O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 29, 2012

PRONTAS PARA OS PORTAIS...

 
 
 
Texto de Cristina Valquíria Valhalladur Aguiar
 
"Aproxima-se a hora da abertura dos portais do Além, interrompendo-se assim a separação entre os mundos. No próxino ano, o dia 1 de novembro deixará de ser feriado, mas o vínculo ancestral dos mortais à memória dos seus antepassados jamais será cortado. A morte separou apenas a carne, mas o espírito é perene, e intensamente brilhante. Ninguém consegue interromper a lembrança subconsciente do pacto que temos com a memória arcana dos mortos. Os mais antigos repetirão o gesto de agradecimento pela fartura da terra aos antepassados, os guardiões da abundância, depositando nas alminhas as espigas de dourado milho; os mais novos, porém, celebrarão a noite santa em festins folclóricos; e poucos conhecerão as tradições antigas de banquetes nas campas dos defuntos queridos. A deusa Hel abre os portões do seu salão para o bailado de espectros, para o corropio de bruxas e de corridas de lobos esfaimados. Está prestes a começar a cavalgada selvagem de recolha de espíritos errantes, devolvidos depois ao útero da Mãe Cósmica, pronta a gestar, preparando o renascimento na primavera."

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