O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 17, 2018

O CORPO DA MULHER



O USO (E ABUSO) QUE SE FAZ DO CORPO FEMININO...


"...uso que se hace en los medios del cuerpo femenino, un uso patriarcal, falocéntrico y capitalista del cuerpo de la mujer como reproductor de una cultura que marca unos estándares de belleza que nos transforman quirúrgicamente, mutilando nuestro rostro verdadero, el rostro de mujer que expresa su individualidad, convirtiéndolo en máscara sin personalidad. Y los cuerpos, recauchutados tras el bisturí, son cuerpos irreales que solo aluden al supuesto deseo masculino, deseo a su vez mediatizado por la pornografía, una industria al fin y al cabo y que sin embargo, industria y todo, coloniza lo cotidiano a base de moldear el deseo de los hombres alejándolo del sentir interno, en una maniobra aculturizadora basada en claves artificiales, misóginas y violentas."


O ABUSO DA MULHER COMEÇA NA PORNOGRAFIA...

"A indústria pornográfica é uma aberração, que faz uma verdadeira lavagem cerebral em prol da demolição do ser humano. A mulher é duplamente violentada no corpo a serviço da 'atuação' no filme pornô e em seu inconsciente. Não é e nunca foi entretenimento, mas uma ação grotesca de destruição da mulher ... O Patriarcado odeia as mulheres , pode tolerar que as santas vivam , para procriar seus herdeiros e escravos , mas a "puta" precisa ser abusada e usada ao máximo e descartada depois do "prazer".  - Carla Beatriz 


O CORPO DA MULHER

O corpo da mulher, com o advento da religião patriarcal e o seu domínio social e religioso, tornou-se num corpo objecto, um corpo ao serviço da sociedade e do patriarcado. A mulher foi paulatinamente despojada do seu corpo de sabedoria, do seu ser instintivo e anímico.
E toda a gente hoje pensa que esta mulher sem identidade, esta mulher vazia de interioridade profunda, esvaziada das suas entranhas, do seu sangue e do seu útero, sempre foi assim e que nunca houve a outra Mulher e a Deusa…


A VERDADEIRA MULHER FOI OCULTADA 

Durante mais ou menos 2 mil anos a Humanidade Mulher foi ocultada da face da Terra e da Arte, suprimida da linguagem erudita e escrita, reprimida na sua liberdade individual, controlada pela metade Homem em nome do qual a mulher foi submetida ao macho, primeiro como escrava, depois concubina, totalmente sujeita às leis do Pater, ao rei, ao pai, ao marido e ao Clã…

Durante mais de 2 mil anos a Humanidade retratou-se em nome do Homem…


Assim, ela aprendeu as leis dos homens e falava e agia como eles e em função deles, agia como um ser sem autonomia, nem voz activa e assim continuou até há aproximadamente um século, em que pela primeira vez na história dos homens, a mulher ousou erguer a voz para defender os seus direitos como pessoa e também como trabalhadora, mas no fundo, e em toda a parte do mundo, as condições de vida das mulheres é e continua a ser igualmente precária e aviltante sob todos os pontos de vista até hoje…e como todas sabemos a mulher comum a trabalhadora tal como no cinema nas artes e na literatura ou na politica continua a receber menos salário que os homens e a ser descriminada e abusada, desconsiderada, vexada, apesar da aparente emancipação conseguida em meio século...

Tal como há centenas de anos ela foi condenada ao descrédito por Apolo, impedida de manifestar o seu dom inato de oráculo, sacerdotisa e vidente, de ser senhora da sua vida em qualquer circunstância ela foi como Mulher até aos nossos dias desautorizada como ser autónomo e impossibilitada de se exprimir na sua total liberdade, de ser ela mesma, reprimida na sua força interior instintiva, deixando de ser a verdadeira representante do pólo feminino da humanidade, para passar a ser apenas a esposa legitimada pelo contrato social de casamento ou como prostituta na rua nos bares ou no Bordel. A Mulher continua impedida de se afirmar como um ser humano de plenos poderes e até de ter direito ao seu prazer, de ter direito sobre o seu próprio corpo, sexo, útero e ovários e enquanto mulher é ainda propriedade do Estado que regula as leis sobre essa capacidade de a mulher ser mãe ou não de acordo com a sua escolha. Desse modo e ao longo da dita evolução social e humana não se percebeu como a mulher deixou de ser não só a legítima representante do Principio Feminino e da Deusa Mãe, a Matriz criadora de todas as coisas como se tornou numa mulher ao serviço exclusivo da sociedade e do Homem.

Mas mais grave do que tudo isso foi a mulher ao ser submetida secularmente ao homem ela tornou-se no seu próprio inimigo, inimiga da outra mulher por rivalidade e por competição pelo macho, do pai e do filho ou do amante e não vimos como isso se tornou o apanágio de uma sociedade misógina patriarcal que dividiu as mulheres em duas...fazendo com as mulheres verdadeiras se cindissem e se antagonizassem desse modo entre si...

Por todas estas razões há muitos, muitos anos que a verdadeira mulher não existe e em lugar dela temos esse sucedâneo de mulher, que vemos nas revistas e nos filmes e nas telenovelas, uma mulher ridícula, risível e frágil, doente ou histérica, ou uma megera demoníaca e ninfómana; de um lado a mulher fatal, a vadia e a cabra, a puta ou a mulher de alterne e do outro a mulher submissa, a mulher do lar, a mulher séria e…fiel ao homem, à casa a família e aos filhos etc. e nessa medida a mulher inteira deixou de existir e tudo o que vemos é uma mulher metade, uma mulher dividida ao meio...



rosaleonorpedro

(republicando )


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