"Quando se diz a palavra "trauma", pensa-se sempre em algo trágico ou dramático que muda a vida de um dia para o outro. Isto é assim, mas nem sempre.
O trauma psicológico pode ocorrer quando de forma sutil e insidiosa e de forma repetida, as nossas necessidades afectivas e de consolo não são satisfeitas. Isso faz com que para nos defendermos da frustração e da dor, separemos da nossa consciência uma parte da personalidade, e operar de modo "aparentemente normal". No entanto, o trauma aparece sob a forma de problema com as relações (nunca são satisfatórias ou temos muitos problemas com os outros) e problemas para regular nossas emoções, e sofremos ansiedade, raiva ou depressão que podemos tentar combater com todo tipo de vícios." - Ana cortinas payeras. Psicóloga
SERMOS REJEITADAS...
"Quanto maior a profundidade da ferida, maior a probabilidade de ser rejeitada ou de rejeitar os demais."*
ENTRE MULHERES
O sentimento de rejeição nas mulheres é muito forte e é bem mais complexo do que o Trauma em si...de facto, e como diz a Ana Cortiñas, "O trauma psicológico pode ocorrer quando de forma sutil e insidiosa e de forma repetida, as nossas necessidades afectivas e de consolo não são satisfeitas", assim também o sentimento de rejeição, mas este é bem mais insidioso e por vezes ainda mais subtil nas mulheres...porque se mistura com o ego ferido e a vaidade, a arrogância...que nos servem tantas vezes de defesa e acabamos por não perceber como esse sentimento de rejeição afecta as nossas vidas e as nossas relações a todos os níveis diariamente.
Falo da mulher em particular porque penso na mulher, desde menina e desde logo e cedo como é rejeitada nas suas manifestações espontâneas mais femininas que aos olhos dos pais se tornam perigosas para a sociedade, como penso na forma como se rejeita vulgarmente a outra mulher por rivalidade ancestral e portanto gerada pela incapacidade de sentirmos afecto pelas mulheres em geral quando não tivemos uma mãe ternurenta ou afectiva ...Bem pelo contrário - são muitos os casos, aliás, na maior parte dos casos -, em que as mães manifestam o desprezo que tem por si próprias nas filhas por saberem ao que estas vão estar expostas pela sua condição de mulheres e saberem antecipadamente o sofrimento que ser mulher acarreta numa sociedade androcentrica* e falocrática...
Mas sim, o sentimento de rejeição amorosa por parte da mãe, onde começa esse complexo, vai-se estendendo na insegurança que as mulheres manifestam ao longo da sua vida e em todas as outras manifestações secundárias - na raiva incontida, medo, revolta, e até ódio às outras mulheres - que acaba por se fazer sentir também em relação aos amantes, pais, marido e filhos ou amigas... fica sempre essa marca...fica essa dor. Fica esse sentimento que é dos mais dolorosos e difíceis de superar no ser humano. Ele gera despeito e sentimentos de vingança...gera dores físicas e psíquicas, gera doenças mais graves...esse sentimento de rejeição que o ser humano sofre agudiza-se de forma particular na mulher...porque a Mãe escolhe o filho e menospreza subtilmente a filha...quem tem irmãos sabe...
A questão é como tomamos consciência dele e da forma de nos libertarmos ou como fazer face a esse sentimento QUANDO ELE JÁ NEM SE JUSTIFICA e está lá a marca.
Ai só uma consciência de si muito apurada e um trabalho profundo da psique feminina nos pode ajudar e ao longo do tempo ir sarando, amenizando essa dor; mas nem sei se alguém se chega a curar...Não, não sei. Mas sei que se pode aprender a conviver com o nosso sofrimento como forma de saber e assim sem causar tantos danos aos outros e sem o agravar em nós...Por isso eu creio que este trabalho connosco mesmas e sobre a nossa cisão, conhecer e saber as causas do abandono da mãe e a sua dor, a sua cisão, porque ai começa a aceitação do ser mulher em si e da mulher sofrida que cada uma de nós é. Por isso é tão importante e urgente estarmos conscientes das nossas sombras senão estamos sempre a voltar a essa cristalização e a manchar as nossas relações quando as podemos salvaguardar...Dói na mesma? Dói...mas não fere tanto os outros e assim também seremos menos feridas...porque há uma maior compreensão de nós mesmas e mais amor entre nós todas...
Voltarei ao tema... mas deixo mais um tópico
rlp
"A Origem da ferida emocional da rejeição
Rejeitar significa resistir, desprezar ou recusar, o que podemos traduzir em “não amar” algo ou alguém. Essa ferida nasce da rejeição dos pais para com seus filhos ou, às vezes, por se sentirem rejeitados por seus progenitores, mas sem realmente haver intenção por parte deles.
Diante das primeiras experiências de rejeição, a pessoa começa a criar uma máscara para se proteger deste sentimento tão comovente, que está ligado à desvalorização de si mesmo e que se caracteriza por uma personalidade tímida, segundo as pesquisas realizadas por Lise Bourbeau. Assim, a primeira reação da pessoa que se sente rejeitada será fugir, por isso não é de se surpreender que crianças que se sintam rejeitadas inventem um mundo imaginário.
Nos casos de superproteção, além da faceta superficial mascarada de amor, a criança pensa que é rejeitada por não ser aceita como é. A mensagem que chega a ela é de que suas capacidades não são válidas e por isso ela precisa ser protegida.
Como é a pessoa que tem uma ferida de rejeição
Parte da nossa personalidade é formada a partir das feridas emocionais sofridas na infância. Por essa razão, a pessoa que sofre da ferida da rejeição se caracteriza por se desvalorizar e buscar a perfeição a todo custo. Esta situação vai levar a pessoa a uma busca constante de reconhecimento pelos outros, desejo que vai demorar a ser saciado."*
*in a Mente é maravilhosa...
Androcentrismo é um termo cunhado pelo sociólogo americano Lester F. Ward em 1903. Está intimamente ligado à noção de patriarcado. Entretanto, não se refere apenas ao privilégio dos homens, mas também à forma com a qual as experiências masculinas são consideradas como as experiências de todos os seres humanos e tidas como uma norma universal, tanto para homens quanto para mulheres, sem dar o reconhecimento completo e igualitário à sabedoria e experiência feminina.
A tendência quase universal de se reduzir a raça humana ao termo "o homem" é um exemplo excludente que ilustra um comportamento androcêntrico.
O seu oposto, relacionando-o com a mulher, designa-se por ginocentrismo.
w.
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