O CORPO
"Mas o que é o corpo? Seria necessário falar disso. Nós não temos nenhuma gratidão. É dificil falar do amor, hoje, pois reclamamos, reivindicamos, exigimos, mas há pouco reconhecimento, pouca gratidão. "- jaqueline kelen - in o louco de shakti
SOBRE O NU DA MULHER E A CAPA DO MEU LIVRO
Em primeiro lugar a minha primeira impressão à capa do livro foi de prazer estético - como se visse a imagem pela primeira vez - pelo imenso requinte da mesma, imagem que associei desde o inicio do meu blog e já lá vão 20 anos...a Lilith e que sempre acompanhou os meus textos, por corresponder à essência do que sinto ser Lilith. A Beleza, a pureza e a ousada sensualidade associadas a uma doçura e mistério que representa a mulher mística, as grandes sacerdotisas e iniciadas, e também a mulher ideal dos bardos, dos poetas e dos cavaleiros do Graal.
Sim, o meu receio profundo é que a intimidade de uma imagem, cuja beleza retrata (para mim), a essência de Lilith, seja profanada pelo olhar imbecil de homens e mulheres vulgares e conspurcado por ideias mesquinhas associadas ao corpo conspícuo da mulher, que só veem um corpo nu de mulher demasiado rebaixado e denigrido, tal como Lilth foi condenada pela moral judaico-cristã ao longo de séculos…
Mas as minhas amigas esquecem uma coisa. Lilith envolve a mulher, ela abraça-a de cima abaixo e isso é a sua protecção, o seu escudo a sua aliança...Reparem que a própria serpente, cuja nobre cabeça repousa no ombro da mulher que a olha de prazer, tem um ar sereno, doce e sábio …
Esta imagem encerra todo o mistério da Mulher e Ela, a Grande Serpente, é a Sua grande e única aliada...e ELA há-de passar incólume diante das bestas quadradas...
Este é o meu sentimento… e a minha certeza e a minha Fé. Os cães ladram sempre minhas amigas...
O LIVRO É especialmente DEDICADO A Ana M, Fernandes, que morreu cedo demais sem deixar a sua obra publicada.
"As palavras e o sentimento também mexeram em mim. É sempre a primeira vez quando volto a ler-me. Como se fosse também uma leitora de mim mesma. Também desejaria escrever assim. Por vezes, desconfio de que escrevo estas coisas; outras, tenho receio de perder a forma da escrita. Um Medo muito velho. Uma Maldição sobre a escrita e a palavra. Amordaçada em algum século que desconheço, e do qual não me livrei do efeito do feitiço ou praga. Tal como o Amor que tem a Espada de uma Maldição. Há demasiadas Maldições Velhas nesta Mansarda.
Vamos ao texto... que não chorem como eu, porque escrevo com Sangue. Espero um dia, escrever sobre o Manto da Primavera , entre Safo e Orfeu. Dar à Vida depois da Morte. " Ana Maria Fernandes
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