O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 03, 2018

E A CULPA FOI DE EVA...


O "artista" deixou aqui bem documentado o grande ego Patriarcal e o sentido pleno da Queda da Mulher e como ele Homem lhe é superior - uma escultura recente algures no Porto - não sei o nome do escultor...mas a imagem mostra bem o homem dignificado e acima e a mulher meio fantasma informe e em queda...

“Fosse a maça oferecida por Lilith-Serpente e aceite por Eva ou a caixa inquieta de Pandora (as mitologias patriarcais sempre responsabilizaram a mulher pelo desastre universal), o certo é, que é nestes mitos que nasce a dualidade e a condição humana, com a sua insatisfação permanente, a sua busca obsessiva da perfeição impossível, das origens e do Absoluto.” Joelle de Gravelaine

Todo o drama desta humanidade quanto a mim passa pela separação , e o mais grave pela divisão intrínseca na Mulher em duas. Ao dividir-se a mulher em dois arquétipos, como nomeadamente a religião católica fez, a mulher cindida, a mulher verdadeira integral, deixou de existir em si, como indivíduo, para se tornar mera escrava do homem (e este, mero escravo do trabalho), e das funções reprodutores ou do  prazer dele, e assim a mulher ainda é brutal ou sofisticadamente tratada nos nossos dias neste mundo como tal...
Ora sem essa Consciência do SER EM SI, do Ser Mulher em si, como uma totalidade, a mulher sem culpa e sem pecado, sem essa divisão, e como ela ainda não a tem e o homem tão pouco, a sua luta por direitos e igualdade apenas de nada lhe adianta...
Enquanto a Mulher  não  despertar para si mesma na sua inteireza ela vive essa dicotomia interior de ser uma ou a "outra...sem escolha - e isso não acontecer,  se   ela não  se realiza enquanto mulher   inteira e consciente dessa cisão ela vai aceitar que é culpada da queda e inferior ao homem, deixando nele toa a autonomia e vontade para cumprir um destino que os patriarcas lhe indicaram.
Para mim portanto cabe à  mulher antes de tudo o mais encontrar a si mesma através do resgate da sua essência feminina, da sua natureza profunda, da sua mística, e conquistar a sua soberania. De outro modo nunca a mulher será  respeitada e elevada a sua condição de Iniciadora do amor, de mãe geradora de vida e mediadora das forças cósmico/telúricas; ela continuará prisioneira dessa divisão e sujeita aos maiores conflitos ao nível sexual psíquico e social.

Mas a Terra Mãe tem uma saída, quando cada mulher souber quem é, e for fiel à sua essência de Mater a Matriz, como Matriz Original. Quando a mulher perceber que ela não é culpada da Queda, mas sim a Responsável pela encarnação, a Mediadora das forças cósmico telúricas e este anátema que pesa sobre ela há milénios e se libertar deste estigma absurdo do "pecado" e da Culpa... 
rlp

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