DA AMIZADE...
"É um erro desejar ser compreendido antes de se ser elucidado por si mesmo a seus próprios olhos. É procurar prazeres na amizade, e não méritos. É qualquer coisa de mais corruptor ainda do que o amor. Venderias a tua alma por amor.
Aprende a repelir a amizade, ou melhor, o sonho da amizade. Desejar a amizade é um grande erro. A amizade deve ser uma alegria gratuita como as que a arte ou a vida oferecem. É preciso recusá-la para se ser digno de a receber: ela é da categoria da graça («Meu Deus, afastai-vos de mim...»). É dessas coisas que são dadas por acréscimo. Toda a ilusão de amizade merece ser destruída. Não é por acaso que nunca foste amado... Desejar escapar à solidão é uma cobardia. A amizade não se procura, não se imagina, não se deseja; exercita-se (é uma virtude). Abolir toda esta margem de sentimento, impura e enevoada. Schluss!
Ou melhor (pois não é necessário desbastar-se a si mesmo rigorosamente), tudo o que, na amizade, não passe por alterações efectivas deve passar por pensamentos ponderados. É absolutamente inútil privar-se da virtude inspiradora da amizade. O que deve ser severamente proibido, é sonhar com os prazeres do sentimento. É corrupção. E é tão estúpido como sonhar com a música ou com a pintura. A amizade não se deixa afastar da realidade, tal como o belo. E o milagre existe, simplesmente, no facto de que ela existe. Aos vinte e cinco anos é mais que tempo de acabar radicalmente com a adolescência..."
Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'
Essas pessoas na verdade são enfermas, digo carentes, e projectando nos outros o que desejariam que fossem...O desamparo e a busca de um suporte maternal amoroso, todos os seres humanos sofrrem mais ou me nos disso... e por causa disso todos os seres humanos vivem de expectativas e assim se criam os equívocos quantos não diria mesmo os quase crimes que se cometem de lesa integridades e outras sandices sobre os outros que dizemos amar quando afinal é a nossa solidão carência necessidade ou obsessão que nos ensandece. Todos os sentimentos nos projectam para os amantes e amigos que idealizamos o que nos torna doentes ou dementes... Na verdade mentimos para nós mesmas e quase todos o fazemos de uma maneira ou de outra; eu não fujo ao caso, nem aos estados mais ou menos patológicos que nos atravessam pois esse amor não é mais do que uma doença universal!
Hoje também sei que eu não tenho nada para dar...unicamente dou atenção verdadeira e humana a quem me olha nos olhos sinceramente, sem esperar nada em troca, porque não me iludo já com nada nem ninguém. As amizades como tudo na vida são efêmeras e circunstanciais. Acontecem como por acaso. Os ENCONTROS DE ALMA esses já são diferentes porque não tem tempo nem espaço. Valem-nos como por milagre. São uma centelha divina, uma promessa de vida e de um outro mundo possivel, algures mas não neste mundo!
rlp
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