O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 03, 2016

A MULHER E A CULTURA PATRIARCAL



"A nossa civilização, baseada nos falsos valores do patriarcado, está em plena ruína, até no plano material. Para evitar a autodestruição, é preciso despertar o culto da feminilidade, que é o único a permitir o pleno desenvolvimento tanto do homem como da mulher."(?)

Quando digo que a mulher é mantida na ignorância apesar da cultura refiro-me à ignorância de si como mulher - que mulher somos? - nesta aculturação do que é ser mulher inteira...e que se baseia na ignorância da sua verdadeira essência e do seu verdadeiro potencial como mulher integral - a mulher para além de ser esposa mãe e amante - e não falo tão pouco da mulher intelectual nem da mulher informada e formatada (nas universidades) dentro da mentalidade e dos princípios e valores do patriarcalismo - que a mantém ignorante do seu poder pessoal intrínseco - e que não é só no aspecto sexual-objecto  por um lado, nem o da maternidade apenas,  pois essa é a divisão secular da mulher, cisão da mulher em duas espécies de mulheres que foi feita pela Igreja católica e em quase todas as seitas, em que ela é vista como uma mulher bem comportada e séria de acordo com as suas normas impostas ou se não o é torna-se uma vadia, uma ordinária...Isto é o que toda a mulher, de uma maneira geral, sofre na pele e entra em conflito interiormente consigo mesma na sua vida desde menina desse modo vê-se obrigada sempre a negar um lado ou o outro de acordo com que o meio ou a família exige dela e desse conflito psicológico e emocional que é a sua cisão sai sempre enfraquecida e fragmentada, sendo assim impedida de se tonar uma mulher completa, uma Mulher Integral. Portanto e para mim, de acordo com esta ideia da cisão na mulher que tenho vindo a defender e a desenvolver no que escrevo desde há mais de uma década. está a chave de um dos maiores dramas da mulher, desde há séculos até hoje .

Portanto a meu ver, a mulher moderna, intelectual ou espiritual é tão atrasada e ignorante de si mesma, no sentido dessa totalidade  (não  falo no sentido junguiano do termo), como a mulher mais ignorante, embora ela se tenha afirmado nos círculos académicos e outros, mas apenas porque exerce o seu animus e dando enfase à Razão e à Lógica e não se atreve a ser ou a exprimir os aspectos de si que lhe correspondem efectivamente: uma mulher sente mais com o coração (que é singularmente inteligente) e usa ou devia usar a intuição acima da lógica, sem  excluir esta, claro....pois é essa a sua qualidade intrínseca, e como se sabe,  são essas as funções do hemisfério cerebral direito, o lado feminino, e que são ridicularizadas pela mente lógica, o masculino do hemisfério esquerdo.
Vem dessa velha dicotomia entre sentir e pensar, o velho cisma que valoriza as funções de um hemisfério e denigrem os do outro. A mulher como representante dessas funções é e foi sempre ridicularizada ou inferiorizada por não saber pensar. Por isso ela hoje valorizando-se de acordo com a sociedade patriarcal e pelo facto de ter sido compelida a ser igual ao homem, ela utiliza apenas a mente masculina, a linguagem masculina, rejeitando a sua parte intuitiva e perceptiva  - aceitando inclusive ser aglutinada ao termo Homem - e assim é o modelo masculino que serve a  mulher e a mulher acaba sendo apenas o que o imaginário do homem dela criou, moldou e lhe impôs como "única mulher"...aliás...tem dois modelos à escolha...mas essa escolha também não depende dela... 

Enfim, digo e repito,  até que a mulher integre essas duas partes de si e tenha uma  Consciente integral de si mesma, para que  possa ser inteira, e não mais ser apenas uma ou a "outra"...sempre dividida, grosso modo... entre a "santa e a puta"...e as suas variantes modernas e mediáticas, mas sempre uma divisão que permite a  utilização e exploração de um lado da mulher apenas, cada uma para seu lado, a esposa ou amante...sim, ainda hoje...quer queiram quer nõa, é assim que os homens veem as mulheres nos nosso dias, mesmo que digam o contrário!  

rosaleonorpedro

A PALAVRA HOMEM

" Não tenho de momento dados muito precisos para confirmar. Mas a palavra Homem, homo, humus, à partida queria dizer: ser nascido da terra, e tanto se referia ao sexo masculino como feminino. O ser masculino é que se apropriou da palavra para a universalizar em seu proveito, marcar a exclusividade do seu poder e relegar a mulher para a subalternidade. De tal maneira o conseguiu que, para nós, mulheres, hoje seria impensável aceitarmos a palavra Homem co...mo nossa, porque ela já está carregada de significados que não têm nada a ver connosco. É um facto irreversível. Chamam-nos isto e mais aquilo, e nós próprias procuramos escolher o que nos queremos chamar. Mas no fundo fizeram de nós as incógnitas, aquelas a quem se esconde as origens. A palavra rainha, sinto eu, é mais um adjectivo, um atributo, aquilo que gostariamos de ser. Nada como ter consciência da origem e sê-lo, poder sê-lo, em substância, plenamente. Pior, escondem-nos as origens e roubam-nas."

graça mota

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