheres, a regra é sempre masculina: só um homem pode representar Jesus, e, portanto, Deus pai, pois admitir as mulheres à função sacerdotal seria voltar aos cultos julgados escandalosos anteriores ao cristianismo."
Jean Markale

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A Igreja vê, em Maria, a máxima expressão do « génio feminino » e encontra n'Ela uma fonte incessante de inspiração. Maria definiu-Se « serva do Senhor » (cf. Lc 1, 38). É por obediência à Palavra de Deus que Ela acolheu a sua vocação privilegiada, mas nada fácil, de esposa e mãe da família de Nazaré. Pondo-Se ao serviço de Deus, Ela colocou-Se também ao serviço dos homens: um serviço de amor. Este mesmo serviço permitiu-Lhe realizar na sua vida a experiência de um misterioso, mas autêntico « reinar ». Não é por acaso que é invocada como « Rainha do céu e da terra ». Assim a invoca toda a comunidade dos crentes; invocam-na como « Rainha » muitas nações e povos. O seu « reinar » é servir! O seu servir é « reinar »!

Excerto de "carta às mulheres" de Paulo II

domingo, abril 24, 2005

OUÇAM AS VOZES DAS MULHERES,
A VOZ INTERIOR QUE NOS FALA DESDE TODOS OS TEMPOS
E NÃO A VOZ DOS PATRIARCAS DO DESERTO
QUE NOS OPRIMEM E CALAM HÁ SÉCULOS.


Não deixe de ler atentamente a carta desta visionária e espantosa mulher, escrita há mais de 70 anos da India...

"Da Índia, distante país da beleza, das conquistas espirituais e do grande pensamento, envio a vocês que estão reunidos em nome do grande trabalho e construção do futuro - saudações do coração! Eu os chamo ao auto-aperfeiçoamento e à conquista ilimitada.

O livro de novas descobertas e a luz da ousadia abrem-se diante da humanidade, e vocês já ouviram falar da aproximação da Nova Era. Cada época tem seu Chamado, e a força motriz do Novo Mundo será a força do pensamento. É por isso que pedimos a vocês que compreendam o grande significado do pensamento criativo, e o primeiro passo nesta direção será a abertura da consciência, a liberação de todos os preconceitos e de todas as tendências e conceitos forçados.

Olhemos toda a imensidão do céu estrelado. Em nossos pensamentos sobrevoamos todos os inúmeros mundos e profundezas ocultas do espaço infinito. O pensamento é infinito em sua essência, e somente nossa consciência tenta limitá-lo. Portanto, sem demora, iniciemos o próximo passo - a expansão da consciência.

A mais antiga sabedoria da Índia diz: «O pensamento é a fonte primária da criação do mundo». O Grande Buda mostrou o significado do pensamento que constrói nossa essência. Ele ensinou seus discípulos a expandirem suas consciências. Lao Tsé, Confúcio, Cristo, todos os Mestres do espírito e grandes pensadores ensinaram somente isto."

CONTINUA...
HELENA ROERICH

CARTA ÀS MULHERES


CARTA ÀS MULHERES
1 de março de 1929

A grande época que se aproxima está intimamente ligada à regeneração da mulher. Como nos melhores dias da humanidade, o tempo futuro novamente oferecerá à mulher seu lugar certo ao lado de seu eterno companheiro viajante e cooperador, o homem. Vocês devem lembrar que a grandeza do Cosmos é construída pelos dois princípios. A base da existência jaz na igualdade dos dois princípios. Será possível, pois, menosprezar um deles?!

Todas as infelicidades atuais e futuras, e os cataclismas cósmicos, em grande parte resultam da sujeição e do aviltamento da mulher. O terrível declínio da moralidade, as doenças e a degeneração de algumas nações são também os resultados da escravizante dependência da mulher. A mulher é privada do maior privilégio humano - a participação completa no pensamento criativo e no trabalho construtivo. Ela é privada não só de direitos iguais, mas, em muitos países, de educação igual à do homem. Não se permite a ela expressar suas habilidades, não se permite a ela participar na construção da vida social e governamental, da qual, pela Lei e Direito Cósmicos ela é membro pleno. Porém, uma mulher escrava só pode legar escravos ao mundo. O provérbio «grande mãe, grande filho» tem base cósmica, científica. Como os filhos, em sua maioria tomam emprestado de suas mães, e as filhas, ao contrário, de pais, grande é a justiça cósmica! O homem, humilhando a mulher, humilha-se a si mesmo! Nisto encontra-se a explicação da pobreza atual do gênio masculino.
Poderiam os terrores e crimes de hoje serem possíveis se ambos os Princípios se tivessem mantido equilibrados? Nas mãos da mulher está a salvação da humanidade e do nosso planeta. A mulher deve conscientizar-se do seu significado, a grande missão da Mãe do Mundo; ela deveria preparar-se para assumir a responsabilidade do destino da humanidade. A mãe, a que dá à luz, tem todo direito de dirigir o destino de seus filhos. A voz da mulher, da mãe, deveria ser ouvida entre os líderes da humanidade. A mãe sugere os primeiros pensamentos conscientes de seu filho. Ela dá direção e qualidade a todas as suas aspirações e capacidades. Mas a mãe privada da cultura do pensamento, desta coroa da existência humana, só pode contribuir para o desenvolvimento de expressões inferiores dos desejos humanos.


A mulher que aspira ao conhecimento e à beleza em plena consciência de sua responsabilidade, elevará muito seu nível de vida. Não haverá lugar para vícios repulsivos que levam à degeneração e à destruição de povos inteiros.

Porém, em sua aspiração à educação e ao conhecimento, a mulher deve lembrar que todos os sistemas educacionais são somente meios para o desenvolvimento de um conhecimento e cultura superiores. A verdadeira cultura do pensamento desenvolve-se pela cultura do espírito e do coração. Somente tal combinação provê aquela grande síntese sem a qual é impossível conscientizar a grandeza real, a diversidade e a complexidade da vida humana em seu infinito aperfeiçoamento cósmico. Portanto, enquanto aspira ao conhecimento, que a mulher se lembre da Fonte de Luz e dos Dirigentes do Espírito - aquelas Mentes grandiosas, que, na verdade, criaram a consciência da humanidade. Ao aproximar-se desta Fonte, na uníão com este dirigente Principio de Síntese, a humanidade encontrará o caminho para a verdadeira evolução.

E a mulher é quem deveria conhecer e proclamar este Princípio Dirigente porque, desde o começo, a ela foi entregue o fio de ligação dos dois mundos, o visível e o invisível. A mulher foi dado manifestar o poder da energia sagrada da vida. A era vindoura trará ao mundo o conhecimento desta grande energia onipresente, que manifesta suas melhores qualidades em todas as criações imortais do gênio humano.

A mulher ocidental já despertou para a conscientização de sua forças. Suas contribuições culturais já são evidentes. Todavia, a maioria das mulheres ocidentais - como todos os principiantes - começam imitando; entretanto, não é na imitação, mas sua individualidade e irrepetível expressão que se encontram a verdadeira beleza e a harmonia. Gostaríamos de ver o homem perder a beleza da masculinidade? Também um homem que possua o sentido da beleza, certamente não gostaria de ver uma mulher imitando seus hábitos e competindo com seus vícios. A imitação sempre começa com o mais fácil. Porém, esperamos que este primeiro passo seja logo ultrapassado e que a mulher, ao aprofundar seu conhecimento da Grande Mâe-Natureza, encontre a verdadeira grandeza da sua expressão criativa.
(...)
HELENE ROERICH

sábado, abril 23, 2005

O ABORTO, MAIS UMA VEZ

“Nunca disse que era simples. Digo apenas que estou do lado do “sim” à descriminilização.

Reconheço que a retórica usada pelo lobby pró-aborto é quase tão imbecil quanto a usada pelo lobby pró-vida. Quando ouço falar certas mulheres, que partilham a minha opção, apetece-me bater-lhes. Mas a fauna do outro lado da barricada, os intitulados pró-vida, irrita-me muito mais. O aborto é uma escolha difícil, dolorosa e complexa. É por isso que abomino a ideia de que o assunto possa ser usado para fins políticos-partidários. No entanto, devo declarar que estou contente com o facto de José Sócrates Ter tomado uma posição diferente da assumida por António Guterres.”

(...)
«Um feto é vida, apenas no mesmo sentido em que um animal ou um vegetal é vida; não é um ser humano. (...) A Igreja Católica pode dizer o que quiser, mas não pode impor a sua doutrina a uma sociedade laica.»

In Jornal Público de 22/4/05
Excerto de artigo de Maria Filomena Mónica

A REVOLUÇÃO DAS MULHERES:

AS MULHERES DE TODO O MUNDO DEVIAM INSURGIR-SE CONTRA UMA RELIGIÃO QUE AS NEGA, AS CONDENA E AS CULPA DE UM PECADO QUE NÃO COMETERAM...
É INADMISSÍVEL A MULHER, SOBRETUDO A CATÓLICA, ACEITAR SER ASSIM NEGADA NA SUA PRÓPRIA ESSÊNCIA E INTEGRIDADE E ACEITAR SER APENAS UMA “PECADORA” AOS OLHOS DE TODOS OS HOMENS E DO SANTO PAPA...


Seria um facto por demais absurdo serem os políticos e os padres a quererem resolver uma questão de fundo e de foro tão íntimo da vida das mulheres, não fosse a nossa realidade ainda de quase absoluto domínio de uns e outros sobre as mulheres que, ao longo de séculos, foram mantidas incultas e submissas, sujeitas a uma subalternidade aviltante e presas por medos e preconceitos religiosos totalmente desfasados da realidade dos nossos dias. Como sabemos todos, ( eu falo para as mulheres em princípio, mas em português “correcto” tenho de dizer “todos” e não “todas”) esta sociedade patriarcal e de domínio do “mais forte sobre o mais fraco” tem completa ascendência sobre a mulher, a nível cultural e religioso e quer por leis quer por instituições, mantêm-na prisioneira do sistema falocrático em que os homens sendo os chefes da família tem quase todos os direitos sobre as mulheres e crianças. É natural que esse quadro se projecte também para a política e para a igreja. Enquanto se compreende que os políticos, como pais e maridos, se possam pronunciar sobre a sua vida e sexualidade, é de todo descabido aos padres, bispos e cardeais falarem da vida sexual da mulher ou do homem e intervirem em nome de Deus ou da Moral, quando não têm qualquer vida sexual, para além de sabemos que os padres em geral não estão isentos das maiores aberrações e pesa sobre eles crimes sem fim contra a humanidade.

Falo da Inquisição e da tortura que durou séculos, mas também de todas as perseguições iniciais e intrigas papais e guerras, assim como das Cruzadas etc. Mas, o maior de todos os seus crimes é ainda a provocada alienação dos povos das suas culturas nativas e da natureza, nomeadamente a divisão da mulher em santa e prostituta, afastando-a de uma consciência do seu ser e da sua evolução, em nome de um Só Deus-macho, que morreu há muito e que eles mesmos, depois de crucificado o “filho do homem”, traíram os seus princípios de vida, amor e liberdade individual!
Traíram e continuam a trair ainda, sobretudo o amor e o respeito da Mulher Real.
Não o culto da Virgem-Mãe no Céu, mas a Mulher-Amante na Terra...
Eles, os patriarcas, elegeram uma mulher virgem e intocável a quem rezam e pedem protecção divina, enquanto a mulher real é excluída do sacerdócio, escravizada, explorada, violada e espancada pelos bons acólitos que pregam contra a sua integridade em todo o mundo católico.

“A distância entre a Igreja e o mundo moderno aumenta e nada, excepto a fé, permite excluir ou um fim ignorado e triste ou, mais provavelmente, uma nova insurreição contra a autoridade de Roma.”


VASCO PULIDO VALENTE

quarta-feira, abril 20, 2005

“LA FEMME AVENIR DE L’HOMME”
Aragon

A DICOTOMIA DA MULHER

“Há muito tempo que o homem e a mulher não falam a mesma linguagem. A imagem de um não se sobrepõe ao outro. Anjo ou demónio, Virgem ou Bruxa, Mãe ou Puta, o homem vê a mulher como uma ameaça e como uma necessidade imperiosa numa ambiguidade Ódio-Amor. A mulher vê o homem como um opressor do qual é vítima porque ela esforça-se para o satisfazer, andando à volta dele e das suas necessidades, aliena-se de si mesma tornando-se indispensável pensando que só assim será amada. A negação ou a usurpação dos papéis fez despender uma enorme energia, sofrimentos e erros que continuam a alimentar os jogos. Dois seres cada um deles cego para a sua verdade interior, procurando ao longo de uma vida perceber um pouco deste mistério, caminhando na direcção um do outro pedindo-se mutuamente um pouco de luz...”*

Eu diria antes, que homem e mulher, dois seres cegos um para o outro e em si mesmo, cada um deles incompleto, virando-se para o outro, culpando-o do falhanço mútuo mas sem sombra de dúvida a mulher quase sempre vítima e bode expiatório de todos os males do homem... A mulher contudo não pode escolher senão servir o homem pois de outro modo seria banida ou perseguida...Tem sido assim ao longo de milénios de cristianização do mundo...e levado ao extremo pela Inquisição e o Santo Ofício.

No entanto, ao fim de séculos de negação e perseguição da mulher “A divindade feminina foi introduzida sob a forma de Virgem Maria no reino do Deus-Pai, mas é importante notar o quanto esta figura é dupla: de um lado, ela é castrada da sua sexualidade, sendo um modelo inatingível para a mulher real, pois como é que ela pode ser mãe sem conhecer o homem, não tendo existência senão para o servir e na abnegação absoluta de si mesma. Mas, por outro lado, ela é iluminada de bondade e amor, solar e aparece como figura universal de compaixão.”*

EVA E LILITH

Assim “A mulher vai esforçar-se por se assemelhar a esse modelo de mulher submissa que lhe é proposto (pela Igreja). Mas para isso ela vai perder em parte aquilo que a tornava desejável. A primeira mulher de Adão, segundo o Zohar, não foi Eva, mas Lilith, uma mulher indomável que em vez de se submeter à vontade de Adão, decidiu (deixá-lo) partir sempre. Lilith representa o arquétipo da mulher livre (e com vontade própria) . Todas as mulheres têm uma Eva e uma Lilith dentro de si . Mas as esposas e as mães, à partida, asfixiarão a sua Lilith. O homem patriarcal diz que espera (quer!) da mulher uma Eva, mas para ter consciência integral e poder evoluir a mulher tem necessidade dessa consciência livre que representa Lilith e se a recusar não pode deixar de sonhar com ela. É isto o que explica o famoso trio, marido, esposa e amante.”*
(...)

A MULHER E A “OUTRA”

Nestas circunstâncias temos então o homem na “posse” de duas mulheres que se completam em separado, uma em casa a cuidar dos filhos e outra no Bordel, tal como a Igreja e o patriarcado o quis e para isso as dividiu. Neste caso a mulher é fragmentada na sua natureza ontológica e obrigada a viver apenas uma metade de si mesma, uma para cada lado, “ao abrigo” - forçada - das leis e das convenções sociais de acordo com o sistema de valores do patriarcado. Esta divisão da mulher em duas (ou mais), constitui uma cisão do seu ser integral e leva a conflitos de toda a ordem, seja a nível psicológico - extensivo à família e aos filhos- quer ao nível social mais vasto e que reflecte a sociedade neurótica dos nossos dias de violência e guerra, com “filhos do pai” por um lado, frustrados e castrados por mães oprimidas e divididas e os “filhos da puta”, marginalizados e revoltados contra o sistema que são os criminosos e quiçá os terroristas do nosso tempo...os fundamentalistas de todas as religiões, cada vez mais. Portanto, temos o mundo dividido entre os “filhos do pai” (e mãe anulada) e os “filhos da puta” que eles criaram ao dividir a mulher..
Só os filhos da Mulher-Deusa voltarão a ser Homens e dignos do Nome!


* Excertos de artigo de Paule Salomon “Femme Solaire”
Este Anti-Cristo nascerá durante a guerra que há de destruir Paris,invadir a Itália e a Santa Sé (Centúria,III,42;II,7;V,84).
Nostradamus

Não é um bom augúrio um Papa que considera que «Se os divorciados se casam civilmente, ficam numa situação objectivamente contrária à lei de Deus. Por isso, não podem aproximar-se da comunhão eucarística» assim como «O fiel que convive habitualmente more uxorio com uma pessoa que não é a legítima esposa ou o legítimo marido, não pode receber a comunhão eucarística».
(...)
Claro que algumas das conquistas do século passado vão estar sob ataque cerrado, nomeadamente o fim da discriminação de sexos, opção sexual ou de religião. De facto este Papa considera as mulheres como divinamente predestinadas à dominação do homem, condenando, entre inúmeras outras coisas, a emancipação da mulher, recuperando toda a letra da encíclica Casti Connubii do pio Pio XI.
(...)
Voltamos assim em pleno e sem rodeios diplomáticos a uma Igreja com um referencial centrado na mui glorificada Idade Média das Cruzadas e caça às bruxas e hereges! Para que o fim desta história não seja uma reedição da
História negra da Humanidade temos de unir esforços, todos, ateus, agnósticos e crentes com referencial no século XXI!

in Diário ateísta ( um artigo de Palmira F. da Silva, publicado às 01:28)

terça-feira, abril 19, 2005



”Porque que é que à sombra das mulheres, o infinito nos parece próximo? Porque, junto delas, não existe tempo...O amor é uma aparência para lá do tempo...”

Uma “aparência”... mais do que uma realidade.


E. Cioran
"Nossa tarefa, portanto, enquanto homens e mulheres, é não só libertar-nos das jaulas familiares e das disposições mentais colectivas como libertar os seres transcendentais da prisão e do transe."
Robert Bly
AS MULHERES TÊM RAZÃO PARA ESTAREM FURIOSAS

VALHAM-NOS AS FÚRIAS...

É mais do que nunca TRABALHO E missão da mulher libertar-se de todas as grades e dogmas que pesam sobre a sua liberdade e autonomia...deve urgentemente distanciar-me de toda a forma de patriarcalismo, político e religioso que sempre foi castrador da sua integridade e que a dividiu em duas mulheres - a que aceita como "esposa"submissa e a que condena como "prostituta" quando uma mulher não se sujeita às suas leis e códigos...
É urgente que a mulher acorde para uma Nova Consciência do Feminino e ajude outras mulheres a libertarem-se da canga religiosa e económica!
EVOCAR A MULHER SELVAGEM DENTRO DE NÓS...
APRENDER A UIVAR COM OS LOBOS, SOLTAR A NOSSA DOR...


"Durante anos a psicologia tradicional de todas as linhas considerou equivocadamente que a dor era um processo pelo qual se passava uma vez, de preferência no decurso de um ano, e que depois terminava. Havia algo de errado se o indivíduo não conseguisse ou não quisesse completar o processo dentro desse período. Agora porém sabemos que os seres humanos sabem instintivamente há séculos: que certos danos, mágoas e vergonhas nunca acabam de ser lamentados. Sendo a perda de um filho pela morte ou pelo abandono uma das dores mais duradouras, senão for a mais duradouras de todas.
(...)
A revelação e a dor nos salvam da zona morta. Elas nos permitem deixar para trás o culto fatal dos segredos. Podemos chorar e chorar muito, e sair cobertas de légrimas, mas não manchadas de vergonha. Podemos sair daí mais profundas, com o total reconhecimento de quem somos e plenas de uma nova vida.

A Mulher Selvagem nos abraçará enquanto estivermos chorando. Ela é o Self instintivo. Ela consegue suportar nossos gritos, nossos uivos, nosso desejo de morrer sem morrer.
Ela sabe aplicar os melhores remédios nos piores lugares. Ela ficará sussurrando e murmurando aos nossos ouvidos. Ela sentirá dor pela nossa dor. Ela a suportará. Não fugirá. Embora haja inúmeras cicatrizes, é bom lembrar que, em termos de resistência à tração e à capacidade de absorver a pressão, uma cicatriz é mais forte do que a pele. "


Mulheres correndo com os lobos – Clarissa Pinkola Estés

segunda-feira, abril 18, 2005

A NEGAÇÃO DA TERCEIRA IDADE NA MULHER
SÃO AS VOZES SILENCIADAS DAS MULHERES SÁBIAS...


Nas culturas celtas, a jovem donzela era vista como a flor; a mãe, o fruto, e a mulher mais velha, a semente. A semente é a parte que contém o conhecimento e o potencial de todas as outras partes de si. O papel da mulher pós-menopáusica é voltar a semear toda a comunidade com a sua semente concentrada de verdade e sabedoria. Em algumas culturas nativas, considerava-se que as mulheres na menopausa retinham o “sangue da sabedoria”, em vez de o expelir ciclicamente, e eram portanto consoderadas mais poderosas que as mulheres que menstruavam.

Nessas culturas, uma mulher não podia ser “xamã” até ter ultrapassado a menopausa. A “menopausa”, observa Slayton, “quando compreendida e apoiada, fornece às mulheres o nível seguinte de iniciação ao poder pessoal. Como parte do tabu menstrual que ainda perdura na nossa cultura, a voz da mulher menopáusica é temida e negada. Foi tornada invisível ou encorajada a permanecer jovem para sempre através da terapia de substituição hormonal, ou outra intervenção médica. Esta alienação cultural de um rito de passagem vital faz com que as mulheres mais velhas se sintam inúteis, isoladas e impotentes”
(...)
Quando uma mulher compreende que o verdadeiro significado da menopausa foi invertido e degradado, como muitos outros processos do corpo da mulher, consegue fazer o seu caminho durante o resto da vida, fortificada com objectivos e discernimento.


In “CORPO DE MULHER SABEDORIA DE MULHER”
de Christiane Northrup

domingo, abril 17, 2005

A URGÊNCIA DA CONSCIÊNCIA DO FEMININO

(...)"Buscamos movimentos de consciência. A energia feminina, portadora da magia e da intuição, concordou em abdicar dessas qualidades – energia feminina significando não apenas os seres fisicamente femininos, mas a consciência feminina.
O movimento patriarcal nos últimos cinco mil anos afastou-se completamente do processo do nascimento para poder dedicar-se ao desenvolvimento de armas e ao contínuo aniquilamento dos seres humanos.

As mulheres estão com um “nó na garganta” porque concordaram, há quatro ou cinco mil anos, manter silêncio acerca da magia e da intuição que representavam e conheciam como parte da chama gémea. A chama gémea consiste na energia masculina e feminina coexistindo num só corpo, quer seja ele fisicamente masculino ou feminino.
Durante este período de mudança, será necessário que as mulheres desatem o “nó da garganta” e se permitam falar. Chegou a hora.


BARBARA MARCINIAK, Mensageiros do Amanhecer
Ed. Ground, São Paulo, 1992



Quando aqui falo de uma Nova Consciência, falo de uma consciência inata ou de um estado de evolução individual que só é possível na integração dos dois pólos, feminino e masculino e pelo esforço e total sinceridade da pessoa humana consigo mesma, face às exigências de uma Nova Era e a um Novo Paradigma, o que implica uma verdadeira alquimia do ser.


Temos de para isso, de começar por Ter a Consciência do Feminino que falta no mundo, começando por respeitar a mulher como expressão desse princípio e formar sociedades equalitárias em que não haja um dos pilares superior ou inferior ao outro! Porque esse desnível existiu desde o princípio da história dos homens sem que em momento algum se solucionasse o problema de base é que a sociedade humana está num caos!
Falta o Feminino ao homem e à mulher para a mulher ser ela própria. Uma mulher que não aceite mais ser dividida em duas nem comprada ou vendida como mercadoria!

Dessa Nova Consciência vem o amor e a paz, que começa no respeito autêntico pelos outros e um mundo que nunca respeitou a mulher e a mãe como igual e sempre aceitou e promoveu a prostituição, e nenhum sistema ou religião lhe deu verdadeiramente - nomeadamente o Vaticano - o lugar que lhe pertence, nem lhe devolveu a integridade perdida desde que a Grande Deusa foi destronada e as mulheres feitas escravas ou domésticas, esse mundo e as sociedades só podem estar podres porque não pode haver democracia nem Paz sem o respeito absoluto pela Terra que nos dá de comer tanto como pela Mãe que nos dá à luz... e nos dá amor! Ou pela mulher que nos vê “ressuscitar” depois de morrermos...

A democracia está podre, como dizia José Saramago, como um “cadáver coberto por um pano negro” para ninguém ver, mas o seu cheiro pestilento atravessa os continentes...As armas e as guerras, a fome e a miséria, todos os desequilíbrios, sem que haja qualquer justiça nem verdade, pois não pode haver verdade nem justiça numa guerra, mas apenas a lei do mais forte a imperar, a ordem negra do caos a avassalar o mundo... e a sua matriz de controle.

Nesta sociedade o homem nunca deixará de ser apenas um animal enquanto tratar a mulher como uma besta de carga ou um instrumento de prazer. Seja em que parte do mundo for! O homem ao longo dos séculos aparentemente lutou pela igualdade do e liberdade do homem, mas esqueceu-se sempre da mulher, embora a fizesse representar em imagens essas qualidades!
Só haverá uma verdadeira Democracia neste mundo, quando a mulher estiver em absoluta paridade com o homem e os dois princípios que fazem a ordem do universo em equilíbrio total. Quando o homem e a mulher não forem apenas o macho e a fêmea e um dominar o outro como qualquer outro animal, mas seres integrados e universais vivendo essa união em si, entre si e entre o céu e a terra. Entre a “Deusa Mãe” e o “Deus Pai”...

É ABSOLETA A MISOGINIA DOS CARDEAIS E DOS GOVERNANTES...
Um Governo ou uma Igreja sem mulheres não pode ser legitimado...
PORQUE, O ESTADO E “A IGREJA NÃO PODE TRATAR METADE DA RAÇA HUMANA, COMO MEMBROS DE SEGUNDA CLASSE”.


r.l.P.

sexta-feira, abril 15, 2005

Que Mulher é essa que se confunde com o Graal?

Uma coisa é certa: mais uma vez, nos encontramos na presença de uma memória do culto da antiga deusa, destronada pelos deuses machos: é o sentido da violação cometida pelo rei Amangon contra uma das donzelas ou fadas do castelo do Graal. Amangon forçou o destino, curvou o poder feminino pela força cega e brutal do macho, derrubando a sua soberania sob a forma simbólica do seu golpe. Com efeito é o Pai que acaba de instaurar a sua autoridade exclusiva. Desde esse tempo, a sociedade anda à procura de um equilíbrio que não poderá instaurar senão quando o Jovem filho da Deusa Mãe, vier matar ou castrar, ou eliminar o Pai, a fim de devolver à Mãe a sua Soberania de antigamente.

Assim, idealmente e miticamente, e muito antes da cristianização do mito, a Procura do Graal é, ela, a Glorificação da Eleita, a mulher eterna, divina, de múltiplos aspectos, que reina nos subterrâneos do mundo, e que não espera senão pelo o seu filho mais jovem para reaparecer ao ar livre e retomar o seu título de Grande Rainha equilibrando de novo a sociedade dos seus filhos desunidos e que se reconciliar no amor da Mãe.”
(...)

In “A Mulher Celta”

quinta-feira, abril 14, 2005

“A hostilidade contra as mulheres fundava-se na posição dos patriarcas da Igreja, que se baseava , em parte, na história de Adão e Eva no Paraíso.” (Génesis1,2)
Lena Gal


CARTA ABERTA AOS CARDEAIS

“A IGREJA NÃO PODE TRATAR METADE DA RAÇA HUMANA, COMO MEMBROS DE SEGUNDA CLASSE”.
Numa palavra irmãos, escolham um “Papa favorável às mulheres”. Porque “em Cristo, não há macho nem fêmea”.
(Gálatas, 3.28)

HANS KUNG - Teólogo suíço
In Visão 14/04/05
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ESTÁ NA CARA QUE ELES NÃO VÃO DAR OUVIDOS...

Rat(o)zinger, prefeito da Congregação de Doutrina da Fé - Antigo Santo Ofício, o preferido do “Santo Padre”, “proibiu os 115 cardeais eleitores de dar entrevistas, o que tem sido interpretado como manobra para favorecer wojtyliana no futuro Vaticano.”(...)

O que quer dizer, se ele for eleito como o novo Papa, que metade da raça humana continuará a ser tratada como membros de segunda, ou pior do que isso...E que a nós mulheres não haverá teólogos, nem boas intenções que nos valham, pois de boas intenções está o inferno cheio e são eles que o criam...

“A campanha impiedosa da Inquisição contra a heresia albigense e as famílias proeminentes da Provença, muitas das quais tinham membros Templários, esmagou rapidamente o botão do feminino e os seus corolários ramos da arte e da ciência. Louis Charpentier, no seu livro OS MISTÉRIOS DA CATEDRAL DE CHARTRES, diz que o Espírito que inspirou as autênticas Catedrais Góticas morreu inexplicavelmente depois de 1250, se bem que tenham continuado a ser construídas cópias “virtuosas” e flamejantes.
(...)
As tentativas posteriores de restaurar o feminino foram severamente reprimidas e os místicos, os artistas e os cientistas da igreja herege foram forçados a prosseguir os seus interesses em segredo. As disciplinas da medicina, da alquimia, da astrologia, do misticismo e da psicologia que tinham florescido foram forçadas a entrar para clandestinidade e passaram a ser denominadas “ocultas”. (...)

Será que mais uma vez, volto a perguntar, na história da humanidade se dará esse desvio e recuo cultural no sentido da não integração do Pólo Feminino que restabelece o equilíbrio da vida do ser humano, agora que a Mulher recomeça a tomar Consciência do seu Ser e a querer sair do Gueto social e psicológico a que a Igreja e a sociedade patriarcal em geral a condenou ?

Será que o Vaticano e os seus acólitos com os seus dogmas e misogenia, com o seu ódio e repulsa ancestral pelo corpo da mulher, na rejeição do Feminino Sagrado, impedirão de novo esse equilíbrio social e humano e a recuperação da dignidade da Mulher?


r.l.p.

terça-feira, abril 12, 2005

PORTUGAL “O MEDO DE EXISTIR”
Título alusivo ao livro de José Gil, - on dit filósofo - “Portugal Hoje, O medo de Existir” de que é extraída a citação pela autora deste excerto que se segue:

“Foi o salazarismo que nos ensinou a irresponsabilidade - reduzindo-nos a crianças grandes, adultos infantilizados”. Aqui salazarismo funciona como o pai todo-poderoso, impedindo a criança de crescer, o que, apesar de não ser falso, nos encerra no círculo fechado de um conflito de ordem filial. Porque afinal morto e enterrado o regime salazarista, por que razão não nos libertamos dele?” (Esther Muczik)

O que nos infantilizou não foi só salazarismo, mas o catolicismo, a religião católica que dominou sempre este país atrasado e servil e que gera o medo de existir associado ao medo do inferno do pecado e da mulher. Mulher em casa a levar pancada ou invisível na política subalterna em todas as profissões, de joelhos na Igreja!

Séculos de doutrina católica castradora do amor e do sexo, a atrofiar, geração atrás de geração, os homens e as mulheres submetidas ao rebaixamento e aviltamento, que filhos poderia gerar? Ainda hoje depois de 30 anos de democracia e num estado laico estão presentes nas cerimónias do Governo figuras eclesiásticas...e as opiniões dos cardeais são notícias nos telejornais? Agora a saga da morte do Papa.
Porquê?
Por medo do pai-todo-poderoso sim e do medo do pecado-mulher que nos domina há séculos e de facto nos impede de crescer e ser livres.
Afinal nós continuamos um pouco como se a Inquisição, e a Pide noutra versão, mas sempre o medo e não só Salazar, mas através dele houve uma vaga reminiscência, como se essa memória inquisitorial ainda nos tolhesse.

“Bons católicos”, ordeiros, (carneiros) ainda que inconscientemente tememos enfrentar o tabu e temos medo dos cardeais...Contudo foi toda essa autoridade, o peso das instituições, a ignorãncia do povo, hoje em dia, o peso dos midia, a alienar cada vez mais as pessoas, que deliberadamente fazem por apagar a individualidade já de si anulada nas confisssões e no credo. Tudo isso nos tolhe porque as capelinhas são outras e muitas...são as do "prestígio" ou do tacho, dos lugares de estado, das benesses e do sucesso ou do olhar do vizinho que não se queixa já à Pide nem ao Santo Ofício, mas denuncia-nos no enredo social e difama-nos a baixo preço. Esta é a herança e o clima da nação que enfrentamos ainda!

É esse “círculo fechado de um conflito filial” secular que nos oprime. Somos filhos sem mãe, enjeitados de nascença! E enquanto formos apenas filhos do “pai todo poderoso”, (ou apenas "filhos da p..."!) e obedecermos ao patriarcalismo, não reconhecermos a Mãe nem a Matriz, não aceitaremos a Mulher nem o Feminino renegado pela religião, pela história e pela filosofia, nunca passaremos de crianças abandonadas e reprimidas, cheios de medo... sem maternidade sem compaixão, o filho tem medo do pai que logo o ensina a matar...

Sem Mãe todo o indivíduo é inseguro e complexado, leia-se enjeitado. Nós negámos as nossas águas matriciais e um culto secular da Grande Deusa...

R.L.P.
..."no começo era a Grande Deusa e a Grande Deusa era a Terra e a Terra era a Grande Deusa. As origens do culto à Grande Deusa perdem-se nos tempos pré-históricos. Sua presença durou milhares de anos. A Deusa é a figura mítica dominante no mundo agrário da antiga Mesopotâmia, do Egito e dos primitivos sistemas de plantio. Seu poder estava associado primordialmente à agricultura e às sociedades agrárias. Estava relacionada à terra, pois a mulher dá a luz assim como da terra se originam as plantas, a mãe alimenta, como o fazem as plantas. Assim a magia da terra e a magia da mãe são a mesma coisa, pois estão relacionados. Assim a personificação da energia que dá origem às formas e as alimenta é essencialmente feminina. Com o passar dos tempos, a Deusa-mãe foi sobrepujada e superada pelo mais patriarcal dos arquétipos - Javé (Yaweeh), Deus-Pai ou Alá.
(...)
O mito de Lilith é uma excelente metáfora para a situação de submissão que as mulheres passam a ter na sociedade patriarcal, e da forma como a sexualidade feminina passa a ser vista como perigosa e transgressora, tratada como tentadora, síntese do mal e raiz do pecado. Eva a segunda mulher criada (não da mesma forma que Adão como Lilith) foi feita para servir, condenada eternamente à inferioridade. O filosófo cristão Santo Agostinho afirmava que a mulher não era a imagem de Deus, apenas o homem o era. A mulher seria no máximo, a imagem de uma costela. O cristianismo católico herdou a visão hebraica ortodoxa e associou definitivamente a imagem da mulher ao pecado. Com a negação do corpo em detrimento do espírito qualificou o sexo como algo terrível e pecaminoso, que afasta o homem de Deus. A Igreja Católica e seus prelados eram terrivelmente misógenos, chegando até mesmo a afirmar que as mulheres não tinham alma, que eram apenas carne, e estavam por isso longe da graça de Deus. Essa visão negativa da mulher se fez sentir na intolerância Católica através da Inquisição, que levou à tortura e à morte milhares de mulheres sob a alegação de bruxaria e outras heresias.

Entretanto é importante destacar que mesmo que o Catolicismo e mesmo o Protestantismo, assumissem uma posição misógena isto não foi ensinado e nem praticado por Jesus. Ele na realidade valorizou bem a mulher. Também nos primeiros séculos do Cristianismo a participação feminina era bem intensa. Entre os principais livros do Gnosticismo dos primeiros séculos, conforme consta nos achados arqueológicos da Biblioteca de Nag Hammadi, consta o Evangelho de Maria Madalena mostrando que os evangelistas não foram apenas pessoas do sexo masculino. Vale ressaltar que esses entre muitos outros evangelhos foram considerados apócrifos durante o I Concílio de Niceia em 325 d.C., a escolha deu-se por um estranho e ridículo sorteio em que os livros foram colocados em uma mesa (eram muitos), os que caíssem da tal mesa seriam considerados ilegítimos.

Na realidade Jesus apareceu primeiro às mulheres, e segundo o que está escrito nos documentos sobre o Cristianismo dos primeiros séculos, via de regra, por cerca de 11 anos depois da crucificação Jesus continuou a ensinar e geralmente fazia isto através da inspiração, e isto acontecia bem mais freqüentemente através das mulheres. Sabe-se que o papel de subalternidade do lado feminino dentro do Cristianismo foi oficializado à partir do I Concilio de Nicéia no ano 325. Aquele concílio, entre outras intenções visou o banimento da mulher dos atos litúrgicos da igreja. Ela só podia participar numa condição de subserviência. O catolicismo nasceu da ala ortodoxa do Cristianismo primitivo que continha em seu bojo a influência grega e judaica no que diz respeito à marginalização da mulher no exercício das atividades sacerdotais."


Beatrix Algrave

segunda-feira, abril 11, 2005

COMPREENDA QUEM PODER

“Não somente Myriam de Magdala é uma mulher, mas uma mulher que terá tido acesso ao “conhecimento”. E é neste sentido, sem dúvida, que na época de Jesus, ela era por isso considerada “pecadora”; ela não se conformava com as leis de uma sociedade onde o conhecimento era uma coisa de homens e em que as mulheres não tinham o direito de estudar os segredos da Tora nem questionarem os números claros ou obscuros das suas letras quadradas.
Os discursos que ela tem com os outros discípulos s´os podem irritar. Por quem é que ela se toma? Não só não lhe chega ser amada pelo Senhor como ainda apropriar-se do seu conhecimento e armar aos “iniciados”
(...)”J.Y.L.
MONTSERRAT - O SAGRADO FEMININO


Na base deste preconceito secular ainda hoje na Igreja as mulheres não têm acesso aos sacramentos e no mundo católico em geral, mesmo depois das ideologias marxistas ou em democracia, o mesmo preconceito atinge as mulheres no acesso às chefias...como é absolutamente óbvio nos partidos políticos ou nos governos, sejam de esquerda sejam de direita, ainda é absolutamente notória – vimos a TVPIA totalmente ao serviço dos católicos - a sujeição do poder “temporal” à Igreja...madrasta! Como bem se viu:


O circo das exéquias
(...)
Esta semana o turismo fúnebre virou-se para Roma. De todo o mundo afluem multidões impelidas pela pressão mediática, num tropismo lúgubre de sabor necrófilo. Políticos e clérigos exibem-se em promíscua cumplicidade, por entre multidões de devotos, num espectáculo de mútua indignidade e recíproca subserviência.
(...)
O Vaticano não tem maternidade, todo ele é um cemitério. A vida pouco conta naquele bairro, é um mero pretexto da retórica contra o aborto. A morte, essa sim, é a matéria prima de que se alimenta a fé, a angústia e o medo.

Os festejos fúnebres duram uma semana. Os abutres que velam o cadáver exultam com a morte e exaltam o sofrimento. A comunicação social amplia a vertigem mortuária e promove a orgia fúnebre a que não falta a adequada coreografia para comover os fiéis e dilatar a fé.

O espectáculo é obsceno. Recria-se o esplendor da contra-reforma servido por modernos meios de comunicação. Onde está o respeito por um cadáver que se exibe e explora? Mas que pode esperar-se do Estado totalitário que nunca assinou a Declaração dos Direitos Humanos do Conselho da Europa?


# um artigo de Carlos Esperança, publicado às 17:28 # 20 comentários # debater #
O EVANGELHO SEGUNDO MARIA MADALENA

Pedro diz a Maria:
“Irmã, nós sabemos que o Senhor te amou de maneira diferente das outras mulheres. Diz-me as palavras que Ele te disse e que tu te lembras e das quais nós não temos conhecimento...”

Maria; diz-lhe:

“Aquilo que não vos foi dado entender, eu vou anunciá-lo:

Eu tive a Visão do Senhor, e então perguntei-lhe:
“Senhor, eu estou a ver-te como uma aparição”

E Ele respondeu:

“Abençoada, tu que não te peturbas diante da visão do meu ser.
Porque onde está o noûs,
lá está o tesouro”.

Então eu perguntei-lhe:

“Senhor, neste Instante, aquilo que em mim contempla a tua aparição é a psique (alma) que TE vê? Ou é através do Pneuma (Espírito, Sopro)?

O Senhor então disse-me:

"Nem é pela psique nem pelo Pneuma; mas o noûs que fica entre os dois.
É aquilo que que vê e aquilo que
* (...)

NOTA: a continuação da resposta não é possível, porque deste manuscrito foram rasgada duas folhas essenciais a esclarecer o mistério da Ressurreição de Cristo, vista e anunciada pela Mulher Amada, a escolhida de Jesus e renegada por Pedro, o misógino mais invejoso da história da humanidade...

* L'EVANGILE DE MARIE - de Jean-Yves Leloup

domingo, abril 10, 2005

"Ela é tão antiga, que deve vir do futuro. Ela tem tantos milhões de anos, que, provavelmente, ela já vem do futuro, para nós - este Éter, é aquilo de que as nossas células têm mais sede. Esta Iluminação do espaço, com Deus, é aquilo de que as nossas células mais sede têm. E a nossa consciência mais busca compreender.A.L.

ORAÇÃO PELA PAZ...

Afrodite,
Grande Deusa, Santa Pomba da Paz, ouve as Tuas filhas que Te chamam de novo após séculos; pois elas são as mães que dão vida à humanidade. Conhecem o esforço de dar à luz e de criar. Sabem que a guerra representa um desperdício do seu esforço precioso, e a desacralização da Tua Terra.
Piedosamente, Mãe, dá às Tuas filhas o poder de se oporem às forças da guerra,
de impedirem a destruição agressiva, de estabelecerem as Tuas leis de paz e relacionamento.
Ajuda as mulheres a educarem as suas crianças com ensinamentos de paz.
Ajuda os homens a resistirem aos mitos da glória no conflito.
Ajuda-nos a todos a respeitar a vida mais do que a conquista.
Permite que o retorno da imagem da Mãe Divina anuncie uma nova era, na medida em que as mulheres de todas as nações se relacionem umas com as outras com compreensão, sob o teu símbolo. Permite que aqueles que não compreendem os mistérios da maternidade sejam guiados pelos que os sabem.
Afrodite Columba, Pomba Sagrada, deixa que as necessidades espirituais daqueles que anseiam por Ti sejam enfim satisfeitas.
Possa a nossa oração erguer-se a Ti tal como a pomba branca ascende pelas suas asas.
Sejamos abençoadas.

BARBARA G. WALKER



"A Grande Deusa, cuja adoração fora outrora o núcleo ideológico de uma sociedade mais pacífica e equalitária, não se dissipou completamente. Embora ela não seja mais o poder supremo que rege o mundo, é ainda uma força de respeito - uma força que mesmo na Idade Média europeia era reverenciada como Mãe de Deus. Apesar de séculos de proibições proféticas e sacerdotais, a sua adoração não fora completamente erradicada. Como Horus e Osiris, como Hélio e Dionísio, e, muito antes destes, como o jovem deus de Çatal Huyuk, e como a jovem deusa Perséfone, ou Kore, nos antigos Mistérios de Elêusicos, também Jesus é ainda filho de Mãe dvina. De facto ele é ainda o filho da Deusa e, como as anteriores crianças divinas, simboliza a regeneração da natureza através da sua ressurreição em cada primavera, na Páscoa."

in O CÁLICE E A ESPADA de Riana Eisler

sexta-feira, abril 08, 2005

Amar-me é ter pena de mim. Um dia, lá para o fim do futuro, alguém escreverá sobre mim um poema, e talvez só então eu comece a reinar no meu Reino.

Deus é o existirmos e isto não ser tudo.



Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego
AS MUDANÇAS DE ERA:
Antes do culto Cristão, Pai-Filho, havia o culto Eleusiano da Mãe-Filha. Este durou cerca de dois mil anos ou mais, tal como o cristianismo até aos nossos dias.

Nessa altura Morgana sente o poder da Deusa invadindo-lhe o corpo e a alma, inundando-a. Ela segura a taça a taça e fala como a Deusa:” Sou todas as coisas - Virgem e Mãe e Aquela que dá a vida e a morte. Ignorai-me e poreis a vida em risco, vós que invocais outros Nomes...sabei que eu sou a Única.” E então, a taça, a âmbula e a lança, as Sagradas insígnias da Deusa, desapareceram por magia, levadas para Avalon de forma a não serem jamais procuradas por sacerdotes e homens que A negam, e os cavaleiros espalham-se pelos quatro ventos em busca do Graal.

In AS BRUMAS DE AVALON

OS MISTÉRIOS DAS MULHERES
“Antes de falarmos na questão dos mistérios das mulheres, devemos ressuscitar o significado originário da palavra mistério.. Na maior parte das livrarias, sob a etiqueta “Mistérios”, encontramos livros acerca da resolução de crimes. Porém num contexto espiritual, um mistério é uma verdade religiosa que apenas se pode saber por revelação. Vem da palavra grega mystes, que durante dois milénios, antes do cristianismo pelo menos, estava associada a Elêusis, o recinto sagrado da Deusa-Mãe Deméter e a sua filha Perséfone. O iniciado, ou mystes, passava por uma profunda experiência transformadora que ele, ou ela (porque ambos os sexos participavam), tinha de se manter em segredo. E o segredo foi mantido até um ponto avançado de era cristã (os ritos praticaram-se até 396 D.C.)

Todos sabemos que as pessoas não podem depender dos segredos guardados, no entanto esse nunca foi contado, o que indicia a probalidade de ser um dos que não podiam ser revelados por palavras. O mistério deve ter sido a experiência em si, uma revelação inefável que transforma o participante num iniciado que nunca mais temeria a morte, como nos disseram.
O que sabemos do mito de Deméter e Perséfone celebra a reunião da deusa-mãe com a filha, que fora raptada por Hades para o mundo inferior. Pode partir-se do princípio que, como o Cristianismo é uma religião do mistério pai-filho, os Mistérios Euleusianos mãe-filha tratavam da morte e regresso - como ressurreição, renascimento ou reunião - e de certo modo, o iniciado podia, então, compartilhar o destino da deidade que ultrapassara o reino dos mortos.


Os dois assemelhavam-se também no culto a uma Divindade com três aspectos: a divindade abrange, Pai, Filho e Espírito Santo, enquanto a Deusa era homenageada, nos seus três aspectos, como Donzela, Mãe e Anciã. Em Eleusis, pode muito bem acontecer que a Anciã fosse algo de semelhante ao Espírito Santo, por ser um espírito.”


Travessia para Avalon - Jean Shinoda Bolen

quarta-feira, abril 06, 2005

NA ÚLTIMA “VISÃO”:
VESTIDAS PARA MATAR: 4 mil mulheres no exército português...


Uma revista que se pretende séria e debate os problemas nacionais e apresenta as questões de maneira correcta, oferece-nos uma reportagem, MULHERES EM ARMAS, e a referência a uma pugilista, campeã, a melhor pugilista portuguesa, parecida com a heroina de um filme americano.
Sim, tal como na América...
Se a dita Revista não fosse tão séria apresentaria apenas as famosas actrizes e modelos quase nus sentados em cima de pêras e bananas, ou as vedetas do “Curral das celebridades” e as suas plásticas, onde elas são os “animais” mais apreciados dos fadistas portugueses, ou teria como nas revistas mais machistas e populares, artigos semi-pornográficos de jornalistas evoluídas que dão o corpo, perdão, a escrita ao manifesto, mas para o prazer e deleite dos caros colegas...




Eu pergunto o que pode levar uma mulher a ir para o Exército aprender a matar ou uma mulher ter prazer em esmurrar outra mulher, por desporto? AINDA SE FOSSE PARA SE DEFENDER...ainda se fossem As Amazonas...

Esteja onde estiver a mulher tem de “fazer duas vezes mais do que o homem para merecer a sua confiança”, diz “uma soldado”...
E é dessas mulheres que são “como os homens” e seus pares, na política e na guerra, tirando as bonecas insufladas de silicone, que eles mais gostam e elogiam a “carreira”...?
Mulheres dentro de tanques de guerra ou de arma em riste, ou mulheres a debaterem-se pelo poder, é isso que é meritório e digno de destaque por uma revista de qualidade?NÃO EXISTEM OU NÃO SABEM O QUE É VERDADEIRAMENTE UMA MULHER?
Quão longe essas mulheres estão da mulher integra e total, e da sua dimensão sagrada, sem qualquer consciência do verdadeiro feminino!

A HIPOCRISIA E INCONGRUÊNCIA DOS PATRIARCAS

Mas então a Guerra, as armas, não são Anti-Vida?
Não será a guerra e o crime, mais perniciosos e devastadores do que a interrupção forçada da gravidez em risco de vida da própria mulher ou em caso de circunstâncias várias que a forçam a fazê-lo em detrimento da sua saúde? Nenhuma mulher fará um “aborto” de ânimo leve ou contra si mesma!

Porque continuam os Padres e Bispos e Cardeais no seu “Santo Ofício” a pregar contra AS MULHERES já de si amaldiçoadas por eles e sucessivamente perseguidas ao longo dos séculos? Que medo tem o Vaticano das mulheres que marginaliza e reprime e castiga com o seu discurso misógino há tantos séculos?

Nunca em momento algum a Igreja de Roma fez alguma coisa pela Mulher Real e o mais que fez, DEPOIS DE TER DESTRUIDO O CULTO DA DEUSA MÃE, foi elevar a Virgem Maria a “puríssima e imaculada, que concebeu sem pecado” a quem rezam separando-a bem da outra Mulher que é Maria Madalena, a Mulher e a Amante, que renegaram, como “prostituta” e que sofre as dores do filho-homem tanto como da filha-mulher, prostituída pelos homens! Todos os filhos mortos na guerra e no ódio do fundamentalismo religioso e os seus dogmas que durante milénios mataram em nome de Deus? Ninguém se lembra já das Cruzadas e da Inquisição?!
A DIMENSÃO SAGRADA DA MULHER-DEUSA

Os Mistérios femininos são do corpo e da psique. Uma mulher pode sofrer as experiências físicas desencadeadas pelos mistérios do sangue, mas não percebe de todo a dimensão sagrada da alma que é ser mulher na íntegra.; ou pode experimentar a sagrada dimensão da Deusa como um aspecto de si mesma, ou surgindo através de si, ou ter a criatividade, ou a sabedoria, derivada de encarnar um corpo feminino, mas ser celibatária, nunca ter estado grávida, ou passar por uma menopausa cirúrgica.

Uma mulher não tem que ser mãe biológica para se tornar uma iniciada na faceta maternal da deusa: isso vem-lhe da sua natureza materna encarnada e feminina - por meio da qual sente o seu parentesco com todas as mulheres, os animais e a Natureza. A psique reside-lhe no corpo e a sabedoria brota-lhe de um conhecimento instintual de como utilizar as mãos e o corpo para mitigar e confortar ou se encarregar de uma situação que o exige, no seu íntimo: reage a uma mulher em trabalho de parto, a um animal com a pata metida numa armadilha, a uma mulher num sofrimento histérico, a uma criança aterrorizada e demasiado nova para compreender o que lhe está a acontecer, com uma autoridade maternal que os outros reconhecem instintivamente.

DAR À LUZ A CONSCIÊNCIA DA DEUSA

Tal como uma mulher entrega o seu corpo para ser um receptáculo na gravidez, de certa maneira similar e invisível as mulheres que são médiuns místicas tornam-se o cálice donde pode emergir a consciência. As sibilas, as pitonisas de Delfos e as mulheres americanas nativas que tinham sonhos para a tribo funcionavam assim. Essas mulheres, com poderes psíquicos, normalmente tinham que perder a consciência para que o sonho, ou a informação, surgisse através de si, num paralelismo com as mulheres que são anestesiadas durante o trabalho de parto e o nascimento. Ambas as experiências mudam quando a mulher não fica inconsciente, quando a mulher percebe o maravilhoso que privilégio o que está a fazer. Agora é um vaso escolhido, e foi ela própria que fez escolha do que executa com o corpo e com a psique. Ela bebe nas profundezas arquetípicas, ou biológicas, que misteriosamente se juntam na experiência da alma e apercebe-se de ser esse cálice donde emerge a vida ou a visão. Nesse momento específico, muitas mulheres estão a dar à luz a consciência da deusa.



In TRAVESSIA PARA AVALON - de Jean Shinoda Bolen

terça-feira, abril 05, 2005

A DIABOLIZAÇÃO DA MULHER NO IMAGINÁRIO MASCULINO


A IRA DOS PATRIARCAS CONTRA A MULHER

ESSE ÓDIO SECULAR À MULHER E À SERPENTE, SÍMBOLO DA GRANDE DEUSA, CONTINUA ACTUAL NA PREGAÇÃO DE TODO O CLERO, ATRAVÉS DA REPRESSÃO DA SUA LIBERDADE E CAPACIDADE DE DECISÃO.


A Deusa é, já no período histórico, personificada com o mal que é preciso destruir. O episódio do pecado original no Génesis pode, como sabemos, revestir-se de vários significados. A serpente do Génesis é a representação da tentação, do mal. Eva cometeu a falta sob a influência da serpente. Mas a serpente é um símbolo da Deusa assim como a arvore se identifica com a deusa.

André Smet [7] diz-nos que Eva transgride a proibição patriarcal que é representada por Javé: “ O pecado original da Bíblia pode ser considerado como o primeiro acto desta longa luta de Deus Pai contra a Deusa-Mãe. Esta primeira queda, que será seguida de muitas outras, será como todas as outras severamente punida pelo Deus Pai. A inimizade é lançada entre a serpente e a mulher o que significa que a mulher não terá mais o direito de honrar a deusa e de lhe obedecer mas antes deverá lutar contra ela “. Javé pune também a mulher precisamente naquilo que fazia a sua glória: a gravidez e a maternidade, quando lhe diz “ Aumentarei os sofrimentos da tua gravidez, os teus filhos hão-de nascer entre dores “ . E em seguida “ procurarás com paixão a quem serás sujeita, o teu marido “. Em vez de suscitar o desejo dos homens, símbolo do culto sexual rendido à Deusa, a mulher é a eles subjugada. E por fim Javé ordena “ maldita seja a terra por tua causa “ [8].

Há quem veja nesta atitude uma mudança radical na história das mentalidades. É uma outra civilização que começa onde a predominância será do homem, enquanto que até aqui pertenceu primeiro à mulher, em seguida foi partilhada por ambos e agora o poder cabe exclusivamente ao homem. Mas a atitude de Adão não deixa de ser curiosa ao pôr o nome de Eva à sua mulher porque ela iria ser a Mãe de todos os homens. Significará esta uma maneira oculta de homenagear a Deusa -Mãe através de Eva?


Excerto de artigo de:
A MULHER, O DIVINO E A CRIAÇÃO
Ana Maria Mendes Moreira

segunda-feira, abril 04, 2005

"A palavra também é destino, pois ela anuncia aquilo que foi decidido pelos poderes; além disso, a maldição e a benção dependem dos rituais mágicos que estão sob o domínio das mulheres. Aquilo que mais tarde passamos a chamar de poesia teve origem na fórmula dos sortilégios e nos cânticos mágicos que emergem espontaneamente das profundezas do inconsciente de onde trazem à tona suas formas características; seu próprio ritmo, além do vigor e da sensualidade peculiares de sua imagem"(...) in "A Grande Mãe" - JEAN MARKALE


Desejo-me a mim mesma
no corpo etéreo de uma mulher sublime,
como preciso do ar que respiro.

Desejo ver-me e sentir-me inteira
no meu corpo completo
como se reinventasse outro ser...

Como se os meus sentidos fossem mágicos
desbobrar-me
e do ar, do éter ou do prana,
pela força do meu anseio aparecesse um novo ser
que me amasse até a consumação.

Queria que, por magia,
eu própria me transformasse em substancia etérea
e libertasse a minha alma da escravidão
deste corpo denso de pele e desejo...
Queria ser a Águia e vencer o dragão!


(Do livro: "Antes do Verbo era o Útero" de Rosa Leonor Pedro)
"Roubei" do FALTANDO PEDAÇOS...

domingo, abril 03, 2005

AS MULHERES COMO VASOS DA DEUSA

“Que o corpo de uma mulher possa ser um vaso através do qual surge a Deusa, é uma revelação inesperada, uma revelação que não vem por iluminação, visão ou introvisão - que constitui a forma da manifestação masculina da divindade - mas por meio de uma experiência encarnada - por meio de contacto íntimo, carinhoso, reverente, que é, simultaneamente, dos sentidos e do sagrado, profundamente pessoal e transpessoal. Isto é um segredo que não se disse às mulheres, que como género aprenderam a detestar a redondez e plenitude do seu corpo, a sentirem-se envergonhadas por causa dos mistérios da menarca, menstruação e menopausa, querem estar anestesiadas quando dão à luz, e ficam horrorizadas ao acordar de sonhos em que abraçaram outra mulher com amor.

Muitas mulheres são iniciadas no íntimo do corpo pela deusa, têm explorado o corpo desta noutra mulher, passe-se isto em sonhos ou em realidade ou em sonhos vividos: tais experiências podem afirmar profundamente que se é mulher e se habita um corpo feminino. Mas também pode confundir e aterrar. O corpo de outra mulher espelha o seu próprio corpo, as fronteiras entre ambos dissolvem-se, e uma união que acompanha a totalidade de ambos os corpos e auras talvez surja, colhendo vagas recordações sensoriais de união mãe-filho, ou ser a primeira vez que esse arquétipo é sentido. A experiência de outra mulher pode permitir a determinada mulher tornar-se numa pessoa activamente sensual, quando antes tinha sido passiva , ou reactiva apenas, nas suas respostas. Seja em sonhos (onde o significado simbólico também precisa de ser explorado) ou na vida, a encarnação como mulher sexual e sensual dá resultado se a mulher aceitar a faceta amante de si mesma: acontece o contrário se ficar apavorada, convencida de que é pecadora, pervertida e deve suprimir a sensualidade.

Acontece haver confusão acerca da orientação sexual: tem e, contudo, não tem absolutamente nada a ver com a orientação sexual.”


Continuar a ler na página 113 em TRAVESSIA PARA AVALON de J. Shinoda Bolen
OH estrela da tarde,
dos astros todos o mais formoso...

SAFO - FRAGMENTOS

É claro que as mulheres têm medo da sua sensualidade e dos seus corpos e assim temem igualmente o espelho que são as outras mulheres. Elas foram divididas e fragmentadas e obrigadas a negar a sua sensualidade para não serem perseguidas ou ostracisadas por serem consideras na Idade Média de bruxas ou feiticeiras ou mais tarde de prostitutas. Era aquilo que o psicólogo dizia no outro dia que as mulheres portuguesas se castram....como se fosse uma questão fora do contexto histórico...Sim as mulheres “castram-se” por serem vítimas ainda do efeito do catolicismo e as consequências nefastas da pregação religiosa que vê na sexualidade da mulher o mal e a na mulher a encarnação do diabo. Nunca é demais afirmá-lo porque os conceitos e os preconceitos mantêm-se apesar da aparente liberdade das mulheres na sociedade actual. No entanto, nenhuma mulher foge ao julgamento e à marginalização social ou psicológica se se afirmar na sua totalidade e assumir a sua sexualidade seja ela qual for. Nenhuma mulher escapa ao estigma da “puta” ou de lésbica, se sair dos padrões “morais" e religiosos que empregnam as mentes ocidentais dos homens e das próprias mulheres. As mulheres estão infelizmente quase sempre umas contra as outras e isso até faz sorrir os homens. Não é por acaso que eles adoram ver "filmes" de mulheres a a puxarem-se os cabelos e a arranharem-se por disputa do macho...é assim que eles as reconhecem...E na dita sociedade moderna só se finge que já não se dá importância a tudo isso e até porque dá jeito aos homens a “liberdade” das mulheres...em certos casos. Mas continua a ser a esposa em casa e a amante no bar...ou no trabalho...e como é óbvio quando uma mulher se nega a ser puro instrumento do homem passa por lésbica embora as mulheres que se afirmam ou assumem enquanto homossexuais e lutam por uma afirmação meramente sexual também acabem por cair no mesmo erro de não integrarem a sua totalidade, ao recusar um aspecto de si mesmas. Normalmente expressam (mais) o seu lado masculino em detrimento do feminino.
r.l.p.
SIGA O MEU "DESTINO DO CORAÇÃO"...
O CANTO DO CISNE
João Paulo II, mensagem escrita com a ajuda de um secretário pessoal,
2-04-2005


“Estou pronto. Estejam vocês também. Oremos com alegria à Virgem Maria”
- QUE A SUA ALMA DESCANSE NO SEIO DA GRANDE MÃE, COM ALEGRIA...


Este Papa, como nenhum outro foi devoto da Virgem Mãe,a imaculada concepção, a puríssima que concebeu sem pecado e dedicou o Mundo aos pés da Nossa Senhora de Fátima...
Mas não deixou de negar a Mulher-Mulher, a mulher real, a que sofre na pele a violência doméstica e o abuso dos homens que as prostituem e vendem e como todos os padres, viu-a ainda como culpada do mal a eterna pecadora a que a Igreja a condenou! Isso ele não mudou!

OS DOIS PRINCÍPIOS:
"A paz sobre esta Terra não pode ser a supressão das forças opostas, mas a sua conciliação no interesse de um fim comum: a vida indestrutível"

In « L’OUVERTURE DU CHEMIN » de ISHA s. DE LUBCZ

sábado, abril 02, 2005

INCESTO COM A MÃE OU COM A IRMÃ -
O INCESTO UROBÓRICO (A SERPENTE QUE MORDE A CAUDA...)


"Quero levantar o tema do incesto com a mãe ou com a irmã porque ele está claramente implícito na bipolaridade da deusa. Isto tem muitas conotações para a mulher. No presente contexto trata-se de uma maneira de “incorporar as forças obscuras da mãe, ao invés de fugir e destruí-las”. A ligação erótica pode permitir uma conexão íntima com qualidades positivas da sombra às quais a mulher nunca teve acesso dentro de si mesma. E também o retorno à possibilidade de estar intimamente religada a outrem igual a si mesma, e que pode ratificar plenamente o feminino.

Neste domínio está incluído o mistério do amor entre mãe e filha e entre mulheres iguais. Anne Sexton escreveu sobre “a caverna do espelho, aquela mulher dupla que olha para si mesma”, no poema “A Imagem Dupla”. (...)E Adrienne Rich: o “Espelho em que duas são vistas como uma. É ela a quem chamamos de irmã”. Uma paciente pintava duas irmãs se abraçando e “os dois corpos apertados um contra o outro pareciam uma só pessoa”. E ela explicava: “Duas irmãs abraçadas fazem uma pessoa forte. E é a maneira pelo qual consigo abraçar-me quando preciso de uma mãe e não há ninguém que me ajude: Eu a mim, como uma irmã a sua irmã”.(...)

Este incesto sugere cuidados e protecção a nível urobórico, ao nível dos laços simbióticos que firmam a mulher na sua auto-estima, permitindo-lhe ir em frente com a sua alma feminina, livre de amarras do colectivo exterior. (...)

É frequente ocorrer uma fixação de transferência muito erotizada quando a terapia atinge esse nível - é uma fusão urobórica que derrete as defesas do animus e permite o renascimento com a capacidade de exprimir necessidades e sentimentos activa.
(...)

Há ainda um outro aspecto do incesto com a mãe que quase sempre aparece na análise das filhas do pai as quais energicamente repudiam as mães fracas, identificando-se excessivamente com o espírito e o intelecto masculinos. Suas mães eram vistas como o modelo de inferioridade do qual elas tentavam escapar a qualquer preço. Nesse caso, o incesto com a mãe pode ser o despertar doloroso para as qualidades com ela compartilhadas, a identidade com a fêmea humilhada e desprezada. (...)

Em todos os exemplos a mãe pessoal é idêntica à sombra negativa da mulher, que então a projecta sobre a mãe. Quando adultas as filhas do pai ficam humilhadas ao verem os laços de fraqueza e auto-rejeição que compartilham com a mãe. O insigtht prega-as na realidade, destrui-lhes o ideal grandioso e heróico do ego, iniciando um periodo de mergulho na depressão, enquanto as faz sofrer pela identificação com o feminino ferido e desprezado.” (...)


In CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA
De Sylvia B. Perera
QUANDO A MULHER NEGA A MÃE
E ELEGE O PAI...


Mais tarde ou mais cedo a mulher é obrigada a tomar consciência de que o “pai” ou a sociedade patriarcal afinal não a respeita como ao homem e acaba por se ressentir, consciente ou inconscientemente dessa "inferioridade" e assim pode unir-se à mãe e iniciar o processo de consciência do feminino, resgatando a sua Sombra o que implica um trabalho de consciencialização árduo e um crescimento doloroso. Se o não fizer vai apenas procurar agradar ao “pai” - marido, amante ou chefe - e ser como eles querem que ela seja ou reagir como um homem negando a sua feminilidade essencial, optando pela atitude masculina de todas as formas. Pode apenas ser a dona de casa, empregada ou uma executiva ou deputada ou ainda um “travesti” obedecendo ao padrão masculino que lhe dita um comportamento através da moda e critérios relativos em relação aos seus limites, numa aparente liberdade, mas em que é sempre não só sujeita aos seus padrões como explorada.

Raramente as mulheres comuns se apercebem destas nuances. Daí as depressões, as crises, e as doenças várias, a histeria a esquizofrenia a fibromialgia?...e as mais graves quando não degenerativas como os cancros da mama e do útero que exemplificam bem em termos simbólicos a negação da sua feminilidade! Ao não assumir a sua essência e negando a sua natureza profunda, ontológica, a mulher nega-se a si própria e sofre a sua anulação também fisicamente ao nível das doenças.

A relação da mulher com a mãe ou a relação entre Mãe e Filha é essencial no despertar da Consciência do Princípio Feminino e corresponde ao que na antiga Grécia foram durante milénios os Mistérios Euleusianos, no Culto a Deméter Deusa Mãe e sua filha Persefone. Se a Mulher não acordar para esses mistérios que são os mistérios da Natureza e da própria Mulher a que ela está intrinsecamente ligada a Vida no Planeta está ameaçada.
E isso ninguém quer ver.
Em Portugal o nível de alarme sobre a falta de água é de 55%...(Podem-se rir os machos ibéricos e outros...)A falta de água é ainda a falta do Feminino no Mundo. O excesso também no sentido do desequilíbrio dos polos feminino e masculino...Sim os Sunamis também...(Ah,ah,ah,eu também me riu, mas vamos chorar todos um dia...) Portugal vive uma "grande seca" e curiosamente as mulheres continuam a ser desprezadas e postas de lado nas decisões importantes da sociedade e do País...

Discute-se a despenalização do Aborto, mas as mulheres não são ouvidas e são os representantes do clero e os políticos que são chamados a decidir a seu belo prazer e de acordo com os seus princípios religiosos que oprimem e condenam as mulheres à subalternidade em todos os campos!

R.L.P.

sexta-feira, abril 01, 2005

A DEUSA ISIS FOI ADORADA DURANTE MILHARES DE ANOS no Antigo Egipto.

Por Ísis, existe o céu.
Por Ísis, existe a terra.

Por sua soberana vontade os ventos sopram no deserto
E o sol brilha resplandecente com doçura.

Pela Sua infinita Graça, os rios correm abundantes na primavera
E as planícies verdejantes dão plantas e as árvores os seus frutos.

Por Ísis, vivemos e crescemos fortes e pacíficos,
Por Ísis, e só por ela, respiramos e podemos dar graças ao Céu
e à terra que nos alimenta e nos protege das intempéries


(variação livre de uma oração milenar)
ORAÇÃO À NATUREZA MÃE

"Eu sou a Natureza, Mãe de todas as coisas, a senhora de todos os elementos, a primordial progênie dos séculos a suprema das divindades. A rainha dos mortos, a primeira das celestiais e a uniforme representante das Deusas e dos Deuses; eu que governo com o meu aceno as alturas luminosas do céu, as suaves brisas do mar e os nefastos silêncios dos infernos, e cuja única divindade toda a humanidade venera debaixo de múltiplas formas, sob vários rituais e debaixo de muitos nomes, sou adorada em toda à parte.

Cada nação tem o seu nome próprio para mim, vendo apenas um dos meus mitos, adorando-me com apenas um dos seus ritos. Na antiga Frígia sou Pessinuntica, mãe dos deuses; para os áticos autóctones, Minerva Cecrópia; os flutuantes cípricos me chamam Vênus Pafia; em Atenas, onde os homens nascem do próprio solo, sou Artémis; na ilha de Chipre sou a dourada Afrodite. Os arqueiros cretenses chamam-me Diana Dyctinna, os Sicilianos trilingues Proserpina, e os Eleusinos a intemporal Mãe dos cereais a Deusa Ceres.

Uns chamam-me Juno, outros Bellona das batalhas outros Hecate ou Rhanumbia. Mas há os que me conhecem melhor, aqueles que são iluminados pelos primeiros raios do Deus Sol nascente, os etíopes, os ários e os egípcios, abalizados na antiga ciência, adoram-me em cerimônias próprias e me chamam pelo meu nome verdadeiro, a Rainha Isis

Pára, pois agora de chorar, pois vim ajudar-te: olhei lá de cima e vi as mágoas da tua vida e tive piedade dos teus infortúnios... Por isso seca as tuas lágrimas e rebate a tristeza. Tudo vai mudar em breve e sob a minha luz vigilante a tua vida será refeita, renovada.

Vim meu filho em resposta às tuas orações."


(Adaptação livre do texto d’ “O Burro de Ouro” de APULEIO)