O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 25, 2021

sobre a amizade..





DA AMIZADE...

"É um erro desejar ser compreendido antes de se ser elucidado por si mesmo a seus próprios olhos. É procurar prazeres na amizade, e não méritos. É qualquer coisa de mais corruptor ainda do que o amor. Venderias a tua alma por amor.

 Aprende a repelir a amizade, ou melhor, o sonho da amizade. Desejar a amizade é um grande erro. A amizade deve ser uma alegria gratuita como as que a arte ou a vida oferecem. É preciso recusá-la para se ser digno de a receber: ela é da categoria da graça («Meu Deus, afastai-vos de mim...»). É dessas coisas que são dadas por acréscimo. Toda a ilusão de amizade merece ser destruída. Não é por acaso que nunca foste amado... Desejar escapar à solidão é uma cobardia. A amizade não se procura, não se imagina, não se deseja; exercita-se (é uma virtude). Abolir toda esta margem de sentimento, impura e enevoada. Schluss!

Ou melhor (pois não é necessário desbastar-se a si mesmo rigorosamente), tudo o que, na amizade, não passe por alterações efectivas deve passar por pensamentos ponderados. É absolutamente inútil privar-se da virtude inspiradora da amizade. O que deve ser severamente proibido, é sonhar com os prazeres do sentimento. É corrupção. E é tão estúpido como sonhar com a música ou com a pintura. A amizade não se deixa afastar da realidade, tal como o belo. E o milagre existe, simplesmente, no facto de que ela existe. Aos vinte e cinco anos é mais que tempo de acabar radicalmente com a adolescência..."

Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'


O QUE EU PENSO DAS AMIZADES...

Há muitas pessoas que pensam que são aquilo que pensam...julgam que são o que de melhor pensam de si...exibem qualidades infinitas sem ver que na realidade são exactamente o contrário do que fazem, do que pensam e dizem que são... e assim também idealizam as amizades ou até o amor...
Essas pessoas na verdade são enfermas, digo carentes, e projectando nos outros o que desejariam que fossem...O desamparo e a busca de um suporte maternal amoroso, todos os seres humanos sofrrem mais ou me nos disso... e por causa disso todos os seres humanos vivem de expectativas e assim se criam os equívocos quantos não diria mesmo os quase crimes que se cometem  de lesa integridades e outras sandices sobre os outros que dizemos amar quando afinal é a nossa solidão carência necessidade ou obsessão que nos ensandece. Todos os sentimentos nos projectam para os amantes e amigos que idealizamos o que nos torna doentes ou dementes... Na verdade mentimos para nós mesmas e quase todos o fazemos de uma maneira ou de outra; eu não fujo ao caso, nem aos estados mais ou menos patológicos que nos atravessam pois esse amor não é mais do que uma doença universal! 
Porque no fundo penso que as pessoas apenas se usam umas as outras e são "boas" enquanto as outras servem os seus intentos, mas quando não correspondem às suas expectativas, a decepção a frustraçao, leva-as à paranoia e ai  começam por tratá-las mal acusando-as disto e daquilo. Quase toda gente faz o mesmo. No meu caso e agora que já sou velha e pouco amável...embora tenha sido sempre  céptica de amores e das amizades...na verdade é que nunca acreditei que me amassem. Sendo contudo uma pessoa  cordial e até afectiva com os demais mas já não espero nada de ninguém. Agradeço quando aparecem pessoas bem intencionadas e até me ajudam, mas sei que me vão cobrar mais tarde ou mais cedo.
Hoje também sei que eu  não tenho nada para dar...unicamente dou atenção verdadeira e humana a quem me olha nos olhos sinceramente, sem esperar nada em troca, porque não me iludo já com nada nem ninguém. As amizades como tudo na vida são efêmeras e circunstanciais. Acontecem como por acaso. Os ENCONTROS DE ALMA esses já são diferentes porque não tem tempo nem espaço. Valem-nos como por milagre. São uma centelha divina, uma promessa de vida e de um outro mundo possivel, algures mas não neste mundo!
rlp

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