O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 10, 2019

O QUE NÃO QUEREMOS ENXERGAR...


"A psicologia tradicional é muitas vezes lacônica ou totalmente omissa quanto a questões mais profundas importantes para as mulheres: o aspecto arquetípico, o intuitivo, o sexual e o cíclico, as idades das mulheres, o jeito de ser mulher, a sabedoria da mulher, seu fogo criador. Foi isso o que direcionou meu trabalho sobre o arquétipo da Mulher Selvagem durante quase duas décadas." clarissa pinkola estes


A VELHA RIVALIDADE 
E INVEJA ENTRE MULHERES…

Há inveja e perfídia entre as mulheres. É uma prática ancestral de rivalidade que actua a partir do inconsciente colectivo de forma subconsciente e insidiosa. É por ventura a ferida mais antiga do mundo e o hábito mais velho e sinistro que se estabelece entre nós mulheres. Ela é tanto ou mais velha ainda do que a tal dita "mais velha profissão do mundo", que gerou esta luta e que lhes impuseram os homens à força de as manipular, vender e comprar , há milénios…
Não, a psicologia não fala disso...

Esta inveja e perfídia, dissimulada e manifesta sub-repticiamente nas relações femininas, é um GRANDE PERIGO PRESENTE NA VIDA DAS MULHERES de hoje e sobretudo nos meios virtuais e de comunicação social ou mesmo entre grupos ao vivo, à imagem do que se passa no trabalho e na politica, entre amigas comuns na vida real, seja em luta por causa dos homens, seja dos patrões, mestres e mentores. Há este habito insano de se fingir ser amiga para atingir fins e interesses e depois trair...continuamente, mesmo sem se darem conta... As mulheres, quase todas as mulheres, sofrem desta inveja ou ciúme da outra mulher, seja ela mais nova, mais bela ou mais elegante, mais sábia ou mais ousada. Não há uma mulher que não seja atingida pela inveja de colegas e amigas traidoras e até irmãs onde quer que se encontre ao longo da sua vida...
Sim, eu apesar da minha idade e muito consciente dessa velha rivalidade, ressinto-me ainda um pouco dessa animosidade camuflada de simpatia ou de "afinidades", por assim dizer de certas mulheres aparentemente muito amigáveis, mas que escondem a perfídia…

Mais a mais sei que confronto muitas mulheres com a minha forma de dizer e de escrever e porque não me sinto vinculada a ideias feitas, crenças ou ideologias, nem a nada senão à Mãe dentro de mim, ao meu coração e ao que sinto e sou fiel a essa Consciência que me alinha com o meu centro. E sei que por isso mesmo estou ainda mais exposta à insidia, sobretudo se a denunciar como o faço. E faço-o porque já sou velha e não temo perder lugar em nenhum Pódio.

Conheço bem esse veneno da traição, já o sofri na minha pele muitas vezes…e isso acontece muito mais vezes do que nos apercebemos, sendo um perigo acrescido e muito mais pernicioso na medida em que as mulheres escondem e camuflam essa rivalidade com pretensas ideias de sororidade ou de amor a uma causa...Ora falar em sororidade num campo minado de bombas é o mesmo que semear ódio...é não vermos que mesmo a amizade ou o amor entre as mulheres é um campo minado em que estão sempre a rebentar estilhaços de bombas de velhas guerras que nos ferem de morte...ou nos mutilaram o corpo e a alma…
Lutar contra isso tudo não é fácil. Nunca será. Por isso, se o fizermos, pagamos um preço muito alto. Somos perseguidas, caluniadas ou preteridas...

Já se zangaram comigo algumas mulheres (sobretudo no mundo virtual) por se sentirem atingidas pelo que eu digo e penso. A verdade é que eu vejo e sinto essa rivalidade-inveja das mulheres entre si mesmo as que mais se dizem defensoras de movimentos feministas, políticos e outros.

Por essa razão umas revoltaram-se comigo por dizer coisas que não gostam de ouvir, mas que sentem lá no fundo ser verdade, coisas que elas escondem ou disfarçam de acordo com o que defendem e os conceitos e a prática superficial das suas convicções sejam elas religiosas ou politicas e que nas relações, não vão além do conceito e do politicamente correcto etc. Sempre que puderem, virar-se-ão contra quem não se submete as suas pretensões de lideres e de idólatras.., e eu tenho sofrido isso por não me filiar em nenhum grupo nem aceitar tutela de ninguém, por não bajular mestres nem mestras, nem ser conivente com simulacros…


Eu quero falar em nome de TODAS as mulheres, não quero pertencer a grupos nem a egrégoras… Sinto-me livre, serei sempre livre, mas pago o preço da insurreição continuada a fórmulas e a ideias estabelecidas ou aos "vendilhões do Templo", os/as que se dizem guias e condutores de rebanhos, que especulam sobre o passado e o futuro e revelam verdades de outros mundos... 

Temo que as mulheres enredadas nestas lutas de egos se esqueçam do perigo real que todas enfrentamos a nível deste ataque à integridade das mulheres no mundo inteiro e como de novo as mulheres estão a ser perseguidas e mortas pelo predador. Temo que elas se percam em querelas de nada entre si, mais uma vez, e se percam nessa luta inglória entre irmãs.

Penso nas mulheres de hoje, nas mulheres conscientes de si, nas mulheres comuns e acredito que hajam mulheres capazes de olhar para si mesmas e ver SEM MEDO como estamos perdidas nestas redes sociais e em grupos diversos que abundam por ai. Sinto que temos de olhar sem medo para esta realidade que nos circunda dentro e fora de nós  e ter tudo isso em conta para podermos evoluir a partir dessa consciência única que nos é comum, essa essência do feminino, e não deixar que a besta da discórdia se instale em nós, que o Sistema nos corrompa. Para isso precisamos de  saber de onde provem e o porquê da nossa divisão arquetípica que nos antagoniza e aos poucos ir trabalhando para limpar esse campo minado da nossa vida e em redor…
Este campo de batalha semeado de bombas corresponde ao mundo da divisão da mulher em duas, a santa e a puta, criação do Homem e do seu deus e da sua religião...Foi assim que as sociedades patriarcais dominaram o mundo e as mulheres porque as dividiram e a colocaram contra a outra mulher, a filha contra a mãe, amiga contra amiga e irmã contra irmã, etc..

Para evoluirmos e nos libertarmos desses atavismo, para nos unirmos de verdade, primeiro temos de ter consciência de quem somos e depois limpar o Campo de Batalha… para então começar a plantar sementes de amor mas nunca antes de o limpar o chão sagrado que pisamos…

rosa leonor pedro

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu não posso deixar de sentir um grande ego de superioridade moral e intelectual de sua parte, para outras mulheres, você é quem compete, você acha que tem toda a verdade. você não escuta ninguém!

rosaleonor disse...

A sua resposta ou comentário só me confirma o que eu digo… nada mais. Agride e desrespeita a experiência de vida de uma mulher de idade. Deve ser uma menina realmente com "um ego de superioridade", convencida que sabe e que se sente ofendida ao rever-se no que digo. Porque NÃO SABE NADA DE MIM, e não dá a cara nem diz o seu nome. Isso é cobardia e desonestidade…
Obrigada por confirmar a minha tese sobre as mulheres. Não todas claro, há Mulheres e Mulheres… seja de que idade for...mulheres fantásticas e conscientes. Felizmente conheço muitas que me ouvem e eu escuto!

I. G. disse...

A Rosa já tem uma vasta experiência em tentar acordar mulheres que lutam contra as suas palavras em defesa de um sistema e de uma ideologia que as esmaga e humilha. Eu estou nesta luta há tão pouco tempo e já estou cansada. Gabo-lhe a coragem, a paciência e a determinação!

I. G. disse...

A Rosa já tem uma vasta experiência em tentar acordar mulheres que lutam contra as suas palavras em defesa de um sistema e de uma ideologia que as esmaga e humilha. Eu estou nesta luta há tão pouco tempo e já estou cansada. Gabo-lhe a coragem, a paciência e a determinação!

rosaleonor disse...

Tem toda a razão...já devia ter desistido, mas não consigo...acabou por ser a minha luta e não foi inglória - valeu pelas muitas mulheres que acordam aos poucos e se dão conta do seu valor e respeitam a si masmas e as outras mulheres. obrigada pelo seu comentário.

Vânia disse...

Este texto tem toda a coerência possível. Até nem me foi permitido partilhar como se vem tornando hábito. Um hábito patriarcal??!??!?