O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, janeiro 13, 2020

LANÇAMENTO DO LIVRO DIA 25 DE JANEIRO



O CORPO

"Mas o que é o corpo? Seria necessário falar disso. Nós não temos nenhuma gratidão. É dificil falar do amor, hoje, pois reclamamos, reivindicamos, exigimos, mas há pouco reconhecimento, pouca gratidão. "
- jaqueline kelen - in o louco de shakti


SOBRE O NU DA MULHER E A CAPA DO MEU LIVRO 

Escrevo este texto em função das várias opiniões e considerações feitas por mulheres amigas num Grupo privado à capa do meu livro.  Queria deixar nota de que compreendo os vários pontos de vista e sentires de todas as amigas que comentaram, analisados os prós e os contras da capa e da imagem poder ou não corresponder ao conteúdo do livro e a mulher real. Para lá disso tudo e de cada uma estar certa a sua maneira de pensar e sentir, sabemos que é impossível de corresponder a todas as ideias e estéticas ou conceitos de arte e de beleza, e por isso deixo apenas o que foi a minha primeira impressão ao receber a capa do livro. Mas digo, para todos os efeitos, nada acontece por acaso…

Em primeiro lugar a minha primeira impressão à capa do livro foi de prazer estético - como se visse a imagem pela primeira vez - pelo imenso requinte da mesma, imagem que associei desde o inicio do meu blog e já lá vão 20 anos...a Lilith e que sempre acompanhou os meus textos, por corresponder à essência do que sinto ser Lilith. A Beleza, a pureza e a ousada sensualidade associadas a uma doçura e mistério que representa a mulher mística, as grandes sacerdotisas e iniciadas, e também a mulher ideal dos bardos, dos poetas e dos cavaleiros do Graal.

Para mim, uma questão é a estética e o conteúdo da imagem em si, de que gosto muito, e a outra é a nossa visão de um mundo vil que julga e difama a Mulher e o seu corpo. Temo esse mundo em que o nu da mulher foi explorado e vulgarizado e essa foi a minha segunda impressão: MEDO DE EXPOR a mulher no seu nu que considero sagrado. E ainda que a associação ao nu da mulher, a um primeiro olhar do livro pelo publico, rebaixasse o livro à mesma ideia da banalização do mesmo, a que estamos acostumadas… senti que ELA seria intocada...

Sim, o meu receio profundo é que a intimidade de uma imagem, cuja beleza retrata (para mim), a essência de Lilith, seja profanada pelo olhar imbecil de homens e mulheres vulgares e conspurcado por ideias mesquinhas associadas ao corpo conspícuo da mulher, que só veem um corpo nu de mulher demasiado rebaixado e denigrido, tal como Lilth foi condenada pela moral judaico-cristã ao longo de séculos…
Mas as minhas amigas esquecem uma coisa. Lilith envolve a mulher, ela abraça-a de cima abaixo e isso é a sua protecção, o seu escudo a sua aliança...
Reparem que a própria serpente, cuja nobre cabeça repousa no ombro da mulher que a olha de prazer, tem um ar sereno, doce e sábio …
Esta imagem encerra todo o mistério da Mulher e Ela, a Grande Serpente, é a Sua grande e única aliada...e ELA há-de passar incólume diante das bestas quadradas...
Este é o meu sentimento… e a minha certeza e a minha Fé. Os cães ladram sempre minhas amigas...
rlp

O LIVRO É especialmente DEDICADO A Ana M, Fernandes, que morreu cedo demais sem deixar a sua obra publicada.

"As palavras e o sentimento também mexeram em mim. É sempre a primeira vez quando volto a ler-me. Como se fosse também uma leitora de mim mesma. Também desejaria escrever assim. Por vezes, desconfio de que escrevo estas coisas; outras, tenho receio de perder a forma da escrita. Um Medo muito velho. Uma Maldição sobre a escrita e a palavra. Amordaçada em algum século que desconheço, e do qual não me livrei do efeito do feitiço ou praga. Tal como o Amor que tem a Espada de uma Maldição. Há demasiadas Maldições Velhas nesta Mansarda.
Vamos ao texto... que não chorem como eu, porque escrevo com Sangue. Espero um dia, escrever sobre o Manto da Primavera , entre Safo e Orfeu. Dar à Vida depois da Morte. " Ana Maria Fernandes

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