..."A reivindicação da condição da mulher é a reivindicação de um outro mundo. Por isso a mãe, a maternidade, a mutterlich e a Muttertum são incompatíveis com a família e com o trabalho assalariado; nós, as mulheres, somos, na verdade incompatíveis com ela, com o Estado e com o Capital. Somos o real-impossível.
Quando formos capazes de ver o que foi destruído dentro de nós mesmas, a nossa sexualidade que perdemos, e por outro lado o vazio, essa falta interior, o sofrimento que a nossa anulação desencadeia, seremos a maior força revolucionária jamais vista ou imaginada, impulsionadas por um caudal infinito de energia libidinal liberta."
O VAZIO DA MÃE...e o vazio da Mulher
...e o vazio da mulher mostra-se na sua falta de interesse em si, revela-se também aqui, e não só não estamos presentes como fugimos de nós - um texto clarissimo - mas nem isto queremos ver.
"A falta de reconhecimento dos nossos desejos é uma falta de reconhecimento da nossa existência, posto que 242 que é o nosso impulso vital não encontra resposta. E isto produz-se depois do nosso nascimento no qual sofremos muito e nos sentimos morrer. Todo ele produz um sentimento de que a nossa existência está seriamente ameaçada. A Falta Básica, no âmbito mais profundo da nossa psique, guarda essa angústia existencial, a angústia do questionamento da existência.
O vazio da mãe, como vemos neste livro, é o vazio que fica na mulher que foi excluída, proibida, enviada para os infernos; um vazio cheio de medos e de angústia, porque a mulher desnaturada não é capaz de reconhecer e de saciar os desejos do seu bebe e de lhe impulsionar a sua vitalidade.
A reivindicação da condição da mulher é a reivindicação de um outro mundo. Por isso a mãe, a maternidade, a mutterlich e a Muttertum são incompatíveis com a família e com o trabalho assalariado; nós, as mulheres, somos, na verdade incompatíveis com ela, com o Estado e com o Capital. Somos o real-impossível.
Quando formos capazes de ver o que foi destruído dentro de nós mesmas, a nossa sexualidade que perdemos, e por outro lado o vazio, essa falta interior, o sofrimento que a nossa anulação desencadeia, seremos a maior força revolucionária jamais vista ou imaginada, impulsionadas por um caudal infinito de energia libidinal liberta."**
A Nova Escravatura da Mulher : A Nova Era
A NEW AGE usa a mulher para a desemponderar, para a alienar de si mesma! A mulher sem consciência de si, como um subproduto da sociedade patriarcal, deixou-se cair na armadilha do Sistema que monopolizou as mulheres feministas e agora grande parte das mulheres de um suposto "sagrado feminino" para as usar e assim afastar do seu núcleo central. Porque "A centralidade da mulher confere-lhe uma identidade estável. Ela não tem que tornar-se, basta-lhe ser. A sua centralidade é um grande obstáculo para o homem, cuja busca de identidade é bloqueada pela mulher."
Essa armadilha da falsa transcendência e do falso universo espiritual "new age" (toda essa parafernália de conceitos e ideias e mundos inatingíveis que afastam a mulher de si mesma e dessa consciência) foi criada e muito bem orquestrada para nos afastar uma vez mais, sobretudo a nós mulheres, do caminho da Mulher Integral. E mais uma vez impedir-nos o acesso à nossa grandeza intrínseca como mulheres enraizadas na Terra; Ela foi criada para nos impedir de descobrir a Força da Vida em nós (de iniciadoras do amor, geradoras de vida, senhoras dos oráculos) pela nossa ligação à Terra Mãe e à Natureza! Ela foi programada para nos impedir de aceder à nossa própria espiritualidade que é soberana e está ainda por redescobrir dentro de nós.
A cisão da Mulher e a sua divisão (em duas) teve como fim impedir a mulher de ser a digna representante da Deusa na Terra. Por isso creio que a mulher integral tem uma espiritualidade própria - quero dizer: ela tem acesso directo ao divino. A mulher encarna a Deusa que é a Mãe Terra e as nossas raízes nesta vida devem assentar nela. Somos mediadoras das forças cósmico telúricas, fazemos a união entre a Terra e o Ceu, mas perdemos o nosso poder de mediadoras e sacerdotisas; Fomos afastadas da nossa fonte de sabedoria interna - fomos quase destruídas...fomos divididas e usadas e anuladas na nossa essência primeira durante milhares de anos e AGORA temos de conquistar esse poder que é nosso, não o de competir e conquistar o mundo do Homem, mas de unir os seres à Mãe e a Filha, e de Unir o Mundo através do nosso núcleo central e só quando formos nos próprias unas em nós poderemos então de forma segura nos aventurar em caminhos escarpadas e armadilhados na conquista da terra sagrada e semear novos ventos, novos oráculos..
rosa leonor pedro
** in REFLEXIONES SOBRE LA VIOLENCIA INTERIORIZADA EN LAS MUJERES)
Casilda Rodrigáñez Bustos.
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