O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, abril 02, 2005

INCESTO COM A MÃE OU COM A IRMÃ -
O INCESTO UROBÓRICO (A SERPENTE QUE MORDE A CAUDA...)


"Quero levantar o tema do incesto com a mãe ou com a irmã porque ele está claramente implícito na bipolaridade da deusa. Isto tem muitas conotações para a mulher. No presente contexto trata-se de uma maneira de “incorporar as forças obscuras da mãe, ao invés de fugir e destruí-las”. A ligação erótica pode permitir uma conexão íntima com qualidades positivas da sombra às quais a mulher nunca teve acesso dentro de si mesma. E também o retorno à possibilidade de estar intimamente religada a outrem igual a si mesma, e que pode ratificar plenamente o feminino.

Neste domínio está incluído o mistério do amor entre mãe e filha e entre mulheres iguais. Anne Sexton escreveu sobre “a caverna do espelho, aquela mulher dupla que olha para si mesma”, no poema “A Imagem Dupla”. (...)E Adrienne Rich: o “Espelho em que duas são vistas como uma. É ela a quem chamamos de irmã”. Uma paciente pintava duas irmãs se abraçando e “os dois corpos apertados um contra o outro pareciam uma só pessoa”. E ela explicava: “Duas irmãs abraçadas fazem uma pessoa forte. E é a maneira pelo qual consigo abraçar-me quando preciso de uma mãe e não há ninguém que me ajude: Eu a mim, como uma irmã a sua irmã”.(...)

Este incesto sugere cuidados e protecção a nível urobórico, ao nível dos laços simbióticos que firmam a mulher na sua auto-estima, permitindo-lhe ir em frente com a sua alma feminina, livre de amarras do colectivo exterior. (...)

É frequente ocorrer uma fixação de transferência muito erotizada quando a terapia atinge esse nível - é uma fusão urobórica que derrete as defesas do animus e permite o renascimento com a capacidade de exprimir necessidades e sentimentos activa.
(...)

Há ainda um outro aspecto do incesto com a mãe que quase sempre aparece na análise das filhas do pai as quais energicamente repudiam as mães fracas, identificando-se excessivamente com o espírito e o intelecto masculinos. Suas mães eram vistas como o modelo de inferioridade do qual elas tentavam escapar a qualquer preço. Nesse caso, o incesto com a mãe pode ser o despertar doloroso para as qualidades com ela compartilhadas, a identidade com a fêmea humilhada e desprezada. (...)

Em todos os exemplos a mãe pessoal é idêntica à sombra negativa da mulher, que então a projecta sobre a mãe. Quando adultas as filhas do pai ficam humilhadas ao verem os laços de fraqueza e auto-rejeição que compartilham com a mãe. O insigtht prega-as na realidade, destrui-lhes o ideal grandioso e heróico do ego, iniciando um periodo de mergulho na depressão, enquanto as faz sofrer pela identificação com o feminino ferido e desprezado.” (...)


In CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA
De Sylvia B. Perera

1 comentário:

Nicéas Romeo Zanchertt disse...

O tema Incesto deveria ser mais discutido. É fato que a maioria das pessoas tem muito medo de dar opinião, mas é uma realidade no cotitiano de muitas famílias.
http://amoresexo-arte.blogspot.com.br