EM BUSCA DA MULHER MITICA I
Senhoras e "Senhores, o ser que chamamos de mulher não é a mulher. É uma degenerescência, uma cópia. A essência não está aí, o princípio não está aí, nossa alegria e nossa salvação não estão aí."
Podia ser o nome de um livro, "em busca da mulher mitica"...essa Mulher que fomos e hoje desconhecemos, mas pensámos em Mulher Plena e o que isso nos quer dizer num tempo em que mulher e homem já não sabem quem são e a mulher se masculinizou de tal forma que o homem hoje em vez de procurar a mulher mitica procura ele ser essa mulher que mitificou ou a transformou numa travesti de si própria que ele vai encarnar.
Estas ultimas décadas de decadência a que chamamos evolução e modernidade, tendo como propósito de vida, sobretudo as mulheres – uma minoria sempre – partido para a busca da sua independência económica e igualdade com homem, trocando a casa e os filhos pelo trabalho, e em vez de servir o marido e os filhos preferiu servir um chefe e o patrão… que afinal a abusou e explorou tanto como o marido, mas que lhe pagou um ordenado. E o marido não…
A minha visão das coisas agora até parece retrógada pois sou obrigada a olhar para um ponto de partida em que a mulher ainda era uma mulher, ainda que submetida ao marido, e sem independência económica, e portanto podem julgar que estou a defender a volta da mulher ao lar…Não. Havia certamente outra via natural de evolução dentro do curso natural das coisas. mas a mulher foi desviada para o campo do trabalho e desviou-se dela mesma ou do que restava da mulher genuina. As mudanças foram acontecendo e a mulher foi galgando para patamares antes inacessíveis e chegou às profissões mais masculinas como a policia e o exercito. Formou-se nas universidades e tornou-se medica advogada e juíza…
Há 50 anos isso não acontecia e as mulheres formadas eram muito poucas. Parecia que era um progresso enorme mas tudo acabou em mera construção social e económica e os aspectos subjectivos e afectivos da vida em si, incluindo o sexual foram ou descuidados ou exacerbados – como foi o caso do sexo, antes interdito, agora promiscuo - e hoje a confusão é geral e tão grande que se perderam todos os valores e a coisa principal que era o respeito pela Mulher e a Mãe… já não existe nem da parte dos filhos… O casal deixou de ser de facto o par equilibrado nas suas funções, ambos massacrados e totalmente alienados pelo trabalho e a ambição social e o consumo, o materialismo ou ideia de um vida de conforto etc. e é mais importante ter carro e casa e cursos do que ter uma vida rica interior ou espiritual, o que suplantou qualquer sentido de transcendência e relacionamentos profundos e apostados na construção de algo e até mesmo numa mera relação saudável a qualquer nivel…
Pensar desta forma parece reaccionário. A exemplo disto as mulheres ficaram muito indignadas com as afirmações de Paulina Chiziane, “a primeira mulher africana a ganhar o Prémio Camões, que fala sobre a relação entre marido e mulher em uma entrevista. A escritora moçambicana, que é conhecida por abordar temas polêmicos como a poligamia, a cultura patriarcal e os direitos das mulheres em seus romances, defende que a casa é um espaço de energia feminina e a rua é um lugar de energia masculina.
Segundo ela, quando o marido se faz de amigo da mulher, torna-se caseiro e torna-se feminino, porque se afasta dos ambientes masculinos onde os homens recarregam a sua testosterona. "Deixa de ser dominante e passa a ser um fofoqueiro e de repente a sua vida sexual fica lastimável, porque as mulheres não sentem vontade de sexo com homens amarrados às suas saias.”
De uma certa maneira e na visão de uma mulher que vive no espirito da natureza ampla e livre como é Africa, e onde os principio que regem os comportamentos ainda estão muito ligados ao sentido natural das cosias e do humano, sem a sofisticação das sociedade pretensamente evoluidas como as nossas, onde diz ela, o lugar das mulheres é na casa e dos homens na rua, a trabalhar ou o que seja, a divertir-se entre si e das mulheres é em casa a cuidar dos filhos e do abrigo...estes são os fundamentos das sociedades iniciais... sim, patriarcais, mas as nossas não são menos.
Agora a mulher vive a trabalhar fora e andar na rua em lojas e bares e centros comerciais mas isso é uma outra história e muito complicado o que se construiu nestas ultimas décadas – olhe-se agora bem para que homens se vêm na rua...e que mulheres também...? Onde está a verdadeira mulher e o verdadeiro homem? É que tudo se misturou de tal forma, a começar na moda unissexo, depois as ideologias de género que mesmo as crianças andam a deriva...perdidas de um centro feminino e afecto – abrigo, casa lar - e de uma protecção masculina que as direccionava, por suposto, porque os pais viraram escravos do trabalho e do consumo... e já nem sabem se são meninos ou meninas... e eu até pareço retrogada, pois é, mas... o que aconteceu no mundo ocidental foi essa feminização dos homens e masculinidade das mulheres hoje sem identidade de género, sem qualquer consciência da sua alienação e perda de valores…
Para mim é urgente que a Mulher volte a encontrar-se a si mesma e portanto todas estamos em busca dessa mulher plena que não é essa mulher falsamente emancipada nem a mulher submetida ao marido ou ao sexo, mas uma Mulher inteira que se assume na sua feminilidade essencial e sabe de si e procura resgatar essa identidade original e valorizar o seu ser como alguém que é inteira, não obedecendo a meros estereótipos, antes de tudo e a partir dessa consciência construir uma nova estrutura de vida – sem duvida que a busca de um parceiro se quiser construir família é ou vai ser um drama, pois também o homem se perdeu de si e agora encontrar-se na sua masculinidade original, não toxica nem dominadora, vai ser complicado. Contudo, creio que se a mulher se encontrar e partir de si e da sua realização interior enquanto ser pleno e independente, se ela voltar as suas raízes, ela não precisa ser forçada a encontrar parceiro nem casar e viver a sua vida em plenitude, sozinha ou acompanhada. Mas sendo ela mesma o seu centro e sendo ela capaz de ser sem ser apenas a metade (laranja) que a fizeram crer ser durante dezenas de anos ou centenas… a Mulher é antes de tudo um ser individual e completo e é isso que ela tem de se compenetrar para se encontrar e ser fiel a si mesma.
Se a Mulher não se encontrar em si mesma e voltar a essa origem do que é o Principio Feminino e os valores do afecto/sentir/intuir, ela vai perder-se conjuntamente como o homem e tornar-se um ser hibrido…
rlp
Ao longo destas ultimas décadas, sempre que a mulher começa qualquer processo de busca de si mesma, e a risco de ser um perigo para o patraircado e o sistema de dominaçao, ela é logo desviada pela Matrix que imediatamente copia a ideia e desvirtua-a mantendo a mulher presa aos velhos padrões de obediência a deuses e deusas ou mestres, criando hierarquias e cultos, sempre através de crenças e a mulher há muito sem auto-estima nem conexão com o cosmos, nem dá por isso...
Sim, ela entra no labirinto de Teseu e perde-se...porque ela é o seu próprio fio de Ariane... sem seguir esse fio condutor que é ela mesma, a mulher perde-se da sua dimensão feminina das suas entranhas e da transcendência que isso lhe permite, perdendo a sua ligação ao feminino essencial e à Mãe e fica uma mulher instrumento sexual, um ser mental, vazio, desprovida de ligação ao seu útero/coração e começa a papaguear coisas sem sentido, isto desde as feministas que deram a grande machadada na Mulher mitica e eterna - essa Mulher plena de grandeza e sensualidade amorosa que quando aparecia magnetizava homens e mulheres...
rlp