O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, janeiro 27, 2020

O LIVRO LANÇADO...


COM AS APRESENTADORAS DO LIVRO, 
MARIANA INVERNO E ANA FERREIRA MARTINS


TEXTO DA ANA FERREIRA MARTINS 

Lançamento do Livro, Lilith a Mulher Primordial

Como conheci a Rosa Leonor Pedro

Quando abri o Facebook, cerca de 9 anos atrás, uma das primeiras coisas que procurei, foi a palavra DEUSA, nessa altura já com o mestrado em estudo sobre mulheres, por volta dos meus 46 anos, comecei a ler algumas escritoras que escreviam sobre a Deusa e a Mulher, ex: Jean Shinoda Bola, Clarissa Pinkola Estés, mais recentemente a nossa Luísa Frazão e a Rosa Leonor Pedro, entre outras, e foi por essa altura que encontrei a página e o blog da Rosa. "Mulheres E Deusas Blogue"

A minha relação com a Rosa – Quem é a Rosa?

Fui-me aproximando entre a curiosidade e o medo. Seria que esta mulher era realmente quem eu tinha procurado a minha vida toda? Uma mulher consciente da realidade que as mulheres têm vivido neste mundo?
Pois, mas e as cobras que eu tanto nojo tenho?!...e as bruxas feias? Será que era uma bruxa a sério, daquelas que os contos de fada falam? Uma bruxa má que faz feitiços? E se me aproximar, o que me poderá acontecer? Não será perigoso?!...
Chegava a sonhar com esta mulher consciente que gostava de cobras e de bruxas, pensava muito nela sem a conhecer, ela mexia comigo, com o que escrevia, com a sua atitude!...
Cada vez se tornava mais premente conhecê-la!
Só em 2014, há seis anos, combinei encontrar-me com a Rosa.
Um dia através de mensagem, combinamos encontrarmo-nos no Estoril e estivemos uma manhã e uma tarde a falar…eu fiquei apaixonada por aquela mulher!...ainda estou!...falou-me de Lilith, de Eva de Adão, da mulher essencial e eu bebi cada palavra, cada olhar, cada gesto.
Aprendi tanto nesse dia e já lá vão uns anos e a admiração e carinho por este ser, mantêm-se e tornou-se consistente e amoroso.
Foi neste primeiro encontro que a Rosa me falou de Lilith , de Eva, das cobras, do sonho que esteve na origem desta sua missão ou mesmo devoção por Lilith.
Foi assim o meu primeiro contacto com Lilith.

Quem é Lilith?

As dúvidas foram e são muitas, durante estes anos, no âmbito de um pequeno grupo de mulheres, fomos reflectindo, sentindo, partilhando o nosso sentir sobre a mulher essencial e muitas questões se inter-relacionavam, lembro-me de uma questão que coloquei sobre a relação entre Eva e Lilith, dizia eu:

Em termos simbólicos, de que Eva estamos a falar? Será que a Eva antes de dar a comer a maçã da árvore da sabedoria é a mesma mulher que depois? Eva antes da maçã poder-se-á chamar de Lilith e seria uma mulher assumida na sua essência e no seu poder terreno, podendo-se subentender o mesmo em relação ao seu parceiro?

Uma Mulher refere:
Lilith é a essência da mulher, é a mulher integral. Eva foi uma invenção do patriarcado que nos afastou dessa essência e nos mantém longe dessa mulher integral, para mal da humanidade ...e as religiões e o patriarcado sabem-no e convém-lhes . Lilith confronta-os, enfrenta-os e isso não lhes interessa.

Rosa Leonor Pedro
Lilith é a mulher primordial, de antes da "Queda". Eva é uma construção saída da costela de Adão para o servir (a humanidade homem). Lilith era feita da mesma matéria que Adão quando ambos foram criados por deus como iguais… mas ela rebelou-se - e saiu da cena, assim como a sua descendência, mas fez a Eva comer a maçã do conhecimento...portanto Eva tem a semente de Lilith, a mulher integral a despertar na menopausa - quando ela deixa de servir a espécie e então pode aceder a essa mulher inicial -, mas a Eva nunca foi Lilith nem Lilith Eva… são portanto duas mulheres distintas e com destinos diferentes… as duas estão em nós… lutam entre si, enquanto diria arquétipos separado, Lilith como mulher fatal do desejo e Eva a esposa submissa e fiel… Nada fácil sair deste labirinto dentro de tanta mitologia e mitos...

A Rosa tem devotado a sua vida à procura da mulher primordial, ontológica. Tem conseguido através de um diálogo amoroso e impecável fazer com que muitas mulheres questionem comportamentos, mitos, estereótipos, paradigmas, ajudando e acompanhando na desconstrução dos mesmos, trazendo à vida de muitas mulheres uma realidade mais consciente e verdadeira de ser vivida.

Ela tem sido uma verdadeira inspiração. A forma visionária como a sua filosofia e sabedoria estabelece a ponte entre a mulher ancestral, primordial e a mulher contemporânea deixa-nos perplexas, pois conseguimos percecionar que na essência os mesmos paradigmas se perpetuam.

Neste livro podemos sentir o abanar da cauda de Lilith. Lilith não quer continuar amordaçada por uma cultura patriarcal bafiosa. Este livro é sem dúvida uma janela que se abre dentro de cada uma e de cada um de nós para deixar entrar essa mulher verdadeira e unificada.

Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas tanto quanto conheço se pudesse em poucas palavras descrevê-lo diria que nos fala da união da mulher ancestral, de tempos e datas esquecidas com a mulher contemporânea, também ela esquecida de si.

Ainda sobre Lilith, uma reflexão minha:

Os genes estão para a carne como Lilith está para a criação universal. Ela, foi, é e continuará a ser a origem das origens e assim é impossível conceber a vida sem ela.
Mitos e fantasias sobre uma mulher com cauda, nada disso é real ou concebível, pois a inexistência jaz sempre no vazio. O nada de nada, a paz infinita, a santificação do nada à luz desta confusa e controversa mente, que constrói imagens e modelos à medida da existência.
Que sabemos nós da razão de todas as coisas? Do silêncio, do Nada? Da invisibilidade do universo por perscrutar?

Este Livro, é de uma atualidade dramática e por isso faço um apelo não só à sua leitura como também à sua divulgação.
Passo a palavra à Rosa e mais uma vez parabéns à autora Rosa Leonor Pedro. Muito sucesso.
Rosa Leonor Pedro Mariana Inverno
AMFM

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