O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 31, 2016

SOBRETUDO NÓS AS MULHERES...



Nos identificamos com o superficial e o supérfluo


A capacidade do ser humano para a adaptação é tão grande que somos criativos  ao ponto de aceitarmos a violência na  nossa própria carne, dando-lhe a forma que advêm de filosofias e opiniões.  Inclusivamente  identificamos-nos com estas criações mentais e até podemos agredir  alguém que se questiona. Se, além disso, também lhes damos forma de arte e criatividade, podemos até pensar que por isso somos superiores estética, moral ou intelectualmente.
Neste caso refiro-me tanto às mulheres que defendem com armas e dentes as  estéticas violentas e ofensivas para os seus corpos e espíritos, como os seres humanos em geral que defendem formas de  se escravizarem em prol dos estados, nacionalismos ou deuses inventados por nós mesmos. Ou as que abraçam sucedâneos de amores para fugir à intimidade. A forma que toma a violência interiorizada, simbólica pode ser múltipla.
Por de trás de tudo está uma grande traição a nossa essência e autenticidade. Uma traição à real criatividade subjacente no fundo de todas as formas. Mas às vezes,  foi  tão dolorosa a nossa experiência, que é melhor nos apaixonamos como o Narciso da nossa imagem em vez de amarmos a nossa essência. Nos identificamos com o superficial e o supérfluo.

Ana Cortiñas - psicóloga

Bruxas eram apenas mulheres...




UM TEXTO EXCELENTE E CLARIFICADOR

COMO NASCERAM AS BRUXAS DO PONTO DE VISTA SOCIAL,  POLITICO OU ECONÓMICO.


Embora a visão da autora do livro seja  obviamente uma visão marxista e materialista, este é um estudo fundamental pois  não deixa de ser uma realidade social e psicológica independentemente do aspecto secular de negação da Deusa Mãe e do poder intrínseco da Mulher, como vidente primordial.

"Tal como Silvia Federici explica no seu livro Caliban e a bruxa as autoridades seculares eventualmente descobriram a estratégia popular de dar tudo o que as mulheres tinham aos homens inclusive as próprias mulheres. Os funcionários públicos não se esqueceram de contabilizar o valor económico do trabalho feminino; foi, pelo contrário, explicitamente excluído da contabilidade econômica - declarou-se não ter valor. Os comerciantes (homens) coordenavam boicotes às mulheres que tentavam ser comerciantes assim como aos homens que trabalhassem com elas. As mulheres que persistissem em tentar qualquer negócio/profissão eram humilharas, chamadas de prostitutas ou bruxas ou atacavam-nas sem sofrer represálias.
Eventualmente presumia-se que uma mulher que estivesse em público sozinha era uma bruxa ou uma prostituta. A violência contra as mulheres era normal e tinha cariz sexual. As mulheres eram cada vez mais levadas a prostituirem-se se nenhum homem as suportasse financeiramente ou quando eram excluídas do seu círculo social por causa de acusações de mau comportamento, relações ilícitas ou abuso sexual. Na prostituição os homens importantes da comunidade podiam torturar essas mulheres à vontade, sendo elas as únicas sujeitas a sanções legais.
Afim de participar na resolução do problema da população revoltada e adquirir o seu quinhão de riquezas a igreja aprovou e abençoou com o selo divino esta destruição dos direitos e independência das mulheres. Os padres inventaram as bruxas. Ou seja, inventaram mulheres que adoravam o diabo e tinham sexo com ele, o que lhes dava poderes caricatos que o historiador feminista Max Dashu chama de diabolismo. Além disso a igreja afirmava que tudo o que não fosse aprovado como cristão era diabolismo.
Mas não havia nenhumas bruxas tal como a igreja as define. A imagem pornografica e diabólica descrita no Malleus Maleficarum não se refere a nenhuma pessoa existente. Na maior parte nem sequer se refer a coisas possíveis, apesar do facto que algumas práticas indígenas espirituais e curas para mulheres serem incluídas como evidências de bruxaria.
Bruxas eram apenas mulheres. Era isso que os homens queriam dizer nas suas próprias palavras."


Silvia Federici
Texto corrigido por India Melodia

"O diabo é uma criação do homem."




"Difamem-me para que os meus perfumes me inflamem...
Agudizem o meu apetite para que eu me transvase
É o tempo do terno fruto
Rebelde como uma granada
Queimem-me
...
E enxuguem com o óleo dos meus poemas os pés
das mulheres virtuosas."






in Le Retour de Lilith
Jumana Haddad


 "Porquê atacar as mulheres? Porque foram elas, durante séculos, acusadas de bruxaria, de pactuarem com o diabo entregando-se à cópula com a besta que lhes daria... poderes sobre-humanos? Nessa desconfiança do feminino afastou-se na verdade a mulher do espaço político e da possibilidade de se expressar, de exercer poder, de destabilizar a hierarquia masculina vigente." *
"O diabo é uma criação do homem. Datável a primeira referência ao diabo (no século XII), Robert Muchembled analisa as diferentes representações do diabo ao longo dos séculos. Da necessidade da Igreja em criar um ideia de inferno à obsessão pelo combate às bruxas e feiticeiras, passando pela ligação ao corpo e pelo emergir do conceito de demónio interior no século XIX, «Uma História do Diabo» afirma-se, essencialmente, como uma história das ideias." (outro livro a assinalar...)

* in "AS PUTAS DO DIABO" de Armelle Le Bras-Chopard

domingo, outubro 30, 2016

A DOR



FUGIR DA DOR...

Quando fugimos de uma dor é de uma única dor que fugimos. Quando fugimos de uma nostalgia, é de uma única nostalgia.
E adentramos noutras dores para fugir de uma dor
E caímos na nostalgia para desertar de uma saudade antiga...
Era melhor que sofrêssemos de outras feridas de que olhar a ferida que nos doeu
E repetimos dores querendo vencer a saudade
Até que algum dai, ao pararmos de correr, lembramos as palavras do poeta:
A dor e a saudade são apenas criaturas que anseiam pelo nosso amor.

sexta-feira, outubro 28, 2016

UA FEITICEIRA MAGA DA ESCRITA...


ESCREVER...ou não escrever...


"Escrever Minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las em palavras. É neste sentido, pois, que escrever me é uma necessidade. De um lado, porque escrever é um modo de não mentir o sentimento (a transfiguração involuntária da imaginação é apenas um modo de chegar); de outro lado, escrevo pela incapacidade de entender, sem ser através do processo de escrever. Se tomo um ar hermético, é que não só o principal é não mentir o sentimento como porque tenho incapacidade de transpô-lo de um modo claro sem que o minta — mentir o pensamento seria tirar a única alegria de escrever. Assim, tantas vezes tomo um ar involuntariamente hermético, o que acho bem chato nos outros. Depois da coisa escrita, eu poderia friamente torná-la mais clara? Mas é que sou obstinada. E por... outro lado, respeito uma certa clareza peculiar ao mistério natural, não substituível por clareza outra nenhuma. E também porque acredito que a coisa se esclarece sozinha com o tempo: assim como num copo de água, uma vez depositado no fundo o que quer que seja, a água fica clara. Se jamais a água ficar limpa, pior para mim. Aceito o risco. Aceitei risco bem maior, como todo o mundo que vive. E se aceito o risco não é por liberdade arbitrária ou inconsciência ou arrogância: a cada dia que acordo, por hábito até, aceito o risco. Sempre tive um profundo senso de aventura, e a palavra profundo está aí querendo dizer inerente. Este senso de aventura é o que me dá o que tenho de aproximação mais isenta e real em relação a viver e, de cambulhada, a escrever."

Clarice Lispector, in Crónicas no 'Jornal do Brasil (1969)


Halloween



A BRUXA, A MEIGA OU A GRANDE MAGA...

"A Bruxa não é mais do que uma mulher em pleno poder da sua intuição e com a consciência plena do seu poder interior feminino, ligada às forças ctónicas da Natureza Mãe e do Cosmos. Por isso penso que precisamos de resgatar a palavra “bruxa” das cinzas das fogueiras e dar-lhe a dignidade que perdeu ao longo dos séculos denigrida pela igreja católica e os seus padres e também resgatá-la da falsa imagem de horror que lhe é atribuída por conceitos estapafúrdios difundidos pelas beatas que tinham medo de pecar, mas sobretudo, mais recentemente, pelos cultos satânicos e outros rituais pretensamente sagrados, que usam o nome da feitiçaria e das bruxas para o crime e a violência. Ou então, no seu oposto, temos na América o Halloween, dia em que toda a gente brinca com abóboras, e se veste de bruxa, até crianças, como se fosse uma espécie de Carnaval…



Precisamos restituir à Mulher Bruxa, A GRANDE MEIGA OU MAGA, à Mulher Feiticeira, a ideia da sua grandeza e da sua beleza: fazê-la sentir o orgulho de ser representante da Deusa Mãe e do Princípio Feminino cujo poder, magia e sortilégio, assustou tanto os homens e os padres da religião católica e a cultura patriarcal, que tudo fizeram para dizimar essa força indómita na mulher, anular esse poder em si para reduzir a mulher a um mero objecto de prazer e produção ao serviço do homem.


Perguntam-me muitas vezes se eu acho que a feiticeira é o mesmo que a bruxa...

Sim eu considero que assim como se dividiu a Deusa Mãe em dezenas ou talvez centenas de arquétipos de deusas...também se dividiu a Sacerdotisa, a mulher iniciada aos mistérios, de mil maneiras e que a sua imagem foi degradada ao longo dos tempos, embora uns com mais e outros com menos carga pejorativa...mas creio que no fundo e por detrás de todas as aparências e nomes é sempre a mesma Mulher Sacerdotisa, a Feiticeira e a Meiga (bruxa em galego) a Maga ou a Vidente a Pitonisa, aquela que sabe e adivinha e faz magia e usa o Dom inerente a toda a  mulher que é fiel a sua essência primeira...
Para mim é hoje muito claro que as interpretações de cada uma varia conforme os cultos e os tempos, os conceitos e preconceitos, a forma como degeneraram os "mitos" e as histórias ou como foram denigridas pelo patriarcado, lugares e ritos, ou como no inicio do cristianismo as mulheres foram perseguidas pelos fanáticos cristãos que as perseguiram desde logo, e desde sempre até aos milhares de mulheres que queimaram nas fogueiras da Inquisição.
Consta (li algures) que as sacerdotisas logo no inicio do cristianismo para não serem descobertas e perseguidas e maltratadas pela sua beleza e magia se disfarçavam de velhas horrendas para atravessar os caminhos e em vez de levarem instrumentos de magia (o bastão ou a varinha mágica) elas levavam uma vassoura ou uma colher de pau...
A Sacerdotisa ou a Mulher Integral foram ao longo dos séculos reduzidas a estereótipos e fragmentas em modelos de virtude ou de maldade conforme a sociedade patriarcal e judaico-cristã as reduziu, a mulher casada e serva ou prostituta escrava sexual.


[Rosa Leonor Pedro]

segunda-feira, outubro 24, 2016

O mal se destrói a si mesmo.

Da obsessão (da obsessão)

- "Kirtimukha": que o mal consuma a si mesmo! E o monstro se auto-devorou.

"Todo mundo acha que a obsessão ocorre de uma pessoa em relação a outra ou a um objeto, como a inveja de Salieri em relação a Mozart ou a cobiça fatal de Midas por ouro, mas a obsessão é como um buraco negro dentro da pessoa, um desejo da alma, um defeito psicológico e uma emoção negativa que foi tornada tão forte que galvaniza toda a vida da criatura naquela direção, fazendo-a entrar em desequilíbrio, fazendo com que todas as áreas de sua vida sejam destruídas e desequilibradas, já que o buraco negro criado na mente da pessoa é tão forte que tudo o mais não possui força frente ao poder de atração, frente a força gravitacional daquele desejo que a tudo galvaniza, a pessoa não pensa em outra coisa, não sente nada mais, fica antes de tudo obcecada por si mesma e por seu desejo fortalecido numa escala exponencial, exatamente como se houvesse um buraco negro na alma.
Assim a obsessão é antes de tudo uma forma de auto-obsessão e o obsessor mais forte é justo a pessoa que foi engolida por si mesma, por um desejo desequilibrado, por uma emoção negativa fortalecida ao longo do tempo, por um defeito psicológico que simbolicamente é como um demônio que tragou-lhe a alma.
Os casos mais flagrantes, pois são públicos, são os de políticos que ao longo do tempo, ao envolverem-se em esquemas de corrupção e no jogo do poder movidos pelos desejos mais torpes, tem a própria face desfigurada, como um reflexo da alma possuída pelo próprio desejo em desequilíbrio, sua aura aparenta desvitalização e seu olhar perde o brilho, tornando-se frio e opaco.
Mas não faltam exemplos de amigos e conhecidos que desequilibraram o seu viver movidos pela obsessão, na verdade pela auto-obsessão. Sejam motivações espirituais, políticas e pessoais, a obsessão nesses casos assumem contornos grandiosos, como causas, ideais ou projetos que por transcenderem o indivíduo o alienam de si, funcionam como um droga que fazem o indivíduo não ver seus próprios problemas para viver os problemas alheios e até os problemas da humanidade.
Aliás, a origem da palavra obsessão é latina, vem de OBSEDERE, “sitiar um local”. Já obcecado vem de OBCAECARE, “tornar cego”, de OB, “à frente”, mais CAECARE, “cegar”.
A pessoa está cega para tudo o mais, está fascinada pelo próprio desejo, como, por exemplo, no caso do invejoso, que tem mais interesse na infelicidade alheia do que na própria e não vê que isto o leva a própria infelicidade e destruição. A inveja é o próprio obsessor, um obsessor abstrato, e seu possuidor, na verdade possuído, é o obcecado, Isto configura a auto-obsessão.
Assim toda a emoção negativa cultivada, todo defeito psicológico fortalecido é a caverna do dragão, é o útero psíquico gerador de obsessores e obcecados.
Curiosamente um dos componentes da palavra obsessor e obcecado, OB, é o termo usado em magia (cabala hebraica) para indicar a corrente fatal, como nos diz Eliphas Levi em seu O Grande Arcano:
“Ob representa a vida fatal. É por isso que diz o legislador hebreu: Infelizes dos que adivinham por Ob, pois evocam a fatalidade, o que é um atentado contra a providência de Deus e contra a liberdade do homem.”
Assim todo o médium, adivinho, sensitivo fascinado por suas próprias previsões segue a corrente da fatalidade é está impregnado de Ob, vítima da corrente astral negativa.
Junte-se numa pessoa a sensibilidade mediúnica, a obsessão de que natureza for e uma personalidade em desequilíbrio e temos aí um obsessor encarnado, um portador de um buraco negro psíquico, um devorador, nas palavras da Bíblia.
O homem ímpio cava o mal, e nos seus lábios há como que uma fogueira. Provérbios 16:27
Amas todas as palavras devoradoras, ó língua fraudulenta. Salmos 52:4
Romper o círculo obsessivo e viciado na própria alma depende do quão a vontade possa estar enfraquecida e se a vontade estiver muito debilitada a única salvação é uma ajuda externa suficientemente forte para fazer frente ao buraco negro dentro da alma da pessoa (auto) obcecada, antes que ela seja devorada por si mesma.
Daí provavelmente o ditado hindu: o mal destrói a si mesmo.
Shiva, o destruidor de mundos, passeava com sua esposa Parvarti, quando de repente surgiu um monstro e disse:
- Quero que sua esposa seja minha mulher!
Ultrajado com aquele insulto, o deus Shiva criou então um monstro dez vezes maior e mais ameaçador que o primeiro, forçando este a lhe pedir clemência.
Shiva, então, poupou a vida do primeiro monstro, que passou a ser seu devoto discípulo e disse ao segundo monstro:
- "Kirtimukha", ou seja: que o mal consuma a si mesmo!
E o monstro se auto-devorou.
Hoje, a máscara do demônio Kirtimukha (imagem em anexo) serve como escudo de proteção nas casas e templos dedicados ao deus Shiva."

FERNANDO AUGUSTO

AQUELA QUE ABRAÇA

O ARQUÉTIPO DA DEUSA VIRGEM ´
e AS EVAS frustradas... 

"Ela é a virgem eterna, o que não quer dizer intocada, mas sim a que não vive sob o domínio do homem ." (Agustina Bessa-Luis)



As mulheres acham que não devem elogiar nem gostar das outras mulheres. Isso vem da paranoia generalizada e do medo que  a mulher tem de ser ela mesma pela ideia que lhes foi inculcada pelo patrismo e o falocratismo de que só o homem e o falo lhes dá sentido na vida e as preenche. Essas mulheres machistas e masculinas, filhas do Pai - podem até andar em círculos do "feminino sagrado" e acharem que seguem a Deusa -,  odeiam as mulheres e são incapazes de empatia com as outras mulheres, e vivem numa norma em que tudo é sexualizado e padronizado por baixos instintos...E na verdade enquanto elas não se descobrirem a si mesmas dentro delas e o prazer do seu corpo e a verdadeira dimensão do feminino ontológico e nõa se identificarem naturalmente  com outras mulheres e apenas com os homens...elas não estão a fazer o Caminho da Deusa, mas de outra coisa qualquer camuflada. Porque a Deusa representa a essência feminina por excelência, representa a sensualidade feminina como representa a doçura e o apaziguamento porque esse é  o dom inato da mulher que a torna capaz de se sentir plena em si mesma e não apenas quando o homem a preenche...

Esta alienação secular da mulher em servir o prazer do homem e viver exclusivamente em função dele acontece porque a mulher perdeu completamente a ligação à Terra à Deusa e à Mãe, deixou de ser Mulher para ser uma serva e uma costela de Adão apenas. Elas são as Evas que só se sentem bem na mira do homem ou debaixo da sua tutela. Nem as mulheres emancipadas conseguiram essa liberdade porque elas continuam prisioneira do homem e do Sistema secular que as anula nessa essência mulher e que só lhes dá a liberdade de servir sendo meros opjectos de produção, de  procriação e uso sexual...
E as mulheres Virgens - aquelas que não precisam da tutela do macho para serem -  são  alvos a abater e por isso a curto prazo são perseguidas e expostas  ou expulsas do seu seio. Não é difícil assistir por parte dessas mulheres Eva pelas suas inseguranças e medos de si mesmas, à tentativa de destruição das mulheres que representem Lilith e que apareçam no seu  caminho, atentado contra o seu carácter e denigrindo-as e caluniando-as de perversas e putas ou lésbicas...elas estão bem amestradas pelo Pai e pelo Mestres...vivem debaixo da sua tutela e são na realidade suas servas e não mulheres autênticas de modo que as mulheres livres - as Verdadeiras Virgens  - são para elas uma ameaça quer  nestes falsos caminhos e rituais da Deusa quer a nível religioso ou politico e social.

Há muitas Deusas que representam o arquétipo da mulher Virgem ou livre e ela é tudo menos submissa ou dependente do homem. E a mulher  ou neste caso a Deusa que eu encontrei mais perto da ideia de mulher integral, da mulher que eu falo, e com quem mais me identifico, é NUKET que significa,  AQUELA QUE ABRAÇA.
É muito belo quando as mulheres  que começam a valorizar outras mulheres e a reconhecer nelas as suas qualidades, porque as têm e não porque as invejam!

rosa leonor pedro


SER UMA EM SI MESMA

"A Deusa Anuket está associada à Lua Crescente e a característica da Deusa desta fase é ser virgem. Mas virgem, no sentido de ser essencialmente uma-em-si-mesma. Isto explica o porquê de ser considerada uma Deusa andrógina. Ela não é, portanto, a contraparte feminina de um deus masculino. Ao contrário, ela tem um papel próprio. Ela é a mais Antiga e Eterna, a Mãe do deus Ra e Mãe de todas as coisas.
Da mesma forma, a mulher contemporânea que incorpora o arquétipo de Anuket é "virgem" em sua conotação psicológica. Uma mulher que é dependente do que outras pessoas pensam, que a faz dizer e fazer coisas que realmente não aprova, não é virgem no sentido do termo. A mulher virgem é livre para ser como deseja. Ela é o que é. Mas romper leis convencionais, não pode levá-la ao egocentrismo, pois deste modo a cura se tornaria pior que a doença.
Mas, como pode então a mulher libertar-se de sua orientação egocêntrica? Quando buscar objetivos não-pessoais e relacionar-se corretamente com sua Deusa Interior, terá como resultado a liberação do egotismo e do egoísmo. Ela deixará então de ser vista como uma egoísta, para consolidar uma personalidade de significação mais profunda. Para tanto, deve ser conhecedora dos ensinamentos antigos da Deusa. É entendendo a concepção primitiva das deidades lunares, que eram tanto provedoras da fertilidade, como destruidoras da vida, que poderemos incorporar os princípios femininos das Deusas, nos tornando então, "virgens", uma-em-si-mesmas. "

Rosane Volpatto



A SENSUALIDADE


O AMOR E SEXO


Estava a pensar em como algumas mulheres se julgam muito sexy e não tem nenhuma sensualidade...
Há mulheres que se julgam belas e até podem sê-lo na aparência mas sem essa sensualidade e que só é real quando expressa essa essência da feminilidade o que torna a mulher magnética e mágica...um poder  que raras mulheres possuem. De facto o que elas são é quase homens, porque são mulheres falocráticas e práticas...amam o falo acima de tudo e não a si mesmas ou sequer ao seu corpo que  mutilam se for preciso para agradar, ou mesmo o seu sexo que não raramente foi abusado - e odeiam as mulheres que são de facto sensíveis e sensuais e que até podem não ser bonitas nem belas, mas têm essa feminilidade essencial que lhes falta a elas e que torna estas mulheres às vezes feias,  irresistíveis...e magnéticas. Estas mulheres-mulheres transmitem doçura e mistério e tocam não só homens como mulheres...mesmo sem sexo...é o fascínio natural que emana de todas as mulheres que são mulheres...
Sim, "erótica é  a alma", escreveu Adélia Prado...
A sensualidade é parte da natureza profunda da mulher e com alma, tem a ver com a essência e não apenas  com o corpo por mias belo que seja - é algo que  emana de dentro e as atravessa e torna atractivas e lhes dá uma dimensão real do que é a essência Mulher e que as feministas renegam...
Há de facto muitas mulheres, a maioria, que ainda confunde uma sexualidade genital com erotismo só porque  pode ser desregrada, furiosa ou intensa - sendo ou não casadas ou com companheiros -, pela forma como acham que é "fazer amor", e o buscam desesperadamente  no macho o prazer e não nelas próprias  e porque são vazias de si mesmas... elas fazem "amor" sem alma nem com-paixão, sem beleza...
Toda a  Magia e Beleza está no coração e na alma da mulher...e é isso que faz a com-paixão tornar o amor sensual sublime e por isso tão raro...

rlp

A MULHER BUSCA A SUA IDENTIDADE...




EM BUSCA DA VERDADEIRA IDENTIDADE FEMININA

"A mulher busca a sua identidade (...) mas o referencial interno, que é a sua própria terra psíquica, é negado.
Ao fazer a substituição do seu ego feminino pelo ego masculino, fica desorientada e esquece que possui como potencialidades dentro de si mesma um princípio masculino que a pode ajudar"
"Na ansiedade de ser aceite socialmente, ela recusou a vivência dos princípios femininos, vistos como qualidades secundárias e inferiores, ...embora necessárias. "
"Pelo não reconhecimento da sua feminilidade (essencial) a mulher se afirma, como indivíduo, muito timidamente diante do homem. Ela procura vestir a máscara da objectividade masculina para ser aceite no seu mundo. E ele se impõe prepotentemente diante dela , exibindo a sua luz solar"


IN O Casamento do Sol e da Lua - Raissa Calvacanti



“O símbolo da Deusa não é uma estrutura paralela ao de deus-pai. A deusa não rege o mundo; ela é o mundo. Manifesta cada um de nós, cada pessoa pode conhecê-la interiormente, na sua magnífica diversidade. Ela não preconiza o domínio de um sexo pelo outro e não outorga nenhuma autoridade aos chefes hierárquicos temporais. Na Witch craft, cada um deve revelar a sua verdade. A divindade é vivida sob o aspecto da nossa forma própria, feminina ou masculina, porque ela também tem u...m aspecto masculino. O sexo torna-se um sacramento, e a religião consiste em voltar a unir o ser ao cosmo…Como mulher, a deusa nos inicia a perceber a nossa divindade, a sentir que o nosso corpo é sagrado. Mas a deusa também é importante para o homem. Por ser menos evidente, a opressão dos próprios homens no sistema patriarcal, dominado por um deus paternalista, não é menos trágica do que a da mulher…O homem é interiormente dividido, por um lado em ser espiritual obrigado a dominar a sua emoção, e por outro a domar os seus instintos animais. No Ocidente, ele tem de lutar contra si mesmo para vencer o pecado e, no Oriente, para matar o desejo e extinguir o ego…” Graças ao símbolo da deusa, os homens podem experimentar e integrar a sua própria feminilidade, que, em geral é o aspecto mais profundo e sensível do seu ser. A deusa não exclui o macho: ela o contém, assim como a mulher grávida contem o bebé macho.”*
*Star Hawk


IN Tantra – O Culto da Femininlidade - Outra visão da vida e do sexo
André Van Lysebeth



domingo, outubro 23, 2016

TER MEDO E NÃO TER MEDO


OS MEDOS E A CONFUSÃO DAS MULHERES...


A "confusão" sentida e vivida pela mulher vítima de atrocidades psicológicas reside, na maioria das vezes, no equívoco de "confundir" os sentimentos. Desvalia, ódio, rejeição. Esta mesma mulher que pensa que ama, pode não amar o marido. Muitos outros motivos podem estar contribuindo para que ela viva o sentimento de "confusão". Medo de encarar outra realidade que ela pensa ser mais difícil, que ela pensa que não vai conseguir alcançar. O medo da separação, do divórcio. O medo de ter "fracassado" no seu casamento e por fim, também a possibilidade de ela confundir-se no sentimento de culpa e perder-se no desconhecimento da auto-punição ou auto-destruição."
(...)

in Violência psicológica, Maria da Penha Vieira


NÃO TER MEDO...


"A mulher corajosa não tem medo de investigar o pior. Isso garantirá um aumento do poder da sua alma através das percepções e oportunidades para examinar de novo a sua própria vida e o seu próprio eu. Neste tipo de exploração da terra da sua psique brilha nela a mulher selvagem. Não teme a escuridão mais escura, porque na verdade pode ver no escuro. Ela não teme os despojos, os desperdícios, a podridão, o fedor, o sangue, os ossos frios, as mulheres jovens morrendo ou os maridos assassinos. Ela pode ver tudo, pode resistir a tudo porque pode também ajudar."

~ Clarissa Pinkola Estes

A FALTA DE PROFUNDIDADE



A FALTA DE PROFUNDIDADA DAS MULHERES 
ADVÉM DA SUA FALTA DE CONSCIÊNCIA DE SI... 

Uma das coisas que mais me tem chocado por assim dizer, ao longo destes últimos anos de contacto com mulheres que dizem e que falam do feminino sagrado - que defendem praticas e seguem mestras ou facilitadoras e xamãs  - sim, falo quase sempre no feminino - que seguem "escolas" e fazem cursos de tanta coisa...e apesar de tanta teoria e tanta informação dispersa ou não, o que me choca mais, dizia eu,  é a falta de profundidade e de pensamento próprio, original e a falta de discernimento e de visão global do mundo; Elas repetem chavões e frases e citam autoras e defendem mistérios e caminhos ocultos e tantRa coisa mas sem nenhuma humanidade, sem nenhum sabedoria vinda de dentro, porque sem coração...
Esta onda de Feminino Sagrado está a ser aproveitada, tal como foi o Feminismo foi pelo patriarcado, pela rama apenas e sem o aprofundamento devido,  por parte de muitas mulheres que vão na onda só por ir, como se tratasse de mais uma moda e por isso aproveitam-se apenas do movimento e acabam  desviando-se do seu propósito original e das suas raízes  para se afirmarem à conta de algo que dá lucro...
E isso  acaba por se verificar sempre no desrespeito pela outra mulher e na prepotência do seu "saber" e na pesporrência e na arrogância de se sentirem superiores. Elas ficam cegas como se fossem donas de alguma coisa, como se  fossem detentora da verdade ou da cura, ou como se se pudesse chegar a algum lado sem a humildade necessária inerente a verdadeira essência do conhecimento ancestral...
E não só não têm esse  saber ancestral como são aculturadas pois lhes falta um conhecimento razoável da história das mulheres, e de si mesmas não possuem sequer um conhecimento psicológico elementar, e por isso não têm qualquer capacidade de fazer uma auto-análise, nem fazer a devida  introspecção do seus actos;  e porque lhes falta essa capacidade de se ver e rever e por em causa...a cada passo,   não possuem  estrutura para transmitir seja o que for a outras pessoas, pois não fazem mais do que projectar as suas confusões e ignorância própria...
O que eu vejo é que há de facto muito poucas mulheres maduras e sérias por aí, mulheres com estrutura interior e equilíbrio emocional capazes de difundir com consciência de si um qualquer propósito ou saber sobre a mulher para a poder ajudar, quanto mais ensinar ou formar outras mulheres no caminho da Deusa.

Sei no entanto que há mulheres fiáveis, conheço-as, que estão  a fazer esse trabalho com seriedade e aplicação. Com provas dadas e experiência de vida e que o manifestam no respeito e no reconhecimento de outras mulheres.
Sim, há poucas referências de mulheres em Portugal que sejam de confiança, mas há sem dúvida  mulheres dignas que fazem um trabalho sério e fiável. Tenho em conta meia dúzia dessas mulheres que conheço mas admiro como haverá outras que não conheça, também mulheres sérias e maduras e com trabalho feito e de uma verticalidade humana, indispensável. Porém, as que encontro por aqui na Internet em  Blogs e proliferam em grupos no Facebook, quase sempre são mulheres sem nível ou educação, e sem carisma...sem a tal profundidade, que caracteriza a Mulher Essência, aquela que está em contacto com a sua alma, que a exprima de coração...e que não se vende, nem se promove...

E quando eu falo de profundidade na mulher, falo da sua ligação a si mesma e a esse fundo abissal de onde ela traz o saber, e transmite algo de essencial dela às outras mulheres... e não apenas de conhecimentos adquiridos...ou ideias muito bonitas sem substância e que não servem para nada senão para se enganarem umas às outras, muito estilo New Age...misturadas com canalizações, anjos arcanjos e planetas distantes. 

Quando falo de cultura e consciência psicológica, falo dessa necessidade natural de a mulher ter uma visão de si tanto interior como exterior de forma a que nela haja estrutura psíquica e emocional e equilíbrio, sinceridade e verdade dentro da nossa realidade...Não na representação de papéis nem máscaras de santas iluminadas e sábias e que de sábias não têm nada...Essas mulheres são   na sua maioria mulheres exaltadas ou fanáticas  que apenas copiarem modelos do passado  estão a mimetizar mulheres de saber ancestral e outras que sabem e fizeram caminho, mas que apenas decoram os textos e rituais mas que não integram nada ao nível das suas próprias vivências.
Por isso para mim hoje em dia qualquer mulher que se exprima apenas em coerência de si e em ligação com a sua experiência de vida e não pelas teorias, sejam elas antigas sejam elas modernas a mim  É O QUE MAIS ME FAZ SENTIDO. Porque o que ressoa em mim e em mulheres de verdade  é a verdade sincera de cada uma na sua vida AGORA e a partir do seu centro, do seu coração e não o debitar teorias e coisas muito bonitas acerca do "feminino sagrado" ou do além ou do passado, o do que quer que seja que agora é mais moda do que realidade e quase sempre só virtual...

rlp

O ESTIGMA SOCIAL DAS BRUXAS...


AS BRUXAS SÃO MULHERES LIVRES E SÁBIAS...

"O estigma social das bruxas, como seres maléficos, feios e velhos sempre me incomodou muito.
Esse ódio pelas mulheres curandeiras, benzedeiras, mães e sacerdotisas nasceu há séculos atrás e teve seu auge com a publicação do livro Malleus Malleficarum (Martelo das Bruxas) escrito pelos dominicanos Kramer e Sprenger em 1486, um verdadeiro manual de Caça às Bruxas.
Kramer foi considerado insano pela Igreja e condenado em 1490, mas o livro continuou sendo publicado, ajudando fortemente a disseminar e incitar o ódio contra mulheres que tivessem conhecimentos sobre ervas e ousassem competir, mesmo que não fosse essa a intenção, com os únicos detentores da conexão espiritual-Deus e os homens.
Protestantes e adeptos do Cristianismo diziam não legitimar a obra Malleus Malleficarum mas entraram na onda de histeria e foram responsáveis por mais de nove milhões de crimes durante a Inquisição, a Era das Fogueiras.
A sabedoria pagã, conhecimentos ancestrais sobre ervas e plantas, era passada por oralidade. Como medida de proteção, os próprios “bruxos e bruxas” ajudaram a propagar a ideia de que seriam seres velhos, disformes, caricatos, de que não passavam de lendas, numa tentativa de enfraquecerem seus poderes e assim quem sabe, as perseguições diminuíssem.
As perseguições e matanças só foram extintas no século XVIII mas ainda hoje temos os resquícios culturais desse período histórico.
A figura da bruxa como um ser horrendo, invejoso e transformadora de príncipes em sapos ainda é bastante reforçada, as produções da Walt Disney são especialistas em divulgar esta ideia.
Que o fogo das fogueiras que queimaram milhares de mulheres, há séculos atrás, seja o mesmo fogo restaurador e purificador, que nos limpa de todas as amarras do passado. Que este mesmo fogo nos empodere e nos conecte, nos una nesta grande teia da VIDA.
São séculos e séculos de opressão às mulheres, violências psicológicas cada dia mais refinadas e eficazes, criando algemas mentais invisíveis e poderosas, enfraquecendo e escravizando milhares de mulheres em relacionamentos doentios, uso de drogas e aceitando condições na sociedade em que as colocam em lugares de inferioridade e subserviência.
As que ousam se empoderar e tomar as rédeas de suas vidas, estão muitas vezes sozinhas, são classificadas de putas, vadias, feministas, feminazis e por aí vai…
Essa necessidade de sempre classificar, demonizar o que foge da “normalidade” tem seus conceitos muito bem enraizados há séculos atrás.
Mas estamos numa Era, numa Nova Era, em que não suportamos mais viver enclausuradas mentalmente e as que não conseguem lutar, estão ficando doentes, depressivas ou com síndromes de ansiedade.
As religiões que fazem uso desses conhecimentos ancestrais das ervas em seus cultos e rituais também são fortemente atacadas e demonizadas.
No que erramos em tratarmos nossas vidas com os presentes da Natureza, em celebrarmos as estações, em nos curarmos com tudo que vem dela, que é nosso, nos foi dado?
Erramos pois somos mestras de nós mesmas, não damos lucro à nenhuma empresa e nem precisamos da benção da água benta de nenhum padre e nem do óleo ungido de nenhum pastor.
Porque conhecemos a passagem estreita entre a vida e a morte, sabemos do poder e da força que carregamos em nossas entranhas, nos conectamos com a sagrada sabedoria que vem da Natureza, somos senhoras de nós mesmas, não precisamos de ninguém para dizer por onde devemos ir.
Vamos continuar sendo perseguidas por vários séculos ainda. Está nas suas mãos deixar-se escravizar novamente ou levantar-se e empoderar-se de si mesma.
Mulheres que dizem basta para relacionamentos abusivos e opressores.
Mulheres que se demitem de seus empregos e se tornam grandes empreendedoras.
Mulheres que não terceirizam a educação de seus filhos.
Mulheres que usam de sua intuição e da voz do coração e estão chegando em lugares inacreditáveis.
Mulheres que se libertam das drogas vendidas em farmácias e respeitam seus corpos.
Mulheres que acessam os saberes ancestrais e se curam com a ajuda da Natureza.
Mulheres que anulam toda a competitividade criada culturamente e se aliam às outras mulheres, pois sabem da força que possuem quando estão juntas.
É com essas que quero ficar.
Que o fogo das fogueiras que queimaram milhares de mulheres, há séculos atrás, seja o mesmo fogo restaurador e purificador, que nos limpa de todas as amarras do passado.
Que este mesmo fogo nos empodere e nos conecte, nos una nesta grande teia da VIDA.
Agradeço imensamente à todas as mulheres sagradas que fazem parte do movimento internacional do Ressurgimento do Sagrado Feminino."


Texto – Colaboração:Michele Távora

quarta-feira, outubro 19, 2016

O MEDO DE LILITH



O MEDO DE LILITH

Os homens temem a Mulher autêntica...a mulher integral...mas as mulheres temem Lilith, a revelação da mulher inteira dentro delas...
O medo de Lilith pode e devia ser pura  reverência... o medo inicial de destapar o véu que  esconde a  verdadeira  Mulher - Mulher...mas ele acaba por reflectir mais o desejo de continuar crianças, filhas do Pai...infantis e desprotegidas. Mas também pode ser o medo cobarde e a rejeição da Mãe que se  lhes negou na sua autoridade materna e por isso elas a negam e se negam também na essência mulher  que são! Renegam a sua herança materna e continuam a  perseguir o mito  homem (pai -filho) como salvador da sua  Eva Submissa, a triste costela de Adão sem vida própria nem identidade...
rlp


EU SOU

"Lilith, a esposa eleita e a esposa que se recusa, a noite e o pássaro, a mulher verdadeira e a mulher lendária, Isthar, Artémis e os ventos da Suméria. As primeiras línguas narram-me, os Livros me designam. E quando me evocam de entre todas as mulheres o meu nome é maldito.
Eu sou a obscuridade mulher e não a mulher radiosa. Nenhuma versão me define e a nenhum sentido eu respondo. A mitologia acusou-me de malefícios e as mulheres trataram-me como masculina, ora eu não sou mulher virago nem a boneca insuflada. Eu não declaro a guerra aos homens nem roubo os fetos das entranhas das mulheres, porque eu sou um demónio voluntário, exigente - sou o ceptro do conhecimento e o anel do amor e da liberdade.
Eu sou os dois sexos Lilith. Sou o sexo prometido. Eu tomo o que não me é dado. E devolvo a Adão à sua verdade, e a Eva o seu seio feroz para restabelecer a logica da criação. " (...)


Joumana Haddad
Excertos de Le retour de Lilith
(acabei de traduzir do francês, de uma poetisa libanesa que vive no Libano, RLP )


O REGRESSO DE LILITH




LE RETOUR DE LILITH de Joumana Haddad
(...)

"Eu sou Lilith a primeira, parceira de Adão na criação e não da costela da submissão. Da terra o meu deus me fez para ser a origem, e da costela de Adão ele fez Eva para que ela seja sombra. Assim que me cansei do meu esposo, eu parti para herdar a minha vida. Eu incitei a minha mensageira a Serpente a tentar Adão com a maçã do conhecimento. E quando consegui isso, devolvi ao imaginário o encantamento do vicio e coloquei o prazer na ordem do dia.
Eu sou a mulher-mulher, a deusa mãe e a deusa esposa. Eu fecundei-me a mim mesma para me perpetuar e ser a tentação de todos os tempos. Eu casei com a verdadeira lenda para ser duas ao mesmo tempo. Eu Dalila, Salomé e Nefertiti entre as mulheres, eu a rainha do Saba, Helena de Troia e Maria Madalena." (...)


RLP - traduzido do francês este excerto de poema da poetisa libanesa Joumana Haddad 

terça-feira, outubro 18, 2016

A MULHER ESSÊNCIA


Eu sou Lilith a  sina dos iniciados
A impetuosa perdida a conhecida e a obscura
Os livros descreveram-me e vocês não me leram
Eis as minhas visões
Na crista da onda  do sétimo dia *

A grande maioria das mulheres ainda não tem o sentido da verdadeira partilha entre si, integradas que estão no sistema patriarcal, ainda as move, primeiro que tudo os seus objectivos mundanos ou familiares, naturalmente, ou então dentro destes meios ditos "alternativos"  e new age, fazem-no quase sempre por interesse próprio, carreira versus profissão, de forma  egoísta ou por interesse material, simulando o ideal sem serem de facto solidárias ou terem qualquer espirito, como gostam tanto de dizer, de sororidade...Estamos muito longe disso, muito muito longe ainda...

Vê-se isso facilmente, se formos ao fundo das aparências e dos trajes, das sais e dos xailes e dos tambores...podemos verificar que são raras as mulheres que têm realmente esse espírito de partilha, desinteressadas ou abnegadas e com um interesse genuíno pelas outras mulheres, dando-se e preocupando-se com o seu sofrimento ou com as suas carências. Estão bem mais interessadas com as propagandas do que fazem e do que vendem nos seus "pacotes" de cura.  Elas servem-se  inclusive das outras mulheres em  beneficio próprio  para se afirmarem e não em beneficio das outras mulheres, desinteressadamente e nem sequer se apercebem da diferença... Tem seguidoras que incitam  sem escrúpulos  a vender também por sua vez as suas "especialidades". E assim, umas se tornam  devotas cegas e outras mestras.
Elas cantam e dançam, tão alienadas como em um qualquer baile de máscaras ou de carnaval...
Quase todas elas se dizem dedicadas à deusa mas na verdade apenas estão a apostar nas suas terapias ou nas suas curas ou nas suas vestes...mais por afirmação egoica, do que por dádiva e amor, e o que ressalta é: "eu sou a curadora, melhor que tu, eu sou deusa, maior do que tu"...e isto está a acontecer por todo o lado, criando-se uma nova seita de mulheres "terapeutas e de medicina", que embora falem do útero e do sangue, não têm consciência nenhuma do que é efectivamente o feminino sagrado ou a verdadeira identidade da mulher; não, não fazem ideia da mulher cindida nelas, e por isso tanta rivalidade, tanta disputa de egos, e tanto ódio por vezes. Elas entraram nesta Roda (ou círculos) em busca de protagonismo - seja uma posição de superioridade seja  um saber que lhe dê importância, destaque, ou que lhes dê a fama de única e especial para assim reverter em dinheiro, ou qualquer outra mais valia, em beneficio próprio apenas.


"Un sabio como yo no debe cobrar por sus servicios, no debe lucrar con su sabiduría. Quien cobra es un mentiroso. El sabio nace para curar, no para hacer negocio con su saber."*

Bem sei que não sou nativa de um pais que vive assim e que vivemos noutros tempos e tudo é diferente,   com sei que vivemos num mundo onde o dinheiro é rei...e faz a lei, e sei que também precisamos dele, mas temos de ter muito cuidado como ele nos pode fazer perder tudo o que ansiamos e somos de verdade...mesmo  sendo sinceras.
O verdadeiro Dom é dádiva e sendo um dom não se vende e ele só se revela, assim como o colmatar do nosso potencial divino em nós, quando somos humildes e nada queremos para nós, quando servimos e entregamos à Deusa o nosso ser e só assim a verdade em nós pode transparecer e veicular como Palavra e sermos fiéis aquilo que somos em essência.
Acontece porém, está a acontecer por todo o lado, muito oportunismo por parte de mulheres que usam a Deusa para fazer negócio e muitas vezes sem qualquer escrúpulo. São como os vendilhões do Templo e em nome da Deusa vendendo tudo e até a alma ao diabo...

O que se passa é que nós levamos para um novo mundo ou paradigma as ideias patriarcais e os seus vícios e não vimos a diferença.
Mas há apesar de todo este folclore mulheres veradeiras que se unem de coração e se dedicam sinceramente à causa da Deusa e da Mulher!

OLHEMOS POIS PARA O QUE NOS UNE E NÃO PARA O QUE NOS SEPARA


Há um centro e uma essência que nos liga e identifica a todas como mulheres - apenas nas crenças, nas ideias e nas diferentes facetas da nossa natureza idades e personalidade nos diferenciamos, mas quando passamos acima das ideias e crenças e o que quer que seja o que nós defendemos intelectualmente porque acreditamos, a verdade que nos interessa diz sempre respeito a todas, e se assim não for é porque não é verdade...

Tudo o que nos separa em vez de nos unir... não é a Deusa Mãe, mas um simulacro qualquer que nos afasta desse centro e desvia desse amago!

rlp

 *1 Joumana Haddad - Le Retour de Lilith

*2 Maria Sabina mulher indígena

COMENTÁRIO DE UMA LEITORA:

Não é propriamente surpreendente que a área da "espiritualidade" e das "terapias" seja a área de eleição de narcisistas e sociopatas. Em que outra área humana se pode conseguir o grau de adulação, poder sobre o outro, afirmar as coisas mirabolantes que afirmam, etc., sem nunca serem questionada/os? Ou se alguma vez o são, obliteram/ridicularizam/manipulam/uma qualquer outra solução que lhes traga mais vantagem no momento, quem o faz. Muito poucas...

Neste momento sinto que só posso encontrar o que nos une no silêncio (e quando ninguém está a ver ou a fotografar!). Será uma fase... entretanto vou lendo, e observando, com muito interesse e curiosidade.

Sónia

domingo, outubro 16, 2016

O VICIO E A VIRTUDE


"A maior parte da nossos estados patológicos são agravados pelo vício da auto-comiseração tanto pelos nossos dramas íntimos e preocupações quotidianas: tenhamos a coragem de reconhecer que a comiseração do outro, - ou de si mesmo - é o principal alimento do vício"*...e da virtude...e estas são normalmente as armadilhas do ego...dito inferior ou superior...
Assim, vício e virtude só servem para nos escravizar e nunca para nos libertar..

RLP


O SI MESMO, O EGO E A INDIVIDUALIDADE


"...esta mente, esta vitalidade e este corpo mesquinhos que chamamos de nós mesmos (ego) são apenas movimentos superficiais, não são o nosso si mesmo de maneira alguma. São um fragmento externo da personalidade que, por gosto da Ignorância, chega a primeiro plano no decorrer de uma brevíssima existência. Esse ser parcial é dotado de uma mente ignorante que tacteia em busca de fragmentos de verdade; de uma vitalidade ignorante que se movimenta caoticamente em busca de fragmentos de prazer; de um corpo físico obscuro e predominantemente subconsciente que recebe impactos das coisas e sofre – não possui – a dor e o prazer resultantes desses impactos. Este estado de coisas é aceite e considerado como normal até ao momento em que a mente se enoja e começa a perguntar-se se por acaso não existe felicidade real: e o corpo físico se cansa e começa a libertar-se dele e das suas dores e prazeres. Então, esse fragmento da personalidade, ignorante e mesquinho, adquire a possibilidade de retornar ao seu verdadeiro Si Mesmo e aceder no conjunto a todas essas coisas superiores – ou então extinguir-se no Nirvana…
O Si mesmo não se encontra em parte alguma da superfície do ser, mas bem lá dentro e acima. Lá dentro existe a alma que sustenta a mente interior, a vitalidade interior e o ser físico interior, que tem juntos a capacidade de amplitude universal e, assim, ter acesso a todas essas coisas que foram concebidas – o contacto directo com a verdade do ser e das coisas, o gosto da bem-aventurança universal, o romper dos grilhões da mesquinhez e dos sofrimentos do corpo físico grosseiro.”*


2*In UMA PSICOLOGIA MAIOR
Sri Aurobindo

1*A ABERTURA DO CAMINHO
S. de Lubicz

O NU DA MULHER




A PROPÓSITO DO NU
E DA EXPOSIÇÃO DO CORPO DA MULHER NA ARTE.

Eu sei que há mulheres que consideram o nu estético e artístico e que o defendem na sua expressão artística, seja ela qual for, fotografia, dança ou poesia, evocação da deusa ou ritual de fecundação, tantra etc. como afirmação de libertação e igualdade da mulher com o homem. O que eu penso porém, é que sendo essas mulheres jovens e acreditarem piamente na libertação da mulher veem isso como um garante da sua liberdade e independência sem perceber contudo que... dentro do Sistema patriarcal o OLHAR DO HOMEM é sempre redutor e aviltante do seu corpo e sexo, e que essa afirmação artística por mais elevada que seja não faz à partida qualquer diferença com o que eles homens fazem através da publicidade abusiva dos seus corpos obejctos nem com a pornografia.
O olhar do homem comum e da mulher também é refém dessa marca inconsciente de como o corpo da mulher foi e é visto quando exposta ao público.

Tenho amigas que defendem o nu da mulher como forma de liberdade e democracia, mas são as minhas amigas feministas e não só, as utópicas que ainda creem num mundo de igualdade que nunca existiu dentro do Sistema patriarcal e falocrático. Portanto eu não condeno o nu em si, nem a arte que o usa...mas lamento a exposição inútil e nociva que acaba sendo para si e para todas as mulheres...

Qualquer mulher que se dispa para uma Revista Play Boy ou outra, acaba sempre por ser DESRESPEITADA, desconsiderada e mal vista...a longo prazo desfeita...

NÃO! O Sistema patriarcal e falocrático não perdoa a integridade de uma mulher!
rlp

sábado, outubro 15, 2016

OS PREMIOS NOBEIS ANDAM LONGE DE GENTE QUE ESCREVE UMA VIDA INTEIRA...

"A arte não pode ser política, nem sujeição social, nem glosa duma ideia que faz época; nem mesmo pode estar de qualquer forma aliada ao conceito «progresso». É algo mais. É o próprio alento humano para lá da morte de todas as quimeras, da fadiga de todas as perguntas sem solução."
Agustina Bessa-Luiz


ESTA GRANDE SENHORA MERECIA
UM PREMIO NOBEL LITERÁRIO...


Agustina Bessa-Luís faz hoje 94 anos - Agustina Bessa-Luís celebra hoje 94 anos....

Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís nasceu a 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, mas foi sempre uma escritora do Porto. O Douro foi a grande inspiração do seu imaginário romanesco. Publicou a primeira obra de ficção, «Mundo Fechado», aos 26 anos, quando vivia em Coimbra e já era casada. Dois anos depois fixou residência no Porto e foi já aí que publicou «Super-Homens», o seu primeiro romance.
Foi directora do «Primeiro de Janeiro» e do Teatro Nacional D. Maria II, foi elemento da Academia de Ciências de Lisboa, da Alta Autoridade para a Comunicação Social, da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e da Academia Brasileira de Letras.
«A Sibila», publicada em 1954, é muito provavelmente a sua maior referência literária e ainda hoje é ensinada nas escolas.
Ao longo da sua vida foi reconhecida pelos seus pares e premiada várias vezes. Entre outros, recebeu o Prémio PEN Clube, o Grande Prémio do Romance e da Novela da Associação Portuguesa de Escritores, Vergílio Ferreira, e o Prémio Camões. Também foi distinguida com a Ordem de Sant'Iago da Espada, a Medalha de Honra da Cidade do Porto e o grau de «Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres», atribuído pelo governo francês.
Viu vários dos seus romances a serem adaptados ao cinema pelo amigo e realizador Manoel de Oliveira. Fanny Owen («Francisca»), Vale Abraão, As Terras do Risco («O Convento») e «O Princípio da Incerteza» passaram para o grande ecrã, para além de «Party», cujos diálogos foram igualmente escritos por si.
Retirada do espaço público há muitos anos, disse um dia. «Nasci adulta um dia e morrerei criança».

OS POTENCIAS VIOLADORES, CONFESSAM-SE...


Este homem, taxista, de nome Jorge Máximo afirmou para a televisão e em directo na manifestação dos táxis em Lisboa que: as "Leis são como as meninas virgens, são para ser violadas"...
...e enquanto os Mídea e as mulheres se insurgiram contra este individuo grotesco e arruaceiro, um potencial violador, houve nas redes sociais homens de "bem" e de esquerda que o defenderam...
    COMO SE RETRATAM E SE DEFENDEM OS HOMENS... 

    "É o que eu digo! O homem já pediu desculpa! mesmo assim já vai ter de responder a um processo!! Já chega porra!!! Não batam mais no ceguinho! Os pobres quando cometem erros são logo exterminados! os ricos são perdoados! Que grande desgosto tenho eu por ter nascido no seio de um povo tão atrasado e tão estupido!"

    É um facto, e é aberrante que os homens como este senhor venham desculpar um arruaceiro e um potencial violador ? Em nome de classes desprotegidas e dos trabalhadores? Coitadinha da besta...já se desculpou? deu o dito por não dito? E pronto, não batam mais no ceguinho, diz um ceguinho ao outro...
    A verdade é que dentro do Sistema patriarcal e falocrático as mulheres nunca estiveram a salvo e são sempre tidas como culpadas e tudo o que se possa fazer dizer e ofender uma mulher para estes homens não tem a meno importância. Está implícito nesta mentalidade marialva e misógina, tanto de esquerda como de direita, que as mulheres são para violar porque ou é livre...ou é puta ou se "vende"...isto é bem português - sim tenho vergonha deste povinho boçal e primário...esta raça de predadores...
    O problema deles é inconsciente em quase todos - salvo raras excepções - pensarem que hoje em dia são as próprias mulheres a fomentar isso o que pode até ser verdade quando não tem recursos, vivem na miséria e não tem educação ou dignidade...mas a REALIDADE é que os homens não perdoam nem querem que se defenda a integridade de uma mulher! Não perdoam por isso que se defenda a mulher, qualquer mulher! Hão-de querer sempre conspurcá-la e fazê-la cair na sua armadilha...a pornografia - a prostituição e a culpa católica.

    rlp


    A MALDIÇÃO DE NASCER MULHER
    Na voz de um padre...


    "Nascer mulher é maldição. O poder, macho, odeia as mulheres. Não suporta a sua fecunda fragilidade. A sua indescritível beleza. O seu arrebatador fascínio. A sua imensa capacidade de resistir, nas condições-limite. E a prova é que os assassinatos de mulheres, casadas ou não, prosseguem, hoje aí, a um ritmo devastador. Coisa banal, simples fait-divers. As mulheres são o útero da vida. Mas o poder, nos três poderes, odeia a vida. Odeia os afectos. O...deia a fecundidade. É assassino. Antípoda das mulheres. Os primeiros nove meses de todos os seres humanos são vividos no útero das mulheres. O facto, só por si, deveria despertar em nós e fazer de nós emoção, ternura, comoção, encantamento, afectos mil. Desperta e desencadeia sobretudo ódios, ciúmes, cobiça, posse, assassínio. São as mulheres, o útero da vida. Nada do que é humano acontece sem elas. O facto é mais do que elementar. Não são precisos doutoramentos para vermos que é assim. Só que o poder não consegue ver, nem o elementar. É cego e bruto. Nega sistematicamente a realidade. Poder e mulheres são duas realidades incompatíveis. Tal como Deus e Dinheiro. E quem diz Deus, diz Feminino, a fonte da vida em relação de afectos. Não diz Dinheiro. Não diz poder. No princípio, é o Feminino. Mas as tecnologias, vazias de fecundidade, estão aí apostadas em dispensar o útero das mulheres. O ódio do poder contra elas vai a tais extremos. Prefere os robots aos seres humanos. E, enquanto não chega lá, faz tudo para esterilizar as mulheres. Convertê-las em poder, de sua natureza, estéril. Só produz espinhos e abrolhos. Como quem diz, refinados instrumentos de tortura, cruzes, guilhotinas, fogueiras, inquisiões, excomunhões, guerras, bombardeiros, bombas nucleares. O terceiro milénio é feminino, ou não será. Uma epopeia hoje quase impossível, depois de milénios e milénios com o poder ao leme do mundo. Com destaque para as chamadas religiões do Livro, o judaísmo, o cristianismo, o islamismo, que vêem no poder, Deus, e nas mulheres, concubinas, prostitutas, de usar e deitar fora. As três são hoje o pecado e o crime organizados do mundo. Esta é, pois, a hora é das mulheres. Do Feminino!"

    Mário Oliveira (padre)

    quarta-feira, outubro 12, 2016

    O RESSENTIMENTO



    “Quem ventos semeia, colhe tempestades.”*

    “ No ressentimento trata-se de uma determinada reação emocional face a outra reação que sobrevive e é repetidamente revivida, escavando e penetra cada vez mais no centro da personalidade. É um voltar a viver a própria emoção: um voltar a sentir, um ressentir. Em segundo lugar, a palavra implica que a qualidade desta emoção é negativa, isto é, expressa um movimento de hostilidade. Talvez a palavra rancor fosse mais apropriada para indicar este elemento fundamental da significação. O rancor é, com efeito uma zanga retida, independente da atividade do Eu, que cruza o obscuro da lama e acaba de formar-se quando os sentimentos de ódio ou outras emoções hostis revivem repetidamente; não contém todavia nenhum desígnio hostil determinado, mas nutre com o seu sangue todos os desígnios possíveis deste tipo. O ressentimento é uma autointoxicação psíquica, com causas e consequências bem definidas.”
     Mergulha-se nesta forma de ser que transfigura-nos.  Nega-se a realidade da passagem do tempo, num diálogo quotidiano com o sentimento de traição e com a convicção que o que aconteceu, não deveria ter acontecido. Acusa-se o outro, da inconsciência do risco comum. Entregamo-nos ao elogio de um conflito que nos parece, ou queremos que seja, inegociável. O que nos move, continuar, somente continuar. Mas só queremos nos sentir em paz.
    Este ressentimento pode ser também por alguém que já faleceu. A zanga está em nos ter deixado, numa falta que julgamos, de momento, inconsolável. Mas também pode manifestar-se sobre nós próprios, por não sermos quem gostaríamos.  À medida que diminui o ressentimento, aumenta a preocupação e a responsabilidade.

    in incalculável imperfeição
    texto de Cristina Simões
    * A Importância de Ser Ernesto de Barnaby Thompson





    A DEPENDÊNCIA DO OUTRO

    AS MULHERES ESTÃO TODAS DEPENDENTES, os homens também, mas especialmente as mulheres, regra geral, são dependentes do homem, do filho e do pai-deus...


    “…o traço unitário da doença mental – a dependência”.*
    ...
    "Podíamos acrescentar: o traço unitário da saúde mental – ser-se independente de outro ser, porque nos sentimos inteiros, mas a quem permanecemos ligados por uma indecifrável fragilidade. No amor, a nossa satisfação não se consegue atingir sem que a pessoa que amamos ,esteja satisfeita.
    É preciso sermos fortes para vivermos este ofício desprendido – a nossa liberdade de ação que nos dá um sentido de competência e o vínculo que nos liga ao outro em assuntos específicos . Agora, chegamos para estar com ele, estamos mais ricos e mais fortes.“E o vínculo é de lealdade e não de dependência; de afeto e respeito, e não de necessidade e medo da perda.”
    Se há um contínuo que liga a normalidade à patologia, a mesma linha une a independência à dependência. Nesta ultima condição, “Alguém faz-me falta para me sentir completo, inteiro; mas não para formar uma nova unidade, o par” (o par amoroso, o par de colegas, o par de amigos….). Pelo que, não se vive bem connosco e com o outro, neste intrincado de necessidades e expetativas irrealistas. É a prisão das esperanças sem sentido que se chocam, e de todas as insatisfações. O que se quer por vezes, é a fusão, que o outro se cole à imagem e semelhança do que desejamos. E que se apague, porque, a pessoa que ele é, na verdade, pouco importa. O que impera é a nossa necessidade e o medo de ficarmos por nossa conta e sós."



    *As citações são de: António Coimbra de Matos
    texto da psicóloga cristina simões - in incalculável imperfeição

    terça-feira, outubro 11, 2016

    O QUE É UMA MULHER LIVRE E AUTONOMA?


    MULHERES PROMISSORAS
    E DE MORTE PREMATURA OU MULHERES FAMOSAS SUICIDAS…

    Porquê, perguntaram-me, tantas mulheres promissoras ou famosas acabaram se auto-destruindo por "amor" de um homem? São tantas ao longo da História...

    O problema dessas mulheres é o de todas as outras mulheres do Mundo, não só em Portugal, em que TODAS  SÃO OU FORAM FORMATADAS E CONDUZIDAS pela cultura patriarcal, induzidas desde pequeninas na história do príncipe encantado que as desperta com um beijo e depois, neste século já a do magnata ou do chefe espiritual ou do marido ou do líder ou patrão rico que a leva ao altar ou ainda o que seja essa projecção da mulher no "amor" divino e no homem salvador, de um deus até...para superar o seu vazio interior - esse esvaziamento de si que sofreu pela educação patrista e paternalista - cuja ideia angular é a de que só o homem a pode preencher ou um filho na sua barriga...e isso é igual, acontece com todas as mulheres na nossa sociedade, sejam pobres ou ricas famosas ou anónimas. Daí a importância da mulher ter consciência de si e da sua totalidade, do seu próprio valor intrínseco como mulher e não pelo que representa ela (corpo e sexo) para o homem e a sociedade e fazer a integração da sua ANIMA - ou das "duas mulheres" divididas (a santa e a puta) pela religião secular e enfrentar essa parte de si que ela desconhece...etc etc. Onde está a Mulher- Mulher, nõa a mulher homem a mulher animus...?
    A História desta história da "puta e  da santa" é tão velha como o mundo, dizem e não há nada de novo ao cimo da Terra...mas o que eu sei é que  enquanto a mulher viver em duas metades repartidas dentro de si mesma e perpetuar essa dicotomia psíquica para servir o Homem, seja em que plano da sociedade for, ela está votada não só ao descrédito (Cassandra votada ao descrédito por Apolo por o não querer servir, tal como Lilith condenada ao inferno por não se submeter a Adão) como a ser derrubada mal vá além do que lhe é predestinado! Ela pode até estar atrás de um “grande homem”, mas nunca à frente…a não ser que se ponha à frente de si mesma e deixe de negar a sua essência de mulher e Mãe, autónoma, fiel a sua linha matricial. A Mulher Virgem ou a Pecadora é apenas uma mulher senhora de si, não por não ter sexualidade, ou a exercer em excesso, sendo a mãe pura ou a amante apaixonada, mas por ser apenas uma mulher livre e autónoma.



    VER O ERRO BRUTAL DAS FEMINISTAS
    1. O que essa senhora ainda não sabia na época era que o cérebro se divide sim, em dois hemisférios e que um é feminino (intuitivo e emocional - inteligência emocional) e o outros masculino (logica e razão) e que a partida cada ser com órgãos femininos (útero e ovários e vagina) é mulher e órgãos masculinos (pénis testículos) é homem, e têm nesses hemisférios a sua representatividade, ainda que façam ambos parte do mesmo e único cérebro, mas o que dá... a expressão maior ao ser mulher é a emoção-intuição e ao homem logica-razão...assim, à luz da nova visão do cérebro essa ideia é bem redutora...
      AS feministas mentais e masculinizadas, materialistas  ou marxistas, negam a essência do feminino e não têm a menor noção do seu ser ontológico nem do sagrado da vida. São seres sem alma nem dimensão espiritual. E ai começa um novo drama para a mulher integral cuja Mística a define...a mulher é em si mesma a grande mediadora das forças cósmico-telúricas...e tem de reintegrar e resgatar essa natureza primordial que a liga ao Céu e a Terra...
      Vivemos num tempo dessacralizado em que a mulher se tornou pouco mais do que um ventre de aluguer e uma maquina procriadora ou produtiva... e elas acham que isso é liberdade e se afirmam iguais ao homem nas suas conquistas socias e materialistas. E até vão a guerra...
       
      Assim, podemos perceber como mulheres promissoras ou fantásticas...intelectuais ou cientistas, jornalistas ou escritoras, todas elas sofrem dessa cisão e pertencem ao mundo dos homens e achando que não, são de alguma maneira dominadas pelo masculino quase sempre...
    O feminismo infelizmente acaba por ser um machismo invertido na sua essência. Começando por uma tentativa justa de equilíbrio de salários e direitos acabou por ser a mulher uma cópia do homem, uma travesti. Elas transmitem e representam o machismo/patrismo totalmente inerente ao Sistema e que faz esta sociedade doente - sem Mãe nem feminino - porque anula as suas mulheres na sua essência primeira e as converte em homens de saias - ou nem isso ...
    Para mim o drama do mundo é muito e simplesmente devido a falta de essência feminina na mulher, o Lado Feminino da Humanidade...

    PORQUE QUASE TODAS ESSAS MULHERES QUE VIVEM  NOS PALCOS DO TEATRO POLITICO-ECONOMICO E SOCIAL E AS SUAS REINVINDICAÇÕES  NÃO SÃO MULHERES!
    rlp