O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, dezembro 01, 2022

REALIDADE E ESPIRITUALIDADE



O ÓDIO AO QUE HÁ DE MAIS FEMININO...
 
“As mulheres encarnam o desejo sem limites, e os homens temem não poder satisfazê-las. Aos olhos deles, o feminino das mulheres surge como uma reprovação potencial, desencadeia um processo de castração contra o qual os homens se rebelam. Eles não toleram as mulheres senão quando já mataram o que há de feminino nelas e as reduziram a seu status de esposa e mãe.
Nesses dois estados, a sexualidade feminina deixa de ser perigosa: confinadas à casa, pertencentes a um macho, reduzidas a assegurar a educação das crianças no lar, com uma jornada dupla de trabalho, elas não têm mais tempo ou oportunidade de ter desejo imperioso. São essas angústias de castração sublimadas que geram a codificação religiosa. E o monoteísmo é insuperável no ódio ao que há de feminino na mulher e na celebração da virgem ou da esposa que gera filhos”.

- Michel Onfray

Masculino e feminino:

Ambos os gêneros precisam de um masculino bem diferenciado e um feminino bem diferenciado. As estruturas de poder do patriarcado feriram profundamente ambos, tornando as relações maduras quase impossíveis sem trabalho psíquico duro. Como cultura, estamos atualmente presos nos complexos parentais. Muitas mulheres trabalharam durante anos tentando encontrar sua própria identidade, livres dos complexos mãe e pai. Os homens também estão trabalhando para encontrar seus próprios valores sentindo, valores que não dependem de agradar ou odiar Mãe e Pai e tudo o que eles representam.
Masculino e feminino:
Embora estas palavras não sejam sinónimos de homem e mulher, elas carregam inquestionavelmente conotações que estão tão enraizadas em nossas psiques que nós, consciente e inconscientemente, reagimos a elas com preconceitos de gênero antigos. Seria um grande alívio esquecer as palavras, mas o fato é que o equilíbrio de energias no sonho não pode ser compreendido sem o reconhecimento da interação entre as figuras masculinas e femininas.
As imagens dos sonhos estão enraizadas nos instintos. Esta interação promulga o equilíbrio ou a falta de equilíbrio entre as duas energias complementares que se relacionam continuamente entre si dentro de nós e sem, continuamente, lutar para compensar o mundo unilateral da consciência.
Parte da resistência às palavras masculina e feminina reside na nossa incapacidade de aceitar que cada um de nós contém energia masculina e feminina e que ambas as energias são divinas. Nós prestamos serviço labial ao conceito conscientemente, mas se nos escutarmos, ouvimos o pensamento arcaico, gênero, furado de pombo a sair das nossas bocas como um sapo inesperado. Por exemplo, alguns homens e mulheres que aceitam a Deusa como igual ao Deus e proclamamam a sua divindade na matéria ainda podem ficar furiosos se ouvirem a feminilidade relacionada com a terra. Em algum nível inconsciente, continuam a relacionar feminilidade, com a terra, cobra, satanás, trevas, malignas-todas essas palavras que mantêm a feminilidade numa posição subordinada, ou pior, diabólica.

- Marion Woodman

  
EIS DUAS VISÕES DIFERENTES do feminino e do masculino... uma, a primeira fala da relação entre os sexos, feminino e masculino e retrata uma realidade histórica social e psicologica de uma sociedade machista e falocrática que gera as maiores calamidades humanas, de que somos todos vitimas... . 
A segunda, trata só da psicologia do feminino e masculino em si e em relação a espiritualidade e diria em abstracto sem considerar a realidade social e psiquica da Mullher vitima do dominio masculino e do PatrIArcado.
rlp

3 comentários:

Vânia disse...

Eles também não toleram e castram as que não são esposas e mães.

Pink Poison disse...

Vou ler melhor mas descobri aqui um cantinho muito interessante, numa altura em que se pede tanto o sagrado feminino, em contraste com os shiva...

rosaleonor disse...

Espero que goste e seja uma visita produtiva, mesmo que possamos divergir um pouco, só nos acrescenta - já visitei o seu e achei muito interessante tambem...
rleonor