O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, outubro 28, 2016

Halloween



A BRUXA, A MEIGA OU A GRANDE MAGA...

"A Bruxa não é mais do que uma mulher em pleno poder da sua intuição e com a consciência plena do seu poder interior feminino, ligada às forças ctónicas da Natureza Mãe e do Cosmos. Por isso penso que precisamos de resgatar a palavra “bruxa” das cinzas das fogueiras e dar-lhe a dignidade que perdeu ao longo dos séculos denigrida pela igreja católica e os seus padres e também resgatá-la da falsa imagem de horror que lhe é atribuída por conceitos estapafúrdios difundidos pelas beatas que tinham medo de pecar, mas sobretudo, mais recentemente, pelos cultos satânicos e outros rituais pretensamente sagrados, que usam o nome da feitiçaria e das bruxas para o crime e a violência. Ou então, no seu oposto, temos na América o Halloween, dia em que toda a gente brinca com abóboras, e se veste de bruxa, até crianças, como se fosse uma espécie de Carnaval…



Precisamos restituir à Mulher Bruxa, A GRANDE MEIGA OU MAGA, à Mulher Feiticeira, a ideia da sua grandeza e da sua beleza: fazê-la sentir o orgulho de ser representante da Deusa Mãe e do Princípio Feminino cujo poder, magia e sortilégio, assustou tanto os homens e os padres da religião católica e a cultura patriarcal, que tudo fizeram para dizimar essa força indómita na mulher, anular esse poder em si para reduzir a mulher a um mero objecto de prazer e produção ao serviço do homem.


Perguntam-me muitas vezes se eu acho que a feiticeira é o mesmo que a bruxa...

Sim eu considero que assim como se dividiu a Deusa Mãe em dezenas ou talvez centenas de arquétipos de deusas...também se dividiu a Sacerdotisa, a mulher iniciada aos mistérios, de mil maneiras e que a sua imagem foi degradada ao longo dos tempos, embora uns com mais e outros com menos carga pejorativa...mas creio que no fundo e por detrás de todas as aparências e nomes é sempre a mesma Mulher Sacerdotisa, a Feiticeira e a Meiga (bruxa em galego) a Maga ou a Vidente a Pitonisa, aquela que sabe e adivinha e faz magia e usa o Dom inerente a toda a  mulher que é fiel a sua essência primeira...
Para mim é hoje muito claro que as interpretações de cada uma varia conforme os cultos e os tempos, os conceitos e preconceitos, a forma como degeneraram os "mitos" e as histórias ou como foram denigridas pelo patriarcado, lugares e ritos, ou como no inicio do cristianismo as mulheres foram perseguidas pelos fanáticos cristãos que as perseguiram desde logo, e desde sempre até aos milhares de mulheres que queimaram nas fogueiras da Inquisição.
Consta (li algures) que as sacerdotisas logo no inicio do cristianismo para não serem descobertas e perseguidas e maltratadas pela sua beleza e magia se disfarçavam de velhas horrendas para atravessar os caminhos e em vez de levarem instrumentos de magia (o bastão ou a varinha mágica) elas levavam uma vassoura ou uma colher de pau...
A Sacerdotisa ou a Mulher Integral foram ao longo dos séculos reduzidas a estereótipos e fragmentas em modelos de virtude ou de maldade conforme a sociedade patriarcal e judaico-cristã as reduziu, a mulher casada e serva ou prostituta escrava sexual.


[Rosa Leonor Pedro]

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