O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, setembro 28, 2023

A diferença entre o amor verdadeiro e o ‘amor’ espiritual,


O AMOR ESPIRITUAL É UMA FRAUDE QUE AFASTA O SER DO AMOR MATERNAL

O facto é que "A diferença entre o amor verdadeiro e o ‘amor’ espiritual, é que o primeiro é visceralmente prazeiroso" como diz Cacilda R. Bustus, porque ele é natural e da natureza da libido que está na pele e no corpo da mãe... por isso ele "é um derramamento em que o prazer e a satisfação se tornam e são, uma mesma coisa.", muito longe do amor simbolico e asseptico castrador que a Igreja difundiu ao afastar as mulheres e as crias dessa força natural de suporte inicial que é a Mãe. 
As mulheres neolíticas representavam o amor materno com serpentes enroscadas no ventre, que logo subiam e se enroscavam nos peitos: duas imagens e duas simbologias muito distintas, de antes e depois do Tabu do Sexo, de antes e depois da consolidação do patriarcado.
Também algumas vezes são flechas e punhais que atravessam o coração da Virgem, para expressar a dor pela morte do seu filho: a imagem do tradicional destino de sofredoras das mulheres."*


O facto histórico da religião e do catolicismo ter destituído a Mãe e a mulher desse valor natural e não  transcendente desviou a maternidade do seu significado profundo e anulou os valores da Mulher e da Terra-Mãe, para enaltecer exclusivamente os valores do Pai e do Céu, os valores ditos “espirituais”, negando assim toda a Natureza, o corpo da mulher e o sexo, destruíram os alicerces da manifestação da força de equilibrio que existe na Terra. Ao negar a mulher considerando-a um ser inferior e sem capacidades e castrando os homens numa suposta ascese, sublimando a natureza do desejo sem considerar a libido como motor de evolução natural e afectiva, anulando a ligação da mãe ao filho/a inventando o pecado desligou os seres humanos das forças cosmicas e teluricas, impedindo a ligação entre o que está em cima e o que está em baixo.
Sendo a mulher a representante e mediadora das forças cósmica ou telúricas, ela é essencial, tal como o Princípio Feminino, para o homem realizar a Grande OBRA alquimica na união sagrada do pólo masculino céu, que ele representa, ao pólo feminino terra, que a mulher é expressão…

Portanto, para mim, o Sagrado, independentemente da ideia que se possa ter de Deus/a ou da transcendência, e de uma linguagem considerada mística, não é senão o valor da própria manifestação da força da Vida na Terra pelo corpo da mãe - mulher suporte da existência humana. Porque essa manifestação na sua infinita grandeza não pode ser abarcada pela mente racional por mais instruída que seja e por isso não há nem religião porque dogma, filosofia ou ciência que o revele, se ele não se revelar dentro de cada ser e através da Mulher e da Mãe logo a nascença.
Qualquer ser humano que tenha um mínimo de lucidez e sensibilidade poderá perceberá que a Terra-Mãe-Natureza na sua expressão luxuriante e no expoente do seu esplendor não pode ser senão SAGRADA porque visceral e fecunda e como tal debia ser vivida. E isso nada tem a ver religião nem rituais…pois é da Natureza da vida que sustenta a espécie, exactamente ao contrário do que a religião criou ao destruir esse equilibrio natural da Mãe com a cria.
 
ROSA LEONOR PEDRO

*DO LIVRO a rebelião de edipo - de Cacilda Rodrigánez pág.: 88-91


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