O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, maio 07, 2018

O DIA DA MÃE...?



Mães e filhas...

"Acho que todas as mães e filhas são velhas amigas no plano da alma, e que estamos aqui para nos ajudar a dar amor, aptidões e disciplina a estas partes de nossas personalidades que adoptamos ao nascer para evoluir mais plenamente. Uma vez que cada uma nasceu com dons e desafios diferentes, nenhuma das duas vai ter exatamente a mesma ideia do que é certo ou o que é melhor. Mas podemos trabalhar com vista a uma relação de toda a nossa vida em que cada uma seja o suporte da plena evolução da outra, independentemente da fase da sua vida ou da sua idade.
Eu não tenho um poder superior ao das minhas filhas e nunca o usei. Dei-lhes o que eu era capaz de lhes dar, tal como a minha mãe me deu a mim. O que fazem elas com este legado agora depende delas em íntima relação com as suas almas."*


Ontem primeiro domingo de Maio foi DIA DA MÃE...

Por principio não ligo nunca a estas datas forjadas de acordo com os interesses globais de comércio e outros, que não querem dizer nada e não significam mais do que tentativas de valorizar o que ao fim e ao cabo a sociedade patriarcal subestima de uma forma geral, o que hoje em dia é um facto absoluto: a mãe está completamente desvalorizada no seu grande e intrínseco valor de dar vida e dar a luz; sejam quais forem as causas e nós sabemos quais são, mas principalmente dominam os factores sociais económicos e psicológicos e também históricos e religiosos que contribuem para isso...

Por isso digamos que eu concordo à partida com as premissas da autora da citação acima que é sem duvida um parecer e uma ideia muito digna e bonita sobre a Mãe a filha, MAS a realidade que hoje se vive está muito longe dessas premissas e neste caso bastante idealizadas, porque o que ressalta a vista em tudo o que vemos no mundo de noticias e filmes estamos muito longe dessa relação privilegiada entre mãe e filha e falo no caso obvio das mulheres mal amadas e ignorantes, mães sem educação, completamente aculturadas, submetidas a maridos violentos ou abusivos, a situações de vida precária, pobres e sem nenhuma auto-estima, como poderão elas ser esse suporte das filhas ou dos filhos?

Umas vezes são mães prepotentes ou agressivas, de frustradas que abusam do seu poder, até pela violência, como podem ser totalmente inertes e passivas porque vazias de qualquer sentido de vida e sem qualquer educação ou nobreza de carácter, e o que transmitem é a mesma falta de educação e de valores, e portanto acho muito estupida esta moda de avaliar as coisas como se todas as mulheres fossem da "classe média ou alta" ou vivessem em mundos relativamente ricos...onde as mulheres são respeitadas, onde tem vidas dignas e liberdade... e não essas mulheres sem identidade, submetidas e exploradas a todas os níveis pela sociedade, pais padres patrões e maridos que as usam que as exploram ou até as Mafias que as escravizam sexualmente. E isto é de tal modo absurdo para mim que se torna quase uma obscenidade fazer estas comparações, pois a grande maioria das mães no mundo e mesmo na América ou na Europa civilizada, India, Brasil, África e nos países árabes, vivem na miséria senão económica, na miséria moral e mental.


Às vezes eu penso - de que mulheres falam estas mulheres tão inteligentes e cultas e escritoras de sucesso...sim certamente há uma ligação de almas e um carma...mas que mulheres sabem disso à partida - tirando uma minoria privilegiada? Não, nem preciso ser "comunista" ou socialista, basta ter discernimento humano e ser-se objecticva...e ver em que mundo vivemos hoje!


Deixo um texto ILUSTRATIVO escrito há algum tempo atrás...


DEFINIÇÃO MULHER PROCURA-SE...


No dicionário online Priberam, a palavra mulher encontra-se definida por "pessoa adulta do sexo feminino; cônjuge ou pessoa do sexo feminino com quem se mantém uma relação sentimental e/ou sexual; pejorativo: mulher pública: meretriz".

Pois os homens são o Homem - e eles sabem de tudo...sim, eles são exímios filósofos, teólogos, poetas, exegetas, psicólogos, sexólogos; Sim, eles sabem tudo... menos de Mulheres...por isso as definiram desta maneira tosca e redutora...

E esse foi precisamente o seu maior drama: terem-se convencido que sabiam o que era uma Mulher...nada mais errado e absurdo...e fizeram-no de tal modo e exaustivamente ao longo dos séculos que com isso acabaram por transformar as mulheres numa coisa que nem elas hoje se entendem ou sabem o que são... e são os próprios homens hoje a querer serem mulheres e mães...e putas...tudo ao mesmo tempo. E a Mulher? Ficou um mero objecto...nos perdidos e achados da história deles...e no dicionário actual uma mulher é apenas: uma "pessoa adulta do sexo feminino; cônjuge ou pessoa do sexo feminino com quem se mantém uma relação sentimental e/ou sexual; pejorativo: mulher pública: meretriz".

Isto diz tudo o que se pensa oficialmente da mulher, e Ela coitada nem sabe ao que foi reduzida, aceita isso, e nem a mulher intelectual se questiona sobre esta dramática definição de Mulher-Meretriz...e bem se exibe, e tenta lembrar-se QUEM ERA... e depois cai na armadilha e bem mostra as ancas e as pernas e o busto...os decotes, o silicone e o botox, as mini-saias...as passe-reles, oh sim, expõem-se em montras à procura de um eco, um marido um cliente...diz: "mulher procura-se"...ou vende-se...

ROSALEONOR PEDRO


*Christiane Northrup - médica e escritora americana - autora de vários livros sobre a Mulher

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