O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, outubro 23, 2016

O ESTIGMA SOCIAL DAS BRUXAS...


AS BRUXAS SÃO MULHERES LIVRES E SÁBIAS...

"O estigma social das bruxas, como seres maléficos, feios e velhos sempre me incomodou muito.
Esse ódio pelas mulheres curandeiras, benzedeiras, mães e sacerdotisas nasceu há séculos atrás e teve seu auge com a publicação do livro Malleus Malleficarum (Martelo das Bruxas) escrito pelos dominicanos Kramer e Sprenger em 1486, um verdadeiro manual de Caça às Bruxas.
Kramer foi considerado insano pela Igreja e condenado em 1490, mas o livro continuou sendo publicado, ajudando fortemente a disseminar e incitar o ódio contra mulheres que tivessem conhecimentos sobre ervas e ousassem competir, mesmo que não fosse essa a intenção, com os únicos detentores da conexão espiritual-Deus e os homens.
Protestantes e adeptos do Cristianismo diziam não legitimar a obra Malleus Malleficarum mas entraram na onda de histeria e foram responsáveis por mais de nove milhões de crimes durante a Inquisição, a Era das Fogueiras.
A sabedoria pagã, conhecimentos ancestrais sobre ervas e plantas, era passada por oralidade. Como medida de proteção, os próprios “bruxos e bruxas” ajudaram a propagar a ideia de que seriam seres velhos, disformes, caricatos, de que não passavam de lendas, numa tentativa de enfraquecerem seus poderes e assim quem sabe, as perseguições diminuíssem.
As perseguições e matanças só foram extintas no século XVIII mas ainda hoje temos os resquícios culturais desse período histórico.
A figura da bruxa como um ser horrendo, invejoso e transformadora de príncipes em sapos ainda é bastante reforçada, as produções da Walt Disney são especialistas em divulgar esta ideia.
Que o fogo das fogueiras que queimaram milhares de mulheres, há séculos atrás, seja o mesmo fogo restaurador e purificador, que nos limpa de todas as amarras do passado. Que este mesmo fogo nos empodere e nos conecte, nos una nesta grande teia da VIDA.
São séculos e séculos de opressão às mulheres, violências psicológicas cada dia mais refinadas e eficazes, criando algemas mentais invisíveis e poderosas, enfraquecendo e escravizando milhares de mulheres em relacionamentos doentios, uso de drogas e aceitando condições na sociedade em que as colocam em lugares de inferioridade e subserviência.
As que ousam se empoderar e tomar as rédeas de suas vidas, estão muitas vezes sozinhas, são classificadas de putas, vadias, feministas, feminazis e por aí vai…
Essa necessidade de sempre classificar, demonizar o que foge da “normalidade” tem seus conceitos muito bem enraizados há séculos atrás.
Mas estamos numa Era, numa Nova Era, em que não suportamos mais viver enclausuradas mentalmente e as que não conseguem lutar, estão ficando doentes, depressivas ou com síndromes de ansiedade.
As religiões que fazem uso desses conhecimentos ancestrais das ervas em seus cultos e rituais também são fortemente atacadas e demonizadas.
No que erramos em tratarmos nossas vidas com os presentes da Natureza, em celebrarmos as estações, em nos curarmos com tudo que vem dela, que é nosso, nos foi dado?
Erramos pois somos mestras de nós mesmas, não damos lucro à nenhuma empresa e nem precisamos da benção da água benta de nenhum padre e nem do óleo ungido de nenhum pastor.
Porque conhecemos a passagem estreita entre a vida e a morte, sabemos do poder e da força que carregamos em nossas entranhas, nos conectamos com a sagrada sabedoria que vem da Natureza, somos senhoras de nós mesmas, não precisamos de ninguém para dizer por onde devemos ir.
Vamos continuar sendo perseguidas por vários séculos ainda. Está nas suas mãos deixar-se escravizar novamente ou levantar-se e empoderar-se de si mesma.
Mulheres que dizem basta para relacionamentos abusivos e opressores.
Mulheres que se demitem de seus empregos e se tornam grandes empreendedoras.
Mulheres que não terceirizam a educação de seus filhos.
Mulheres que usam de sua intuição e da voz do coração e estão chegando em lugares inacreditáveis.
Mulheres que se libertam das drogas vendidas em farmácias e respeitam seus corpos.
Mulheres que acessam os saberes ancestrais e se curam com a ajuda da Natureza.
Mulheres que anulam toda a competitividade criada culturamente e se aliam às outras mulheres, pois sabem da força que possuem quando estão juntas.
É com essas que quero ficar.
Que o fogo das fogueiras que queimaram milhares de mulheres, há séculos atrás, seja o mesmo fogo restaurador e purificador, que nos limpa de todas as amarras do passado.
Que este mesmo fogo nos empodere e nos conecte, nos una nesta grande teia da VIDA.
Agradeço imensamente à todas as mulheres sagradas que fazem parte do movimento internacional do Ressurgimento do Sagrado Feminino."


Texto – Colaboração:Michele Távora

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