APRENDER A UIVAR COM OS LOBOS, SOLTAR A NOSSA DOR...
"Durante anos a psicologia tradicional de todas as linhas considerou equivocadamente que a dor era um processo pelo qual se passava uma vez, de preferência no decurso de um ano, e que depois terminava. Havia algo de errado se o indivíduo não conseguisse ou não quisesse completar o processo dentro desse período. Agora porém sabemos que os seres humanos sabem instintivamente há séculos: que certos danos, mágoas e vergonhas nunca acabam de ser lamentados. Sendo a perda de um filho pela morte ou pelo abandono uma das dores mais duradouras, senão for a mais duradouras de todas.
(...)
A revelação e a dor nos salvam da zona morta. Elas nos permitem deixar para trás o culto fatal dos segredos. Podemos chorar e chorar muito, e sair cobertas de légrimas, mas não manchadas de vergonha. Podemos sair daí mais profundas, com o total reconhecimento de quem somos e plenas de uma nova vida.
A Mulher Selvagem nos abraçará enquanto estivermos chorando. Ela é o Self instintivo. Ela consegue suportar nossos gritos, nossos uivos, nosso desejo de morrer sem morrer.
Ela sabe aplicar os melhores remédios nos piores lugares. Ela ficará sussurrando e murmurando aos nossos ouvidos. Ela sentirá dor pela nossa dor. Ela a suportará. Não fugirá. Embora haja inúmeras cicatrizes, é bom lembrar que, em termos de resistência à tração e à capacidade de absorver a pressão, uma cicatriz é mais forte do que a pele. "
Mulheres correndo com os lobos – Clarissa Pinkola Estés
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