O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, dezembro 30, 2022

Ossianis - Arte Onírica Etérea - V1. Princesa do Lago de Lys.

Quanto custa a busca da felicidade ?



DANÇAR EM PONTAS...


Todos/as nós de uma maneira geral, achamos que temos de ser felizes, buscamos o prazer e tendemos a ir apenas ao encontro das chamadas "coisas boas"...das coisas bonitas, das coisas agradáveis...e com isso, devido a uma cultura/religião, a meu ver totalmente hipócrita e falsa, esquecemos e omitimos o verdadeiro ou desviamo-nos das coisas complicadas e difíceis, do que está por detrás das aparências do que é belo… 
Com esta estranha perseguição da "felicidade prometida" como de um oásis no deserto, tod@s nós nos demitimos das coisas complexas e profundas ou problemáticas, paradoxais, nomeadamente da nossa Sombra e tudo o que concerne o nosso inconsciente porque é perigoso ver a realidade e por isso guardamos a 7 chaves os nossos segredos e dores e misérias...como fazemos com tudo o mais que não nos agrada aos olhos e varremos para debaixo do tapete julgando que com isso avançamos e estamos a ir ao encontro de deus do céu...ou dessa felicidade sempre longínqua e fugaz, ou em termos mais religiosos, vamos em busca de luz e de paz?
Vamos na onda de tudo o que é leve e que nos promete virgens no céu ou a felicidade ilusória que as religiões e o comércio vende...e nós compramos tudo a alto preço pelo que são os nossos desejos de amor e alegria e beleza, raramente alcançadas. 
Ah, somos assim modelados e condicionados a não ver o que sangra... por detrás de todos os esforços em vão para sermos felizes!
Sim, dançamos em pontas sobre o nosso sofrimento e o dos outros… num mundo inventado!
rlp


de que tendes vós orgulho, ó gentes?...



"O olhar de um bicho comove-me mais profundamente que um olhar humano. Há lá dentro uma alma que quer falar e não pode, princesa encantada por qualquer fada má. Num grande esforço de compreensão, debruço-me, mergulho os meus olhos nos olhos do meu cão: tu que queres? E os seus olhos respondem-me e eu não entendo... Ah, ter quatro patas e compreender a súplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar! Afinal... de que tendes vós orgulho, ó gentes?..."


FLORBELA ESPANCA - Diário


"Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse..."



O FIM DE QUÊ?

"Orwell nos alertou sobre um mundo em que os livros eram banidos. Huxley nos alertou sobre um mundo em que ninguém queria ler livros. Orwell nos alertou sobre um estado de guerra e medo permanentes. Huxley nos alertou sobre uma cultura de prazeres do corpo."



Novo Ano

"Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse no ventre morte, peste e guerra. Morte à senilidade idealista e à retórica embalsamada; peste para um certo código cultural que age sobre os grupos e os transforma em colectividades emocionais; guerra à recuperação da personalidade duma cultura extinta que nada tem a ver com a cultura em si mesma.
Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse nos braços a vida, a energia e a paz. Vida o suficientemente despersonalizada no caudal urbano ...para que os desvios individuais não sejam convite ao eterno controlo e expressão das pessoas; energia para desmascarar o sectarismo da sociedade secularizada em que o estado afectivo é mais forte do que a acção; paz para os homens de boa e de má vontade."

 
(31 de Dezembro de 1979)
Agustina Bessa-Luís, in 'Caderno de Significados'


segunda-feira, dezembro 19, 2022

QUE REALIDADE?

O OCIDENTE E O ORIENTE...
(Estes textos foram escritos quando os talibans tomaram o poder)

De repente toda as mulheres que se acham "conscientes" (de quê, pergunto?) embalaram no drama – sim, a tragédia das mulheres afegãs...
Sim, o que se vai passar no Afeganistão (nada de novo) é dramático e terrivel mas é incontornável face a uma realidade milenar arreigada e miséria total e está totalmente fora das nossas mãos fazer o que quer que seja pelas suas mulheres em perigo... e esta questão só serve mesmo para nos afastar da NOSSA REALIDADE AGORA, aqui, neste continente, pois nos estão a desviar de todo o nosso drama real humano e familiar e as pessoas obcecadas com os Midea nem sequer percebem das manobras mundiais de domínio das sociedades e aquela que vai ser a nova invasão migratória, mais um vez, em nome da solidariedade, vamos acolher nas nossas famílias os refugiados afegãos… Serão mesmo refugiados? Não há mulheres nas imagens, nada de mulheres. Nada de mulheres nos aviões... nada de crianças nos aviões... apenas homens jovens... robustos, que virão minar o ocidente de fundamentalismo islâmico e que nas primeiras levas atacaram as mulheres e as violaram na Europa onde são acolhidos como irmãos... caso da Suécia e Dinamarca…

Eu sei por mim, sou sempre solidária num primeiro impulso – se eu pudesse -  convidar uma mulher afegã como se fosse uma guerra e acolhê-la na minha casa…mas depois vi a manobra e vi que tudo já estava previsto, que o que aconteceu faz parte da manobra mundial de controlo das pessoas… E vi que se insere na perfeição na continuação da crise pandémica e manipulação mediática mundial: criar mais terror e medo ao mesmo tempo que disfarça a perda das nossas próprias liberdades e inseguranças. Que ingénuas que somos nós as mulheres cheias de bondade no coração mole…que pena elas têm do inimigo das mulheres – o Islão e os seus seguidores. Vão-lhe abrir as portas e talvez esse coração…e receberão punhaladas e pedradas na cara!
Não, não há mudança nem milagres para os fundamentalistas… nem para os cristãos. Chegamos ao fim da linha. Só uma consciência individual e do feminino integrado nos pode salvar do desaparecimento da Mulher!
Mas as mulheres são cegas e não querem ver nada desta realidade – elas querem sonhar – e assim vejo essas mulheres do feminino sagrado e da dita espiritualidade todas elas viradas agora para um pais longínquo e desconhecido onde o poder patriarcal é total e não há qualquer possibilidade de mudança – e que nós aqui não temos qualquer poder de intervenção. Mas lá vem aquela veia revolucionária idealista e fazem do tema a sua principal acção… como se a opressão secular – com intervalos de décadas as vezes - que essas mulheres sofrem tivesse mudado alguma coisa senão para meia dúzia de mulheres privilegiadas e AGORA todas falam das burkas e das pobres afegãs que vão perder a pouca liberdade que adquiriram neste anos... e nem sequer sonham ou pensam que daqui a poucos anos - 5 ou 6, no máximo uma década, são elas, elas mesmas, ou as suas filhas e netas, as mulheres livres da Europa que vão ser perseguidas e obrigadas a andar de mordaça e burka... porque agora apenas cairam como sempre na armadilha do Sistema politico e do politicamente correcto.
Se as mulheres conscientes de si se focassem no trabalho da sua liberdade humana e individual na sua vida de todos os dias não se identificariam tanto com uma causa que não lhes é acessivel. Não porque não seja uma injustiça e uma grande dor de alma ver e saber o que elas passam, mas porque CORREMOS TODAS O RISCO DE EM BREVE ESTARMOS NA MESMA SITUAÇÃO QUE ELAS…

NÃO ESQUECEMOS: 
Há alguns anos a ONU entregarou de bandeja a "defesa dos direitos das mulheres" aos árabes...agora entregam as mulheres aos talibans...
"Regresso dos talibãs ao poder põe em perigo os direitos readquiridos pela população do sexo feminino, nos últimos anos, mas também a sua segurança.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, revelou preocupação com as mulheres e meninas do Afeganistão, depois de os talibãs terem ocupado, este domingo, a capital, Cabul, tomado o poder e preparem-se para decidir o destino do país.
“O secretário-geral está particularmente preocupado com o futuro das mulheres e das meninas, cujos direitos duramente adquiridos devem ser protegidos”, disse a ONU este domingo num comunicado, citado pela agência Lusa.
O líder da ONU apelou à “à maior contenção” entre todas as partes afegãs, na sequência da entrada em Cabul dos extremistas islâmicos, e para que permitam que os trabalhadores humanitários tenham acesso ao país "sem entraves para fornecer em tempo útil uma assistência que é essencial para salvar vidas”.
rlp

É verdade, não consigo deixar de pensar nas mulheres afegãs...na agonia de morte que é para algumas milhares de mulheres que tiveram o cheiro da liberdade (condicionada sempre) durante alguns anos e criaram a mesma ilusão do mundo ocidental, acreditando na Democracia...que afinal é bem falivel! E que para nós está em queda. Sim, mas nós mantemos essa ilusão do mundo ocidental em que achamos que se vive livre quando se trata de uma falsa liberdade, mas ainda assim, sem duvidas temos algumas vantagens sobre elas pela liberdade de ser e de escolha...
Sem duvida tenho a certeza de que muitas de vocês sentem o mesmo, dava vontade de acolher e abraçar algumas dessas mulheres...ou então fazer um exercito de mulheres oprimidas e em perigo de vida - como li por ai, sobre a necessidade de evocar todos os arquétipos e historias de mulheres guerreiras que lutaram pelas suas vidas - e neste caso lutar contra os talibans...e lembrei-me das mulheres curdas que se alistaram e combatem em grande numero violentamente o inimigo e são realmente selvagens... Elas vivem em condições tremendas, mas unidas porque foram duramente punidas e violadas por eles e algumas quase mortas, e por isso não tem medo de nada e estão dispostas a perder a sua vida que de facto não vale nada naqueles paises... 
O que eu duvido é que as mulheres ocidentais urbanas e idealistas possam fazer o mesmo... porque nunca o fizeram e continuam oprimidas e submetidas aos homens embora de formas diferentes das árabes...
Sem duvida que o sofrimento das mulheres afegãs, as jovens e as que de alguma maneira se expuseram durante estes anos, agora correm riscos de morte e violação e morte, e que isso nos toca a nós e angustia e é um ultraje...Eu não quero desmotivar "as guerreiras portuguesas" tão enfáticas da sua luta ...mas não podemos esquecer que estamos num limiar qualquer em que não sabemos exactamente o que nos vai acontecer a nós mulheres ocidentais... não percebemos que já perdemos 50 % da nossa liberdade e direitos civicos e que estamos manietadas e a obedecer a um estado anormal de situação caotica e abusiva...
Onde iremos parar aqui na Europa, sim, daqui a uns  aninhos? . 
rlp

domingo, dezembro 18, 2022

SINTO-ME BORBOLETA...



O REI VAI NU

José António Saraiva

Os ‘provincianos’ aprenderam novas palavras...

Para estas pessoas, a questão do ‘género’ apresentou-se como uma ótima oportunidade para se mostrarem modernas e informadas.
Como aquelas pessoas que começaram a dar um beijo em vez de dois, para imitarem as elites.
Os ‘provincianos’ aprenderam novas palavras. Além de ‘género’ passaram a usar termos como ‘inclusão’, ‘binário’ e ‘não binário’, etc.
Ora, juntando estes ‘provincianos’ aos militantes partidários, já era mais gente – e gente ativa, no caso destes últimos.
Mas não era tudo.
Como acontece com frequência nestas situações em que surgem ideias revolucionárias, há os que têm receio de as afrontar, temendo ser atacados, ridicularizados, acusados de reacionarismo, de ignorância. Ou não querem parecer old fashion. E acabam por seguir a moda, mesmo discordando dela ou não a compreendendo.
E, somando estes aos outros, o grupo já é muito grande. São os profissionais da confusão, são os provincianos que os imitam, são os que têm receio de se manifestar.
E assim, um fenómeno que partiu de uma pequena minoria acaba por se impor à maioria.
A bem dizer, só os mais corajosos e mais convictos, os que têm coragem de pensar pela sua cabeça e não têm medo de falar, ousam contestar hoje a ‘ideologia de género’.

Quanto aos outros, só quando ouvirem os seus filhos dizer em casa que querem ser outras pessoas, que estão infelizes com o sexo que têm e querem trocar, que não querem ser tratadas por João ou Inês mas por Manuela ou Ricardo, que não querem vestir calças mas saia e usar soutien, é que perceberão a loucura a que a ideologia de género conduziu.
Só aí perceberão o crime que representa lançarem-se dúvidas existenciais na cabeça de crianças e adolescentes.
E talvez aí os provincianos reajam, os medrosos percam o medo, e todos gritem em conjunto: «O Rei vai nu!».
Quanto aos ideólogos e aos profissionais da confusão, rebentarão de gozo a assistir a estas cenas.

sábado, dezembro 17, 2022

UMA MULHER ÁRABE - ELA MATOU XERAZADE



O REGRESSO DE LILITH
(excertos)
DE Joumana Haddad - uma MULHER ÁRABE

(DEDICADO A TODAS AS MULHERES ÁRABES)

Eu sou Lilith, a deusa das duas noites, que regressa do exílio. Sou Lilith, a mulher-destino. Nenhum macho pode escapar à minha sorte, e nenhum macho lhe quererá escapar.
Eu sou as duas luas Lilith. A negra é complementada pela branca, pois a minha pureza é a centelha do deboche e minha abstinência, o princípio do possível. Eu sou a mulher-paraíso, que caiu do paraíso, sou a arrasa-paraísos.
Sou a virgem, rosto invisível da devassa, a mãe-amante e a mulher-homem. A noite porque eu sou o dia, o lado direito porque sou o lado esquerdo, e o Sul porque sou o Norte.
Eu sou Lilith dos seios brancos. Irresistível é o meu encanto, pois os meus cabelos são negros e longos e de mel os meus olhos. Diz a lenda que fui criada a partir da Terra para ser a primeira mulher de Adão, mas não me submeti.
Sou a mulher-festa e os convidados da festa. Feiticeira alada da noite é o meu apelido, e sou deusa da tentação e desejo. Chamaram-me patrona do prazer gratuito e da masturbação, liberta da condição de mãe para ser o destino imortal.
Eu sou Lilith, que retorna da masmorra do esquecimento branco, leoa do senhor e deusa das duas noites. Recolho na minha taça o que não pode ser recolhido, e bebo-o pois sou a sacerdotisa e o templo. Esgoto todas as intoxicações para que não acreditem que eu posso beber. Faço amor comigo mesma e e reproduzo-me para criar um povo da minha linhhagem, depois mato os meus amantes para dar espaço àqueles que ainda não me conheceram.
Regresso do calabouço do esquecimento branco para quem ainda me não conhece, volto para marcar lugar e para que não creiam que eu posso beber, da brancura do esquecimento para enraizar a vida e para que o número cresça, para matar os meus amantes eu regresso.
Eu sou Lilith, a mulher-floresta. Não vivi uma espera desejável, mas sofri os leões e as espécies puras de monstros. Fecundo todas as minhas costas para construir a história. Agrego as vozes nas minhas entranhas para que o número de escravos esteja completo. Como o meu próprio corpo para que me não tratem como faminta e bebo a minha água para nunca sofrer a sede. As minhas tranças são longas no inverno, e as minhas malas não têm tecto. Nada me satisfaz, nem me sacia, e eis que regresso para ser a rainha dos perdidos no mundo.
Sou a guardiã do bem e do encontro dos opostos. Os beijos no meu corpo são as feridas de quem tentou. Da flauta das duas coxas sobe o meu canto, e do meu canto a maldição espalha-se em água sobre a terra.
Sou Lilith, a leoa sedutora. Mão de cada servidor, janela de cada virgem. Anjo da queda e consciência do sono leve. Filha de Dalila, Maria Madalena e das sete fadas. Nenhum antídoto para a minha condenação. Da minha luxúria, erguem-se as montanhas e abrem-se os rios. Venho de novo para furar com as minhas ondas o véu do pudor, e para limpar as feridas da falta com o perfume do deboche.
Da flauta das duas coxas sobe o meu canto
E da minha luxúria abrem-se os rios.
Como não poderia haver uma maré
de cada vez que entre os meus verticais lábios brilha um sorriso?
Porque eu sou a primeiro e a última
A cortesã virgem
O medo cobiçado
A adorada desprezada
E a velada desnuda
Porque eu sou a maldição do que precede,
O pecado desaparecido dos desertos quando abandonei Adão.
Ele andou aqui e ali, quebrou a sua perfeição.
Desci-o à terra e acendi para ele a flor da figueira.
Eu sou Lilith, o segredo dos dedos que insistem. Quebro caminhos divulgo sonhos rebento as cidades do macho com o meu dilúvio. Não reuno dois de cada espécie na minha arca Em vez disso, volto a eles, para que o sexo se purifique de toda a pureza.
Eu, versículo da maçã, os livros escreveram-me, ainda que não me tenham lido. Prazer desenfreado esposa rebelde o cumprimento da luxúria que leva à ruína total. Na loucura se entreabre a minha camisa. Os que me escutam merecem morrer, e aqueles que me não escutam morrerão de despeito.
Eu não sou nem a rebelde nem a égua fácil.
Antes o desvanecer do pesar último.
Eu Lilith o anjo devasso. Primeira fuga de Adão e corrompidora de Satanás. O imaginário do sexo reprimido e o seu mais alto grito. Tímida pois sou a ninfa do vulcão, ciumenta pela doce obsessão do vício. O primeiro paraíso não pôde suportar-me. E caçaram-me para que eu semeie a discórdia na terra, para que governe nos leitos os assuntos dos meus sujeitos.
Sorte dos conhecedores e deusa das duas noites. União do sono e do despertar. Eu, o feto-poetisa, ao perder-me ganhei a vida. Regresso do meu exílio para ser a esposa dos sete dias e as cinzas do amanhã.
Eu sou a leoa sedutora e volto para cobrir as submissas de vergonha e para reinar sobre a terra. Venho para curar a costela de Adão e liberar cada homem da sua Eva.
Sou Lilith
Regresso do meu exílio
Para herdar a morte da mãe a que dei vida.

Joumana Haddad


"NÃO ME SINTO BEM NA MINHA PELE? "

 

NÃO É UMA QUESTÃO DE PELE...
É UMA QUESTÃO DE ALMA! E QUEM A TEM...

Como está escrito nos Upanishades - (o livro mais antigo do mundo)

"A ALMA não é um homem nem uma mulher, nem o que não é homem nem mulher. Quando a alma toma a forma de um corpo , fica limitada por esse corpo. (...)
A qualidade da alma determina o seu futuro corpo: terreno ou aéreo, pesado ou leve. Os seus pensamentos e acções podem levá-lo a liberdade , ou conduzi-lo à escravidão , vida após vida."


O tema trans é demasiado complexo e controverso, mas queria escrever sobre ele e como as mulheres do Sistema, intelectuais e feministas se confundem com o que acham ser o Feminino e a Mulher e ainda falando de uma ESSÊNCIA-alma que de si desconhecem uma vez que desconhecem a mulher integral, e lidam apenas com a mulher fragmentada e por isso ninguém se entende e se discutem intelectualmente conceitos e filosofias e nenhuma mulher acerta na verdadeira essência do FEMININO porque ESSA MULHER não existe A MULHER VERDADEIRA NÃO EXISTE! Como não existe o homem...

Mas aqui interessa-me a Mulher porque essa MULHER que a sociedade retrata e define como mulher, não é a Mulher integrada nem a mulher plena. E este aspecto da sua integralidade, relacionado com o Principio Feminino, e que foi escamoteado e ignorado pelo patriarcado é hoje ignorado pelas mulheres, que desconhecem a sua própria divisão e fragmentação, está a dar aso a maior mistificação do que é ser mulher chegando ao ponto mais aberrante e dramático de negar a sua verdadeira essência.
A sexualidade falocrática de facto erotizou a mulher em função exclusiva do acto sexual e este se basear apenas na penetração (e procriação), sem lhe permitir a descoberta sensual do seu próprio erotismo ou corpo... e como ele é extensivo a outras formas de erotismo e que o orgasmo não é só genital... Vejo-as totalmente presas desse conceito - falo-depednentes, diria e incapazes de se imaginarem eroticas em si mesmas...desfrutarem do seu próprio prazer de ser, SENTINDO-SE INTIMAMANETE, despertas pela sua própria sensualidade de mulheres sensiveis da cabeça aos pés...na descoberta do seu corpo de desejo e mesmo sem ser sexualmente ou mesmo que não se toquem ou se masturbem.
Conheço mulheres modernas que não concebem senão o coito tradicional e outras que ousam responder as apetências homossexuais dos maridos e amantes, (através do uso de artefactos...fálicos), mas dizer como a autora lésbica e feminista que uma mulher por ter orgasmos com um homem está a colaborar com o Sistema patriarcal, é ser tão opressora e redutora como o é o Sistema que força a mulher a ter só relações com o homem e que preconizou como unica forma de "realização" sexual...

Porém, o que eu contraponho a esta senhora, que parece um "homem"? (e o que é ser homem e ser mulher ao fim e ao cabo?) Por mim direi que ser-se MULHER é ser inteira, feminina na sua essência e desfrutar do seu corpo e do seu prazer seja com homens seja com mulheres... desde que seja fiel a si mesma e CONSCIENTE DA SUA ESSÊNCIA E DA SUA LIBERDADE. 

Deixo algumas das controvérsias destas intelectuais que defendem a mulher, mas sem saber o que é de facto uma MULHER em si mesmas...
rlp

 
 
"Na Universidade de Melbourne, onde Jeffreys trabalhou até sua aposentadoria em maio de 2015, anunciou seus serviços como uma especialista em um número de disciplinas:
Em uma entrevista, Julie Bindel explica que Jeffreys acredita que a cirurgia de redesignação sexual "é uma extensão da indústria da beleza, oferecendo soluções cosméticas a problemas mais profundamente enraizados" e que em uma sociedade sem gênero, isso seria desnecessário.[6] Jeffreys apresentou estas opiniões em vários fóruns. Em 1997, o artigo no Jornal de Estudos Lésbicos, por exemplo, Jeffreys afirmou que "o transexualismo deve ser visto como uma violação dos direitos humanos." Jeffreys também argumentou que "a grande maioria das transexuais ainda subscrevem o estereótipo tradicional de mulher" e que por transição medica e social, as mulheres trans são "a construção de uma fantasia conservadora de como as mulheres devem ser. Eles (sic) estão inventando uma essência da feminilidade que é profundamente insultuosa e restritiva."[8]
As opiniões de Jeffreys sobre estes temas têm sido contestadas por ativistas transgênero. Roz Kaveney, uma mulher trans e crítica de Jeffreys, escreveu no The Guardian que Sheila Jeffreys e feministas radicais que compartilham de seus pontos de vista "agem como um culto." Kaveney comparou o desejo de proibição da cirurgia de redesignação sexual dita por Jeffreys ao desejo de proibir o aborto da Igreja Católica, argumentando que ambas as propostas trazem negativas "implicações para todas as mulheres." Finalmente, Kaveney criticou Jeffreys e apoiadores por suposto "anti-intelectualismo, a ênfase nos conhecimentos inatos, fetichização de pequenas diferenças ideológicas, caça a heresia, teorias da conspiração, retórica, uso de imagens de nojo, falar de facadas pelas costas e apocalipsismo romântico."[9]
Em abril de 2014, no Gender Hurts: A Feminist Analysis of the Politics of Transgenderism, um livro coescrito por Jeffreys com Lorene Gottschalk, foi publicado. Timothy Laurie argumentou que a formalização da dinâmica social entre homens e mulheres no livro em termos de "estratégias" e dividendos" arrisca-se "confundindo a continuação da existência da desigualdade de trocas econômicas (bem documentado por R. W. Connell) com as menos previsíveis, mas igualmente importante, lutas sobre o que é denominado de 'masculino' e 'feminino' e para os fins coletivos.".[10]
Em maio de 2014, Judith Butler falou sobre as visões de Jeffreys de que a cirurgia de redesignação sexual é diretamente política.[11] Em uma entrevista, Butler respondeu a noção de Jeffreys de que a cirurgia de redesignação é um componente de controle patriarcal. Ela afirmou que "há um problema com essa visão da construção social é que ela sugere que o que as pessoas trans sentem sobre o que seu gênero é, e deve ser, é "construído" e, portanto, não é real. E, então, a polícia feminista aparece..."[12]
Jeffreys, declarou no programa de rádio "Sunday Night Safran" de 2014 na ABC Radio que "as mulheres transgênero são "homens homossexuais que não sentem que podem ser homossexuais em corpos de homens" ou "homens heterossexuais que têm um interesse sexual em se vestir com roupas de mulher e ter a aparência de mulheres", provocando críticas de membros das comunidades indígenas e comunidades trans por racismo e transfobia.[13][14]

quando a mulher perder o medo de si...



terça-feira, dezembro 06, 2022

O RETROCESSO CULTURAL E HISTÓRICO EM CURSO...



A ESTAGNAÇÃO HUMANA E A ALIENAÇÃO DA MULHER DE SI MESMA


Penso que as pessoas e sobretudo as mulheres, neste particular momento da história da humanidade que estamos atravessar, estão mais perdidas do que nunca nesta luta absurda de opiniões e ideias superficiais, como se se tivesse registado um retrocesso ou estagnação de uma vontade e abertura de coração que as impelia para a frente...
Tudo parou e não só…houve um retrocesso cultural e espiritual ao nível das diferentes manifestações de busca de verdade sobre o feminino e o sagrado.
O medo e a dúvida criado pela instabilidade social e o medo de um perigo de vida, accionada pelos Midea de maneira manipuladora e aterradora, estão a destruir os movimentos e a liberdade das pessoas em todas as esferas de comunicação. Mas são as mulheres as mais atacadas e as mais susceptiveis de serem dominadas pelo medo difundido pelos midea e televisões, porque tem ainda esse registo atávico do medo dentro delas. São elas pois as mais reactivas e reaccionárias a qualquer opinião diferente e as primeiras a atirar pedras ao vizinho ou a bruxa... Fazem-no agarrando-se ao lugar comum da mente ordinária que domina e rege as populações, fechando-as num circuito viciado e obscuro, - a mente colectiva - em que o medo da morte e do sofrimento foi activado nesta pandemia mental, em que agora todos os seres humanos estão mergulhados como debaixo de uma egrégora de ódio e desconfiança uns dos outros, como em qualquer guerra. Só que aqui ninguém sabe quem é o inimigo… sendo o “bicho” passível de invadir qualquer pessoa é o que “pensam” as massas acéfalas, toda a gente se torna perigosa e alvo a abater…
Onde está neste momento a evolução da consciência do ser Mulher (ou do homem) e a dimensão do ser espiritual e a fraternidade ou a sororidade?
rlp


QUAL É A NOSSA REALIDADE?

A mim o que mais me espanta ainda é ver como as mulheres não conseguem ter discernimento entre o que é a realidade das suas vidas, quem são de facto e o que vivem no dia a dia, e as idealizações que fazem sobre elas. Elas preferem continuar a seguir ideias e idealizações sobre a sua vida do que a encarar fria e cruamente e perceber o que lhes falta ou o porquê dessa disparidade. Porque há uma disparidade incrivel entre as circunstâncias das suas vidas e aquilo que leem e escrevem sobre elas... ou mesmo que não digam nada. Elas continuam a alimentar a ideia da mulher assim ou assado e não veem o que de facto vivem na prática e como estão longe de viver e experimentar aquilo que dizem ou apregoam aos quatro ventos...
Penso que este é um dos maiores dramas das mulheres no nosso tempo e dos homens também ao fim e ao cabo... Viver uma completa distorção do seu ser real e alimentar avatares de todo o tipo - que vão desde a imagem ficticia de si, à criação de super-egos disto ou daquilo ou imagens de si tão fabulosas e que nada têm a ver com a dita realidade de cada um/a... um dos maiores problemas das mulheres e homens claro, é o desfasamento que vivem entre as suas idealizações e projecções e a realidade de cada um...Dai o desfasamento psíquico e os desequilíbrios emocionais, as doenças psiquicas - neuroses e depressões, paranoias diria mesmo esquizofrenia, etc. - e toda a loucura a que assistimos com as novas ideologias de género e enfins... e por isso o caos e a guerra dominam o mundo.
rlp

A necessidade de construir um futuro.



MULHERES
 
Reajam!
Revelem-se !
Revertam e mudem verdadeiramente o mundo real!
Para os vossos fundamentos mais profundos!
Arranquem as teias de aranha que o sistema teceu nas nossas mentes e sonhem uma nova realidade, uma nova humanidade.
Não se conformem simplesmente a ser iguais aos homens e a tomar as suas posições.
Sejam melhores, liderem a mudança que a humanidade necessita .
Pois vocês são a última esperança ...
E fazê-lo é o vosso dever.*

 


A ARMADILHA DA IGUALDADE...


"Qual tem sido a maior queixa das mulheres para defender seus direitos? Igualdade. Ou seja, o acesso livre aos cargos e funções que os homens ocupam no sistema. Seja parte do sistema corrupto e desastroso, em maior medida, criado pelo próprio sexo masculino.
Um mundo selvagem, violento, injusto, perverso como uma máquina fria e metódica que destrói tudo no caminho, nas asas de ideologias políticas absurdas, crenças religiosas ou ganhos económicos. Longe de tentar transformar este mundo vil às suas raízes, para destruir as estruturas psíquicas que causam sérios danos ao próprio sexo feminino desde tempos imemoriais, a grande reivindicação da mulher tem sido tornar-se uma grande peça desse mecanismo, tal como o homem o é.
Apenas isso.
Ser uma parte da máquina, simplesmente.
Isso é o que realmente representa a chamada "igualdade de género ".
E, chegando aqui, devemos nos perguntar por que o sexo feminino se contenta com tão pouco?
Por que não tem focado os seus esforços em derrubar as estruturas injustas do sistema, criando novos conceitos, radicalmente diferentes, muito mais desenvolvido e profundo?
Em suma, porquê que a mulher não se tem esforçado para criar e liderar um mundo radicalmente novo e melhor?
Criar e liderar um novo mundo. Isso representaria uma nova esperança para a raça humana, tão cega e perdida nestes dias.
Sem dúvida, alguns irão argumentar que para mudar o mundo as mulheres devem incorporar antes os cargos da sua gerência. Mas isso é uma falácia completa. Porque é justamente aí que está a armadilha. Como vimos, o poder transformador só vem dos grupos oprimidos que lutam para mudar as coisas e sonhar com novas realidades, ser utópica.
A necessidade de construir um futuro.
No entanto, a promessa de igualdade não abriga ao sonho de novas realidades.
Na verdade serve para matar esse sonho realmente profundo e reforçar as realidades existentes como únicas opções possíveis.
E a igualdade de género, uma vez alcançada, efectivamente eliminou a necessidade de essa transformação porque, presumivelmente, termina com a opressão que gerou essa necessidade.
Esse foi o grande sistema de armadilha para abortar a grande revolução das mulheres que poderia ter mudado a humanidade para sempre.
E com isso perdemos provavelmente a última chance de faze-lo.
Porque todos nós sabemos que uma mulher pensa e sente diferente do homem.
Experimentando coisas que um homem não pode jamais compreender.
Existe entre ambos os sexos uma enriquecedora e profunda diferença, tanto a nível biológico como a nível psicológico.
Um património natural inestimável.
No entanto, parece que o sexo feminino renunciou a estas valiosas diferenças, à sua forma particular de sentir e compreender o mundo e tornou-se também um homem, juntando-se, da mesmíssima forma que ele, à máquina do sistema.*

* in GAZZETTA DEL APOCALIPSIS 2014

quinta-feira, dezembro 01, 2022

REALIDADE E ESPIRITUALIDADE



O ÓDIO AO QUE HÁ DE MAIS FEMININO...
 
“As mulheres encarnam o desejo sem limites, e os homens temem não poder satisfazê-las. Aos olhos deles, o feminino das mulheres surge como uma reprovação potencial, desencadeia um processo de castração contra o qual os homens se rebelam. Eles não toleram as mulheres senão quando já mataram o que há de feminino nelas e as reduziram a seu status de esposa e mãe.
Nesses dois estados, a sexualidade feminina deixa de ser perigosa: confinadas à casa, pertencentes a um macho, reduzidas a assegurar a educação das crianças no lar, com uma jornada dupla de trabalho, elas não têm mais tempo ou oportunidade de ter desejo imperioso. São essas angústias de castração sublimadas que geram a codificação religiosa. E o monoteísmo é insuperável no ódio ao que há de feminino na mulher e na celebração da virgem ou da esposa que gera filhos”.

- Michel Onfray

Masculino e feminino:

Ambos os gêneros precisam de um masculino bem diferenciado e um feminino bem diferenciado. As estruturas de poder do patriarcado feriram profundamente ambos, tornando as relações maduras quase impossíveis sem trabalho psíquico duro. Como cultura, estamos atualmente presos nos complexos parentais. Muitas mulheres trabalharam durante anos tentando encontrar sua própria identidade, livres dos complexos mãe e pai. Os homens também estão trabalhando para encontrar seus próprios valores sentindo, valores que não dependem de agradar ou odiar Mãe e Pai e tudo o que eles representam.
Masculino e feminino:
Embora estas palavras não sejam sinónimos de homem e mulher, elas carregam inquestionavelmente conotações que estão tão enraizadas em nossas psiques que nós, consciente e inconscientemente, reagimos a elas com preconceitos de gênero antigos. Seria um grande alívio esquecer as palavras, mas o fato é que o equilíbrio de energias no sonho não pode ser compreendido sem o reconhecimento da interação entre as figuras masculinas e femininas.
As imagens dos sonhos estão enraizadas nos instintos. Esta interação promulga o equilíbrio ou a falta de equilíbrio entre as duas energias complementares que se relacionam continuamente entre si dentro de nós e sem, continuamente, lutar para compensar o mundo unilateral da consciência.
Parte da resistência às palavras masculina e feminina reside na nossa incapacidade de aceitar que cada um de nós contém energia masculina e feminina e que ambas as energias são divinas. Nós prestamos serviço labial ao conceito conscientemente, mas se nos escutarmos, ouvimos o pensamento arcaico, gênero, furado de pombo a sair das nossas bocas como um sapo inesperado. Por exemplo, alguns homens e mulheres que aceitam a Deusa como igual ao Deus e proclamamam a sua divindade na matéria ainda podem ficar furiosos se ouvirem a feminilidade relacionada com a terra. Em algum nível inconsciente, continuam a relacionar feminilidade, com a terra, cobra, satanás, trevas, malignas-todas essas palavras que mantêm a feminilidade numa posição subordinada, ou pior, diabólica.

- Marion Woodman

  
EIS DUAS VISÕES DIFERENTES do feminino e do masculino... uma, a primeira fala da relação entre os sexos, feminino e masculino e retrata uma realidade histórica social e psicologica de uma sociedade machista e falocrática que gera as maiores calamidades humanas, de que somos todos vitimas... . 
A segunda, trata só da psicologia do feminino e masculino em si e em relação a espiritualidade e diria em abstracto sem considerar a realidade social e psiquica da Mullher vitima do dominio masculino e do PatrIArcado.
rlp