O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 31, 2018

O QUE NÃO QUEREMOS VER...



"Você não "sente", mas quando uma mulher é ferida em qualquer lugar do mundo, você também é atingida. A divisão "em nós" e "entre nós" é insustentável. Pelo fim da mutilação genital."
Aaminah Lale

A violência contra a mulher e o constante abuso da força e do poder falocrático, permanente, a  inferiorização da mulher em muitos os aspectos  da sua vida, devida à degradação sistemática da sua imagem na publicidade e pela prostituição do seu corpo, a aviltação do seu ser em todas as frentes, no cinema e nos Midea...gera o ódio entre as mulheres nas instituições, gera a competição entre si e a sua rivalidade na politica e nos diferentes palcos desta sociedade podre, alimentada em todas as revistas séries e telenovelas...A violência contra a mulher está em tudo subtil e subliminarmente...a envenenar por dentro as próprias mulheres que ao serem desvalorizadas se desvalorizam umas as outras...
A Mulher é vitima actualmente também na Europa (invadida por islâmicos) e no Ocidente em geral de uma ofensiva brutal, como que militar (de policias, juízes, presidentes)  contra si e a sua "emancipação", uma orquestração patriarcal contra a sua integridade...que não suporta a sua libertação e isso começou  há séculos...

Sim, mas o pior  é quando é a própria mulher a negar-se a si mesma e a outra mulher e a trai-la...

Nunca poderei dizer ou falar da tristeza imensa que me dá, da dor que sinto quando vejo as mulheres traírem-se e virarem-se umas contra as outras...quando vejo essa inimizade visceral e secular - pegajosa -  soltar-se em cenas degradantes e de antagonismo entre si e em vez de se unirem juntas numa causa comum a bem da Terra, do Amor e da Paz ...se separam e se dividem, se digladiam feridas, tomadas pela raiva ou pelo ego, na dor extrema que as leva até como mães a reflectirem sobre os filhos, sobretudo as filhas a sua falta de amor de crianças mal amadas que foram, quase todas elas mulheres sem mãe, "filhas do pai"  e que se negam na sua essência feminina, a sua linhagem e a suas ancestrais...Sim, podia dizer que cada mulher que trai a outra é porque não teve mãe, não foi amada...e reflecte esse ódio à irmã ou à amiga ou à mãe que transforma em rival...em nome do Pai...Ela alia-se ao predador, ao abusador, ao assassino...ao homem que a trai e ofende, que a anula, viola e que a larga...e despreza!

As mulheres no mundo quase todas - não só as mulheres em Afica, na India  ou no mundo árabe que sofrem as maiores civícias e violências, todas as mulheres do mundo sofrem de algum modo do Síndroma de Estocolmo, vivendo em união de facto com um patriarca interior que as colonizou há séculos e essa é a sua prisão e a  morte de alma... a morte do feminino em essência.

rosaleonorpedro

QUE SABEMOS DE NÓS?





DE MIM MESMA SEI POUCO...

"De mim mesmo sei pouco. E olhando com serenidade a paisagem chego à conclusão de que é agradável sim, mar, areia, mas o que eu vejo justifica o estar aqui permanentemente? Resposta: você é livre para sair. Aí é que estão enganados. Ser livre para sair é assim: você chega senta se acomoda, e o outro diz: você é livre para sair. Ainda que você não queira você sai. É por isso que eu fico aqui. Ficando aqui não sou livre. Saindo, muito menos. Liberdade abre as asas sobre nós, tem poesia isso, mas isso sufoca, vejo sempre uma águia gigante roubando o espaço acima da minha cabeça, vejo sempre a asa me comprimindo, e por isso eu gostaria de voar porque subiria acima dessa eventualidade. Escuridão e cárcere. Ratazanas. Vida subindo pelos pés, vida chegando até o peito, vida na boca, a minha boca aberta sugando vida, eis algumas frases que de repente grito na noite, e nem sei bem o que tudo isso quer dizer, depois grito mais: sei tão pouco de ti, amiga morte, mas tremo, tremo sabendo que tu só visitas os vivos."


Hilda Hilst, no livro “Kadosh”. 

De tanto te pensar,



De tanto te pensar,
Sem Nome, me veio a ilusão,
A mesma ilusão

Da égua que sorve a água pensando sorver a lua.
De te pensar me deito nas aguadas
E acredito luzir e estar atada
Ao fulgor do costado de um negro cavalo de cem luas.
De te sonhar, Sem Nome, tenho nada
Mas acredito em mim o ouro e o mundo.
De te amar, possuída de ossos e de abismos
Acredito ter carne e vadiar
Ao redor dos teus cimos. De nunca te tocar
Tocando os outros
Acredito ter mãos, acredito ter boca
Quando só tenho patas e focinho.
Do muito desejar altura e eternidade

Me vem a fantasia de que Existo e Sou.
Quando sou nada: égua fantasmagórica
Sorvendo a lua n’água.


Hilda Hilst, no livro “Sobre a tua grande face”

terça-feira, maio 29, 2018

AS MULHERES DOMINADAS


O PERIGO DAS ENERGIAS MAL DIRIGIDAS...

Há um grande perigo na mulher que se expande apenas através da sua sexualidade desenfreada sem ter a maitrise de si - sem integrar as duas mulheres e dar lugar à sua alma, dando lugar à doçura sensual do seu corpo unindo-se ao sagrado e à Deusa, porque só a alma redimensiona a matéria e tem expressão viva na mulher inteira, na mulher integrada, coesa. Essa mulher vibra, não grita...
A dimensão do Feminino Sagrado tem a ver com o corpo, mas depois de feita a ligação à alma, e não é através do homem que a mulher chega a essa síntese de si, mas dentro de si mesma, no seu amago, no mais secreto mistério da alma feminina.
Só depois de unir em si a mulher profana e a mulher sagrada ela pode iniciar o homem sem perder a sua autonomia...doutra forma, ao servir o homem e deixar-se conduzir por ele, ela "vende a alma ao diabo"... e esvazia-se de si e torna-se uma cópia de mulher... uma metade de si, pois assim foi dividida pelos homens.
Para mim não restam duvidas que só a alma tece a relação e a entrega da mulher na excelência do amor que medeia a paixão e o fogo e não o seu contrário... Por isso e para mim as mulheres que vivem uma sexualidade desregrada e sem essa Magia e Magnetismo de amante e mãe se tornam malévolas e perigosas...e a sua energia é de destruição...quando velhas adoecem e perdem o sentido da vida, entram em depressão ou são bipolares.
Foi o que vi  um dia numa  mulher falsamente lilithiana - que me afrontou do alto da sua degeneração doentia de mulher serva de rituais satânicos e fiel aos homens que se servem da sua energia e  a vampirizam. Ela desferiu o golpe que poderia ser mortal se a minha energia não estivesse centrada...

Não. Não é dessas mulheres que falo quando falo de Lilith ou da Medusa...as mulheres de que falo são detentoras de Sabedoria e maestria...de amor inequívoco... elas podem perder a juventude e continuarão belas e luminosas, porque a alma brilha por si e elas já não precisam de sedução sexual e física...ou de homens...Elas encontram o sentido da Vida e da Morte dentro de si...confiam tornam-se sabias...
Essa mulher completa e integra une as duas faces da mulher - digo as três faces...a jovem a mulher madura e a velha - e doseia-as com perícia e a sua presença é sempre luminosa e compassiva e deslumbra, cura - não fere...e é aos pés dessa mulher que os Cavaleiros do Graal tem de cair e ajoelhar-se e venerá-la e não possui-la e usá-la...como o Mago faz...
Até que a mulher seja essa Mulher e o homem a reverencie, não temos par alquímico nem transfomação do chumbo em oiro...


rlp

forças ou energias


"há um deus ou uma deusa no âmago de todo complexo." Jung

"De acordo com a teoria junguiana, as deusas são arquétipos, o que vale dizer, fontes derradeiras daqueles padrões emocionais de nossos pensamentos, sentimentos, instintos e comportamento que poderíamos chamar de "femininos" na acepção mais ampla da palavra. Tudo o que pensamos com criatividade e inspiração, tudo que acalentamos, que amamentamos, que gostamos, toda a paixão, desejo e sexualidade, tudo o que nos impele à união, à coesão social, à comunhão e à proximidade humana, todas as alianças e fusões, e também todos os impulsos de absorver, destruir, reproduzir e duplicar, pertecem ao arquétipo universal do feminino. Entretanto, a psicologia acadêmica moderna, com seu amor pelas abstrações masculinas, prefere usar a linguagem racional e espiritualmente insensibilizante dos "instintos", "impulsos" e "padrões de comportamento", palavras que não geram imagens na imaginação, nem provocam lampejos de reconhecimento na alma...No entanto, os gregos, e todas as culturas antigas, percebiam essas energias não como abstrações destituídas de alma, mas sim como forças espiritualmente vitais, forças ou energias que estão exercendo continuamente influências poderosas sobre nossos processos psicológicos. Quando conseguiam reconhecer as forças espirituais que ativavam e esclareciam determinados aspectos do comportamento e da experiência humana, chamavam esses fenômenos de "compulsão dos deuses e das deusas". É por esse motivo que Jung foi levado a comentar que "há um deus ou uma deusa no âmago de todo complexo."


A Deusa Interior de Jennifer Barker Woolger e Roger J. Woolger, p.17 / Arte: Emily Balivet.

segunda-feira, maio 28, 2018

QUEM É LILITH


LILITH


«... Refundida com sua pretensão de igualdade, diz-se que Lilith habita as profundezas dos oceanos desde tempos imemoriais, e que ali é mantida pelos guardiões supremos por meio de reiteradas censuras, a fim de que não volte a perturbar a vida dos homens e de outras mulheres.

Todavia, sua sombra ressurge de tempos em tempos, quando o clamor pela reciprocidade se infiltra na discussão de direitos e de liberdades e cada vez que uma mulher descobre o significado mais recôndito de sua criatividade.
Lilith, porém, não é somente a abandonada, sem leito próprio, que viaja pelo mundo em busca de vingança com as mãos tingidas de sangue jovem; também representa a mulher suplantada por outra que lhe é inferior e submissa, pela simples costela do homem dominador, pela esposa que renuncia a seu próprio erotismo em troca da segurança conjugal.
A mão de Lilith é percebida nas brigas matrimoniais, nos desejos insatisfeitos, na separação dos casais, na emancipação frustrada e nos castigos que recaem sobre as mulheres que desafiam as normas sociais.
Eterna inconformada, sua discrepância essencial a vincula ao demônio, à inadaptação e ao rancor. É por isso que se encontra ali, atirada ao abismo, desaparecida nas profundezas do oceano, atormentada por seus desejos; firme, porém, em sua vontade superior e sempre à margem de regras que não aceita nem consegue modificar.

Lilith segue carregando a marca de sua perversão libidinosa, condenada a gerar criaturas demoníacas, seres fantásticos, noturnos como são ela e seus sonhos destratados.
Sempre renovada e infatigável, Lilith se aloja em cada mulher que imagina ser possível a verdadeira eqüidade, em cada mulher que perturba os sonhos e devaneios dos homens, naquela que menciona o inefável nome de Deus não para acatar seus desígnios, mas para salientar o alento transformador de sua própria criatividade.

Lilith é, por tudo isso, a paixão da noite, a criatura mais temida e o anjo que vaga com a esperança de restaurar a ordem transtornada, apesar de toda dor e de todo esquecimento. (...)»

Martha_Robles
(Mulheres_Mitos_e_Deusas)

Creio no Absoluto da Vida


ORAÇÃO
(revisitada)

HOJE COMO ONTEM

Creio no Absoluto da Vida como Sagrada e numa Consciência cósmica,
Omnisciente, Divina… desde a sua Origem.
Creio numa Ordem Universal superior, que gere a minha vida a partir da minha intuição e percepção inteligente – o coração …
Creio na Inteligência do meu Coração integrada.
Creio na minha vida aqui na terra e a realidade humana sujeita ao meu ser animal e visceral - orgãos, útero e ovários, baço e fígado e pulmões e tudo o que me move - e do plano astral ao supra consciente cósmico que me liga ao Céu e embora viva neste plano dual, na matéria, dividida e fragmentada, acredito numa outra realidade presente e futura e possível quando abrangida pelos meus sentidos alargados (17 e não apenas 5 - entre o meu Ka os meus chakras e corpos subtis…)
Creio nesta Terra bendita e creio na Deusa Mãe, na sua encarnação viva, em Gaia e na Inteligência que a rege…
Creio e em todas as espécies vivas e nas Árvores Soberanas e em todos os frutos da sua Bondade nascidas e da sua CONSCIÊNCIA.
Creio nessa Mulher-Deusa primordial que desperta e se manifesta dentro de cada mulher e juro fidelidade e reitero a minha verdade à Mãe Suprema e à Mulher Eterna, a Mulher mediadora das forças cósmico e telúricas, a que dá à Luz o verbo e inicia todos os Seres ao amor da Deusa
primeva.
Rezo e venero hoje e para sempre o que seja essa INFINITA Verdade Eterna que se nomeia por
"Deus/A", criadora de todas as coisas e deixo para um futuro cósmico, para lá da vida e da morte, para que a sua visão seja absoluta e não me restem já nem dúvidas nem conceitos... Quando não houver qualquer separação entre a matéria a alma e o espírito, o terreno e o divino e a vida seja sustentada apenas por uma Consciência Suprema e não por uma mera ideia crença ou dogmas...da criação da mente humana.

E hoje e para  SEMPRE renovo os meus votos de entrega da minha alma à Mãe eterna, à Magna Mater, a Matriz de toda a vida, a Mulher Mãe dos humanos e de deuses, e consagro a minha vida e a minha palavra na devoção à Deusa dedicada à Mulher inteira, como Cálice Sagrado, a Dama do Graal, a Musa dos poetas, a Amante dos Fieis d? Amore a mulher salvífica dos sedentos de amor e  imbuídos  de uma  qualquer fé...
2013 ?
Rosaleonorpedro

EUTANÁSIA: SIM OU NÃO?

NÃO SOU ESPÍRITA NEM CRENTE EM DEUS...mas creio na reencarnação, na imortalidade da alma e no carma. Por isso este ponto de vista do Espiritismo parece-me muito próximo do que pessoalmente sinto.
 UM paradoxo existencial
"De tal forma era temida a morte repentina que podemos ler numa ladainha dos Santos daquela época «De uma morte repentina livrai-nos Senhor». Mas, na época atual, a boa morte é aquela que chega de repente, aquela que chega sem avisar. Na verdade vivemos como se a morte não existisse. Quando nos deparamos com esta inevitabilidade, não a suportamos e chegamos ao ponto de a querer antecipar. Cria-se assim um paradoxo existencial. E é nesse contexto que surge o conceito de eutanásia como a morte intencional de um doente, a seu pedido (firme e consistente), através da intervenção direta de um profissional de saúde, pressupondo-se a livre expressão da vontade individual."


EUTANÁSIA: SIM OU NÃO?

Estando a eutanásia a ser discutida em Portugal, a Associação Médico Espírita do Norte (AME Norte Portugal) reuniu e debateu o tema, tendo concluído que deve comunicar o seu ponto de vista.
A AME Norte agrega um grupo de médicos e de outros técnicos ligados à área da saúde que, fora da sua atividade profissional, se interessa por espiritualidade, considerando importantes os dados proporcionados pela doutrina espírita.
O assunto é complexo pelo que não é de admirar que a maior parte das pessoas que sobre ele dão a sua opinião careçam de uma ideia mais esclarecida.
Refira-se que esta comunicação resulta de uma reflexão alargada e engloba vários tópicos: Introdução; Argumentos a favor e contra; O ponto de vista espírita; Conclusão.

INTRODUÇÃO

Eutanásia de forma simples quer dizer boa morte – ευθανασία: ευ "bom", θάνατος "morte”.
No entanto, a relatividade dos critérios do que seja uma boa morte revela-se até em determinadas culturas e em determinadas épocas. Nas culturas guerreiras, como a dos vikings ou a dos samurais, uma morte boa seria a que sucedia em combate, revestida de honra. Já na Europa da Idade Média a boa morte devia fazer-se anunciar a fim de que o moribundo pudesse tomar as suas últimas decisões. De tal forma era temida a morte repentina que podemos ler numa ladainha dos Santos daquela época «De uma morte repentina livrai-nos Senhor». Mas, na época atual, a boa morte é aquela que chega de repente, aquela que chega sem avisar. Na verdade vivemos como se a morte não existisse. Quando nos deparamos com esta inevitabilidade, não a suportamos e chegamos ao ponto de a querer antecipar. Cria-se assim um paradoxo existencial. E é nesse contexto que surge o conceito de eutanásia como a morte intencional de um doente, a seu pedido (firme e consistente), através da intervenção direta de um profissional de saúde, pressupondo-se a livre expressão da vontade individual.
Esta é, sem dúvida, uma questão controversa, sendo vários os argumentos contra e a favor do ponto de vista bioético. A doutrina espírita, com base nos princípios da existência de Deus, da imortalidade da alma, da pluralidade das existências e da lei de causa e efeito, estabelecendo uma ponte segura entre ciência e espiritualidade, acrescenta importantes argumentos contra a eutanásia.

ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA

Margaret Battin, Professora de Filosofia e Professora Adjunta de Medicina Interna da Universidade de Utah, debruçou-se sobre esta temática.
Através do apanhado que faz neste campo, sublinha que os argumentos a favor e contra a eutanásia divergem basicamente entre dois vetores – o direito de autonomia do ser e o valor da vida humana.
Os principais argumentos a favor ligam-se ao respeito pela autodeterminação da pessoa, bem como ao alívio da dor e do sofrimento, sugerindo na sua origem uma ideia de compaixão.
Por sua vez, os principais argumentos contra espraiam-se entre o caráter inviolável da vida humana, a integridade da profissão médica e o potencial abuso (rampa deslizante).

PRINCIPAIS ARGUMENTOS A FAVOR

Embora não concordando, constituindo estes os principais argumentos a favor da eutanásia, consideramos importantes referi-los permitindo, assim, uma reflexão mais abrangente e profunda.

Princípio da Autonomia:
O artigo 5.º da Comissão Nacional da UNESCO é invocado nas coordenadas da autonomia e responsabilidade individual: «A autonomia das pessoas no que respeita à tomada de decisões, desde que assumam a respetiva responsabilidade e respeitem a autonomia dos outros, deve ser respeitada». Este princípio de respeito pela autonomia e autodeterminação relaciona-se também com a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.

Princípio da dignidade:
Invoca-se o chamado direito de morrer com dignidade, numa vertente de alívio de sofrimento, ou seja, a morte assistida seria um direito do doente que sofre e a quem não resta outra alternativa, por ele tida como aceitável ou digna, para pôr termo ao seu sofrimento. É um último recurso, uma última liberdade, um último pedido que não se pode recusar a quem se sabe estar condenado. Nestas circunstâncias, a morte assistida é um ato compassivo e de beneficência.
Por sua vez, John Harris descreve a teoria do utilitarismo, defendendo que, de acordo com essa teoria, a eutanásia pode ser eticamente adequada, chegando a dizer que é moralmente errado encurtar a vida de uma pessoa se desta forma se estiver a privar essa pessoa de alguma coisa que ela valoriza especialmente (tal como a vida). Contudo, obtido o consentimento, e se a pessoa deixar de valorizar a vida em si própria, não existe nada de intrinsecamente errado em permitir a morte assistida.

PRINCIPAIS ARGUMENTOS CONTRA

Inviolabilidade da vida humana:
As Constituições de vários países do mundo proclamam o direito à vida como direito fundamental. A Constituição da República Portuguesa (art. 24º) consagra a inviolabilidade do direito à vida.
A vida, pois, é um bem que a Constituição se obriga a manter e proteger. Por outras palavras podemos dizer que a legislação tem leis que visam proteger as pessoas de si próprias, como por exemplo, a obrigatoriedade de usar cinto de segurança no automóvel ou capacete numa mota. O "direito inalienável à liberdade" não se aplica em matérias de proteção da vida.

Princípio da Dignidade
O importante para se morrer com dignidade é permitir que se viva com dignidade. Não é o sofrimento que torna a morte indigna mas sim tudo aquilo que deixa de se fazer para o seu alívio, tendo em conta a sua dimensão física, psicológica, social, existencial e espiritual.

Estado mental do doente
Os doentes que solicitam a eutanásia estão frequentemente deprimidos ou sob o efeito de outra doença afetiva tratável, o que dificulta a avaliação e a decisão quanto à sua capacidade de tomada de decisões.
Walter Osswald a este propósito afirma que “na realidade, e na perspetiva da ética personalista, a eutanásia nunca é uma solução, dado que nenhuma pessoa nas suas plenas capacidades cognitivas e emocionais desejaria morrer. Assim, quem pede a eutanásia não quer viver naquela situação específica, pelo que se trataria apenas de um grito de desespero quanto à vida que está a ser vivida” .
Aqui novamente percebemos que é o estado do sofrimento não tratado, que leva a um desespero e a insuportabilidade da situação. Ou seja, questões de ordem psíquica como acolhimento e cuidados afetivos, ajudam a suportar o quadro clínico e a fomentar a esperança no tratamento. Torna-se importante termos consciência de que para além dos cuidados médicos que são necessários e indispensáveis, são necessários também os cuidados afetivos, já que estes alimentam um estado de ânimo fundamental para enfrentar o processo de adoecimento e morte.

Preservação da relação médico-doente:
Walter Osswald destaca a integridade da profissão médica afirmando que o pensamento médico não pode deixar de ser unívoco, como o tem sido através dos séculos: “a função e missão do médico consiste em curar ou aliviar e não em matar. A prática da eutanásia é considerada contrária aos objetivos nucleares da medicina, colocando em causa a sua essência e a sua moralidade interna”.7

Perigo da rampa deslizante
A teoria da rampa deslizante define que à medida que o tempo vai passando os critérios vão sendo menos restritos perdendo o rigor na sua regra de aplicação, ou seja quando generalizamos a utilização de um processo vamos banalizando e modificando o critério da sua aplicabilidade. No caso da eutanásia este alargamento de critérios pode estender-se ao nível social, familiar e individual, tornando-se na prática de eutanásia não voluntária.
Esta teoria demonstra que não existem mecanismos efetivos de controlo social que impeçam a prática da eutanásia em doentes que não tenham prestado consentimento livre e esclarecido para o efeito e, por isso, constitui má política pública a sua legalização.
A este propósito Pedro Vaz Patto afirma que “A experiência dos Estados que legalizaram a eutanásia revela que não é possível restringir essa legalização a situações raras e excecionais; o seu campo de aplicação passa gradualmente da doença terminal à doença crónica e à deficiência, da doença física incurável à doença psíquica dificilmente curável, da eutanásia consentida pela própria vítima à eutanásia consentida por familiares de recém-nascidos, crianças e adultos com deficiência ou em estado de inconsciência.”
(...)
http://amenorte.org.pt/ AMENorte

sábado, maio 26, 2018

O SOPRO



O SOPRO DO ANJO...


Relendo grandes autores...penso sempre...se ao menos tivesse a inspiração do poeta...ou o dom do escritor de génio...Mas não. Tudo o que escrevo não passa de uma espécie de panfletos rudimentares sem consequência, e embora às vezes me exceda e tenha rasgos estonteantes de verdades profundas e abissais e pareça tocar um cume quase infinito, depressa verifico o meu engano...e presumo que esse voo não passe do sopro de algum anjo que se compadece da minha pretensão literária e de grandeza humana..
Ah! falta-me esse golpe de asa...ou falta-me raiva e vontade de me vingar desta raça humana que às vezes amo tanto e outras tanto desprezo...
Sim, subir mais alto como a pomba branca...em vez de cair no charco dos enganos, nesta miséria franciscana, presa à mediocridade dos dias e à sobrevivência terrena...

Rosa Leonor Pedro


RELENDO ALEXIS…

“Na vida as coisas não são exactas; pintá-las nuas é mentir, visto que só as vemos numa névoa de desejo. Não é verdade que os livros nos tentem; e tão pouco os acontecimentos o conseguem, visto que apenas nos tentam quando chegou a nossa vez, quando chegou a nossa hora em que nos teria tentado. Não é verdade que umas quantas verdades precisões brutais possam informar sobre o amor; não é verdade que seja fácil reconhecer, na simples descrição de um gesto, a emoção que ele depois produzirá em nós.”

In Alexis – Ou o tratado do vão combate – Marguerite Yourcenar

O REINO QUE HÁ-DE VIR...



É NO REINO DAS MÃES
(…)
O inconsciente colectivo não tem fundo, não tem forma, não pode conhecer-se a não ser nas suas manifestações, imagens arquetípicas, ou primordiais, mitos, e símbolos.
É o reino das Mães (…), onde não existe espaço nem tempo, e
para o qual não há caminho. É o reino de solidão, de vazio. Onde não se ouve o passo que se dá, onde nada de sólido permite que se pare.

“No que tu chama Nada”, diz Fausto, “espero encontrar o Tudo”
(…)
O Nada onde se encontra o Tudo, o inferno (o abismo) que é o céu, é o símbolo do inconsciente, matriz (daí a ideia das Mães), da realidade criada. O inconsciente, como o reino das mães, é o espaço indefinível “das formas possíveis”

“Formação e transformação” é a isso que assiste, com as Mães, que não vêem as coisas, vêem somente “esquemas”.
(…)
LITERATURA E ALQUIMIA
Yvete K.Centeno

EUTANÁSIA



A PERDA DA ESSÊNCIA...

A falta de dimensão espiritual REAL ao nível da existência, leva as pessoas aos maiores crimes contra si mesmas. A falta de consciência do SAGRADO DA VIDA EM SI, a falta de saber e o sentido da vida, a falta de profundidade gera o MEDO DE SOFRER e leva as pessoas neste mundo materialista e comercial, a descartar o que já não presta, nem que seja a si próprios...porque só tem validade se estiverem de acordo com a imagem o ego e a mercadoria que são...Sim, como se a vida humana tivesse um prazo de validade como se fosse uma mercadoria.
Em vez de se humanizar as pessoas, dar amor e condições aos doentes, possibilidades de acompanhamento, induz-se a pessoa inútil a matar-se, é mais económico.

Temo que as pessoas ignorantes e pobres e na sua grande maioria confusas pela dor tenham discernimento para decidir e escolher a sua morte...se calhar é uma lei só para os ricos, intelectuais e gente culta, artistas e coisas assim... e enfim, até os filhos ficam com as heranças mais rapidamente e despacha-se os velhos...

O facto que se quer branquear é que uma sociedade DESUMANA e  infecta e pobre gera doenças. Mas a mais grave de todas é a mentira social e a IGNORÂNCIA HUMANA - como não perceber que as doenças quase todas ou são de origem psicossomática geradas no desamor e no abandono, assim como todo o sofrimento...ou são o resultado de todos os venenos e químicos que se bebem e comem e da poluição do ar etc. A ciência é só mais uma industria que mata a longo prazo...agora quer vender a morte a curto prazo!
Sim os velhos são inúteis, não dão lucro...  e agora querem-nos despachar para a Morgue...
rlp

ACORDAR A MÃE TERRA



Será justo falar de Luz e Espírito, de Paz e de “amor alquímico” e de “verdadeiro amor”, de "amor incondicional, no tempo das guerras cegas e anonimas, das armas geofísicas e químicas? No tempo do terror mascarado, disfarçado de desastres naturais, ou desta crise fictícia propícia à ofensiva maquiavélica da extrema direita e esquerda de grupos nazis e marxistas por toda a Europa?

Será justo falar do feminino e da alma da mulher, do feminino sagrado, de que ninguém quer ouvir falar, ou apenas falam como de causas virtuais para se entreter, neste tempo da loucura crescente e insanidade total dos que controlam o planeta e as mentes alienígenas que se fazem passar por humanas, enquanto eu passo por louca?

Um tempo em que se não hesita já em matar milhares de pessoas seja de que maneira for, ébola, vacinas, bombas, químicos, gazes, ou em nome não sabemos bem de quê, para lá de todos os palcos televisivos temas fracturantes e falsos como a Eutanásia, o Transformismo, os casamentos gays e a adoção gay, as barrigas de aluguer etc.  com que nos atordoam tanto como falsas crenças, falsas vidas e falsos  valores?

"A utilização de artefactos bélicos baseados em substâncias tóxicas recebe o nome de arma química. Em geral, as armas químicas têm sua utilização associada mais ao efeito de impacto sobre a população do que ao efeito de eliminar o aparato militar. Isto significa que a utilização de armas químicas visa principalmente aterrorizar a população civil, sendo este portanto seu alvo principal. (...)
Os organofosforados interrompem reações químicas envolvidas na transmissão dos impulsos nervosos. O resultado desta ação é sufocamento, impossibilidade de abrir os olhos, seguida de convulsões nervosas e morte por parada respiratória. Os nomes mais comuns de alguns desses organofosforados é “tabun”, “sarin” e “gás mostarda”. (...)

As televisões que nos mentem e escondem as realidades prementes e apenas exploram continuadamente o futebol, a morte, o crime e o terror com uma única finalidade, a de manter as audiências sob controlo, subjugadas ao poder alienatório e destruídas animicamente pelo medo, alimentadas por gritos histéricos das massas convertidas ao unico credo o deus futebol, enredos mediáticos de horror e programas imbecis ou bestiais, cada vez mais degradantes e fúteis!

Será que o acordar do verdadeiro Feminino e a da Mulher podem ajudar a acordar a nossa Mãe Terra para esta violência inaudita e única, para esta guerra sem limites e deflagrada por meios desconhecidos dos humanos?
Confesso que há momentos como este em que já não sei NADA...
E se há, como se pretende, e eu às vezes até acredito, planetas habitados no cosmos e seres inteligentes noutras Galáxias, estes permitem, sendo mais evoluídos e tendo mais consciência do Universo UNO, em nome do "livre arbítrio" do povo da terra, que este crime contra a Terra Mãe e os seus filhos, seja perpetrado dentro do seu ventre, dentro das suas entranhas?
Confesso que nada sei...mas rezo...
rlp
ESCRITO EM 2014

quinta-feira, maio 24, 2018

UMA VISÃO DO FEMININO


CAMINHO PARA A INICIAÇÃO DO FEMININO




Caminho para a iniciação feminina, de Sylvia B. Perera.


O livro de uma "terapeuta junguiana e neste livro, aborda a mitologia mesopotâmica.
No Matriarcado: a mulher era respeitada por ser importante para a sobrevivência da comunidade.
Por quê?
Enquanto os homens iam caçar e pescar e nem sempre conseguiam trazer o alimento para seu povo, a mulher em casa cuidava dos velhos, das crianças, fazia roupas, cestarias e... cultivava os alimentos perto de casa. Garantia assim o alimento do dia a dia da comunidade.
Esta importância se refletia na religião, na família, e fazia da mulher a referência maior para sobrevivência do grupo.
Nesta forma de se relacionar com os meios de produção, vivia-se no MATRIARCADO.
A religião era uma representação do matriarcado e cultuavam as deusas enquanto os deuses ficavam mais à sombra como os homens nesta comunidade.


Tudo isto é só para explicar as diferenças entre a mitologia dos povos sumérios e outras , como por exemplo, a grega, fruto do estabelecimento do PATRIARCADO.


COMO PASSAMOS DO PATRIARCADO AO MATRIARCADO?
TUDO FOI CULPA DA DESCOBERTA DO ARADO.


Este é o ponto de mutação. A mulher não tem força para puxar o arado e ainda não tinham descoberto que os animais poderiam fazer isto.
O arado proporcionou imenso desenvolvimento aos povos e possibilitou o crescimento das cidades já que iniciaram o processo de produção do excedente e assim começa a história da riqueza do homem.
Tudo isto é só para explicar a sequência lógica da história da humanidade, o fenômeno humano.
Desculpem, eu sei que tudo isto é cansativo, mas é necessário para nos redescobrirmos, sabermos porque nos tornamos tão submissas ao longo dos tempos.
É... um dia fomos muito poderosas!
A mitologia do matriarcado está muito mais ligada aos instintos por ser muito mais primitiva. Vincula-se aos ciclos dos humores da mulher, tanto o ciclo biológico: ovulação x menstruação, como os longos ciclos BIPOLARES por que passam as mulheres (euforia na ovulação=fertilidade e depressão na TPM)..
Esta terapeuta/escritora defende o encontro com as deusas mesopotâmicas para a cura do feminino.
A deusa Inana (deusa BRANCA) é a deusa do céu e da terra e Erishkgal (deusa ESCURA) era a deusa do subterrâneo, do que está debaixo da terra, do mundo inferior, DO REINO DOS MORTOS.
Inana sabe que Erishkgal sofre em desespero a morte de seu amado. Inana resolve descer e conhecer sua irmã Erishkgal, mas teme a sorte dos que desceram e nunca voltaram do reino dos mortos.
Deixa uma serva e amiga responsável por procurá-la caso não voltasse após três dias. Teria que despertar todo o universo para de lá tirá-la.


INNANA, DEUSA DO CÉU E DA TERRA, BRANCA, DEUSA DA LUZ, DA CONSCIÊNCIA.
ERISHKGAL, DEUSA ESCURA, VIVE DEBAIXO DA TERRA (INCONSCIENTE). O INCONSCIENTE AQUI REPRESENTA A MORTE, O SOFRIMENTO, O RISCO DA LOUCURA E DE NÃO PODER DELA VOLTAR (SE NÃO VOLTAR EM TRÊS DIAS, ME TIRE DE LÁ).
O PAR DE OPOSTOS: LUZ=INANA=CONSCIÊNCIA=VIDA
ERISHKGAL=ABAIXO= ESCURIDÃO=INCONSCIÊNCIA=MORTE=DEPRESSÃO


Esta BIPOLARIDADE é a principal característica do feminino. Falei tudo isto para poder colocar um parágrafo que achei lindo e mostra a importância de vivenciarmos todas as faces da deusa:


"É o nosso procedimento ao nos voltarmos para um afeto e intensificá-lo até encontrarmos seus vetores próprios. Ou quando examinamos uma defesa e descobrimos que sua função é preservar a vida (falamos muito mal de nossos mecanismos de defesa e lutamos para nos apartarmos deles e esquecemos que, em muitos momentos, salvaram nossas vidas). Isso pode se dar até mesmo quando consideramos a dor como parte válida do processo de vida (não como culpa de ninguém, mas simplesmente como um fato da existência). Essa atitude desvia o afeto da perspectiva adversária, do patriarcado, que busca um bode expiatório, tentando culpar as pessoas ou fatos para depois removê-los do caminho ou, então, busca um jeito de agir ativamente para "fazer alguma coisa a respeito".


Considerar a dor como parte do processo amplia a perspectiva que a concebe apenas como um sinal patológico ou um estigma. Permite a empatia com o sofrimento e possibilita a cura natural. Abre caminho ao sofrimento, para gestar uma nova solução dentro de seus moldes e em seu tempo adequado. Aí a cura ocorre, não simplesmente porque se encontrou um significado ou uma imagem, mas porque se deu atenção ao processo de vida, e também presença empática e um espelhamento que a atinge de maneira irrestrita."


Inana desceu ao fundo da terra (de si mesma) viu a irmã Erishkgal sofrendo, contorcendo-se de dor e viu e viveu junto com ela a dor (espelhamento). A mulher desce (depressão), assiste a outra sofrendo, participa deste sofrimento (participação mística) e se cura.
Sua sacerdotisa e amiga, ao ver que Inana não retorna (fica deprimida além do limite, sente o perigo de que não mais retorne à luz=consciência e corre por todos os cantos em busca de ajuda para trazer Inana de volta.
O deus Enki, a quem a autora compara ao terapeuta, com sua sabedoria (a alma da mulher é o animus, representa a contraparte masculina=luz=consciência) vai ao socorro de Inana e a traz de volta à terra, curada e amadurecida."




postado por Maria Bernardete Hess

A MULHER DE QUE EU FALO



DE MULHERES SAGRADAS A  MULHERES OBJECTOS...

Essa Mulher de que eu falo integra e inteira  não é certamente a mulher perdida de si mesma, submetida às instituições e dominada pelos homens como um objecto de uso pessoal e social que nada tem a ver com a Mulher Divina ou a Musa, a Mulher do inicio da nossa História - essa  mulher essencial porque mágica, sacerdotisa, detentora de sortilégios e poder de curar, aliada da natureza e dos animais! Essa mulher de que eu falo nada tem com esta mulher colonizada  pelo poder patriarcal que destitui a Deusa Mãe e fez da sacerdotisa uma prostituta e da mulher livre “a casada” e portanto, sujeita às suas leis. 

Não, a mulher de que eu falo não é apenas um corpo objecto e um sexo!

Essa mulher nada tem a ver com a mulher moderna, perdida da sua origem e essência, é hoje uma espécie de apátrida sem sentimentos ou consciência própria. É uma mulher esquecida de si mesma e da sua verdadeira natureza ontológica. Ela absorve, diz e escreve pela visão do homem e sente-se como um homem; ela é a policia travesti, é a médica inumana, é o soldado que vai à guerra é a mãe sem coração nem amor pela maternidade! Ela é a executiva implacável que odeia as mulheres e a ministra agressiva e bélica. Ela é uma Atenas saída da cabeça de Zeus ao serviço do patriarcalismo sem consciência nenhuma de si própria em profundidade.

Esta mulher de hoje que vive em função do seu corpo e da sua sexualidade não se sabe nem se conhece como uma verdadeira Mulher. Esta mulher de hoje desconhece o seu amago e está totalmente perdida de si mesma, educada pelos padrões masculinos e suportada por sociedades falocráticas, não têm nenhum sentido do seu centro e apenas se dá o valor que os homens lhe dão que é o de uma mente racional atulhada de conceitos lógicos onde prevalece tacitamente a superioridade do Homem em nome de quem ela fala e para quem ela só vale pelo sexo e como reprodutora.

Esse Feminino inato e eterno e parte do Princípio Yin que rege o universo foi rechaçado e denegrido ao longo dos séculos e a mulher destituída de uma identidade que lhe é própria pela predominância exclusiva do Princípio masculino, Yang e pela força de um autoritarismo, negando às sociedades humanas esse equilíbrio dos dois princípios em harmonia que a Deusa Mãe impunha como justiça e lei, o Cálice (o que contem) e não a força da Espada, o que viola e mata!

Por isso falar de feminino, pela sua ausência de sentido profundo, ou de essência é falar apenas de sexo e sexo e gravidez e abortos etc. e a confusão estabelece-se. A mulher é vista por baixo...até ao pescoço e nunca com cabeça tronco e membros...E nesta linha, para os homens, uma mulher que não se oferece ou não se entrega e não viva apenas em função dele e para lhe agradar ou é feminista ou lésbica...
Não, eu não nego a sexualidade da mulher como algo poderoso nem o corpo, e seus sentidos ...mas a mulher é muito mais do que um corpo! Ela tem Alma afinal...e coração também...e tem um potencial imenso a desenvolver, uma grandeza e uma dignidade que lhe trará VERTICALIDADE - elevação da Kundaline -...sem ser apenas pelo orgasmo ou pela gravidez...

Será que as mulheres não sonham com esse SENTIR-SE em si inteiras, com identidade própria, para que possam de uma vez por toda serem MULHERES inteiras, independentemente do papel/função que escolhem ter? Sim, a aposta das mulheres não devia ser antes de tudo o mais numa Mulher Integral, com significado e vida em si mesmas, como mulheres plenas em si, radiantes e magnéticas, sem medo nem necessidade de estereótipos?

Será que eu estou a dizer uma blasfémia...?

OU SERÁ QUE NÃO VEMOS COM ESSA MULHER SE PERDEU?


E não seria também o caso de as mulheres que pretendem seguir e recuperar esse Sagrado Feminino de que agora tanto se fala não deviam elas começar por si mesmas a nível individual e a trabalhar uma consciência de si mesmas - perceberem a sua cisão, o seu conflito interno - para voltarem a ser essa Mulher Inteira, tornar a mulher comum integral una e uma só...? e não apenas a viver uma Deusa fora de si e cultivar um mito, um ritual ou uma religião antiga por mais digna e verdadeira que seja?

Não seria então e antes de tudo o mais e urgente ir buscar essa CONSCIÊNCIA SUPERIOR E ONTOLÓGICA QUE REDIMENSIONA A MULHER em si mesma e ao nível da sua Psique e da sua Alma para que possa de novo recuperar o seu verdadeiro estatuto na sociedade humana em vez de se manter presa a padrões redutores e sempre focada no "outro/a" e no prazer do sexo e do corpo? Deixar de ser apenas essa mulher objecto, o eterno diabo, a sedutora, a mulher vazia de si, fatal, a frívola, ou agora a prostitua "sagrada" que ousam profanar...e confundir com a verdadeira sacerdotisa da Deusa?


RLP

segunda-feira, maio 21, 2018

REFLEXÕES...



O NEGATIVO E O POSITIVO, do ponto de vista emocional.


Para além dos princípios que movem a energia e o universo o que é um estado de negatividade? O que é o luto e a dor da separação e a morte ou a depressão como experiência comum e normal de vida que nos projecta em estados ditos não positivos?

E o que é o positivismo e a ideia de que é superior ao lado negativo das coisas? Só a própria palavra nos induz à rejeição dela...
Porque é a tristeza inferior à alegria?

É que para mim tanto uma coisa como outra, extremos de uma mesma experiência - polos opostos a integrar - posto que os dois extremos são concomitantes na nossa vida e em todos os aspectos da nossa vivência -, ao negarmos um lado e privilegiarmos o outro não estamos a cair apenas para um dos lados da balança?
Sim, eu sei que podemos ficar só do lado negativo a chorar e a reclamar das coisas...mas porque não estranhamos que as pessoas estejam sempre "numa boa"? Não é isso uma alienação da Vida?
Não é a vida ela mesma feita de boas e más coisas, de chuva e de sol, de frio e quente, de alegria e tristeza? Porque é a tristeza pesada e a alegria não? Porque recusamos a tristeza e preferimos a alegria? Não é a tristeza o resultado de um esforço ou de uma dor que vem na integração de uma consciência que depois e na sequência de um despertar traz o alivio e o descanso e a alegria, quando a tempestade amaina? Não é esta a lição mais profunda de vida? Aceitar os dois lados das coisas...saber sofrer e saber desfrutar de tudo o que a vida nos ensina...?
E então será que estou a construir um mundo melhor evitando a tristeza ou escondendo debaixo do tapete a minha dor e fingindo uma alegria forçada ou apenas mentalizando-me negando o lado escuro da Lua ou da lua em mim. Sinceramente não compreendo esta fuga ao negativo...



"A paz sobre esta Terra não pode ser a supressão das forças opostas, mas a sua conciliação no interesse de um fim comum: a vida indestrutível."Etienne Guillé

Sofrimento e dor, alegria e prazer, nascimento e morte fazem parte da roda da vida para quem está evidentemente sujeito às Leis do Karma, aos ciclos da vida, ao resultado das suas acções passadas e presentes, como todos nós humanos estamos sujeitos...

Todos sofremos o momento actual, a alienação do ser humano dos seus valores mais fundamentais, reflectidos na crise económica e na guerra de interesses que começam no ego individual na luta pela posse de bens materiais ou de afirmação egoica e isto é visto como se o mundo se dividisse entre vítimas e culpados…mas não é assim, embora aos nossos olhos desarmados de uma consciência superior nos pareça sempre que há os inocentes e os culpados.
Um dos males está precisamente em olharmos a guerra e a paz como se elas fossem a ausência uma da outra...mas a guerra é apenas a expressão da nossa ignorância, da negação de um lado da vida. E assim se quisermos a Paz não é só uma questão de fazer cessar fora a guerra porque mais tarde ou mais cedo ela rebenta noutro lado… mas de olharmos para nós individualmente e aceitarmos a nossa dualidade. Se assim for deixamos de lutar contra um inimigo que se inventa fora e que está bem dentro de nós próprios! Há milénios que assim é e não é uma questão de evolução ou progresso que faz o Homem parar de lutar contra os outros...nem as mulheres de reivalizarem umas com as outras em defesa do macho.
Enquanto o ser humano  não se vir a si mesmo como vitima e culpado ao mesmo tempo...ou por outra, enquanto o homem não deixar de se culpar e de se sentir vitima ele não pode dar um passo para a paz que é o resultado do equilíbrio das forças opostas dentro de si.
PORQUE HÁ UM ESTADO DE CONSCIÊNCIA QUE NOS ELEVA A UMA COMPREENSÃO DO MUNDO ACIMA DESTA DUALIDADE, ACIMA DO BEM E DO MAL...

RLP



SER OU NÃO SER


"SER OU NÃO SER" ESSÊNCIA, É A QUESTÃO..

Para mim a questão do feminino e do masculino vai muito mais longe do que aquilo que se veicula superficialmente nos Midea e Redes Socias...longe dos estereótipos que definem homem e mulher à partida como o é o irrisório das roupas e da cor (rosa versus azul) e das atitudes dúbias de menina e de menino (embora as hajam) ...pois de si o masculino e o feminino não se deviam definir através do exterior nem de um comportamento X ou Y. Assim como ao definir os seres apenas como sexos, identificar a pessoa humana com um órgão...(e o que seria identificar as pessoas pelo nariz...), e condicionados mental e intelectualmente por esses estereótipos, não se dá lugar a outros seres e a outros comportamentos, não sexuais, que nada tenham a ver com o sexo supervalorizado.
Há seres andróginos que não são machos nem fêmeas como há seres que não tem sexo no sentido de não sentirem a pulsão sexual como definição de um ser humano, e são seres inteiros.
Um ser humano é muito mais do que um sexo...e se a sociedade desse lugar a uma amplitude de seres para além do nominal sexual e funcional (os órgãos reprodutivos terem tanta importância) que nos escraviza enquanto espécie, talvez muitos seres humanos nascessem sem características ditas dúbias ou opostas. Se o foco da sociedade não fosse apenas o sexo...talvez se pensasse em almas e corpos distintos naturalmente sem necessidade de mudar nada...porque haveria aceitação de qualquer tipo de expressão humana e não apenas uma designação sexual-comportamental-animal.
A Espécie humana é escrava do sexo e da normas controladoras atávicas e o problema vem dessa escravização das pessoas mal nascem sem a aceitação da natureza e carácter de cada pessoa individual desde que nasce, todos diferentes. A superficialidade e a estupidez dos pais que querem uma menina ou um menino de acordo com os padrões da normalidade e tudo é pensado dentro desse quadrado social inibidor e coercivo sem qualquer dimensão verdadeiramente humana e ontológica. Vem daí toda esta aberração que termina na adulteração dos princípios femininos e masculino e do par homem-mulher (tendo sempre em vista o par reprodutivo para a sociedade de escravos: produzir-se consumir e morrer) e ignorar que não é essa a única forma-sexo de seres HUMANOS que existem no Planeta...

rosa leonor pedro

O QUE É A INTEGRIDADE DE UM SER?

A integridade Ela existe em nós, podemos dizer que no centro do nosso coração, não o sentimental, não o coração orgânico, mas o coração da inteligência superior - é a integridade daquilo que é de si intacto e que nada pode sujar, alterar ou tocar. É também a nossa alma e aquilo que a anima e que está acima de tudo o que nos divide e fragmenta no plano físico e emocional...Não é a persona-lidade que pode ser pura nem o in-dividuo (aquilo que é dividido em dois).
Temos de encontrar essa parte de nós que é intocável e ir para além do observador (o que está a ver) ou da testemunha que assiste aos nossos actos impulsivos ou instintivos animais...sem poder fazer nada...
Temos de nos identificar com o nosso Ka...o nosso duplo ou o nosso ser espiritual (segundo os egípcios) que nos assiste nesta vida dual em busca dessa união, em busca desse centro.
Como seres neste plano na matéria estamos divididos em partes e órgãos e em impulsos e obedecemos a necessidades primárias e ao ego que é o substituto temporal do nosso verdadeiro EU, incorruptível e imutável...que  desce a este plano para fazer a viagem na matéria e a resgatar...tal como a Mulher tem de resgatar a sua identidade Mulher primeiro como Mulher porque Ela é o elo fundamental para os homens na terra conseguirem o seu propósito mais alto...
rlp

domingo, maio 20, 2018

O PROBLEMA DAS MULHERES:




O PROBLEMA DAS MULHERES:
É MAIOR DADA A RIVALIDADE ENTRE SI...

"A Nossa cultura tem favorecido, com firmeza, valores e atitudes yang ou masculinas e tem negligenciado seus valores a atitudes complementares yin ou femininos.
Temos favorecido a auto-afirmação em vez da integração, a análise em vez da síntese, o conhecimento racional em vez da sabedoria intuitiva, a ciência em vez da religião, a competição em vez da cooperação, a expansão em vez da conservação, e assim por diante.
Esse desenvolvimento unilateral atinge agora, em alto grau, um nível alarmante, uma crise de dimensões sociais, ecológicas e espirituais."

(Texto escrito ha  cerca de 30 anos, do livro:"O Tao da Física" de Fritjof Capra). 


... "diria até que um dos grandes trunfos masculinos é de facto a poderosa força de união e cumplicidade relativamente ao feminino, em contrapartida a forma como as mulheres se relacionam umas com as outras é por vezes de uma extrema dureza. As mulheres no contexto social actual são rivais entre si perante o masculino e portanto desunidas na sua base sendo muito comum tomarem o partido do homem em detrimento de outras mulheres. A própria sociedade porque baseada nos modelos de actuação masculinos fomenta esta desunião e torna-nos enfraquecidas e isoladas umas das outras. Parece-me que a fim de superar este desequilíbrio a primeira onda tem que partir de nós individualmente, somos nós mulheres que necessitamos mudar o nosso comportamento umas para com as outras e apoiar-nos mutuamente. Na prática do dia a dia isto requer uma atenção constante, um olhar critico sobre nós próprias e sobre os nossos preconceitos."*

Às vezes esquecemo-nos que essa rivalidade existe porque nos envolvemos em pressupostos conjuntos e em ideias que defendem a harmonia e a suposta coloboração das mulheres, mas isso ainda não é efectivo nem real em todas, por isso as mulheres facilmente juram fidelidade a uma grupo ou a um projecto e ao primeiro confronto agredidem-se ou acabam por se trair e dizer mal umas das outras; as mulheres desatentas de si e convencidas das suas ideias não se apercebem dos seus movimentos internos facilmente nem como são movidas pelo antagonismo entre si e daí ao ciume à inveja ou a competição é um passo...Já vi muitas mulheres amigas deixarem de o ser por se desentenderem às vezes por coisas de nada... e esse continua a ser um dos grandes trunfos do masculino...tal como nos diz este excerto:
rlp

* L. Oliveira

Republicando


quinta-feira, maio 17, 2018

O CORPO DA MULHER



O USO (E ABUSO) QUE SE FAZ DO CORPO FEMININO...


"...uso que se hace en los medios del cuerpo femenino, un uso patriarcal, falocéntrico y capitalista del cuerpo de la mujer como reproductor de una cultura que marca unos estándares de belleza que nos transforman quirúrgicamente, mutilando nuestro rostro verdadero, el rostro de mujer que expresa su individualidad, convirtiéndolo en máscara sin personalidad. Y los cuerpos, recauchutados tras el bisturí, son cuerpos irreales que solo aluden al supuesto deseo masculino, deseo a su vez mediatizado por la pornografía, una industria al fin y al cabo y que sin embargo, industria y todo, coloniza lo cotidiano a base de moldear el deseo de los hombres alejándolo del sentir interno, en una maniobra aculturizadora basada en claves artificiales, misóginas y violentas."


O ABUSO DA MULHER COMEÇA NA PORNOGRAFIA...

"A indústria pornográfica é uma aberração, que faz uma verdadeira lavagem cerebral em prol da demolição do ser humano. A mulher é duplamente violentada no corpo a serviço da 'atuação' no filme pornô e em seu inconsciente. Não é e nunca foi entretenimento, mas uma ação grotesca de destruição da mulher ... O Patriarcado odeia as mulheres , pode tolerar que as santas vivam , para procriar seus herdeiros e escravos , mas a "puta" precisa ser abusada e usada ao máximo e descartada depois do "prazer".  - Carla Beatriz 


O CORPO DA MULHER

O corpo da mulher, com o advento da religião patriarcal e o seu domínio social e religioso, tornou-se num corpo objecto, um corpo ao serviço da sociedade e do patriarcado. A mulher foi paulatinamente despojada do seu corpo de sabedoria, do seu ser instintivo e anímico.
E toda a gente hoje pensa que esta mulher sem identidade, esta mulher vazia de interioridade profunda, esvaziada das suas entranhas, do seu sangue e do seu útero, sempre foi assim e que nunca houve a outra Mulher e a Deusa…


A VERDADEIRA MULHER FOI OCULTADA 

Durante mais ou menos 2 mil anos a Humanidade Mulher foi ocultada da face da Terra e da Arte, suprimida da linguagem erudita e escrita, reprimida na sua liberdade individual, controlada pela metade Homem em nome do qual a mulher foi submetida ao macho, primeiro como escrava, depois concubina, totalmente sujeita às leis do Pater, ao rei, ao pai, ao marido e ao Clã…

Durante mais de 2 mil anos a Humanidade retratou-se em nome do Homem…


Assim, ela aprendeu as leis dos homens e falava e agia como eles e em função deles, agia como um ser sem autonomia, nem voz activa e assim continuou até há aproximadamente um século, em que pela primeira vez na história dos homens, a mulher ousou erguer a voz para defender os seus direitos como pessoa e também como trabalhadora, mas no fundo, e em toda a parte do mundo, as condições de vida das mulheres é e continua a ser igualmente precária e aviltante sob todos os pontos de vista até hoje…e como todas sabemos a mulher comum a trabalhadora tal como no cinema nas artes e na literatura ou na politica continua a receber menos salário que os homens e a ser descriminada e abusada, desconsiderada, vexada, apesar da aparente emancipação conseguida em meio século...

Tal como há centenas de anos ela foi condenada ao descrédito por Apolo, impedida de manifestar o seu dom inato de oráculo, sacerdotisa e vidente, de ser senhora da sua vida em qualquer circunstância ela foi como Mulher até aos nossos dias desautorizada como ser autónomo e impossibilitada de se exprimir na sua total liberdade, de ser ela mesma, reprimida na sua força interior instintiva, deixando de ser a verdadeira representante do pólo feminino da humanidade, para passar a ser apenas a esposa legitimada pelo contrato social de casamento ou como prostituta na rua nos bares ou no Bordel. A Mulher continua impedida de se afirmar como um ser humano de plenos poderes e até de ter direito ao seu prazer, de ter direito sobre o seu próprio corpo, sexo, útero e ovários e enquanto mulher é ainda propriedade do Estado que regula as leis sobre essa capacidade de a mulher ser mãe ou não de acordo com a sua escolha. Desse modo e ao longo da dita evolução social e humana não se percebeu como a mulher deixou de ser não só a legítima representante do Principio Feminino e da Deusa Mãe, a Matriz criadora de todas as coisas como se tornou numa mulher ao serviço exclusivo da sociedade e do Homem.

Mas mais grave do que tudo isso foi a mulher ao ser submetida secularmente ao homem ela tornou-se no seu próprio inimigo, inimiga da outra mulher por rivalidade e por competição pelo macho, do pai e do filho ou do amante e não vimos como isso se tornou o apanágio de uma sociedade misógina patriarcal que dividiu as mulheres em duas...fazendo com as mulheres verdadeiras se cindissem e se antagonizassem desse modo entre si...

Por todas estas razões há muitos, muitos anos que a verdadeira mulher não existe e em lugar dela temos esse sucedâneo de mulher, que vemos nas revistas e nos filmes e nas telenovelas, uma mulher ridícula, risível e frágil, doente ou histérica, ou uma megera demoníaca e ninfómana; de um lado a mulher fatal, a vadia e a cabra, a puta ou a mulher de alterne e do outro a mulher submissa, a mulher do lar, a mulher séria e…fiel ao homem, à casa a família e aos filhos etc. e nessa medida a mulher inteira deixou de existir e tudo o que vemos é uma mulher metade, uma mulher dividida ao meio...



rosaleonorpedro

(republicando )