O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, novembro 29, 2004


“Ao ouvir aquilo as raparigas da aldeia exclamaram:

O monstro está a fazer mal à Bela.
Vamos ligar à GNR


“Diga não à Violência Doméstica”
Serviço de Informação:
Vítimas da Violência doméstica”

(...)

Anúncio destacado nos jornais e comboios.
Esta história repete-se há milhares de anos...
Só que a história nos conta que afinal o monstro é bonzinho...

“VOCÊ ESTÁ SEMPRE A TEMPO DE MUDAR A HISTÓRIA”

Sem dúvida que as mulheres estão mais do que nunca a tempo de mudar a sua história. A sua história pessoal e colectiva e ainda a história do Mundo. Antes de tudo e do mais cabe a Mulher recuperar a “CONSCIÊNCIA DO FEMININO” perdida algures no tempo e não à polícia, ao juiz ou ao Estado que de si mantém uma estrutura de dominação e portanto é uma contradição esperar ou querer que um governo - seja de esquerda ou de direita - restitua à mulher aquilo que lhe é negado como valor intrínseco, e mesmo que as suas leis de repressão e domínio se alterem no papel, continua na mentalidade como registo colectivo e é esse registo que actua à superfície. Só a própria mulher e ao nível da sua consciência ontológica poderá resgatar essa dimensão do seu ser, ou a sua liberdade de SER, como um valor inalienável em si mesma e que corresponde ao despertar para a sua totalidade - não aceitar ser mais dividida em duas - e que lhe permitirá lutar ou sair do ciclo de violência de que é alvo há milhares de anos e que nenhuma mudança social e política teve em conta. Quase sempre a violência doméstica passa por suspeita de “traição” da mulher quando não é meramente o “bode expiatório” da inferioridade do homem e da sua miséria social.

Desde que a mulher começou a sua luta por um lugar na sociedade e pelo respeito do homem, nunca lhe foi concedido esse direito a partir de uma compreensão efectiva da sua condição real, mas de uma condição “inferior” sofrida na pele pela sisão milenar de um velho cisma que originalmente dividiu o mundo. Desse modo a mulher sempre permaneceu dividida em dois “géneros” - independentemente de ser pobre ou rica, inculta ou instruída - e essa divisão foi aceite como sendo a sua condição natural e esse é que o grande drama da mulher e do homem no mundo.



A LIBERDADE DA MULHER

Aquilo que se chama “prostituição sagrada” nunca existiu como tal, pois correspondia, primeiro, a uma sacralização do amor ritualizada e depois a uma liberdade sexual e humana da mulher que lhe foi retirada ao tornar-se “propriedade do homem” legitimada pelo casamento e pela Igreja, passando aí sim a existirem duas mulheres distintas, fragmentadas, a que se casa e obedece ao marido e a que vai para o prostíbulo ou para a rua e era apedrejada...
É dessa divisão principalmente que recai sobre ela o estigma da “santa e da puta”, dando corpo um à Virgem católica e a “outra”, Maria de Magdala, renegada pelos apóstolos de Cristo, mas mais tarde “regenerada e perdoada” pelos padres da Igreja, para dar exemplo de perdão às mulheres não convertidas ou insubmissas.

Na continuidade dessa divisão, social e psicológica, a violência doméstica é tão só a consequência “natural” de uma sociedade machista e patriarcal cujo domínio secular através da Igreja e do Estado sempre dominou e manipulou a mulher segundo os seus interesses e preconceitos. Ao reivindicar de novo a obediência da mulher ao marido como chefe de família, a Igreja continua a explorar psicologicamente e a querer usar o grande manancial que são as mulheres para a Igreja (sem elas o patriarcado não seria nada... nem sequer teriam nascido!) e corremos de novo o risco de os Governos continuarem coniventes com o Vaticano – questão do aborto e da pílula - e em defesa dos seus interesses e dogmas, manipularem as mulheres agora de forma mais subtil, como sempre fizeram de forma brutal ao longo dos séculos.

Apesar das sociedades ou ideologias modernas, os estados comunistas e democráticos que pregaram por direitos e igualdades, nada fizeram em essência pelas mulheres pois a “igualdade” das mulheres foi serem masculinizadas e mesmo assim continuaram subalternas e a ganhar menos do que os homens, tal como continuam a ser instrumentalizada para servir o macho, enquanto procriadoras-operárias e objectos de prazer através dos meios mais sofisticados - moda, cinema, pornografia, etc .

Podemos olhar “os frutos” podres do comunismo russo e ver as Mafias de Leste que negoceiam as suas mulheres e filhas sem qualquer escrúpulo.
Nada mudou de profundo e relevante no mundo desde há 50 anos ou mesmo um século, início da tomada de consciência das mulheres no plano social e económico. O que vivemos nestas últimas décadas é uma falsa emancipação das mulheres que corresponde à sua masculinização - e dentro da masculinização o travestiamento ou seja a mulher vestida (para matar?) segundo o imaginário do homem - e que pouco ou nada tem a ver com uma verdadeira consciência do feminino que a ser verdade dignificaria o mundo e por isso nunca aconteceu verificamos a crescente violência e guerra, as desigualdades e a fome, as doenças e o terrorismo, que passam, todos a meu ver, por efeitos da falta desse Princípio Feminino - tanto nos homens como nas mulheres - e isso à custa das religiões fundamentalistas que negaram um valor intrínseco à mulher e a retiraram da face da terra para expansão bélica dos seus instintos viris e fálicos. Não é um acaso que em todas as guerras a violação das mulheres como primeiros “bodes expiatórios” acontece e é sistemática. Está escrito no Corão que assim deve ser tal como na Bíblia dos velhos patriarcas que são os mesmo que dividiram o mundo e o dominaram submetendo as mulheres e explorando-as até aos nossos dias em que é muito evidente a calamidade persecutória à liberdade da mulher no mundo islâmico e católico. Lembremos a recente carta do tal cardeal “Rato-zinger”...Se ele ou outro portento como ele for eleito Papa vamos ficar tramadas...não seremos queimadas na praça pública mas nos Media...reduzidas a ínfima espécie!



PRINCÍPIO FEMININO

“Pela repressão a alegria do feminino foi rebaixada como mera frivolidade; a sua sensualidade expressa foi diminuída como coisa de prostituta, ou então ridicularizada pela seu sentimentalismo ou reduzida exclusivamente a instinto maternal; a vitalidade da mulher foi submetida ao peso das obrigações e da obediência. Foi essa desvalorização que gerou filhas desenraizadas e subterrâneas do patriarcalismo, separando a força feminina da paixão, tornando-a imagem dos seus sonhos e ideais de um céu inatingível mantidos pomposamente por um espírito que soa a falso quando comparado com os padrões instintivos simbolizados pela rainha do céu e da terra”.

Foi essa desvalorização que aconteceu também ao princípio feminino em geral em todo o mundo. Depois de negarem a Deusa Mãe, e destruirem todos os vestígios de Matriarcado, perseguirem as sacerdotisas, chegando mesmo a assassinar barbaramente mulheres sábias, como foi o caso de Ipácia de Alexandria, a Igreja e o Patriarcalismo em geral que negaram a natureza profunda e alegria da mulher acabaram por “elevá-la” paradoxalmente ao altar da sua Igreja condenando-a em simultâneo ao prostíbulo...Este foi o maior crime cometido pelo patriarcalismo contra a Mulher. Ao dividi-la entre a “santa e a puta” estabeleceu as suas leis e condenou metade da humanidade a uma segregação e fragmentação que custa à própria humanidade todo o seu infortúnio. Foi assim que os homens também se dividiram entre “os filhos do pai” e “os filhos da puta” que violam e matam mulheres e fazem as guerras em nome de Deus e da Pátria.
R. L. P.

domingo, novembro 28, 2004

devientART

Uma jovem dirigente comunista disse ontem no Congresso do PCP em Almada:

“Não existe nada mais velho que a exploração do homem pelo homem”...

Por simpatia com essa jovem, em memória da minha juventude comunista, eu digo-lhe que há uma exploração muito mais velha do que a do homem pelo homem; há a exploração da mulher pelo homem a todos os níveis e essa é de facto a mais antiga exploração e profissão do mundo...

Quando A. Cunhal evoca ainda as mulheres no fim da sua lista e todos os comunistas o podem Ter feito, eu lembro-me que a causa das mulheres nunca foi a deles, nem de nenhuma ideologia de classe, pois a mulher ficou sempre à margem de todas e foi usada apenas para propaganda eleitoral ou partidária e também por eles sempre colocada à margem das chefias...

Por estas e por outras é que eu lamento a falta de CONSCIÊNCIA DO FEMININO...tanto nos homens como nas próprias mulheres porque a Mulher nunca teve uma classe que não usasse e abusasse dela!


sábado, novembro 27, 2004

CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA

"O retorno à deusa, para renovação numa base de origem e num espírito feminino, é um aspecto vitalmente importante na busca que a mulher moderna empreende em direcção à totalidade.

Nós, mulheres que alcançamos sucesso no mundo, somos, via de regra, “filhas do pai” , ou seja, somos bem adaptadas a uma sociedade de orientação masculina, e acabamos por repudiar nossos instintos e energias mais integralmente femininas, rebaixando-as e deformando-as da mesma forma que a nossa sociedade o fez. Precisamos retornar a esse mundo e redimir o que o patriarcado frequentemente considera apenas como uma ameaça perigosa, chamando-a de mãe terrível, dragão ou bruxa."


De SYLVIA B. PERERA

SEM A DIMENSÃO SAGRADA DO FEMININO, A MULHER NÃO PODE ATINGIR A PLENITUDE DO SEU SER.
A GUERRA E A "VIOLÊNCIA DOMÉSTICA" PRENDE-SE COM A FALTA DE RESPEITO PELA DIMENSÃO SAGRADA DA MULHER E A IGREJA TEVE UM PAPEL DIRECTO NO SEU REBAIXAMENTO SENÃO MESMO AVILTAMENTO.
O PECADO QUE TEM DE SER COBERTO COM UM VÉU NA IGREJA ERA O MESMO QUE A BURKA , MAS MAIS DISFARÇADO...

sexta-feira, novembro 26, 2004

A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E A GUERRA...


“Será que esquecemos que o Dom de si não pode ser senão voluntário? Será que esquecemos que não pode haver responsabilidade senão onde existir liberdade?
Ora nós não somos livres. Somos vítimas de preconceitos, mergulhados nas rotinas que nos prendem, saturados de ideias feitas. E por falta de lucidez, estamos em completo desconhecimento dos verdadeiros problemas que se põem aos seres humanos.

Nós não somos livres. A mulher, particularmente, tornou-se escrava da nossa sociedade que é uma sociedade de escravos que nem sequer se apercebem do seu estado de servidão porque eles apenas papagueiam as palavras. Não, de modo algum é suficiente pronunciar a palavra liberdade e cantá-la em todos os tons para se ser verdadeiramente livre, é preciso sê-lo por actos."


JEAN MARKALE - La Femme Celte

Muito se escreve - e nunca é demais sobre a violência doméstica...mas a violência doméstica é mais do que uma violência "doméstica"...é a violência da sociedade e dos média...É A VIOLÊNCIA DO MASCULINO SEM O FEMININO é a violência da política, dos polícias, dos governos e dos soldados que vão à guerra. É a violência interior da frustração e da raiva dos homens incompletos e ignorantes que recai sobre a mulher diabolizada pelos padres ao longo de séculos...É a Mentira social e o palavrio estéril de conferências e congressos de quem não sofre na pele...e faz cursos sobre quem sofre...

SÓ A MULHER E A CONSCIÊNCIA DO FEMININO PODE ALTERAR DE DENTRO PARA FORA ESTE ESTADO DE COISAS QUE É A VIOLÊNCIA MUNDIAL E A FALTA DE RESPEITO PELO SER HUMANO E PELA PRÓPRIA NATUREZA E A VIDA...
A FALTA DO FEMININO É A CAUSA DA VIOLÊNCIA E DA GUERRA QUE COMEÇA EM CASA.

QUE MORAL TEM UM GOVERNO PARA APELAR À NÃO VIOLÊNCIA QUANDO ENVIA MILITARES PARA MATAR GENTE E EM TODO O MUNDO OS HOMENS O FAZEM?

quinta-feira, novembro 25, 2004

(...)
>Preciso de arrumar a casa, rever o sistema, brunir
os móveis e o tato.
Preciso de opor o tempo ao tempo.
O espaço ao espaço.


albano martins
...AINDA DO POEMÁRIO DE MARIANA

quarta-feira, novembro 24, 2004



LUTAR CONTRA A PASSIVIDADE E OS NOSSOS MEDOS!
Não temer a dor face às mudanças necessárias...


"A revelação e a dor nos salvam da zona morta. Elas nos permitem deixar para trás o culto fatal dos segredos. Podemos chorar e chorar muito, e sair cobertas de lágrimas, mas não manchadas de vergonha. Podemos sair daí mais profundas, com o total reconhecimento de quem somos e plenas de uma nova vida.

A Mulher Selvagem nos abraçará enquanto estivermos chorando. Ela é o Self instintivo. Ela consegue suportar nossos gritos, nossos uivos, nosso desejo de morrer sem morrer.

Ela sabe aplicar os melhores remédios nos piores lugares. Ela ficará sussurrando e murmurando aos nossos ouvidos. Ela sentirá dor pela nossa dor. Ela a suportará. Não fugirá. Embora haja inúmeras cicatrizes, é bom lembrar que, em termos de resistência à tração e à capacidade de absorver a pressão, uma cicatriz é mais forte do que a pele."


Mulheres que correm com os lobos – Um livro obrigatório para todas as mulheres
de Clarissa Pinkola Estés

segunda-feira, novembro 22, 2004



Todas as rosas são a mesma rosa,
amor!, a única rosa;
e tudo está contido nela,
breve imagem do mundo,
amor!, a única rosa.


JUAN RAMÓN JIMÉNEZ (1881-1959

Se queres ouvir
a mãe
em tua memória
arcaica
deixa as palavras verem.
Aceita o colo
vivo
a álgida solidão
e ultrapassa o poema.


ANA MARQUES GASTÃO(n. 1962)

Teremos no outro mundo
a melancólica lembrança
do que nos vai matando neste?

Poeta, certamente nos encontraremos nesse lugar.

E que sejamos apenas a humilde, a humilhada luz,
que tanto defenderemos
desse vento, dessa noite, desse peso brutal do mundo em que vivemos.
Ai!

(excerto de poemna de cecília meireles)

in POEMÁRIO DA MARIANA
A ESSÊNCIA DA MULHER E O PRINCÍPIO FEMININO

Não raramente ouvimos a informação de que não há nenhuma diferença essencial entre homens e mulheres, excepto a diferença biológica. Muitas mulheres têm aceite esse ponto de vista e têm feito muito para alimentá-lo. Têm se sentido contentes em serem homens de sais e assim perderam o contacto com o princípio feminino dentro delas mesmas. Essa talvez seja a causa principal da infelicidade e instabilidade emocional hoje em dia.. Ora, se a mulher está fora de contacto com o seu princípio feminino, que dita as leis da integração, não pode assumir o comando do que é , afinal de contas, o domínio de feminino, ou seja, o das relações humanas. E, até que o faça, não poderá haver muita esperança de ordem nesse aspecto da vida.
Muitas mulheres sofrem seriamente na sua vida pessoal por esse abandono do princípio feminino. São incapazes de relacionamentos satisfatórios, ou podem mesmo cair em neurose pela inadequação do seu desenvolvimento nessa área, que é das mais essenciais. Por essa razão, a relação de uma mulher com o princípio feminino dentro de si mesma não é um problema pessoal, mas também um problema geral, até universal para todas as mulheres. É um problema da humanidade.

(...)

É preciso considerar que a essência ou princípio feminino NÃO PODE SER ENTENDIDA ATRAVÉS DE UM ESTUDO INTELECTUAL OU ACADÉMICO. A ESSÊNCIA ÍNTIMA DO PRINCÍPIO FEMININO não se permite tal ataque, o sentido real da feminilidade sempre escapa ao interrogador directo. Essa é a razão pela qual as mulheres são misteriosas para os homens – isto é, para o homem que persiste em tentar compreender intelectualemnte a mulher.

In OS MISTÉRIOS DA MULHER
M. ESTHER HARDING


Emocionou-me de forma muito particular a leitura deste excerto do livro de uma psicóloga yunguiana, escrito há mais de cinquenta anos...A razão da minha emoção prende-se com o facto de haver em mim já há algum tempo o desejo de ler este mesmo livro que encontrei citado em todos os livros que li em pesquiza, sem nunca lhe ter acesso e agora de repente o livro vir parar-me às mãos e ser a síntese da minha própria pesquiza individual e busca exautiva do sentido verdadeiro do princípio feminino como essência da mulher. Sem dúvida que corresponde a uma sincronicidade enorme e que me levou a um estado numinoso que reconheço como essência da manifestação desse feminino em mim e que sempre associei à Deusa e ao Arquétipo da Grande Mãe como fonte de Oráculo e Sabedoria interna.

Neste excerto que apresento encontra-se o núcleo de todo o problema da humanidade. Passados cinquentas anos podemos ver agora as consequências nefastas dessa falta do feminino, quer na mulher quer no homem, no estado de desvastação e desiquilíbrio das forças da Natureza e do mundo, devido à danaosa gestão política e económica de Poder que culmina, num império bélico, na guerra aberta aos países na fome e na violência em todos os contientes e no terrorismo, como reação à dominação maciça desse império de guerra, que ameaça todas as naçãos. Abre-se assim o fosso entre oriente e ocidente através dos monstros devoradores que são as duas grandes religiões patriarcais dominantes, a islâmica e a cristã, usadas abusivamente pelos seus líderes, religiões fundamentalistas que reduziram o feminino “a um verbo de encher”. Em qualquer delas a mulher é sonegada, inferiorizada ou diabolizada, assim como lhe foi retirada toda a participação activa na vida familiar e social, destituindo-a de dignidade e discernimento pessoal pela aplicação sistemática do racionalismo dogmático e o preconceito secular religioso.

Factos óbvios em relação à dominação da mulher em todo o oriente, mas camuflados de liberdade e emancipação no Ocidente em que a mulher “se afirma” no trabalho, como símbolo sexual, mas que apenas corresponde a uma mulher masculinizada ou travestiada, que aceitou as regras falocráticas para vencer e manter-se em igualdade no poder masculino no exercício da força e dominação, em profissões agressivas como o exército e a polícia ou mesmo na política como ministra – exemplo mundial: “a dama de ferro” como foi o caso da senhora Tacther...ou a recente “mulher” forte da política bélica americana Condolence Rice. Mulheres que se encontram nos antípodas do Princípio Feminino e regeitam em absoluto a sua essência!

domingo, novembro 21, 2004

"O OCIDENTE: UMA PODRIDÃO QUE CHEIRA BEM,
UM CADÁVER PERFUMADO."

Emile Cioran

"A eliminação da dimensão moral das nossas vidas abre o caminho à lógica dos psicopatas. É isso que eu temo. Estamos a mover-nos rumo a uma guerra entre um gigantesco sistema psicopatológico contra outro gigantesco sistema psicopatológico. É assim que eu vejo o futuro. Uma espécie de luta darwiniana entre dois gigantes psicopatas rivais. O dos atacantes do 11 de Setembro contra o do complexo político-militar americano (...)

Não temos interesse em nenhuma zona para além da nossa esquina do mundo. Estamos armadilhados na nossa história social. Olhe, eu nem sou capaz de lhe dizer o nome do primeiro-ministro português! E sou supostamente um homem culto. Vimos, na televisão, imagens de pessoas a morrerem à fome no Sudão. Que fazemos? Nada. As nossas atitudes são completamente provincianas. As nossas vidas são controladas. Se sou dentista, ou professor, não vou desistir da minha carreira para ir para África. Somos prisioneiros, embora não o saibamos."
[J.G. Ballard, in Público]

in "Numa Sociedade Saudável, a Loucura É a Única Liberdade Possível"
A FACE VISÍVEL DESTE MUNDO
OU A INVERSÃO DAS FACES...


O que antes era mentira e falsidade, é agora “verdade e realidade”...

Não são só os políticos que invertem os valores e os termos da nossa realidade. Toda a gente o faz à força do virtual e da corrupção da palavra que em vez de significar o que se pensa e sente, serve apenas para enganar e mentir para salvaguardar UM QUALQUER poder pessoal, seja ele pequeno ou grande.

Quando olho para este estado de coisas e a mentira que impera neste mundo de aparências, nada resta à superfície da terra que não tenha sido infectado desse vírus. Desta maneira não há nada à superfície do planeta que suscite o meu interesse ou me dê esperança num “mundo melhor”. Não conheço nenhum ser humano que não esteja mais ou menos infectado deste mal e é raro ou quase impossível encontrar um ser humano capaz de ser sincero e verdadeiro consigo mesmo ou com o próximo. Nenhum ser humano à partida tem qualquer interesse nesse próximo ou na sua verdade, assente neste princípio. Estamos todos prisioneiros de um modo alienado de estar...

Ora como toda a consciência ou evolução depende exclusivamente do sentimento de verdade, sinceridade e transparência absoluta do ser interior, na busca de si próprio, neste intrincado de mentiras labirínticas, não encontro eco ou qualquer apoio como forma de sobrevivência interior. Soçobro ao dia a dia sem alento. Em que verifico ser impossível qualquer verdade íntima entre dois seres humanos. Chegámos a um ponto em que ninguém ousa ser ou dizer ao outro o que é realmente no lado bom ou mau, olhando a sua totalidade ou a encarando a sua própria dualidade. Ninguém arrisca já a despir-se da máscara ou das “marcas”, da cosmética, dos seus conceitos ludibriantes ou fantásmáticos com que se cobre do medo de não ser...
Tudo são disfarces, mentiras e simulacros. Todos mentimos e queremos parecer o que não somos. Já nem sequer sabemos efectivamente quem somos, se nós se o outro que inventamos...As palavras perderam todo o seu sentido e não há respeito por ninguém nem por nada. A máscara colou-se ao rosto do ser humano e o teatro passou a ser a “Verdade”...na política, na sociedade e em casa...

Durante séculos criamos uma ficção moral e religiosa e agora cai o pano e a farsa sobe à ribalta. Em todos os domínios da vida nos deparamos com a nova “Reality Show” que tanto entusiasma "o povo" - as massas anónimas e alienadas de um sentido verdadeiro de ser - e que nos apresenta o aspecto mais deplorável e miserável da vida humana. Na Quinta das celebridades ou na Quinta dos partidos, já não há ética, nem palavra, nem classes, nem sexos...tudo luta por poder pessoal e dinheiro, num nauseabundo tráfico de interesses.

Agora só nos resta a farsa de manhã à noite onde quer que estejamos.
Não admira as depressões, o stress e as doenças terminais provenientes desse vírus da mentira de nós mesmos e que infectam a humanidade de cima a abaixo da pirâmide, em todo o mundo. Não, não admira a fome a violência e guerra nem o assassínio em directo...

O palhaço pobre transformou-se no palhaço rico e vice-versa e o esgar de dor tornou-se um sorriso malévolo...com que todos nos olhamos uns aos outros!

Rosa Leonor Pedro

sábado, novembro 20, 2004

"A dupla essência, masculina e feminina, de Deus - a Cruz.
O mundo gerado, A Rosa, crucificada em Deus"


fernando pessoa

Mais Alto

Mais alto, sim! mais alto, mais além
Do sonho, onde morar a dor da vida,
Até sair de mim! Ser a Perdida,
A que se não encontra! Aquela a quem

O mundo não conhece por Alguém!
Ser orgulho, ser águia na subida,
Até chegar a ser, entontecida,
Aquela que sonhou o meu desdém!

Mais alto, sim! Mais alto! A intangível!
Turris Ebúrnea erguida nos espaços,
À rutilante luz dum impossível!

Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber
mal da vida dentro dos meus braços,
Dos meus divinos braços de Mulher!


*Florbela Espanca*

sexta-feira, novembro 19, 2004

“A Mulher, a Mulher autêntica, reintegrada a sua plenitude e poder faz medo a esses sub-produtos que são os homens numa sociedade paternalista.”


Jean Markale
A GRANDE LUZ SÃO AS MULHERES

“A nossa vida passa-se na bruma. A grande luz são as mulheres. Como as estrelas, elas continuam a brilhar mesmo quando já se apagaram há milhões de anos. Sem elas, este livro chamar-se-ia Almas Negras.”

O autor do livro Almas Cinzentas, Philippe Claudel, Prémio Goncourt, é quem o diz numa entrevista de ontem à Capital, um jornal que à partida merece a minha preferência pela sua isenção.


É bom saber que há autores contemporâneos a salientar um aspecto há muito descurado pela literatura em geral e pelos autores mais conceituados da nossa modernidade, incluindo as próprias escritoras que copiam o modelo masculino como padrão de normalidade, e em que se retractam de forma redutora, alheando-se da sua essência e apenas em função do homem, fazendo juz a uma sociedade que as rejeita em essência se assim não fizerem à partida. São elas “as filhas do pai” cujos discursos se inscrevem na tradição religiosa católica, mesmo as intelectuais que se julgam ateias ou alheias a essas questões de fundo, dando relevo a todos os valores de dominação ancestral patriarcal aceitando a sua canga ou em serem as marionetas dos seus jogos de poder. Mesmo quando se pretendem livres e emancipadas as mulheres seguem as filosofias e os psicólogos de orientação masculina, como Freud ou Lacan, por exemplo, lutando por serem “iguais” ou olhando os seus "complexos e carências" da perspectiva do homens, mestres e mentores...

A pretensa liberdade da mulher, nas sociedades ocidentais, afastou-as do próprio princípio feminino e dos valores que ao longo dos tempos, as identificavam ou associavam, ainda que remotamente, ao princípio feminino e á deusa-mãe e que os poetas elegiam como Musas. Eram ainda consideradas a força motriz do amor erótico e mesmo filosófico, as grandes inspiradoras de poetas e filósofos. Tal como Sofia, a Sabedoria que está por detrás do conhecimento, ou a Alma que está por detrás do espírito criativo...assim estavam as mulheres e todas as deusas que deram sentido ao Mito, e aos Arquétipos que explicam o mundo da Psique.

Com a ideia falsamente libertadora do “eterno feminino” que as feministas consideraram razão de atraso social e de dependência, desligaram assim a mulher de todo o seu lado místico ou transcendente acabando, hoje em dia, por encontrarmos na nossa sociedade, apenas mulheres masculinas a pensarem como os homens e a defenderem quase que exclusivamente os seus valores julgando-os seus também até na sua imagem esteriotipada de sexy símbolo. É assim que se travestiam ou vestem fardas , vão à guerra e são polícias e militares, damas de ferro...na política ou sindicalistas do sexo defendendo a prostituição como um trabalho...
As razões porque tudo isso aconteceu estão bem presentes nestes excertos que passo a transcrever.

quinta-feira, novembro 18, 2004



“AS FILHAS DO PAI”
eram antigamente as filhas da Grande Mãe...


"O retorno à deusa, para renovação numa base de origem e num espírito feminino, é um aspecto vitalmente importante na busca que a mulher moderna empreende em direcção à totalidade. Nós, mulheres que alcançamos sucesso no mundo, somos, via de regra, “filhas do pai” , ou seja, somos bem adaptadas a uma sociedade de orientação masculina, e acabamos por repudiar nossos instintos e energias mais integralmente femininas, rebaixando-as e deformando-as da mesma forma que a nossa sociedade o fez. Precisamos retornar a esse mundo e redimir o que o patriarcado frequentemente considera apenas como uma ameaça perigosa, chamando-a de mãe terrível, dragão ou bruxa."


Adrienne Rich fala por muitas de nós quando escreve:

>“A mulher que eu precisava chamar de mãe
foi silenciada antes de eu Ter nascido”


Infelizmente, muitíssimas mulheres modernas (na verdade quase todas) não receberam desde o início os cuidados de mãe. Pelo contrário foram criadas em lares difíceis, de autoridade absoluta e colectiva (“cortadas do contacto com a terra pelos tornozelos”, como observou uma mulher), cheios dos “é preciso” e dos “deve-se” do super-ego. Ou, então, acabaram por se identificar com o pai e a cultura patriarcal, alienando-se da sua própria base feminina e da mãe pessoal, que frequentemente é por elas considerad fraca e irrelevante. Essas mulheres têm necessidade premente de se defrontarem com a deusa em sua realidade fundamental.

Um conexão interior dessa natureza é uma iniciação essencial para a maior parte das mulheres modernas do Ocidente; sem ela não podemos ser completas. Esse processo requer, a um só tempo, um sacrifício de nossa identidade enquanto filhas espirituais do patriarcado, e uma descida para dentro do espírito da deusa, porque uma extensão enorme da força e da paixão do feminino está adormecido no mundo subterrâneo, no exílio há mais de 5.000 anos.


In CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA
De Sylvia B. Perera

quarta-feira, novembro 17, 2004

"As sociedades mais arcaicas deram
uma importância particular à Mãe e, portanto à Mulher.


CONTUDO "A tradição hebraica que rebaixa a mulher e faz de Deus um solitário ao mesmo tempo macho guerreiro e pastor, a religião islâmica que se inspira nessa noção, são concepções nómadas relacionadas com a secura do deserto."

...O QUE RESULTA
NA FALTA DO FEMININO EM TODO O MUNDO QUE TEM
COMO CONSEQUÊNCIA A VIOLÊNCIA E A GUERRA


Em nome de Deus matamos e da Vida condenamos À MORTE ou mesmo em nome de ideais supremos e todos nos odiamos e destruímos paulatinamente...
Os países divididos em partidos - esquerda direita e marchamos todos para a guerra ou para o abismo - não há Europa nem Estados Unidos porque o mundo se divide todo em nome de deuses e fés - na verdade, apenas pelo (SEU PRÓPRIO) Poder pessoal ou do capital - ECONOMIA MUNDIAL - ou em nome de uma qualquer causa absurda!...

Enquanto a Mulher for um fantasma na sociedade oriental e um objeco instrumentalizado no ocidente, OU UMA MARIONETA, sujeita às leis dos homens e dos padres tanto no Oriente como a Ocidente...não haverá um único continente que esteja em paz...
Esta é a grande lição que o SER HUMANO tem de aprender e ver com olhos de ver e isso começa no respeito da Mulher e da Mãe...

NÃO HAVERÁ PAZ SEM QUE OS DOIS POLOS DO SER ESTEJAM EM HARMONIA, FEMININO E MASCULINO, EM PLENO EQUILÍBRIO, DENTRO DE CADA UM DE NÓS...

segunda-feira, novembro 15, 2004

PORQUE DEFENDO OS VALORES DO FEMININO?


POR ESTA IMAGEM DESTE DIA E POR TODAS AS IMAGENS COMO ESTA...
PORQUE A "A sociedade patriarcal valoriza e promove apenas os aspectos masculinos, subestimando e até mesmo reprimindo os aspectos femininos. O resultado é que a mulher se esvazia, perde sua identidade feminina essencial e se torna uma “cópia” caricatural do homem; o homem, por sua vez reduzido à masculidade bruta e unilateral, perde a ligação com os valores femininos do seu mundo interior e passa a ter uma relação opressiva para com a mulher. Como restaurar a feminilidade, despontenciando a unilateralidade do mundo patriarcal, a fim de reequilibrar a identidade psicológica dos sexos e plenificar a relação entre o homem e a mulher?"

In AMOR E PSIQUE

Porque as próprias mulheres estão em luta umas contras as outras e contra si mesmas e o seu corpo...
Mesmo maltratadas e violentadas elas dizem:

“eu insisto em ter o carinho de um homem. Qualquer fonte feminina me enfurece. O homem é responsável pelo universo. As mulheres não pasam de um segundo lugar. Odeio túneis, Kali, a minha mãe e este corpo de mulher: O que eu quero é um homem.”

É assim que as mulheres se definem e vão para a guerra e dão a expressão à caricatural imagem que o homem faz dela...é por isso que suportam “chulos”, maridos e filhos violentos, pais déspotas ou patrões autoritários.

A mulher neste mundo está contra ela própria e nem sequer se apercebe de nada...sofre horrores, mas em vez de se afirmar e descobrir a si mesma obedece e imita o homem na sua “força” e violência, imitando os padrões masculinos fazendo gáudio em ser polícia, soldado, ministro...

domingo, novembro 14, 2004



HOMENAGEM A LUTA DAS MULHERES
DESDE O PRINCÍPIO DO SÉCULO


“Eu posso ser detida, eu posso ser julgada e atirada para a cadeia; nunca me irei submeter à autoridade nem fazer paz com um sistema que degrada as mulheres a simples incubadoras, e que engorda à custa de vítimas inocentes. Eu declaro, aqui e agora, guerra a esse sistema e não descansarei até o caminho estar desimpedido para uma maternidade livre e uma infância saudável e alegre.”

EMMA GOLMAN, The social aspects of birth control, 1916
In AGENDA LUNAR 2005 - As vozes das mulheres do Norte
Obrigada e parabéns pelo trabalho e dedicação.

VOLTAR À POESIA...

É a poesia que nos resgata a alma recriando e transcendendo a visão da parca realidade que nos circunda. É a poesia que circula no nosso sangue quando nos abre as veias à inspiração para nos reavivar, nas palavras mágicas a eterna memória, acordando a saudade infinita, de um todo que já fomos, ponte entre o aqui e o longe do que éramos ou sonhámos outrora e não nos lembramos mais.
Escrita, viagem a um interior, cósmico, corre como espada que corta e perfura as barreiras, gume afiado, corcel alado que nos leva ao sabor do Verbo, no enlevo ou enleio de uma alma cheia, como seta lançada ao vento, sem alvo visível e que escapa à toda a razão humana...
Escrita que nos fala através de ressonâncias, palavras e símbolos como vindas das nuvens ou brumas, passado ou futuro velado que como um véu se rasga na grande premência que é a laceração da alma, na busca de uma outra inteligência, superior, que se não mede a rima, mas vem do coraçâo e é puro ritmo.
Como um hino, um credo ou um canto...e nos liberta da matéria que nos aprisiona nesta terra e nos eleva ao lugar de orígem, princípio que nos habita e que se nos revela como uma iniciação no prosseguir a nossa luta contra as sombras...

r.l.p.

"CABE ÀS MULHERES REDESCOBRIR O FEMININO,
DAR À LUZ UMA ALMA NOVA,
CAPAZ DE ASSUMIR A SUA DIMENSÃO CÓSMICA"


Antónia de Sousa

sexta-feira, novembro 12, 2004



“O planeta Terra encontra-se envolvido num conflito sem fim. A vida colocou o homem e a mulher como eternos rivais, digladiando-se na arena da vida. Estamos na era atómica, o mundo está quase a desabar. Outro aviso ao criador: se tiver que reconstruir o Éden que todos os seres sejam completos, incluindo a humanidade. Que sejam hermafroditas. Masculino e feminino no mesmo ser, para se atingir a perfeição suprema e com ela a paz por todos nós desejada, sem disputas, nem desilusões, nem desgostos de amor.”

In O SÉTIMO JURAMENTO
LIVRO DE PAULINA CHIZIANE
Da Ed. CAMINHO – uma terra sem amos


O ANDRÓGINO NÃO É UM MITO, MAS A RESPOSTA DO INDIVÍDUO PARA A SUA AMBIVALÊNCIA SEXUAL E A SUA LUTA "CONTRA" O OUTRO, DENTRO OU FORA DE SI

"O andrógino não tenta submergir as diferenças, pois reconhece que as polaridades existem no tempo linear, mas que são ilusórias quando o tempo é concebido como cíclico e eterno.
O andrógino aceita os paradoxos, e os vive, sabendo que, como criatura finita,
muitas vezes não poderá ver além das aparentes contradições que nos assediam a cada passo.
Portanto o andrógino pode viver o presente imediato sem perder o senso de eternidade.
June Singer "Androginia - rumo a Nova Teoria da Sexualidade"

quinta-feira, novembro 11, 2004

O MEU BLOG MELUSINE FOI APAGADO POR UM VIRÚS INFECTO...

MAS A "VELHA E SÁBIA BRUXA" QUE HABITA TODAS AS MULHERES E QUE TANTO ASSUSTA AS MENTES TORPES E PERSECUTORAS, AS AVES DE RAPINA SEMPRE À ESPREITA, SÓ FOI APAGADA NA COR...E VOLTOU...COMO VOLTARÁ SEMPRE QUE A PERSIGAM OU QUEIMEM EM FOGUEIRAS MODERNAS...
AS BRUXAS TEM MIL VIDAS E RENASCERÃO SEMPRE DAS CINZAS...
ELAS SÃO ETERNAS, COMO AS MULHERES & DEUSAS, SEMPRE QUE FOREM FIÉIS À SUA NATUREZA PROFUNDA E À TERRA MÃE.

terça-feira, novembro 09, 2004

HOMENAGEM PÓSTUMA AO MEU bLOG MELUSINE DESAPARECIDO HÁ DOIS DIAS

ÚLTIMO TEXTO AÍ PUBLICADO E CUJO EXCERTO FOI ENVIADO À "CAUSA NOSSA" EM CAUSA ABERTA E QUE POR SER UMA "CAUSA ENCERRADA" NÃO FOI PUBLICADO...

A MINHA CAUSA é uma causa milenar, a única causa que sempre foi posta fora de todas as causas e disfarçada de causa nenhuma...
Passaram séculos, mudanças de regimes e ideologias, desde o feudalismo à democracia, mas ninguém pôs VERDADEIRAMENTE em causa a causa das mulheres...
A minha causa é a causa perdida de que se riem hoje as pessoas “inteligentes” pois me garantem que a minha causa não tem causa de ser por ser hoje em dia inútil e ultrapassada...e que neste mundo “civilizado” e de consumo exacerbado já não se justifica porque já atingimos todos patamares de liberdade e igualdade...
Já ninguém sequer fala da minha causa com vergonha ou então fala como se fosse uma anedota velha...uma coisa ridícula que todos querem esquecer, homens e mulheres.
É uma causa velha como o mundo e até dela fazem a mais antiga profissão sem que ninguém tenha problemas de consciência pois é tão velha e injusta como o mundo, dizem...
Sim, a minha causa é a das Mulheres, de todas as mulheres. Das mulheres espancadas e violadas, das mulheres exploradas traficadas e prostituídas e sem identidade! Não um feminismo serôdio, mas o Princípio que falta ao Masculino em todas as Sociedades e no Mundo, à própria mulher masculinizada à força para vencer na vida; é o Feminino por excelência, o Arquétipo da Deusa, enterrada durante séculos de barbárie pela violência da espada, ou de armas mais sofisticadas e que é preciso consciencializar (integrar) tanto por homens como por mulheres.

É o princípio não da igualdade, mas o princípio do equilíbrio que pode superar o abismo da diferença que há entre os dois que se dividem e lutam e cuja Consciência e Harmonia faz da Mulher e do Homem um ser único e íntegro.

Talvez seja o Princípio da Androginia, ou do Ser Uno, intacto, de que Platão falava antes desta história humana contada só a uma Voz e que ele começou...A voz dos homens que dominam e exploram metade da Humanidade – as mulheres - desde o princípio da Barbárie e é a mesma que vivemos no século XXI...

Talvez a minha causa não se inclua em nenhuma “causa nossa”...
porque não uso a linguagem machista, nem faço salamaleques aos donos e senhores da Blogosfera...em que impera o mesmo o poder falocrático...

Talvez a minha causa seja uma causa metafísica, imprópria para mentes modernas e mentes políticas tão "correctas" dos nossos dias que se dividem em grupos, partidos e entre homem e mulher e dentro de si mesmos...
E POR ISSO MESMO O MUNDO ESTÁ EM GUERRA.


DESDE ONTEM QUE O MEU OUTRO BLOGUE MELUSINE FOI DESATIVADO
OU DESAPARECEU DO MAPA SEM DEIXAR RASTO...
QUEM OU PORQUÊ O FEZ IGNORO...

segunda-feira, novembro 08, 2004

É PRECISO ESCREVER UM NOVO LIVRO DA VIDA

Em que não exista um “pecado original” mas um delito grave, ancestral, um crime monstruoso cometido por uma espécie contra outra espécie. Um crime contra a Natureza e a Terra.
Um livro que diga:
Não foi o “pecado” que nos fez sair do “Paraíso”, mas um crime hediondo cometido por deuses contra a humanidade!
Um livro que esclareça:
Não expiamos uma falta nossa, antes somos vítimas milenares de um poder malévolo que se mascara de um DEUS único e que nos rouba a essência e faz sobreviver no pavor e no medo.

UM livro que nos pergunte:

Como foi possível que durante milénios e nos nossos dias à humanidade acreditar e ainda seguir esse “deus” que a condenou a sofrer e a faz viver miseravelmente em ignorância e ódio e pregando o “amor” fazendo guerras? Uma humanidade dividida entre si, escravizando ou dominando outra metade, que maltrata e renega a própria mãe na mulher e a prostitui e despreza?
Uma humanidade reduzida à sua ínfima espécie, que em nome de Deus e da Paz se mata entre si como animais...

Uma humanidade cuja justiça é cega e que acredita no Diabo, mas não vê que o alberga dentro de si própria e é quem o impede de viver em paz e amar o próximo.


Um livro que nos diga:

Somos uma humanidade possessa de “deuses e diabos” que nos impedem todos de conhecer a verdade! Répteis que nos vergam ao medo e ao caos. Alieníngenas que nos fecharam as Portas do Cosmos e que nos vedaram acesso ao nosso ADN e por isso sem consciência da nossa Origem nem de uma Conciência Suprema.
Somos todos vítimas e não “pecadores”. Temos de acordar deste pesadelo milenar e recuperar a asas, pois somos anjos de Luz e criaturas livres, capazes de amar e ser felizes...

Fomos escravos e agora é tempo de sermos realmente livres e senhores dos nossos destinos. E os últimos serão os primeiros.
As Mulheres, as mães, as as portadoras do Fogo Cósmico que nos libertará a todos, pelo Amor Verdadeiro, pela inteligência da coração cujo centro é Universo.

domingo, novembro 07, 2004

" A BRAVURA HUMANA
INSPIRA-SE NA FILOSOFIA DO ÓDIO."



NO mundo do poder patriarcal dizem que o homem é deus. Iludem-no. Se considerarmos os homens como metade dos habitantes do planeta, a terra seria uma selva de idolatria, divindades, templos e altares. Por incrível que pareça , há homens que caem nessa armadilha com a voracidade dos macacos, consumindo a vida na materialização desta filosofia de loucura.

Dizem que o homem é bravo. Brutalizam-no e fazem dela uma besta para a realização dos desejos sociais, inspirando-o a destruir tudo para abrir percursos desconhecidos. Fazem dele um cavaleiro soberbo, errante, solitário, a busca do impossível com as mãos nuas, suor e sangue. A bravura humana inspira-se na filosofia do ódio.

Na mente do homem colocam profecias de tirania e chamam-lhe herói. Facilmente se compreende porque é que a maioria dos heróis da história são tiranos, assassinos, que nunca respeitam a vida nem a natureza. O cadáver do homem-herói é servido ao mundo inteiro em bandeja de ouro como um manjar. As façanhas do herói alimentam os dentes e estômagos sociais de vaidade e supremacia.

Dizem que o homem é livre. Filosofia de mentira. Como pode um homem ser livre se logo à nascença lhe colocam amarras na mente, tornando-o escravo de profecias e destinos já traçados por poderosos invisíveis?

Dizem que um homem não chora. Filosofia de mentira. Como pode um homem não chorar, se ele é amor, se todo ele é amor, paixão, sensibilidade, ilusão, vibração, cor, movimento, vitória, derrota, vida e morte?

No mundo do poder masculino a mulher é escrava do homem e o homem da sociedade. A existência da mulher é insulto, insignificância. Mas antes a insignificância do que a existência penosa imposta ao homem pelos arquitectos do pensamento universal.

Em todas as famílias do mundo, marido e mulher se digladiam nas quatros paredes. O que eles não entenderam ainda é que tanto o homem como a mulher são vítimas de um sistema milenar arquitectado por cérebros astutos, tiranos, desumanos, vivendo em esferas inalcançáveis.”

PAULINE CHIZIANE
O SÉTIMO JURAMENTO



NOTA Á MARGEM...

- Quem são esses “cérebros astutos, tiranos, desumanos, vivendo em esferas inalcançáveis”?

Serão homens ou deuses? Serão alienígenas do espaço, extraterrestres ou elites que instrumentalizam a humanidade em seu proveito?!
O que é que está por detrás do Poder Patriarcal que amarra o ser humano à nascença a crenças e credos e limita a sua existência a paradigmas que os aprisionam na ignorância de no medo, violência e ódio?
Quem pode estar interessado em manter a humanidade prisioneira de dogmas e crenças aberrantes entre um culto obscuro de um deus de ódio e guerra diferente em cada canto do planeta e uma ciência de clones e bombas atómicas???

QUEM SÃO OS MONSTROS QUE CONTROLAM A TERRA? QUE FORÇA OBSCURA E TEMEROSOS ESTÁ POR DETRÁS DOS GOVERNOS E DOS IMPÉRIOS?

sábado, novembro 06, 2004

ENTRE BOMBAS E GUERRA LOUCURA INSANA DE QUEM COMANDA O MUNDO
Quem não é louco ou cego chora a "Mágoa externa na Terra",
neste "choro silencioso do Mundo"


Vem, ó noite, e apaga-me, vem e afoga-me em ti.
Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito,
Mágoa externa na Terra, choro silencioso do Mundo.
Mãe suave e antiga das emoções sem gesto,
Irmã mais velha, virgem e triste, das idéias sem nexo,
Noiva esperando sempre os nossos propósitos incompletos,
A direção constantemente abandonada do nosso destino,
A nossa incerteza pagã sem alegria,
A nossa fraqueza cristã sem fé,
O nosso budismo inerte, sem amor pelas coisas nem êxtases,
A nossa febre, a nossa palidez, a nossa impaciência de fracos,
A nossa vida, o mãe, a nossa perdida vida...


EXCERTO DE ODE DE ÁLVARO DE CAMPOS


"Tu, palidamente, tu, flébil, tu, liquidamente,
Aroma de morte entre flores, hálito de febre sobre margens,
Tu, rainha, tu, castelã, tu, dona pálida, vem..."A.C.



A LITANIA

Ela correu tanto tempo que viu as árvores fecharem-se após a sua passagem e o céu perder o azul.
Enquanto deambulava pela floresta os seus lábios entoavam uma litania absurda:

Dá-me a esperança.
Dá-me o aconchego da alegria frívola.
Dá-me as mãos do meu amado nos cabelos para que eu possa suportar estes tempos de angústia e sobressalto conservando alguma doçura nesta alma macerada...
Dá-me o sorriso da minha Mãe
Dá-me a Paz

A Ti consagrarei
Os meus sonhos,
A minha força - uterina, bravia e terna.
A minha alma desenhada em raízes e frutos.
O meu corpo, barca adiada de uma criança por conceber.
O meu sangue pisado e puro, águas cúmplices desta minha mágoa fêmea.


Publicado por A_Dora em 12:24 AM | Comentar (9)

in ATRÁS DA PORTA

quinta-feira, novembro 04, 2004


O DOMÍNIO MASCULINO NO MUNDO
OU O IMPÉRIO DA GUERRA E DA VIOLÊNCIA


Homem do século XXI prefere Marte a Vénus
Pelo menos uma em cada três mulheres, ou no total um bilião, foram espancadas, forçadas a ter relações sexuais, ou abusadas de uma forma, ou outra, nas suas vidas. Normalmente, o abusador é um membro da sua própria família ou alguém conhecido.

No Reino Unido, duas mulheres são mortas pelos seus parceiros, por semana;
Em Espanha, em cada cinco dias, uma mulher foi morta pelo seu parceiro, em 2000;
Na Zâmbia, por semana, cinco mulheres são mortas pelo parceiro ou por algum membro da família;
Na África do Sul 147 mulheres são violadas diariamente;
Nos EUA uma mulher é violada a cada 90 segundos;
Na Turquia 35.6% das mulheres sofrem violação marital algumas vezes e 16.3% frequentemente.

A violência sobre as mulheres, na maioria dos países, é ocultada ou permanece sem investigação e punição.

[Fonte: Amnistia Internacional]
-TIRADO NA ÍNTEGRA, AO ÍNTEGRO OBISTURI (que por integridade deixou de existir.)

O MUNDO É DOMINADO POR UM MONSTRO DE DUAS CABEÇAS:
O Poder político ou económico e o religioso.


Um País - um governo - que se opõe à liberdade e consciência de uma mulher, que nega a capacidade de discernimento da Mulher-Mãe e a condena pelas suas leis expondo-a aos seus juízes e padres, que a humilha e a prostitui, que a subjuga e desprestigia, que permite que sobre a mulher recaiam as situações mais degradantes e miseráveis, é um país condenado à sua queda, tal como o mundo Iinteiro entregue à violência masculina e à Guerra.

A falta do princípio feminino no mundo e sobretudo nos países onde a mulher é ainda quase escrava, são países fundamentalistas e fanáticos, tanto em África como no Iraque, no Afeganistão, na América ou na Europa...
Seja em nome de Jeová, seja de Alá...do senhor Maomé ou do senhor Cristo, são em todo o mundo as mulheres quem primeiro são sacrificadas!

Mesmo nos países mais civilizados: "A opressão sobre as mulheres ainda persiste, e por vezes são as próprias mulheres que tornam o mundo ainda mais difícil para as outras mulheres. Mas este fenómeno tende a desaparecer, à medida que essas mulheres opressoras conquistem a sua auto-estima. Do lado oposto a esta selva nasce um dia novo e gloriosos na terra, o dia em que as nossas filhas deixarão de ser julgadas pelas suas paixões ou postas de lado porque terão poder, força e amor." *
a citação * in O VALOR DE UMA MULHER de
MARIANNE WILLAMSON - 1993

quarta-feira, novembro 03, 2004

OS SENHORES DA GUERRA
VENCERAM O MUNDO DOS HUMANOS


As forças de destruição maciça há muito que reinam das trevas
Um novo Império marcha implacável para a destruição da Terra.
Em nenhum continente resta esperança...



“A ilusão de um amanhã melhor há muito murchou (...). Por todo o lado impera a força das armas e a pirataria das armas. Evaporou-se a água que refresca os destinos da humanidade, tudo é fogo.
Mulher e homem, forte e fraco, fogo e água, desfilam em círculo como as estações do ano. Morre um vem outro, nuca caminhando juntos para a harmonia da natureza. As palavras fome, guerra, greve, fuga, massacre, roubo, desgraça, fazem hoje o discurso da maioria. Os passos dos homens já não são desfiles serenos, mas marchas de protesto. As palavras poder, revolução, soam como maldição, nos ouvidos ensurdecidos pela violência das explosões em nome da democracia.



O derramamento de sangue é premeditado, planeado, com uma intenção benéfica e um projecto de nobreza.(...) Há cada dia menos escolas, menos emprego, menos chuva, mais sol, mais armas. Há mais mortos do que vivos, mas ainda não é chegado o fim do mundo, a vida triunfará para a glória do vencedor. O campeão desta guerra construirá o majestoso palácio imperial com ossadas humanas que andam às toneladas nas matas.”

In O SÉTIMO JURAMENTO
De Paulina Chiziane

terça-feira, novembro 02, 2004

AS MULHERES FORAM AS PRIMEIRAS ESCRAVAS

(...)
“AS mulheres necessitavam de protecção masculina porque muitas das alianças entre homens eram pactos militares, a conjunção de forças para capturar o que é dos outros. E uma das primeiras e preferidas formas de motim eram as mulheres jovens. Quando duas tribos guerreavam, o grupo vitorioso matava os prisioneiros homens e levava as mulheres para fazer delas escravas reprodutoras. A captura de mulheres jovens aumentava o potencial reprodutivo dos homens vencedores e também o seu satus. Sempre que há documentos escritos, estes descrevem a violação e o rapto de mulheres no rescaldo da guerra.

Na Ilíada de Homero, que supostamente reflecte as condições sociais na Grécia por volta do ano de 1200a. C., os guerreiros discutem, por vezes de forma atrevida, a devida distribuição do espólio feminino. No princípio da narrativa o rei Agamémnon concorda, com relutância, em abrir mão da sua concubina favorita, Criseide, uma prisioneira de guerra pertencente a uma família importante, quando o Sacerdote seu pai ameaça levar a questão ao tribunal divino. Como compensação pela perda, Agamémnon exige outra mulher, mas os seus homens dizem-lhe que todas as prisioneiras já foram reclamadas. Sendo rei, Ag. Volta-se e exige a escrava/concubina de Aquiles, Briseide, para si. Este simples acto por pouco não conduz à derrota de Atenas, pois Aquiles passa uma grande parte da guerra de Tróia trancado na sua tenda, a remoer a indignidade e a procurar apoio sexual de uma das suas outras concubinas, “aquela que trouxera de Lesbos, filha de Forba, Diomede, a da tez clara”. Aquiles partilha a tenda com outro guerreiro, Pátrocolo, que na sua cama tem um presente de Aquiles; Ífis, a “da bela cintura”, que Aquiles capturara ao conquistar a cidade de Eneida.(...)


Não se ouve falar muito dessas prisioneiras, é claro, tão pouco ficamos, a saber, como se sentiam, passadas de homem para homem como ingressos para um jogo de basebol. É provável que não tenham levantado problemas. Sentiam-se gratas por estarem vivas. Afina, o livro não faz referência a homens escravizados; os homens de Eneia, Lesbos, Tróia e outras cidades derrotadas eram abatidos. Posteriormente, é claro, os homens aprenderam a escravizar outros homens, como faziam com as mulheres, e a usar os músculos dos homens como se usam mulas e bois, mas, segundo alguns historiadores, e com as evidências claramente o sugerem, os primeiros escravos humanos eram as mulheres e a motivação por trás da escravatura era a posse de ventre núbeis.” (...) (Excerto pag. 290)

in “MULHER – UMA GEOGRAFIA ÍNTIMA”
De Natalie Angier
Prémio Pulitzer (Gradiva)