MULHER MADURA
A Beleza aliada ao mito da juventude eterna é um conceito deveras empobrecedor do real valor de uma mulher...porque se com a idade perdemos a beleza da juventude ou a frescura dos verdes anos, com a idade ganhamos a sabedoria e a experiência e podemos ter realmente consciência de que o nosso valor não se mede por uma aparência jovem e bela, mantida à força de cosméticos ou de estéticas.
É pela força e dignidade de um carácter que se reforça na plenitude do nosso ser, pela firmeza de sermos o que somos de acordo com a evolução da natureza e não nos deixando moldar pelos esteriótipos da sociedade que nos quer operar para que as marcas do tempo e da experiência se apaguem do nosso rosto e nos torne vazias de sentido, que nos mantemos fieis a nós mesmas.
Enfrentar e assumir a nossa idade, o nosso corpo pode ser a coisa mais difícil nesta sociedade que menospreza as mulheres a partir dos cinquenta...Eu sei por mim...sei que não é fácil aceitar a mudança do corpo, a flacidez dos músculos ou a celulite, a barriga que não conseguimos esconder, ou as rugas do rosto, sei sim por mim mesma sim, o quão é difícil perder a cintura...ou outros "atributos" que nos prendem a uma imagem a que estamos habituadas...mas não creio que a solução alguma vez seja fazer implantes ou cirurgias...para além de pintar os cabelos...
Não fiz nem nunca farei nada disso. Sofrerei como todas as mulheres, não a decadência, mas a transformação do corpo sabendo que se vive para lá do tempo de reprodução e da fertilidade ou mesmo do desejo sexual e que existe no coração humano capacidade e potencial infinito de prazer e amor pelo simples facto de se viver...e essa é a nossa grandeza! O prazer não está só no sexo, nem o amor no parceiro/a. A grande revelação da vida está na alma e na sua dimensão intemporal...multidimensional...
Existe a grande Verdade e a Sabedoria inerentes ao nosso ser e a nossa experiência e a beleza da vida consiste em estar consciente do nosso valor intrínseco e não podemos deixar que a nossa visão deformada pelos conceitos sociais e superficiais de beleza turvem os nossos próprios olhos para a verdadeira beleza do nosso ser interior.
Aceitar a nossa idade, o nosso corpo, as nossas rugas, os cabelos brancos como expressão de amor e nobreza é o colmatar de uma vida que continua a ter sentido por si mesma e não por se ser ou não ser...jovem e bela...
Por outro lado toda essa gama de experiências acumuladas e de memórias e emoções envolvendo-nos, umas desesperando-nos diante dos fracassos outras acariciando-nos de verdades...são a matéria prima que nos enriquece e nos leva a mergulhamos na nossa essência primeira, à medida que nos desidentificamos do ser psíquico e físico, no sentido da alma; percebemos então e só então que a água a lama e o barro, o amor e o ódio, o abandono a solidão e a irmandade, nos alicerça mais e melhor no ser interno e nos torna maiores e prontas para um dia despirmos esta pele e a trocarmos por outra...
A maturidade e a velhice na mulher é isso...conhecimento da vida e da morte em nós...um amor consubstanciado...tal como a matéria vaso...
Rosa Leonor Pedro
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