O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, janeiro 29, 2020

UMA PEDRADA NO CHARCO


 FINALMENTE O LIVRO NAS MINHAS MÃOS...

UMA PEDRADA NO CHARCO (i)


Depois do lançamento do meu livro estive uns dias de ressaca e sem conseguir sequer pensar ou escrever … Hoje porém já estou mais refeita daquilo  que acho que foi o impacto  energético proveniente do efeito  do lançamento do livro e por estar rodeada de mais de uma meia centenas de pessoas (mulheres na maioria) sendo eu o foco da atenção e do sentir...
É realmente demolidor de estruturas o efeito energético de uma corrente de energias diversas mesmo que se esteja receptiva e aberta ao momento e consciente da imensa troca dessas energias que nos atravessam aquando de uma qualquer exposição física e emocional, a um publico diverso, e neste caso  é como se eu as tivesse recebido todas e em todas as direcções… A nível nervoso, além do cansaço de atenção permanente a cada pessoa que vinha, despende-se sempre imensa energia, diante das resistências de cada pessoa, mesmo que não seja nada pessoal. Nem sempre estamos integradas ou centradas… para receber e dar de nós sem sofrer esses efeitos. Talvez por isso no fim do dia o meu corpo parecia amassado como se tivesse levado uma tareia e as dores do corpo eram reais e extremas… Para além das tensões normais a nível psicológico e emocional devido aos diferentes níveis de relacionamento com as diferentes energias veiculadas pela plateia e as suas resistências duvidas e medos ou até mesmo das correntes de simpatia e amor e viver intensamente esse momento ao sentir a alegria dos afectos e a gratidão das mulheres que me rodearam, eu sei que o livro em si é uma "afronta" à velha energia de bloqueio das mulheres do mundo e ousar escrever e publicar o desmontar da nossa prisão milenar tem um preço a pagar a um nível invisível de quem vence uma estranha e desigual batalha energética entre mundos. Já nem falo dos conceitos e ideias a debater ou a refutar do que está escrito (literariamente) e isso não me interessa. 
O meu livro não é uma "obra literária" nem tem pretensões literárias ou filosóficas etc. Tudo o que me move é chegar de forma directa e simples a todas as mulheres! Digam as sumidades, os eruditos ou as intelectuais o que quiserem. Pensem as pessoas em geral também o que quiserem. Nunca irei reunir consensos. E não espero nada do mundo patriarcal, nem da critica machista ou de qualquer meio de publicidade do Sistema...
Apenas quero unir e consciencializar as mulheres do poder que elas possuem e daquilo que as impede de ver e de se atribuírem um valor próprio. 

No entanto eu sei que as mulheres vão continuar a servir o Homem assim como sei que  muitas das mulheres que iniciaram o caminho de si, as mais destacadas, mas também as mais incautas e convencidas, estão neste momento a viver um certo retrocesso no processo virando-se para a ferida do masculino, mais uma vez colocando o homem em primeiro lugar em busca da sua anuência e protecção… e parceria!
Sei igualmente que o antagonismo e a inveja das mulheres  prevalece nestes meios e cuja rivalidade ancestral não se vence do dia para a noite como sei que esta velha batalha das mulheres umas contra as outras ainda não cessou ...pois ela revela-se pela calada na animosidade silenciosa e na sombra sem que essas mulheres tenham muitas vezes sequer consciência dela… 

O facto é que o livro está LANÇADO...e vai cair como uma pedra no charco ...e por isso sei que também  vão cair sobre mim muitas mulheres revoltosas de se sentirem desmascaradas… e que estão enraizadas no poder do Homem - mas para mim o mais importante é saber que vou ver  nos olhos de muitas e muitas mulheres a alegria da descoberta de si e a satisfação de se encontrarem e reverem nas minhas palavras. Isso não tem preço e paga bem o meu esforço e ousadia em ter ido contra esta "Muralha da China" e da peste que nos dizima e assusta ainda sempre que queremos passar essa fronteira das nossas limitações  e medo atávicos...há sempre espadas que nos ferem e trespassam e há cálices que nos saciam a sede e nos dão a beber da fonte que nos preserva…


"Ah tenho estado a ler o livro e cada vez que o abro não consigo largar -  disse uma amiga -, "onde quer que abra o livro é sempre interessante…", e eu vejo e sinto que é a Energia viva da palavra livre e a força de Lilith que nos anima…e que me insuflou de amor e a perder este medo atávico do Pai e do Filho e de ser Mulher por conta própria senhora do meu destino e ousar ter voz própria. Precisamos de muita coragem para continuar a dar voz ao nosso ser Mulher e acordar Lilith de vez...
rlp

A '«pedrada no charco», como a «atitude que provoca polémica, discussão, alteração de uma situação, cómoda ou incómoda, ou faz reagir quem estava acomodado, parado». '
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa,

segunda-feira, janeiro 27, 2020

UM DIA AUSPICIOSO

LADEADA PELO EDITOR DA ZÉFIRO, ALEXANDRE GABRIEL E A MAFALDA E A MARIANA INVERNO. 

Apresentação do livro por Mariana Inverno 

“LILITH – A Mulher Primordial” de Rosa Leonor Pedro


“Eu sou Lilith a sina dos iniciados
A impetuosa perdida a conhecida e a obscura
Os livros descreveram-me e vocês não me leram
Eis as minhas visões
Na crista da onda do sétimo dia”

Joumana Haddad

"Com o excerto deste poema de Joumana Haddad dou-vos as boas noites e obrigada por terem vindo acompanhar este dia tão esperado. Saúdo a autora, Rosa Leonor Pedro, com um imenso abraço. E saúdo igualmente a Ana Ferreira Martins, cujo trabalho em prol das mulheres mais desfavorecidas é bem conhecido e a Zéfiro na pessoa do seu editor, Alexandre Gabriel.
Cabe-me a dificílima tarefa de tentar apresentar aquilo que percepciono como uma espécie de magnum opus da Rosa Leonor, até hoje. Conheço e sou amiga da escritora há muitos anos e sei, sem sombra de dúvida, que a temática deste livro corresponde ao impulso fundamental da sua alma, impulso que ela, ao longo da vida, tem vindo a tentar descodificar e passar para palavras.
Uma obra é grande quando é sobretudo genuína, quando nasce duma pulsão anímica central no seu autor e encontra, por entre as dificuldades e limitações da encarnação, o caminho para o verbo.
Foi isto o que aconteceu com este livro, por isso este é seguramente um dia esperado pois “Lilith A Mulher Primordial” é um livro que fazia muita falta. Que se saiba, ninguém em Portugal escreveu até hoje sobre o mito, sobretudo com a frontalidade e a sincera busca da verdade que encontramos na obra hoje lançada.
Trata-se um livro que se debruça sobre uma tentativa ancestral de assassinato, pois dividir o que é uno, é tentar matar o que só pode ser e existir integralmente na unidade que lhe é própria.
O pior dos pesadelos é deixar passar a vida sem a assumir inteiramente e é isso que a autora indica ter sido o destino trágico da mulher desde há milénios, artificialmente dividida em dois estereó-tipos: a Santa e a Prostituta. Optar unilateralmente por qualquer um deles é negar vida à unidade que o feminino ancestral representa.
Mas vamos ao princípio da história.
A humanidade sempre tentou encontrar respostas para a sua problemática existencial através de mitos. E do fundo dos tempos chega-nos o de Lilith, a primeira mulher de Adão, criada juntamente com ele do pó da terra para habitarem o Jardim de Eden. Lilith era uma mulher autónoma, completa em si mesma que não aceitava ser dominada pelo homem, o que originou um colossal conflito, conflito esse que a levou a abandonar o Paraíso. Nem os anjos enviados pelo Criador para a convencerem a aceitar uma reconciliação (nos termos pretendidos por Adão) tiveram qualquer sucesso e, assim, a Lilith, excomungada pela sua rebelião, foi imposto pela religião o estatuto de demónio, sombra nocturna, condenada a vaguear pelos reinos da vida olvidada, a escuridão. Fugiu para o Mar Vermelho, local que, segundo a tradição hebraica, era habitado por demónios e espíritos malignos.
Ora, para não correr mais riscos, o Criador desta vez fez nascer uma nova mulher para Adão, a nossa bem conhecida Eva, saída de uma costela do homem e que reunia em si doçura, submissão e total obediência ao homem.
Encontramos vestígios do mito de Lilith em várias culturas e tradições. Lilith foi Deusa adorada na Mesopotâmia e na Babilónia e, nessas tradições, ela aparece associada à força dos elementos, sendo conhecida como Lilitu.
Foi a Rainha dos Céus na Suméria onde representava o poder da mulher, poder exercido sobre si mesma, símbolo da independência e da autonomia femininas.
Cerca de 2.000 anos A.C. encontramos no épico babilónico de Gilgamesh aquela que é talvez a referência mais antiga à personagem. Também é referida na Cabala e numa obra da Idade Média, período em que o mito ganha força, o Zohar ou Livro do Esplendor (sec.XIII), bem como no Talmude Babilónico.
Numa edição de 1978, sob o título “The Babylonian Talmud”, publicada pela Socino Press em Londres e organizado pelo rabino Epstein, pode ler-se:
“…ela não teria aceitado uma posição inferior em relação ao homem, pois sendo criada da mesma forma, exigia os mesmos direitos, não aceitou uma posição submissa e assim desentendeu-se com Adão. No primeiro acto sexual Lilith não aceitou ficar por baixo, aguentando o peso do corpo do companheiro e exigiu ter também o direito ao gozo e ao prazer sexual. Como não foi atendida nos seus anseios revolta-se e pronuncia a palavra “inefável” que lhe deu asas por meio das quais fugiu do Jardim do Éden. Assim Lilith abandonou Adão com quem não se entendia e foi para as margens do Mar Vermelho. Adão ficou só e desamparado, receoso da escuridão opressora. Daí haver uma relação entre Lilith e a Lua Negra, a escuridão da noite, por isso a associação que dela se faz com a coruja, o pássaro nocturno. Segundo a tradição talmúdica, Lilith é a “Rainha do Mal”, a “Mãe dos Demónios” e a “Lua Negra”.
Nalgumas narrativas de influência cristã encontramos Lilith como a serpente, que convenceu Eva a comer do fruto proibido. Aliás, em certas versões do mito, Lilith , aparece como serpente a induzir o novo casal ao pecado, por ciúmes.
Ora é bom lembrar que a serpente, muitas vezes, como nesta versão, associada ao mal, à morte e escuridão foi um símbolo muito rico em diversas culturas onde representava a sabedoria e a renovação, bem como a cura com Asclépio, ligada portanto à medicina e aos processos curativos e, nesta acepção, chegou aos nossos dias..
Eva, submissa, obediente, sem estatuto próprio, modelo feminino ideal pelo padrão ético judaico-cristão, ou seja, a mulher, esposa e mãe, submissa e direcionada para o lar é considerada pela religião predominante uma força construtiva, ao contrário de Lilith, que representa a força destrutiva e a tentação. Por isso, como vimos que esta versão a faz regressar ao paraíso em forma de serpente a fim de se vingar de Adão e Eva, tentando-os.
É sabido que o desconhecido sempre assustou a humanidade. Quando algo ou alguém, pelo seu poder ou alcance ultrapassa o
controle ou a compreensão dos seres humanos, passa a constituir uma ameaça. A saída mais fácil é diabolizá-los.
Assim aconteceu com Lilith, fenómeno que se estende, de algum modo, até aos dias de hoje, desde os primórdios do patriarcado.
A tese da autora é de que, confrontados com o misterioso poder da mulher, que os transcendia, os patriarcas utilizaram a fórmula da cisão, dividindo conceptualmente a mulher em duas: a Santa e a Prostituta.
A primeira é a mulher dita decente, aceite, legitimada, a mãe e a esposa, a mulher que segue os princípios morais criados pela sociedade patriarcal, a mulher que reprime a sua sensualidade, esquece o seu legado ancestral e se conforma com uma meia-medida de ser. Trata-se, portanto de um ser que oferece todas as garantias de vassalagem e fidelidade à contraparte masculina, em detrimento da sua identidade essencial que nem sabe que perdeu.
A Prostituta é a mulher perdida, a servidora na casa de alterne, aquela para cuja vivência da sexualidade não há limites de nenhuma ordem e que, portanto, pode exercer livremente o jogo sexual com os seus clientes, satisfazendo-os.
A que preço? O da selvagem invasão do seu corpo por sucessivos utilizadores e o da proscrição social.
Vemos assim a santidade do sacrifício, da abnegação e da desistência de si mesma como ser completo e autonomo em Eva,a Santa, versus a maldição da sensualidade assumida, da autonomia de um ser soberano e integral, em Lilith.
O objectivo desta metodologia utilizada pela sociedade patriarcal é óbvia: Dividir para reinar!
Dividida em duas, a mulher rapidamente se esqueceu da sua completude e optou, ou foi obrigada a fazê-lo, por um dos esterótipos.
Essa cisão ganhou força inconscientemente dentro de cada uma, através dos milénios e hoje, essa mulher cindida continua a arrastar o seu destino frustrado pelas páginas dos nossos dias. É a ferida maior, e a autora diz-nos “A ferida da mulher é a ferida da alma do mundo.”RL
Não resisto a fazer um pequeno àparte: tive a sorte, a imensa fortuna de ter sido moldada, na minha infância e adolescência por uma Santa (a minha amada Mãe) e por uma Prostituta (uma hóspede na casa de meus pais, a qual me iniciou, pelo exemplo, nos caminhos da compaixão sem julgamento pelo sofrimento alheio, da dádiva sem motivos ulteriores, da manifestação calorosa dos afectos e a não negociação da sua liberdade de movimentos). À influência que estas duas importantes referências exerceram sobre o meu ser no início da minha vida fiquei a dever, no contexto de tudo o que me limita, alguma liberdade de espírito e abertura aos muitos cambiantes da vida e da grande variedade de seres e situações que tenho vindo a encontrar na minha rota. Estou a escrever sobre esta minha experiência e espero vir um dia a apresentar-vos essa obra.
Importante compreender que a parte cindida da mulher a que o patriarcado chamou Prostituta não é Lilith. Essa é uma etiqueta maliciosamente e com motivos ulteriores, colada à figura do mito,
A mulher integral vai buscar características à Santa e à Prostituta.
Voltando a “LILITH A Mulher Primordial”, trata-se de uma nova narrativa de Lilth, pela voz de alguém que entende essa força a nível cellular e que adianta a original teoria da cisão da mulher desde há milénios, bem óbvia no mundo em que vivemos.
Não nos podemos esquecer que cada ser humano representa um amontoado de crenças com pernas e que muito daquilo que irradiamos sob o ponto de vista comportamental radica na moldagem do que recebemos como ensinamentos e principios de vida, desde que nascemos.
Foi-nos imbuída desde a infância a noção do que é ser uma mulher perfeita , noção essa acompanhada habitualmente de adjectivos como: obediente, submissa, decente, recatada, pura, de um só homem, sacrificada, esquecida de si, os outros primeiro, sexualmente passiva pois está-lhe vedado, moralmente, o acesso ao prazer sensual…
A autora lembra:
“A sensualidade existe nas relações e na vida. A sensualidade como emoção erotizada existe no amor mais puro, quero dizer neutro, entre todos os seres,”
Pois a sensualidade é parte intrínseca da natureza humana, ela revela-se pelos sentidos, pelo prazer dos sentidos, expressa-se no gosto pelas coisas sensíveis.
Em síntese, do fundo dos tempos emerge esta voz antiga, subterrânea, selvagem, livre e desassombrada que dá a cada mulher, se ela for capaz de a assumir conscientemente, a força e a determinação para recuperar a soberania perdida. E em que consiste essa soberania? Na integralidade do seu ser onde naturalmente se unem a Sombra e a Luz, na descoberta de quem é realmente, que vozes cantam ou rugem em si e o que, em liberdade, lhe compete empreender para assumir o seu destino.
Este livro traz a marca de uma verdade pessoal. É mais falado do que escrito, pois a Rosa Leonor expressa o que sente, o que lhe aflora do sentir com uma simplicidade coloquial. Nada parece deter essa energia que sai dela a jorros, extravasando os limites impostos pela norma. Talvez como a própria voz de Lilith, calada e sufocada durante tanto tempo, que urge redescobrir para que a mulher se resgate a si mesma.
Defende ainda a autora que não há salvação para este mundo conturbado e que a paz não reinará sobre a Terra, se a mulher não se encontrar primeiro a si própria, se não redescobrir o poder e a missão do seu género, pois ela é aquela que dá à luz e que conhece em profundidade os códigos secretos da Mãe Natureza.
O livro está dividido em 9 capítulos que procuram contribuir com os diferentes aspectos que a autora considera importantes para uma melhor compreensão do mito: a essência de Lilith, a sua identidade
e as diferentes facetas que as várias culturas e religiões lhe foram atribuindo através da História, com especial ênfase para a era patriarcal, o confronto Lilith-Eva e o que daí resultou na muher dividida, cindida, dos nossos dias. E ainda a denúncia do falseamento que o feminismo actual confere às supostamente mulheres livres dos nossos dias, sobretudo no mundo ocidental. Pois se nele, pela mão das primeiras feministas, se começaram a verificar certos avanços libertadores, a mulher ocidental moderna não se deu conta da grande armadilha em que caiu, ao confundir a mimetização do comportamento masculino com a sua própria emancipação e evolução.
"Não preciso parecer um homem para ser uma mulher. E não preciso estar contra os homens para ser a favor das mulheres" Joumana Haddad
a que Rosa Leonor acrescenta
“Podemos dizer que, o que a mulher moderna vive hoje é o que
lhe é consentido pela sua (de)formação machista e falseada liberdade
feminista. E, assim ambos os sexos estão muito longe, e separados,
da sua real capacidade de amar, que começa no respeito, e no
direito de escolha de cada um viver de acordo com a sua natureza.”
O livro termina com os testemunhos de várias mulheres que têm acompanhado o pensamento da Rosa Leonor através da vida.
Todos esses testemunhos são como janelas abertas para uma existência feminina que o paradigma central instituído continua a não ver com bons olhos, Rico em citações muto oportunas, encontramos nele o eco do pensamento esclarecido de, entre outros, Joumana Haddad, Natália Correia, Joseph Campbell, Riane Eisler,, Clarissa Pinkola Estés, Camile Paglia e Joelle de Gravelaine.
Não me posso alargar demasiadamente nesta apresentação, pois mais amigos irão falar. Gostava no entanto de salientar que, a meu ver, o grande contributo da busca da Rosa Leonor Pedro expressa neste livro com tanto sentir é a possibilidade de cada mulher ser tocada de algum modo, de algo novo soar dentro de si, um questionamento, uma interrogação, um despertar mais lúcido para o que foi o seu caminho desde que abriu o olho, a forma como a família, a igreja, a sociedade a foram moldando como se o que lhe inculcavam como princípios de vida (em especial obrigações e deveres) fosse a verdade última do seu destino na Terra. Como se a sua situação subalterna em relação ao homem representasse uma inferioridade e um posicionamento naturais.
Para chegarmos a essa mulher integral, completa, assumida na sua natureza rica e misteriosa, de novo na posse do seu legado ancestral, teremos de entrar com coragem e humildade na parte mais obscura do nosso ser onde se esconde o rastro dessa divisão arquetípica que nos enfraqueceu e implementou também a divisão entre nós, mulheres.
Pois em verdade, aparentemente emancipadas ou não, residentes no mundo ocidental ou na Índia ou na Arábia, somos ainda mulheres patriarcais.
“As mulheres têm de perceber que viveram um apagão histórico e cultural, e que ele se reflectiu ao nível da sua consciência humana, ao perderem o contacto com a sua essência feminina e a sua sexualidade sem culpa. O que não aconteceu com o homem,uma vez que sempre conviveu naturalmente com o seu potencial sexual, sem culpa.
Para garantir o domínio dos homens, as mulheres foram obrigadas pelo Sistema a seguir os padrões do masculino,
Depois de vários séculos terem sido, apenas, esposas honradas, ou prostitutas desprezadas, têm de ser hoje advogadas e médicas e ministras, frias e racionais, e fugir dequalquer espelho que a outra mulher, a que ousa ser verdadeira e a confronta na sua originalidade e instintividade, essa mulher selvagem e indomável que vive dentro de cada uma delas, quando são confrontadas.
Estas são as mulheres ainda prisioneiras dos amantes, ou traídas e espancadas pelos maridos, caladas pelos chefes, desprezadas pelos colegas ou exploradas pelos patrões, abusadas em casa, ridicularizadas em grupo, sobrecarregas de deveres e tarefas, escravas de uns pobres imbecis, pacóvios escritores de cordel ou de bordel, tanto como de senhores administradores de grandes empresas.”Rosa Leonor
À autora, minha amiga de longa data, expresso aqui profunda admiração pelo seu imenso esforço pessoal no sentido de apoiar a mulher nessa recuperação da sua integralidade.
E, para terminar, a todas nós e a todas as mulheres do mundo eu digo: na descida às profundezas, a noite é escura e difícil mas, se atravessada com empenho sincero na busca da verdade, essa mesma noite abrirá novos olhos em nós."
MARIANA INVERNO
Estoril, 25 de Janeiro de 2020

O LIVRO LANÇADO...


COM AS APRESENTADORAS DO LIVRO, 
MARIANA INVERNO E ANA FERREIRA MARTINS


TEXTO DA ANA FERREIRA MARTINS 

Lançamento do Livro, Lilith a Mulher Primordial

Como conheci a Rosa Leonor Pedro

Quando abri o Facebook, cerca de 9 anos atrás, uma das primeiras coisas que procurei, foi a palavra DEUSA, nessa altura já com o mestrado em estudo sobre mulheres, por volta dos meus 46 anos, comecei a ler algumas escritoras que escreviam sobre a Deusa e a Mulher, ex: Jean Shinoda Bola, Clarissa Pinkola Estés, mais recentemente a nossa Luísa Frazão e a Rosa Leonor Pedro, entre outras, e foi por essa altura que encontrei a página e o blog da Rosa. "Mulheres E Deusas Blogue"

A minha relação com a Rosa – Quem é a Rosa?

Fui-me aproximando entre a curiosidade e o medo. Seria que esta mulher era realmente quem eu tinha procurado a minha vida toda? Uma mulher consciente da realidade que as mulheres têm vivido neste mundo?
Pois, mas e as cobras que eu tanto nojo tenho?!...e as bruxas feias? Será que era uma bruxa a sério, daquelas que os contos de fada falam? Uma bruxa má que faz feitiços? E se me aproximar, o que me poderá acontecer? Não será perigoso?!...
Chegava a sonhar com esta mulher consciente que gostava de cobras e de bruxas, pensava muito nela sem a conhecer, ela mexia comigo, com o que escrevia, com a sua atitude!...
Cada vez se tornava mais premente conhecê-la!
Só em 2014, há seis anos, combinei encontrar-me com a Rosa.
Um dia através de mensagem, combinamos encontrarmo-nos no Estoril e estivemos uma manhã e uma tarde a falar…eu fiquei apaixonada por aquela mulher!...ainda estou!...falou-me de Lilith, de Eva de Adão, da mulher essencial e eu bebi cada palavra, cada olhar, cada gesto.
Aprendi tanto nesse dia e já lá vão uns anos e a admiração e carinho por este ser, mantêm-se e tornou-se consistente e amoroso.
Foi neste primeiro encontro que a Rosa me falou de Lilith , de Eva, das cobras, do sonho que esteve na origem desta sua missão ou mesmo devoção por Lilith.
Foi assim o meu primeiro contacto com Lilith.

Quem é Lilith?

As dúvidas foram e são muitas, durante estes anos, no âmbito de um pequeno grupo de mulheres, fomos reflectindo, sentindo, partilhando o nosso sentir sobre a mulher essencial e muitas questões se inter-relacionavam, lembro-me de uma questão que coloquei sobre a relação entre Eva e Lilith, dizia eu:

Em termos simbólicos, de que Eva estamos a falar? Será que a Eva antes de dar a comer a maçã da árvore da sabedoria é a mesma mulher que depois? Eva antes da maçã poder-se-á chamar de Lilith e seria uma mulher assumida na sua essência e no seu poder terreno, podendo-se subentender o mesmo em relação ao seu parceiro?

Uma Mulher refere:
Lilith é a essência da mulher, é a mulher integral. Eva foi uma invenção do patriarcado que nos afastou dessa essência e nos mantém longe dessa mulher integral, para mal da humanidade ...e as religiões e o patriarcado sabem-no e convém-lhes . Lilith confronta-os, enfrenta-os e isso não lhes interessa.

Rosa Leonor Pedro
Lilith é a mulher primordial, de antes da "Queda". Eva é uma construção saída da costela de Adão para o servir (a humanidade homem). Lilith era feita da mesma matéria que Adão quando ambos foram criados por deus como iguais… mas ela rebelou-se - e saiu da cena, assim como a sua descendência, mas fez a Eva comer a maçã do conhecimento...portanto Eva tem a semente de Lilith, a mulher integral a despertar na menopausa - quando ela deixa de servir a espécie e então pode aceder a essa mulher inicial -, mas a Eva nunca foi Lilith nem Lilith Eva… são portanto duas mulheres distintas e com destinos diferentes… as duas estão em nós… lutam entre si, enquanto diria arquétipos separado, Lilith como mulher fatal do desejo e Eva a esposa submissa e fiel… Nada fácil sair deste labirinto dentro de tanta mitologia e mitos...

A Rosa tem devotado a sua vida à procura da mulher primordial, ontológica. Tem conseguido através de um diálogo amoroso e impecável fazer com que muitas mulheres questionem comportamentos, mitos, estereótipos, paradigmas, ajudando e acompanhando na desconstrução dos mesmos, trazendo à vida de muitas mulheres uma realidade mais consciente e verdadeira de ser vivida.

Ela tem sido uma verdadeira inspiração. A forma visionária como a sua filosofia e sabedoria estabelece a ponte entre a mulher ancestral, primordial e a mulher contemporânea deixa-nos perplexas, pois conseguimos percecionar que na essência os mesmos paradigmas se perpetuam.

Neste livro podemos sentir o abanar da cauda de Lilith. Lilith não quer continuar amordaçada por uma cultura patriarcal bafiosa. Este livro é sem dúvida uma janela que se abre dentro de cada uma e de cada um de nós para deixar entrar essa mulher verdadeira e unificada.

Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas tanto quanto conheço se pudesse em poucas palavras descrevê-lo diria que nos fala da união da mulher ancestral, de tempos e datas esquecidas com a mulher contemporânea, também ela esquecida de si.

Ainda sobre Lilith, uma reflexão minha:

Os genes estão para a carne como Lilith está para a criação universal. Ela, foi, é e continuará a ser a origem das origens e assim é impossível conceber a vida sem ela.
Mitos e fantasias sobre uma mulher com cauda, nada disso é real ou concebível, pois a inexistência jaz sempre no vazio. O nada de nada, a paz infinita, a santificação do nada à luz desta confusa e controversa mente, que constrói imagens e modelos à medida da existência.
Que sabemos nós da razão de todas as coisas? Do silêncio, do Nada? Da invisibilidade do universo por perscrutar?

Este Livro, é de uma atualidade dramática e por isso faço um apelo não só à sua leitura como também à sua divulgação.
Passo a palavra à Rosa e mais uma vez parabéns à autora Rosa Leonor Pedro. Muito sucesso.
Rosa Leonor Pedro Mariana Inverno
AMFM

AO LONGO DE ANOS...



MULHERES, NÃO ESQUEÇAMOS...



Somos todas parte de uma teia constitutiva...de energias e redes invisíveis...vamos lá chegar...e cada uma de nós aqui tem a marca de uma Estrela na fronte...a mesma estrela que nos marca há milénios e nos faz descer à Terra para a cuidar e amar...o que só é possível pelo nosso despertar interior...não forçosamente pelo beijo do príncipe...nem do sapo...mas da Velha mulher em nós, a Sabedoria. Na união das 3 Mulheres que todas somos: a Jovem a Mãe e a Anciã... Não divididas...mas unidas por dentro...por esse fio invisível que é como um colar de pérolas, rubis e diamantes...


RLP

quinta-feira, janeiro 23, 2020

CONTAGEM DECRESCENTE


FINALMENTE O LIVRO

Dia 25 de Janeiro, sábado
, no Hotel Vila Galé Estoril, pelas 18h, lançamento do livro - Lilith, A Mulher Primordial - da escritora Rosa Leonor Pedro


A CONTRACAPA DO LIVRO - LILITH A MULHER PRIMORDIAL


A CISÃO ARQUETÍPICA DO FEMININO: ANJO E DEMÓNIO

O nosso mundo ocidental encontra-se dominado e dividido por uma dicotomia profunda da Mulher que tem a sua origem na Bíblia, portanto desde há cerca de 5 mil anos. Tudo o que é anterior foi votado ao esquecimento e ao descrédito, vive nos escombros da nossa memória colectiva.

Lilith é a Primeira Mulher, aquela que foi banida da história do homem porque não aceitou o seu domínio e foi perseguida como um demónio. Só após a rebelião desta Mulher Original é que surgiu Eva, a partir da costela de Adão. Foi a esta mulher inferior que a Serpente do Paraíso deu a comer a maçã do conhecimento. Mas essa Serpente não era senão Lilith, a parte da mulher que ficaria para sempre reduzida à sua sombra e condenada a viver no exílio da nossa psique, enquanto Eva serviria o homem e a comunidade patriarcal, sujeita às suas leis e às suas normas.

O trabalho da mulher consciente da sua cisão deve ser encontrar a totalidade em si mesma, realizar-se enquanto mulher integral, abandonar a visão da mulher secularmente dividida em duas e que vive uma crucificação de si mesma. Esta divisão manifestou-se mais tarde sob a forma de Maria, a Virgem Mãe no altar, e Maria Madalena, a pecadora: a “santa e a prostituta”. A mulher comum sofre este dilema e, quando julga ter entrado no mundo da espiritualidade, cai na armadilha da realização “espiritual”, não tendo integrado a totalidade da sua psique, sofrendo assim desestruturações graves no plano mental e emocional (histeria, bipolaridade, fibromialgia, depressões, etc., e todo o tipo de doenças auto-imunes e psicossomáticas). Tal acontece devido a uma rejeição sistemática e sistémica da sua natureza fulcral enquanto mulher matriz e telúrica, ligada ao instintivo, ao sensual-sexual-mediúnico, que são inibidos pelo crivo da moral judaico-cristã que a condena, arriscando-se a nunca mais se encontrar na sua totalidade, continuando a anular a parte do seu ser que é a Mulher Original, ligada à Terra-Mãe e ao culto da Deusa, o que, em última análise, é prejudicial para a evolução do próprio planeta.

Sem uma verdadeira identidade feminina de base, a Mulher Cálice, a Rainha e a Musa, jamais se encontrará na sua plenitude. Só através da integração do Princípio Masculino e do Feminino poderão os homens e as mulheres realizar-se, estando ambos conscientes das suas diferenças a nível biológico e psíquico. À mulher que assim o permitir, este livro poderá acender o fogo de Lilith e a consciência da Mulher Primordial, Aquela que pode verdadeiramente transformar o mundo!





BiografiA Rosa Leonor Pedro nasceu em Almada em meados do século XX. Desde muito jovem começou a sua busca por uma verdadeira identidade feminina, para fugir aos estereótipos que lhe eram tradicionalmente impostos por uma sociedade estagnada e atrasada como era ainda a portuguesa nos anos 60. Com vinte e poucos anos empenhou-se na luta democrática para que as mulheres tivessem direito a votar em Portugal, mas foi obrigada a fugir para Paris para não ser presa (pela PIDE) e em busca de horizontes mais amplos. Voltou antes do 25 de Abril surrealista. Fez vários cursos (holísticos) e percorreu vários caminhos e terapias, ensinamentos e meditações, dedicando-se a práticas alternativas na busca de um sentido derradeiro e motriz da vida, mas também que lhe desse a real dimensão do seu ser, que desde muito cedo inconformada intuía ser A Mulher…

Por volta dos cinquenta anos descobriu Lilith, essa oculta primeira mulher de Adão, a mulher anátema, perseguida desde todo o sempre pela religião judaico-cristã como um demónio por se ter insurgido contra Adão e o seu Deus, uma mulher insubmissa, e concentrou-se então na busca da consciência e integração dessa Mulher Primordial.

Publicou a sua primeira obra Mulher Incesto – Sonata e Prelúdio, um livro de poemas em elegia da Mulher, aludindo à energia de Lilith em 1996. Em 2003, na mesma linha, publicou Antes do Verbo Era o Útero - Ladainhas e em 2008 Mulheres & Deusas, baseado nos seus textos sobre o feminino sagrado, escritos no blogue com o mesmo nome (tendo como subtítulo Rosa Mater), que mantém activo desde 2001 e que conta com mais de um milhão de visitas.

Em síntese de todas essas buscas, a autora refere ter resumido toda a sua busca e experiência de vida neste livro, Lilith – A Mulher Primordial, dedicando-o a todas as mulheres que neste momento lutam de novo com as trevas da ignorância e o machismo, e que sofrem ainda na pele os efeitos dessa religião que sempre as diminuiu, maltratou e excomungou através da figura mítica e sibilina de Lilith.

terça-feira, janeiro 21, 2020

LILITH - Pintura de John Collier - sec. XVIII



O LANÇAMENTO DO LIVRO, LILITH A MULHER PROMORDIAL - 
Sábado, dia 25 de Janeiro, às 18h,  no Estoril, Hotel Vila Galé


Estamos em contagem decrescente já para o lançamento do meu livro.. tenho vivido alguns momentos intensos e contraditórios no que refere já a algumas das reacções mais surpreendentes ao livro e à capa e ele ainda nem saiu mas acho isso é muito natural...

Tenho visto como o facto de o livro ganhar forma se torna num CORPO vivo e aqui é mesmo um corpo vivo de Mulher e bem simbolizado. Só grandes poetas e pintores podem ter uma visão tão sublime de Lilith, mas não espero que o comum dos homens e mulheres sintam assim… Há uma memória colectiva, ligada a ideia da mulher como pecadora, que reage e acaba sempre por denigrir qualquer  imagem da mulher, por mais sublime que esta seja.

Sabendo isso eu não fiquei totalmente a vontade, como já referi, com o nu da capa da mulher a ilustrar o meu livro porque sou relutante à exposição do seu corpo em si mesmo sagrado ao olhar profano do homem, que a adultera e associa a uma sexualidade baixos instintos e cujo nu tem sido tão explorado e abusado pelos homens na arte, na publicidade, no cinema  e na pornografia! 
Sei como esse olhar é carregado de preconceitos e medo e culpa e como pode aviltar a mulher, o que tem acontecido em milénios de história judaica ou cristã...

A Biblia é uma fonte de agressões e de estigmas feitos a mulher… Esta luta antiga começou com Lilith...facto que a Biblia nem menciona. Mas a Biblia é um livro de horrores e violências em que a mulher é maltratada, escravizada e violada em nome de deus e em nome de deus deve submeter-se e anular-se diante do homem, como sua serva…

Muitas mulheres ainda hoje a temem e ao seu deus que as condenou ao pecado e ao maior sofrimento … cada dia mais vemos como o atraso dos povos e o retrocesso cultural leva as multidões ignorantes e fanáticas a associarem-se a ela da forma mais primitiva...

É preciso pois muita coragem para varrer esse medo da nossa psique e enfrentá-lo - e eu enfrento-o também - para acabar com este ANÁTEMA que caiu sobre as mulheres há muitos séculos. Este é o tempo de nos libertarmos e deixarmos de ter medo de dizer a nossa verdade e sermos quem somos. Penso que este livro lança uma pedra basilar sobre a nova construção da Mulher integral, lucida e dona da sua vontade. Uma nova compreensão sobre a origem do estigma e da divisão da mulher.

Como digo na contracapa: À mulher que assim o permitir, este livro poderá acender o fogo de Lilith e a consciência da Mulher Primordial, Aquela que pode verdadeiramente transformar o mundo!

Esta é a minha esperança!

rlp

A PRIMEIRA MULHER



É GRANDE a confusão-informação pseudo-histórica-mitica e religiosa sobre Lilith (a Primeira Mulher) e muito contraditória… Não há fontes fidedignas nem credíveis… Os homens estudam-na...mistificam-na e temem-na, ou odeiam-na, mas nunca saberão quem Ela é na sua pele...e ao contrário do Talmude, em que eles agradecem por terem nascidos homens, terão de rezar - oh blasfémia… - e pedir ao seu deus iracundo para nascerem mulheres ...pois só as mulheres poderão decifrá-la e aos seus mistérios nas suas entranhas…
Se os homens quiserem entender Lilith... terão de nascer mulheres de corpo e alma… não basta imitá-las por fora...
rlp

"Porque assim o manda Deus "



 AS FALSAS "REFERÊNCIAS" HISTÓRICAS DE UMA ORDEM ESCLAVAGISTA DA MULHER...

"Quando as mulheres entenderem que os governos e as religiões são invenções humanas, que as bíblias, discursos, catecismos e cartas encíclicas são emanações do cérebro do homem, deixarão de ser oprimidas pelos mandatos que vêm com a autoridade divina de "Porque assim o manda Deus ".*

Sem duvida alguma, oTalmude, o Corão e "a Biblia e a igreja sempre foram os maiores obstáculos para a emancipação feminina."*, digo para a liberdade e dignidade da Mulher no mundo.


*Elizabeth Cady Stanton

sexta-feira, janeiro 17, 2020

Já é possível fazer a pré-encomenda do livro em: https://zefiro.pt/lilith-a-mulher-primordial
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segunda-feira, janeiro 13, 2020

LANÇAMENTO DO LIVRO DIA 25 DE JANEIRO



O CORPO

"Mas o que é o corpo? Seria necessário falar disso. Nós não temos nenhuma gratidão. É dificil falar do amor, hoje, pois reclamamos, reivindicamos, exigimos, mas há pouco reconhecimento, pouca gratidão. "
- jaqueline kelen - in o louco de shakti


SOBRE O NU DA MULHER E A CAPA DO MEU LIVRO 

Escrevo este texto em função das várias opiniões e considerações feitas por mulheres amigas num Grupo privado à capa do meu livro.  Queria deixar nota de que compreendo os vários pontos de vista e sentires de todas as amigas que comentaram, analisados os prós e os contras da capa e da imagem poder ou não corresponder ao conteúdo do livro e a mulher real. Para lá disso tudo e de cada uma estar certa a sua maneira de pensar e sentir, sabemos que é impossível de corresponder a todas as ideias e estéticas ou conceitos de arte e de beleza, e por isso deixo apenas o que foi a minha primeira impressão ao receber a capa do livro. Mas digo, para todos os efeitos, nada acontece por acaso…

Em primeiro lugar a minha primeira impressão à capa do livro foi de prazer estético - como se visse a imagem pela primeira vez - pelo imenso requinte da mesma, imagem que associei desde o inicio do meu blog e já lá vão 20 anos...a Lilith e que sempre acompanhou os meus textos, por corresponder à essência do que sinto ser Lilith. A Beleza, a pureza e a ousada sensualidade associadas a uma doçura e mistério que representa a mulher mística, as grandes sacerdotisas e iniciadas, e também a mulher ideal dos bardos, dos poetas e dos cavaleiros do Graal.

Para mim, uma questão é a estética e o conteúdo da imagem em si, de que gosto muito, e a outra é a nossa visão de um mundo vil que julga e difama a Mulher e o seu corpo. Temo esse mundo em que o nu da mulher foi explorado e vulgarizado e essa foi a minha segunda impressão: MEDO DE EXPOR a mulher no seu nu que considero sagrado. E ainda que a associação ao nu da mulher, a um primeiro olhar do livro pelo publico, rebaixasse o livro à mesma ideia da banalização do mesmo, a que estamos acostumadas… senti que ELA seria intocada...

Sim, o meu receio profundo é que a intimidade de uma imagem, cuja beleza retrata (para mim), a essência de Lilith, seja profanada pelo olhar imbecil de homens e mulheres vulgares e conspurcado por ideias mesquinhas associadas ao corpo conspícuo da mulher, que só veem um corpo nu de mulher demasiado rebaixado e denigrido, tal como Lilth foi condenada pela moral judaico-cristã ao longo de séculos…
Mas as minhas amigas esquecem uma coisa. Lilith envolve a mulher, ela abraça-a de cima abaixo e isso é a sua protecção, o seu escudo a sua aliança...
Reparem que a própria serpente, cuja nobre cabeça repousa no ombro da mulher que a olha de prazer, tem um ar sereno, doce e sábio …
Esta imagem encerra todo o mistério da Mulher e Ela, a Grande Serpente, é a Sua grande e única aliada...e ELA há-de passar incólume diante das bestas quadradas...
Este é o meu sentimento… e a minha certeza e a minha Fé. Os cães ladram sempre minhas amigas...
rlp

O LIVRO É especialmente DEDICADO A Ana M, Fernandes, que morreu cedo demais sem deixar a sua obra publicada.

"As palavras e o sentimento também mexeram em mim. É sempre a primeira vez quando volto a ler-me. Como se fosse também uma leitora de mim mesma. Também desejaria escrever assim. Por vezes, desconfio de que escrevo estas coisas; outras, tenho receio de perder a forma da escrita. Um Medo muito velho. Uma Maldição sobre a escrita e a palavra. Amordaçada em algum século que desconheço, e do qual não me livrei do efeito do feitiço ou praga. Tal como o Amor que tem a Espada de uma Maldição. Há demasiadas Maldições Velhas nesta Mansarda.
Vamos ao texto... que não chorem como eu, porque escrevo com Sangue. Espero um dia, escrever sobre o Manto da Primavera , entre Safo e Orfeu. Dar à Vida depois da Morte. " Ana Maria Fernandes

domingo, janeiro 12, 2020

verdades



UMA MULHER QUE ESCREVIA VERDADES...

" - Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calma e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre."



calrice lispector

sábado, janeiro 11, 2020

LANÇAMENTO DO LIVRO


FINALMENTE

Dia 25 de Janeiro, sábado, no Hotel Vila Galé Estoril, pelas 18h, lançamento do livro - Lilith, A Mulher Primordial - da escritora Rosa Leonor Pedro
Lilith é uma experiência no âmago da mulher no seu centro nuclear que implica o seu corpo, o seu sexo a sua alma e o seu espírito em fusão e só essa experiência dá a dimensão do Ser Mulher ou da Deusa na mulher. 
rlp

quinta-feira, janeiro 09, 2020

O MEDO DA FIGURA PAPAL


A  REACÇÕES DAS MULHERES DIANTE DE FIGURAS PATERNAIS, COMO O PAPA E O PADRE...

A propósito das mulheres e o seu medo do pecado e a conta do castigo e julgamento e perseguições que sofreram durante milénios, é ainda à conta desse medo e dessa culpa inconsciente que defenderem ainda os padres ou as altas figuras da Igreja, como o Papa que muitas reverenciam. São mulheres presas no medo, demasiado cobardes para serem capazes de encarar esse desprezo com que foram secularmente tratadas porque tem inculcado ainda esse sentimento de pecado e de culpa nelas o que faz com que sejam mal tratadas e submetidas as maiores violências mas mesmo assim elas perseguem na fé estes "santos" e alimentam a Igreja que as diminui e as trata de impuras e prostitutas…mesmo as mulheres mais jovens e modernas, que se acham "emancipadas" elas...dizem que é "respeito", mas sinto que é só medo...medo do Inquisidor que a queimou nas fogueiras...

E como disse e bem uma amiga "Acho desolador que uma mulher tenha alguma esperança em quem está à cabeça de uma editora que continua a vender um livro onde a primeira mulher é culpada da queda da humanidade e do êxodo do Jardim do Éden, e que até ao momento é estigmatizada pelo facto de nascer mulher. Onde o conhecimento é sinónimo de pecado, e o inferno eterno é reservado à mãe que aborta, enquanto que o homem que oferece o filho em sacrifício a deus é o fundador do monoteísmo hebraico que lançou os parâmetros para mergulhar a Europa e o Mundo no maior retrocesso cultural.
Mas compreendo, claro, que ninguém tenha de ser agarrada, puxada ou tocada contra a sua vontade e que há uma diferença entre a defesa e a agressão. Tudo seria menos excessivo se não existissem essas diferenças estabelecidas por uma auto-proclamada hierarquia divina em que as mulheres são o elo mais fraco." * Ananda K. Lila

A QUE FALTA À MULHER MODERNA?


ALÉM DA FALTA DE CONSCIÊNCIA DO SEU SER ENQUANTO MULHER - BASEADA NA SUA DIVISÃO SECULAR EM DUAS MULHERES - HÁ UMA FALTA DE CONHECIMENTO BÁSICO DA SUA NATUREZA INTRINSECA E DA PSIQUE FEMININA.



Já não falo das mulheres executivas e intelectuais, feministas ou marxistas cuja aculturação é enorme, dado que pensam e sentem dentro de uma cultura estritamente racional masculina, onde se afirmam desenvolvendo o hemisfério direito, razão e logica, mas falarei antes das mulheres que há umas décadas começaram a busca de uma verdadeira identidade no seio de certos movimentos do sagrado feminino, para destacar aspectos que a grande maioria das mulheres desse dito "feminino sagrado" - ao "iniciar-se" mulheres sem nenhuma preparação e conhecimento psiquico de si mesmas. Essas mulheres não tem por vezes qualquer noção de si porque estão longe de ter a consciência da sua essência feminina e repetem por isso na sua vida os mesmos padrões masculinos do patriarcado, seja no que se refere ao conceito de mulher em si - e os vários estereótipos - seja ao conceito do amor, ao qual se submetem,  assim como no seu papel na sociedade. Isso faz com que um movimento nascente e pagão de despertar de uma verdadeira consciências de mulheres livres e pagãs, ligada à Deusa e a Terra, se tenha vindo a tornar muito recentemente num palco de banalidades e numa miscelânea de crendices que por sua vez são um atentado a inteligência e à Psique da Mulher Moderna que se busca e quer encontrar para lá da sua formatação social e para lá das religiões patriarcais...

A falta de consciência de si das mulheres em geral e de uma integridade do seu ser enquanto mulheres, faz destas personagens mistificadas de deusas e que andam para ai a pregar em nome da Deusa e do feminino, com Budas e Cristo e Rumi, Osho ou Gandhi à mistura, ...acaba por destruir a grande possibilidade da mulher comum se abrir ao sagrado e resgatar uma memória ancestral, parte essencial da sua história e da sua identidade, muito dela relacionada com a civilização céltica e de origem pagã, e que o cristianismo não só deturpou como aviltou essa memória e continua a querer catequizar a mulher a todo o custo, aproveitando-se dessas mulheres camaleónicas e aculturadas para dentro desses movimentos boicotarem os mesmos!.

A mulher "pagã", a mulher celta, é a mulher que está na origem da nossa estrutura psíquica...a mulher cristã é outro modelo que para nós hoje já não serve nem nunca serviu; ela veio do Oriente e não corresponde de todo à nossa memória ancestral...seja ela Eva, seja ela a Virgem santa...ou até a Maria Madalena, "a pecadora" não são as nossas memórias de mulheres cujo papel e história foi invertido para tirar o poder a Mulher amante e sacerdotisa dos tempos antigos.

Misturar todas essas "culturas" e credos não me parece ser muito salutar para a mulher ocidental...para a mulher que surge neste século em busca de si mesma independente e que se quer autónoma.

O que acontece e é preciso estar muito atenta é que esta Matriz de Controlo cristóide que dentro do Sistema patriarcal age na base dessa ignorância das mulheres e na sua anulação impede e afecta profundamente um desenvolvimento psicológico natural (o lado esquerdo do cérebro, o feminino, intuição e emoção) e uma tomada de consciência da Mulher Integral nos nossos dias. rlp


Elas não pensam por si mas pelos homens e esquecem que “A inferioridade das mulheres não é um fato natural, é uma invenção dos homens, uma ficção social.” (Maria Deraisme, 1828 – 1894)

"O fato é que os homens necessitam das mulheres mais do que as mulheres necessitam dos homens; e então, ciente deste fato, o homem tem procurado manter a mulher dependente dele economicamente como o único método disponível para ele fazer-se necessário para ela. Como no início a mulher não se tornaria sua escrava voluntária, ele tem feito ao longo dos séculos uma sociedade na qual a mulher deve servi-lo para sobreviver."  - Elisabeth Gould Davis

quarta-feira, janeiro 01, 2020

A METAFORMOSE DO MUNDO


DECLARO E ASSINO 
QUE NÃO ABDICO DA EMERGÊNCIA QUE É RECONHECER O GRANDE PAPEL DA MULHER NO MUNDO... 

“É por isso que eu vos digo, é preciso que a mulher veja a Mulher QUE ELA É em si mesma e que o homem a aceite nele próprio. O acordar deste mundo exige essa mutação! O Fogo feminino é um fogo da Terra, e reparem, se temos necessidade do Ar que vem do Céu, o inverso não se pode negar. Todos os que sabem ou entendem o que eu digo, veem que o Céu e a Terra se atraem um ao outro, que não existem independentes um do outro. Por isso é preciso que os homens aceitem este ensinamento e que as mulheres não temam mais desvelar a sua função...e só então o mundo entrará em metamorfose”. *

Há quem me critique por eu abordar a questão da mulher no mundo com tanta "agressividade" ou exclusividade e tenho amigas que me censuram o radicalismo e a insistência em ver o drama conjunto das mulheres enquanto seres humanos. 
Há mulheres que me acusam de ser feminista quando devia ser espiritualista… mas digo-vos eu não sou uma coisa nem outra. Como sempre parafraseio uma autora muito lucida: eu sou só antropologicamente consciente deste drama  "inferioridade" da mulher que a faz sofrer e anula enquanto ente e em consequência do seu sofrimento e anulação o mundo está em declínio e é uma aberração humana a forma como a mulher ainda é hoje no dia a dia morta na intimidade pelo homem que a "possui" o marido e o amante ...o homem que ela ama e que a religião diz que ela deve obedecer porque lhe é inferior.
Eu deploro mulheres que são cúmplices deste sistema e que o defendem e se dizem neutras e se acham fora do drama da mulher que sofre há milénios este apagão colectivo e mundial do seu ser enquanto individuo com direito a sua expressão cabal enquanto mulher original (sendo que é uma cópia de si mesma), porque na verdade essa mulher não se conhece nem é a Mulher dos primórdios… Dizem-me sempre que há mulheres horríveis, maléficas e predadoras. E há… como não haver a revolta de uma escrava doméstica ou sexual e quando uma pode, se chega a ter algum poder na mão, a não vingar-se do homem que a aprisiona, sim e até o mata! A percentagem porém é mínima… em comparação com a bestialidade dos homens ao longo da história!

Sim, eu hoje acordei furiosa com as mulheres ignorantes da sua condição que foram eleitas pelos homens e viveram situações privilegiadas e não veem o que sofrem as outras mulheres em todo o mundo e as crianças vitimas da violência doméstica e de sistemas que as castram barbaramente de prazer e de vida - o que não é mais do que o resultado de uma religião secular que as oprime e denigre e a considera culpada do pecado...Venha o Papa agora dizer que este ano é dedicado as mulheres quando durante séculos ela foi oprimida morta e queimada nas fogueiras…
Sim, estou furiosa com as mulheres colonizadas, domesticadas, despersonalizadas, sem identidade e que não são solidárias com todas as mulheres do mundo que sofrem, vitimas de violência, violação, abuso e feminicídio, só porque são mulheres! Ah, dizem, os homens também morrem e sofrem, mas não há um único homem que não tenha uma mulher como seu "bode-expiatório" - e há muito poucos homens que larguem mão do poder e domínio que tem sobre as mulheres… e mesmo que se digam feministas e muito femininos não deixam de explorar e servir-se da mulher como um objecto de prazer ou de reprodução, ventres de aluguer para gays e gente estéril. 

Eu hoje reafirmo a minha total dedicação a esta causa e afirmo a minha fé e a minha luta ser só uma até que as mulheres possam ser respeitadas e tenham direito a sua vida essencial sem depender de serem mães e amantes… enquanto a mulher não for essa Mulher o mundo será sempre um reflexo da sua condição… de escravos!

Eu escrevo apenas em defesa da mulher não contra o homem nem contra essas mulheres ignorantes e aculturadas - eu só denuncio a sua IGNORÂNCIA seja ela em nome de que for. Porque a Luz e o sagrado por suposto não permitem a bestialidade dos homens sobre as mulheres nem podem consentir esse extermínio das mulheres uma e outra vez! Isso é estar do lado das Trevas!

rosa leonor pedro


* CITAÇÃO In VISIONS ESSÉNIENNES
Daniel Meurois-Givauda