O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, setembro 07, 2019

O MUNDO ESTÁ EM PERIGO



"Se existir um futuro, ele irá usar a coroa do modelo feminino”.

Sri Aurobindo


O MUNDO ESTÁ EM PERIGO E AS MULHERES TAMBÉM, MAS “Onde há perigo, surge a salvação”. 

E essa salvação está nas mãos das mulheres. São as mulheres as mães e as representantes do Principio Feminino que se encontra anulado tanto no homem como na mulher que precisam emergir do fundo das suas psiques e voltarem à realidade. Falsos valores e falsas premissas todas baseadas na anulação do feminino e na exaltação dos valores do Principio Masculino, levaram o homem e a mulher sobretudo a mulher - que ao ser anulada ela própria, submetida ao homem, as suas leis e vontade -, deixou de exercer as suas funções e perdeu a sua identidade original. Esta visão materialista e marxista do mundo levou  consigo a Humanidade global a uma visão do mundo e das pessoas,  não só à negação do sagrado como a viverem de um modo que se tornou pura aberração. Por outro lado, aquilo que para muitas mulheres, provenientes desta mentalidade patriarcal que aderiram ao dito "feminino sagrado"  como mera ideia e sem  uma consciência desse feminino ontológico e identidade do feminino em si, também me parecem desvinculadas dessa essência  que na visão de uma amiga leitora, em certos casos se torna bem pior, " porque para além do "espiritual" se ter tornado num negócio como outro qualquer, com promoções, descontos, oportunidades únicas, "iniciações" (como se alguma iniciação pudesse jamais ser comprada!?), estes círculos do "sagrado feminino" tornam-se, frequentemente, num meio de recrutamento de mulheres vulneráveis para outros cursos de longa duração, pseudo-terapias do "menú das terapias", etc., etc.

Assim, hoje em dia tanto a mulher como o homem não são senão estereótipos de visões socio-culturais absolutamente deturpados de um masculino e feminino tornado mercadoria e ambos perdidos num mundo consumista de ideias ideologias (de género) em que tudo se mistura e tudo se vende, sendo em geral as mulheres as maiores vitimas de um materialismo exacerbado ou de uma falsa espiritualidade, como o é a New Age.
Porém, a  grande maioria dos seres humanos que dizem lutar por um "mundo melhor" não acredita na alma nem no espírito,  desligando-se assim dos aspectos ontológicos e sagrados da vida, que geravam a Harmonia entre os opostos e o próprio equilíbrio da Natureza e que davam a cada ser humano a dimensão da sua natureza também como seres originais, ligados as forças telúricas, particularmente as mulheres! De qualquer modo tanto homens como mulheres se perderam de si e da sua essência e por isso o mundo atravessa agora um momento de enorme alienação dos valores  intrínsecos e profundos, tanto como da alma e do espirito, reduzidos aos cinco sentido, virados para o exterior e dedicados a um mundo aparente que tomam como única realidade.

SIM, " Uma grande tragédia do nosso mundo é o facto de a verdade harmoniosa desde o casamento de opostos ter sido esquecida num desastroso excesso de ênfase daquilo a que podemos chamar valores de poder, controlo e domínio “masculinos” negativos. Este desequilíbrio resultou na catastrófica crise global que pode ser vista na nossa adoração hierárquica económica, cultural e política; no crescimento de diferentes e letais fundamentalismos; na nossa obscena violação da natureza e da Terra; e nas nossas visões religiosas do divino desnaturam a matéria, desonram a sexualidade, desvalorizam o poder sagrado das relações e debilitam radicalmente a santidade da própria vida. O resultado é o perigo apocalíptico potencialmente terminal que actualmente nos ameaça e desespera, e a falta de significado e a sensação de desespero que a todos ameaça. No entanto, como nos lembra o grande poeta Holderling: “Onde há perigo, surge a salvação”.

A salvação na nossa era, penso eu, assenta na completa e total reconstrução do feminino – a Mãe – em todos os estados de espírito, aspectos, qualidades, paixões e poderes."

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