O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, setembro 13, 2019

O SER HUMANO ENQUANTO HOMEM E MULHER


NOTA A MARGEM - Achei este artigos bastante interessante para o publicar, mesmo não estando de acordo com boa parte das premissas de que parte o autor. Contudo no geral achei interessante a sua abordagem, mas sem que se considere como é evidente a questão da mulher no mundo patriarcal e a sua sujeição social e económica ao homem ao longo dos séculos o que invalida toda a tentativa de igualar as condições de que usufruem um e outro sexo.



"Ser homem e ser mulher não são acidentes do ser humano, senão que pertence inseparavelmente a sua essência".  - (E. Metzke)


UMA PEQUENA INTRODUÇÃO


RASCUNHO DO SER HOMEM E MULHER

"Estamos vivendo uma época na qual está questão do ser humano enquanto homem e mulher são bastante discutidos principalmente no campo dos direitos e deveres. "O fato da natureza que determina a existência da mulher era interpretado, na antiguidade e na idade média, como inferioridade da mulher no campo cultural". Em algumas culturas os homens são verdadeiros agentes, ao contrário da mulher que não são mais que uns sacos em que se criam as crianças. "O homem projeta e transforma o mundo; a mulher guarda a vida". Simone de Beauvoir "reivindica para as mulheres as mesmas profissões e funções que exercem os homens na sociedade, sem nenhuma forma de discriminação entre os sexos". Por sua vez, a filósofa alemã Edith Stein dizia que não há profissão ou função que a mulher não possa exercer. A mulher pode exercer qualquer atividade com toda sua capacidade e de igual valor e direito ao homem. "Antes de ser sexo diverso, a mulher é pessoa livre que se projeta a si mesma no mundo. E nisto é radicalmente igual ao homem". (R. Simom. Citado do livro "El problema del hombre". Gevaert. p.110).

Nos paises islâmicos, de orientação xiita as mulheres mal podem mostrar o rosto em público. Nesses paises islâmicos "o adultério é uma contravenção grave que pode ser punida com morte ou longos anos de prisão". O amor sem dúvida deve ser o eixo central na relação dos cônjuges, tornando assim uma relação mais sólida e madura. "O encontro dos sexos em um nível de igualdade plena será unicamente o encontro dos libertados". Homem e mulher são intrinsecamente iguais em direitos e deveres, portanto deve existir o respeito e a consideração mútua entre si. "O fato é que só as pessoas que, alguma vez, foram livres, dão valor à liberdade. Também só as pessoas livres respeitam a liberdade dos outros: quando e onde a mulher soube o que é ser livre? Terá havido mesmo uma antropologia matriarcal?" (Mulher: Objeto de cama e mesa. Heloneida Studuart, p.20) ou a complementação do homem e da mulher fica restringida somente a procriação?


O SER HOMEM E MULHER

Para estabelecer a polaridade primária como atividade da base fisiológica do sexo considere o homem como: Abstrato, Projeta e transforma o mundo, racional, razão e a mulher como: Passiva, concreta, conserva a vida, sentimental. Todavia, "O homem está orientado para as coisas a mulher para as pessoas". O autor Roque de B. Laraia descreve que "a espécie humana se diferencia anatômica e fisiologicamente através do dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes entre pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente. A antropologia tem demonstrado que muitas das atividades atribuídas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homens em outra" (Cultura: um conceito antropológico, p.19.)
Um foi feito para o outro, o homem completa a mulher e vice-versa. "De todas as formas o homem e a mulher se encontram em um projeto existencial diverso, isto é, em um diverso modo de estar no mundo". O comunismo prega a igualdade social e econômica entre homem e mulher. "Os direitos e as prestações dos homens e das mulheres têm que ser iguais". Contudo, o homem é vítima da violência na esfera pública, e a violência contra a mulher é perpetuada no campo doméstico, onde o agressor é mais freqüentemente, o próprio parceiro. A referência fundamental da construção social do gênero masculino é sua atividade na esfera pública. Enquanto nestas mesmas sociedades, atualmente, as mulheres estão maciçamente presentes na força de trabalho e no mundo público, a distribuição social da violência reflete a tradicional divisão do espaço; homens e mulheres como seres radicalmente diferentes.

O ser homem ou mulher caracteriza também necessariamente o aspecto do corpo. R. Simom, o.c., 396 observa: "O ser da mulher, condicionado por seu corpo como o do homem, não é jamais um ser semelhante feito, senão um ser que se faz continuamente a maneira de assumir a mulher às condições de sua existência e de contribuir para evolução das condições inumanas que são impostas quanto muito mais que a fisiologia e a psicologia". Em um nível psicológico há indiscutivelmente ressonâncias e caracterizações diversas entre o homem e a mulher. "Também as características psicológicas são consideradas amplamente como um dado de natureza". O homem se forma como homem frente à mulher e a mulher se forma como mulher frente ao homem; há aqui uma dupla relação. Portanto, "ser homem e ser mulher não são acidentes do ser humano, senão que pertence inseparavelmente a sua essência". (E. Metzke, a.c, 38-39). O ser humano é sexuado por inteiro e não somente por órgãos genitais.


O ENCONTRO ENTRE HOMEM E MULHER

Entende-se que esse encontro entre homem e mulher se dá no relacionamento de ambos; um é necessário para a complementação do outro. "Não é a sexualidade que nos faz inventar o amor, senão o amor que nos revela a natureza da sexualidade" (A. Jeannière. Citado do livro: "El problema del hombre". Gevaert. p.114). É importante e necessário procurar as possíveis qualidades humanas continuadas na organização homem-mulher. "Quando o homem, pasmado e admirado nos confrontos da realidade que vive e que é, a assumir com profundidade, exercitando ali uma reflexão sistemática, então nos encontramos diante da antropologia filosófica" (Dizer homem hoje: novos caminhos da antropologia filosófica. p. 36).
As diferenças entre os seres humanos são igualmente importantes. Um exemplo é que o homem em geral é mais abstrato e por outro lado à mulher já é mais concreta. O homem é mais racional e a mulher é mais sentimental. Porém, a mesma característica que se atribui ao homem pode atribuir-se à mulher. Mas isso pode sofrer uma mudança de acordo com a carga cultural de cada povo. Pois como diz o autor Roque de B. Laraia: "o homem e a mulher é o resultado do meio cultural em que foi socializado", pois, "cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra". Portanto, o homem e a mulher são formados pela cultura e pela sociedade em que vivem, ou seja, "homem e mulher são produtos do meio em que vivem".
Vivemos em uma sociedade pós-moderna em que o marido muitas das vezes não quer viver 'o tempo todo' ao lado de sua mulher. "Freqüentemente, os dois nada têm em comum, salvo a sua rotinizada vida sexual". Portanto, Mais uma vez sem dúvida o amor deve ser o eixo central na relação dos cônjuges. Mesmo com todos esses maus tratamentos da mulher por parte de seu parceiro Heloneida Studuart descreve: "Hitler teve total e unânime apoio das mulheres, na edificação do III Reich. E ele achava que a mulher não devia passar de procriadora, de mães de soldados. Esse ainda é o ideal secreto de muitas sociedades reacionárias. E a cumplicidade que muitas mulheres revelam diante desse programa demonstra o medo que elas têm da liberdade. Pois toda liberdade traz o risco da responsabilidade e da atuação" (Mulher: objeto de cama e mesa. p. 20). No relacionamento a mulher não espera só existência vegetativa, procriadora, e ainda muitas vezes de mera empregada de seu parceiro, mas deseja integrar-se a vida do homem, "ser com ele uma única pessoa". No casamento não é cada um ter sua vida, mas ambos devem está essencialmente unidos, como diz a bíblia "um só corpo e uma só carne".
O significado entre homem e mulher está essencialmente na relação entre pessoas. Ou seja, no encontro pessoal entre seres encarnados. "Um homem é verdadeiramente homem (no sentido humano) quando está frente a uma mulher, e a mulher é verdadeiramente mulher (no sentido humano) quando está frente ao homem" (A. Jeannière. Citado do livro: "El problema del hombre". Gevaert, p. 113). Na reciprocidade, ou seja, cara a cara corporalmente e psicologicamente. Entende-se que esse encontro entre homem e mulher se dá no relacionamento recíproco de ambos, um é necessário na complementação do outro. Nesta forma de ser para o outro o homem e a mulher criam uma relação interpessoal. O homem frente à mulher cara a cara ou vice-versa; um se reconhece no outro como pessoa, sendo que, ambos é reconhecido como tal pelo outro.


SEXUALIDADE E RELAÇÃO INTERPESSOAL

"A sexualidade pertence de modo específico à fecundidade". A fecundidade reveste a nível humano uma dimensão interpessoal entre o homem e a mulher. Estabelece uma vivência de diálogo com um novo ser, um relacionamento recíproco como homem e mulher. Neste encontro interpessoal é onde se manifesta a possibilidade humana. A estrutura homem e mulher são a que mais "expressa e manifesta o ser humano em sua natureza interpessoal". Homem e mulher: um não é mais que o outro. "Isso é o que traduz fundamentalmente a sexualidade". Na relação de fazer-se para o outro, a pessoa revela-se a si "mesma como homem ou mulher". Pois a sexualidade em sua particularidade humana se da unicamente nas relações entre pessoas que se reconhecem uns aos outros como tal, como seres humanos formados para o diálogo e para os contatos sociais.
A mulher é mais preocupada com os valores do mundo e sua conservação, é mais gratuita e é mais ética e amorosa em suas relações. Por outro lado, o homem vive preocupado com seus projetos e suas metas a alcançar, com suas relações públicas; sua ética é o dever. Entretanto, o homem transforma o mundo e domina-o, a mulher por sua vez tem seu "projeto existencial". A sexualidade não deve ser somente de uma dimensão corporal, mas deve ser também social. "A mulher não é em primeiro lugar uma pessoa humana, senão seu sexo". O amor na relação conjugal ajuda e contribui para uma relação mais segura e duradoura, não tornando a mulher num objeto de cama e mesa. "O amor é a norma suprema que determina a duração do matrimônio e das relações sociais" (J. Gevaert, El probrema del hombre, pp. 108-109). A educação dos filhos está relacionada diretamente em boa parte com a sociedade, com os meio onde estes indivíduos habitam. "Não se nasce mulher; faz-se". É a sociedade que define a pessoa humana, o homem torna-se produto da sociedade em que vive. Somente através dos outros indivíduos o homem pode reconhecer-se como tal. Como fala o princípio sartriano: "Cada homem é tal como vê o outro" (citado por: J. Gevaert, El probrema del hombre, p. 113).
Com a dimensão interpessoal e corpórea e a expressão de afeto e amor; o homem e a mulher podem descobrir a própria sexualidade. Está descoberta se dá através da história, das diversas formas de cultura, de forma inerente à mesma sexualidade e com o compromisso humano. "... é preciso buscar as possibilidades humanas contidas na estrutura homem-mulher". Para haver uma relação recíproca e duradoura no matrimônio, acredito que, é necessário uma autêntica convivência de amor, respeito, carinho e doação. Haja vista que, o amor é essencial para viver bem. Quero concluir este parágrafo da sexualidade fazendo uma referência de Juvenal Anduini em que ele descreve: "Ao defender-se da acusação de "pansexualismo", Freud explica que o amor não é apenas sexual, porque Eros se espalha pela personalidade toda. O amor entranha-se na existência humana. Arrancá-lo, seria arrancar a vida das pessoas". E como diz Saint-Exupéri o amor é essencial para a vida.


Nilton Gonçalves Menezes
Graduado em Filosofia pelo IFAMA - Paraná e Locutor



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