O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, janeiro 27, 2014

SER MULHER OU SER IMITAÇÃO...


A CONSCIÊNCIA DE SI COMO MULHER
Sabemos todas nós mulheres, que cada uma de nós está numa fase da sua vida e que isso corresponde a um idade; sabemos que cada um de nós, na melhor das hipóteses e neste âmbito, está a fazer o trabalho que deve fazer consigo mesma. Nenhuma de nós pode julgar uma idade ou uma fase da vida da mulher através de um processo ou julgar  uma mulher melhor do que a outra através da sua própria experiência e menos ainda ajudar ou empurrar a outra para outra fase que não é a sua, para uma  experiência que ela ainda não fez…ou fazer o trabalho da outra ou ainda condicionar e modelar a outra mulher, seja através de ideias seja através de que processo for.
Isto porque o caminho da mulher não tem nada a ver com uma mentalização nem com nenhum conhecimento teórico, nem com a leitura de livros, embora também reconheça o mérito em se ir sabendo um pouco de tudo o que se poder, e nos acrescenta, mas não fazer do conhecimento teórico um sucedâneo de realização pessoal nem de experiência vivida. Por esta razão, não sendo contra nenhum método ou tentativa de evolução ou mudança na vida de uma mulher, a partir de um qualquer processo, terapia ou iniciação, não defendo felizmente nenhum método que passe por qualquer tipo de mentalização, nem uso fórmulas, nem mantras, nem técnicas...

Quando muito em relação às mulheres acredito nos Círculos…no contar das suas experiências, na elevação da sua consciência a partir de dentro, do útero e dos ovários, ao seu próprio ritmo e ao bater do seu coração…
Acredito no saber que brota de dentro da Mulher integral.
Quando a mulher se toca no âmago, ela toca a sua própria fonte...
Para mim ela não precisa de caminhos espirituais...
Ela é ESPIRITUAL.

Essa é a Mística da Mulher. Esse foi o segredo que se perdeu. Esse foi o mistério que o Homem e o seu Deus lhe roubaram. Isso é que é preciso acordar nela. E embora para algumas mulheres esses processos espirituais possam ser paralelos, uteis e até necessários, também podem fazer atrasar essa consciência de si em si mesmas e atribuí-la aos outros ou aos métodos…ou mesmo fazer com que se afastem de si próprias enquanto mulheres. Esse é o perigo. Por isso o que eu falo e defendo é de um processo de consciencialização interior lento e preciso, interior e subjectivo, diria – que tem muito mais a ver com o plano psicológico e intimista – o acordar desse poder da mulher em si, o escutar-se e o ouvir-se a si mesma  e independente de tudo o que aprendeu; e isto é completamente diferente de qualquer crença, fé, ou do apreender ideias, teorias meditações ou ter metas fora de si...
Eu não tenho ou proponho nenhum método! Nem metas a atingir. Mas alego e defendo uma Consciência precisa dentro da mulher a despertar por si. Uma consciência inerente ao ser mulher, a todas as mulheres, e a que toda a mulher tem acesso NATURALMENTE quando se começa a consciencializar da sua divisão interna, da sua cisão psíquica e começa então a perceber as causas das suas limitações e conflitos consigo mesmas e com as outras mulheres. Aí sim há um fundamento ancestral compreensível que  explica a mulher dividida em dois lados da sua humanidade, antagónicos, sempre elegendo um em detrimento do outro.

Deste modo, para mim cada tomada de consciência nesse particular - e não há mesmo como confundir consciência com teoria de tudo ou de nada - cada experiência integrada, cada pequena coisa que nos clarifica da nossa divisão interior e das causas de toda a problemática da Mulher - não como ser humano diria a par do homem, mas muito particularmente no que diz respeito à sua psique e ao seu foro íntimo como mulher nesta sociedade - a mulher condicionada desde que nasce a uma determinada mentalidade patrista -, que a diminui e a coíbe de ser e expressar a sua natureza profunda, que a impede de se ouvir, e toda uma influência nefasta sobre o seu ser, que a marca e inferioriza; fazer isso  já é um passo enorme e faz toda a diferença, pois há um abrir de dentro, já é um acontecer real e isso é tão válido como o que possa parecer chegar à grande sabedoria da mulher integrada, porque essa Sabedoria na mulher é inata.
Lamentavelmente as mulheres continuam a confundir as teorias e as ideias e os métodos com uma CONSCIÊNCIA. Continuam apenas a confundir pensar e achar que o "saber" de cor (não de coração, isso é realmente outra coisa) as  leva a algum lado;  e eu digo que o pensar algo muito bonito e muito positivo como se isso mudasse alguma coisa de fundo, não muda nada. A meu ver não muda mesmo nada, senão o próprio pensar. Porque em geral todos os métodos têm muito de especulação ou são pura mentalização e neste caso muda-se do pensamento negativo para o dito positivo; podem  até ser e serão balsâmicos, aparentemente transformadores a curto prazo, mas mais tarde ou mais cedo SEM A CONSCIÊNCIA PROFUNDA, integrada, não há evolução nem transformação. Por isso tantas vezes mulheres que parecem ser uma coisa e andam de mãos dadas com as outras a apregoar mundos e fundos, de repente viram-se umas contra as outras e odeiam-se de morte…tornam-se “casos de polícia”…lamento a ironia, mas é literal…
Uma mulher ferida é sempre um drama senão um perigo iminente no círculo…

 A Consciência de si como mulher de que falo não tem nada a ver com a consciência dita do "si mesmo" - junguiano -, mas trata-se de  uma outra consciência inerente só à mulher e essa conSciência é o que está aqui em relevo. Porque essa Consciência  em si mesma ela é já activa e transformadora de dentro para fora; não é uma mera mentalização através do pensamento positivo ou negativo...tal como: "achas que és feia agora pensa que és bonita...e já não precisas de fazer uma plástica"...não. Quando uma mulher se consciencializa de si mesma e acorda para essa consciência adormecida nos séculos pode ver e entender que a origem de quase todos os seus dramas tem a ver com a divisão das mulheres em duas, pode ver que no fundo é quase sempre essa a origem dos seus conflitos, a sua ferida com a mãe ou com a irmã, então ela pode começar já e a partir daí a integrar a verdadeira mulher, porque a outra já não é uma “outra” fora de si, mas ela mesma.
Eu falo da mulher tocar o seu âmago. Tocar essa Essência que é o seu centro. O seu Útero. Nele está a chave do seu poder interno. A mulher não tem de aprender nem forçar-se a ser "objecto de prazer "ou de "procriação",  "barriga de aluguer" como a mulher moderna faz nem a ser executiva e lutar com os homens por um lugar de chefia, nem forçar-se a ser o que os homens e a sociedade querem ainda que ela seja. E se as suas raízes e estiverem ligadas ao seu Útero e a Gaia,  Ela nunca mais poderá ser soldado, polícia ou ir à Guerra…ou deixar os seus filhos passar fome… porque a Mulher é a Terra…e ela é abundante. Porque é dela que nasce o amor e a paz e a dádiva.

Ela é a Deusa em Si mesma. É aí que eu quero chegar!

  rlp

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