O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, janeiro 23, 2020



A CONTRACAPA DO LIVRO - LILITH A MULHER PRIMORDIAL


A CISÃO ARQUETÍPICA DO FEMININO: ANJO E DEMÓNIO

O nosso mundo ocidental encontra-se dominado e dividido por uma dicotomia profunda da Mulher que tem a sua origem na Bíblia, portanto desde há cerca de 5 mil anos. Tudo o que é anterior foi votado ao esquecimento e ao descrédito, vive nos escombros da nossa memória colectiva.

Lilith é a Primeira Mulher, aquela que foi banida da história do homem porque não aceitou o seu domínio e foi perseguida como um demónio. Só após a rebelião desta Mulher Original é que surgiu Eva, a partir da costela de Adão. Foi a esta mulher inferior que a Serpente do Paraíso deu a comer a maçã do conhecimento. Mas essa Serpente não era senão Lilith, a parte da mulher que ficaria para sempre reduzida à sua sombra e condenada a viver no exílio da nossa psique, enquanto Eva serviria o homem e a comunidade patriarcal, sujeita às suas leis e às suas normas.

O trabalho da mulher consciente da sua cisão deve ser encontrar a totalidade em si mesma, realizar-se enquanto mulher integral, abandonar a visão da mulher secularmente dividida em duas e que vive uma crucificação de si mesma. Esta divisão manifestou-se mais tarde sob a forma de Maria, a Virgem Mãe no altar, e Maria Madalena, a pecadora: a “santa e a prostituta”. A mulher comum sofre este dilema e, quando julga ter entrado no mundo da espiritualidade, cai na armadilha da realização “espiritual”, não tendo integrado a totalidade da sua psique, sofrendo assim desestruturações graves no plano mental e emocional (histeria, bipolaridade, fibromialgia, depressões, etc., e todo o tipo de doenças auto-imunes e psicossomáticas). Tal acontece devido a uma rejeição sistemática e sistémica da sua natureza fulcral enquanto mulher matriz e telúrica, ligada ao instintivo, ao sensual-sexual-mediúnico, que são inibidos pelo crivo da moral judaico-cristã que a condena, arriscando-se a nunca mais se encontrar na sua totalidade, continuando a anular a parte do seu ser que é a Mulher Original, ligada à Terra-Mãe e ao culto da Deusa, o que, em última análise, é prejudicial para a evolução do próprio planeta.

Sem uma verdadeira identidade feminina de base, a Mulher Cálice, a Rainha e a Musa, jamais se encontrará na sua plenitude. Só através da integração do Princípio Masculino e do Feminino poderão os homens e as mulheres realizar-se, estando ambos conscientes das suas diferenças a nível biológico e psíquico. À mulher que assim o permitir, este livro poderá acender o fogo de Lilith e a consciência da Mulher Primordial, Aquela que pode verdadeiramente transformar o mundo!





BiografiA Rosa Leonor Pedro nasceu em Almada em meados do século XX. Desde muito jovem começou a sua busca por uma verdadeira identidade feminina, para fugir aos estereótipos que lhe eram tradicionalmente impostos por uma sociedade estagnada e atrasada como era ainda a portuguesa nos anos 60. Com vinte e poucos anos empenhou-se na luta democrática para que as mulheres tivessem direito a votar em Portugal, mas foi obrigada a fugir para Paris para não ser presa (pela PIDE) e em busca de horizontes mais amplos. Voltou antes do 25 de Abril surrealista. Fez vários cursos (holísticos) e percorreu vários caminhos e terapias, ensinamentos e meditações, dedicando-se a práticas alternativas na busca de um sentido derradeiro e motriz da vida, mas também que lhe desse a real dimensão do seu ser, que desde muito cedo inconformada intuía ser A Mulher…

Por volta dos cinquenta anos descobriu Lilith, essa oculta primeira mulher de Adão, a mulher anátema, perseguida desde todo o sempre pela religião judaico-cristã como um demónio por se ter insurgido contra Adão e o seu Deus, uma mulher insubmissa, e concentrou-se então na busca da consciência e integração dessa Mulher Primordial.

Publicou a sua primeira obra Mulher Incesto – Sonata e Prelúdio, um livro de poemas em elegia da Mulher, aludindo à energia de Lilith em 1996. Em 2003, na mesma linha, publicou Antes do Verbo Era o Útero - Ladainhas e em 2008 Mulheres & Deusas, baseado nos seus textos sobre o feminino sagrado, escritos no blogue com o mesmo nome (tendo como subtítulo Rosa Mater), que mantém activo desde 2001 e que conta com mais de um milhão de visitas.

Em síntese de todas essas buscas, a autora refere ter resumido toda a sua busca e experiência de vida neste livro, Lilith – A Mulher Primordial, dedicando-o a todas as mulheres que neste momento lutam de novo com as trevas da ignorância e o machismo, e que sofrem ainda na pele os efeitos dessa religião que sempre as diminuiu, maltratou e excomungou através da figura mítica e sibilina de Lilith.

2 comentários:

Anónimo disse...

Que legal Rosa! Parabéns pelo Livro,espero conseguir um dia comprar aqui no Brasil. Bjos, Ana

rosaleonor disse...

Obrigada Ana - creio que poderá encomendar senão a editora em Portugal que envia como vai estar em outras livrarias on line, depois direi quais.
um grande beijinho