O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 23, 2019

A PINTURA DE LENA GAL



E como pinta a Lena as suas mulheres?

Pinta-as de terra e chão e folhas e árvores e galhos e ervas e alecrim e rosmaninho… Pelo menos a mim cheira-me a flores selvagens que curam a alma e limpam o astral e a aura…
As mulheres de Lena Gal…estão vivas e embora algumas pareçam inacabadas, elas já são inteiras na procura de juntar todos os pedaços que lhe roubaram os antepassados pela sua servidão; elas são o espelho fiel da mulher genuína na procura da sua integralidade, a que busca a liberdade de ser ela mesma!
Sim, a Lena molda-as do barro com as suas mãos e dá-lhes alma; chama-as assim ao seu caminho ancestral, chama-as ao Caminho da Lua e com elas traz a sua sombra e os seus símbolos, traz as serpentes, os lobos e os gatos, eternos companheiros das sacerdotisas e videntes… As mulheres da Lena Gal são grandes como ela, porque são do tamanho do seu coração sem mácula, são do tamanho da sua liberdade porque a Lena não tem medo das facetas da mulher que ela descobre em si mesma e assim ousa e assim as interpreta e as canta; assim as celebra num hino à Natureza Mãe, e à Deusa.
Ela quer também acordar a Mulher que falta cumprir, a mulher que falta ser descoberta em cada mulher…A Lena traz-nos esse precioso contributo, ao desvelar as mulheres nos seus trejeitos, nos seus esgares, nos seus anseios e até dos seus medos, mas liberta-as dos espartilhos, dos conceitos de beleza, das operações plásticas…Ela pinta as mulheres de terra e sangue, de azul lua e à sombra dos Ciprestes…
A Lena recorda as mulheres de outrora, a beleza natural que é pertença de todas as mulheres e que a sociedade consumista e plástica quer elegantes ou estilizadas e de coleira na garganta…
As mulheres da Lena Gal são uma homenagem à liberdade interior das mulheres, são um esboço da Nova Mulher que volta para abençoar a Terra e os seus elementos. As mulheres da Lena Gal são a Ressurreição da Mulher sacrificada ao homem e que se liberta da canga social.


Rosa Leonor Pedro- escrito em 2009

1 comentário:

Arte de Lena Gal disse...

Grata Rosa pela partilha e pela tua escrita