O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, outubro 19, 2016

O MEDO DE LILITH



O MEDO DE LILITH

Os homens temem a Mulher autêntica...a mulher integral...mas as mulheres temem Lilith, a revelação da mulher inteira dentro delas...
O medo de Lilith pode e devia ser pura  reverência... o medo inicial de destapar o véu que  esconde a  verdadeira  Mulher - Mulher...mas ele acaba por reflectir mais o desejo de continuar crianças, filhas do Pai...infantis e desprotegidas. Mas também pode ser o medo cobarde e a rejeição da Mãe que se  lhes negou na sua autoridade materna e por isso elas a negam e se negam também na essência mulher  que são! Renegam a sua herança materna e continuam a  perseguir o mito  homem (pai -filho) como salvador da sua  Eva Submissa, a triste costela de Adão sem vida própria nem identidade...
rlp


EU SOU

"Lilith, a esposa eleita e a esposa que se recusa, a noite e o pássaro, a mulher verdadeira e a mulher lendária, Isthar, Artémis e os ventos da Suméria. As primeiras línguas narram-me, os Livros me designam. E quando me evocam de entre todas as mulheres o meu nome é maldito.
Eu sou a obscuridade mulher e não a mulher radiosa. Nenhuma versão me define e a nenhum sentido eu respondo. A mitologia acusou-me de malefícios e as mulheres trataram-me como masculina, ora eu não sou mulher virago nem a boneca insuflada. Eu não declaro a guerra aos homens nem roubo os fetos das entranhas das mulheres, porque eu sou um demónio voluntário, exigente - sou o ceptro do conhecimento e o anel do amor e da liberdade.
Eu sou os dois sexos Lilith. Sou o sexo prometido. Eu tomo o que não me é dado. E devolvo a Adão à sua verdade, e a Eva o seu seio feroz para restabelecer a logica da criação. " (...)


Joumana Haddad
Excertos de Le retour de Lilith
(acabei de traduzir do francês, de uma poetisa libanesa que vive no Libano, RLP )


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