O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, outubro 15, 2016

OS PREMIOS NOBEIS ANDAM LONGE DE GENTE QUE ESCREVE UMA VIDA INTEIRA...

"A arte não pode ser política, nem sujeição social, nem glosa duma ideia que faz época; nem mesmo pode estar de qualquer forma aliada ao conceito «progresso». É algo mais. É o próprio alento humano para lá da morte de todas as quimeras, da fadiga de todas as perguntas sem solução."
Agustina Bessa-Luiz


ESTA GRANDE SENHORA MERECIA
UM PREMIO NOBEL LITERÁRIO...


Agustina Bessa-Luís faz hoje 94 anos - Agustina Bessa-Luís celebra hoje 94 anos....

Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís nasceu a 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, mas foi sempre uma escritora do Porto. O Douro foi a grande inspiração do seu imaginário romanesco. Publicou a primeira obra de ficção, «Mundo Fechado», aos 26 anos, quando vivia em Coimbra e já era casada. Dois anos depois fixou residência no Porto e foi já aí que publicou «Super-Homens», o seu primeiro romance.
Foi directora do «Primeiro de Janeiro» e do Teatro Nacional D. Maria II, foi elemento da Academia de Ciências de Lisboa, da Alta Autoridade para a Comunicação Social, da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e da Academia Brasileira de Letras.
«A Sibila», publicada em 1954, é muito provavelmente a sua maior referência literária e ainda hoje é ensinada nas escolas.
Ao longo da sua vida foi reconhecida pelos seus pares e premiada várias vezes. Entre outros, recebeu o Prémio PEN Clube, o Grande Prémio do Romance e da Novela da Associação Portuguesa de Escritores, Vergílio Ferreira, e o Prémio Camões. Também foi distinguida com a Ordem de Sant'Iago da Espada, a Medalha de Honra da Cidade do Porto e o grau de «Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres», atribuído pelo governo francês.
Viu vários dos seus romances a serem adaptados ao cinema pelo amigo e realizador Manoel de Oliveira. Fanny Owen («Francisca»), Vale Abraão, As Terras do Risco («O Convento») e «O Princípio da Incerteza» passaram para o grande ecrã, para além de «Party», cujos diálogos foram igualmente escritos por si.
Retirada do espaço público há muitos anos, disse um dia. «Nasci adulta um dia e morrerei criança».

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