O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, maio 06, 2019

O MUNDO QUE QUEREMOS É NA TERRA


..."A reivindicação da condição da mulher é a reivindicação de um outro mundo. Por isso a mãe, a maternidade, a mutterlich e a Muttertum são incompatíveis com a família e com o trabalho assalariado; nós, as mulheres, somos, na verdade incompatíveis com ela, com o Estado e com o Capital. Somos o real-impossível.
Quando formos capazes de ver o que foi destruído dentro de nós mesmas, a nossa sexualidade que perdemos, e por outro lado o vazio, essa falta interior, o sofrimento que a nossa anulação desencadeia, seremos a maior força revolucionária jamais vista ou imaginada, impulsionadas por um caudal infinito de energia libidinal liberta."



O VAZIO DA MÃE...e o vazio da Mulher

...e o vazio da mulher mostra-se na sua falta de interesse em si, revela-se também aqui, e não só não estamos presentes como fugimos de nós - um texto clarissimo - mas nem isto queremos ver.


"A falta de reconhecimento dos nossos desejos é uma falta de reconhecimento da nossa existência, posto que 242 que é o nosso impulso vital não encontra resposta. E isto produz-se depois do nosso nascimento no qual sofremos muito e nos sentimos morrer. Todo ele produz um sentimento de que a nossa existência está seriamente ameaçada. A Falta Básica, no âmbito mais profundo da nossa psique, guarda essa angústia existencial, a angústia do questionamento da existência.
O vazio da mãe, como vemos neste livro, é o vazio que fica na mulher que foi excluída, proibida, enviada para os infernos; um vazio cheio de medos e de angústia, porque a mulher desnaturada não é capaz de reconhecer e de saciar os desejos do seu bebe e de lhe impulsionar a sua vitalidade.
A reivindicação da condição da mulher é a reivindicação de um outro mundo. Por isso a mãe, a maternidade, a mutterlich e a Muttertum são incompatíveis com a família e com o trabalho assalariado; nós, as mulheres, somos, na verdade incompatíveis com ela, com o Estado e com o Capital. Somos o real-impossível.
Quando formos capazes de ver o que foi destruído dentro de nós mesmas, a nossa sexualidade que perdemos, e por outro lado o vazio, essa falta interior, o sofrimento que a nossa anulação desencadeia, seremos a maior força revolucionária jamais vista ou imaginada, impulsionadas por um caudal infinito de energia libidinal liberta."**


A Nova Escravatura da Mulher : A Nova Era

A NEW AGE usa a mulher para a desemponderar, para a alienar de si mesma! A mulher sem consciência de si, como um subproduto da sociedade patriarcal, deixou-se cair na armadilha do Sistema que monopolizou as mulheres feministas e agora grande parte das mulheres de um suposto "sagrado feminino" para as usar e assim afastar do seu núcleo central. Porque "A centralidade da mulher confere-lhe uma identidade estável. Ela não tem que tornar-se, basta-lhe ser. A sua centralidade é um grande obstáculo para o homem, cuja busca de identidade é bloqueada pela mulher."
Essa armadilha da falsa transcendência e do falso universo espiritual "new age" (toda essa parafernália de conceitos e ideias e mundos inatingíveis que afastam a mulher de si mesma e dessa consciência) foi criada e muito bem orquestrada para nos afastar uma vez mais, sobretudo a nós mulheres, do caminho da Mulher Integral. E mais uma vez impedir-nos o acesso à nossa grandeza intrínseca como mulheres enraizadas na Terra; Ela foi criada para nos impedir de descobrir a Força da Vida em nós (de iniciadoras do amor, geradoras de vida, senhoras dos oráculos) pela nossa ligação à Terra Mãe e à Natureza! Ela foi programada para nos impedir de aceder à nossa própria espiritualidade que é soberana e está ainda por redescobrir dentro de nós.

A cisão da Mulher e a sua divisão (em duas) teve como fim impedir a mulher de ser a digna representante da Deusa na Terra. Por isso creio que a mulher integral tem uma espiritualidade própria - quero dizer: ela tem acesso directo ao divino. A mulher encarna a Deusa que é a Mãe Terra e as nossas raízes nesta vida devem assentar nela. Somos mediadoras das forças cósmico telúricas, fazemos a união entre a Terra e o Ceu, mas perdemos o nosso poder de mediadoras e sacerdotisas; Fomos afastadas da nossa fonte de sabedoria interna - fomos quase destruídas...fomos divididas e usadas e anuladas na nossa essência primeira durante milhares de anos e AGORA temos de conquistar esse poder que é nosso, não o de competir e conquistar o mundo do Homem, mas de unir os seres à Mãe e a Filha, e de Unir o Mundo através do nosso núcleo central e só quando formos nos próprias unas em nós poderemos então de forma segura nos aventurar em caminhos escarpadas e armadilhados na conquista da terra sagrada e semear novos ventos, novos oráculos..

rosa leonor pedro

** in REFLEXIONES SOBRE LA VIOLENCIA INTERIORIZADA EN LAS MUJERES)
Casilda Rodrigáñez Bustos.

Sem comentários: