Texto de Cristina Valquíria Valhalladur Aguiar
"Aproxima-se a hora da abertura dos portais do Além, interrompendo-se assim a separação entre os mundos. No próxino ano, o dia 1 de novembro deixará de ser feriado, mas o vínculo ancestral dos mortais à memória dos seus antepassados jamais será cortado. A morte separou apenas a carne, mas o espírito é perene, e intensamente brilhante. Ninguém consegue interromper a lembrança subconsciente do pacto que temos com a memória arcana dos mortos. Os mais antigos repetirão o gesto de agradecimento pela fartura da terra aos antepassados, os guardiões da abundância, depositando nas alminhas as espigas de dourado milho; os mais novos, porém, celebrarão a noite santa em festins folclóricos; e poucos conhecerão as tradições antigas de banquetes nas campas dos defuntos queridos. A deusa Hel abre os portões do seu salão para o bailado de espectros, para o corropio de bruxas e de corridas de lobos esfaimados. Está prestes a começar a cavalgada selvagem de recolha de espíritos errantes, devolvidos depois ao útero da Mãe Cósmica, pronta a gestar, preparando o renascimento na primavera."
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