"A lei eterna é a de considerar e aceitar tornar-se aquilo que se é, sem uma noção teórica disso que se é […].
Aquele que viaja para se divertir, ou para obter uma coisa que não traz consigo, viaja para se afastar de si próprio e envelhece mesmo sendo jovem: eis o estilhaçamento da temporalidade própria de cada um: aquele que vai ter com as ruínas ancestrais, sem ter mais nada para dar a não ser o vazio da sua curiosidade, acrescenta ruínas às ruínas.”
".... ter viajado tanto para chegar àquela que esteve sempre ao seu lado, chegar ao mais próximo de si, obedecer às intimações da proximidade. É que a exigência de viver no presente - e, portanto, acima do tempo ou no seu coração mais secreto - é a condição do esclarecimento de que a alma não é viajante: “onde ela se encontra, encontra-se o dia” (p. 37).
"A alma é luz: cada ser basta-se a si próprio se responder às “exortações para ficar em casa, para entrar em comunhão com esse oceano interior”. Não ter contratos mas proximidades, agora citando a passagem completa: “Que cada um saiba que, doravante, não obedeço a nenhuma lei senão a eterna. Não quero outras obrigações senão as da proximidade” (p. 44).
Maria Filomena Molder
Telhados de Vidro n.º 20, Lisboa, Averno, Setembro de 2015
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