O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, setembro 07, 2019

QUE DEUSA



QUE DEUSA É PARA MIM A DEUSA

Algumas pessoas conhecidas, mulheres e amigas, pensam que a minha adoração é à Nossa Senhora católica, ou a Nossa Senhora de Fátima, e de facto a minha devoção inicial começou com essa imagem da Deusa, mas para mim hoje a Minha Nossa Senhora não é essa casta e insipida imagem católica,  representada como Virgem mãe no céu, que os homens e algumas mulheres cultuam nos nossos dias, e que é proveniente da ideia cristã da Mãe de Deus, a "mãe imaculada", mas a Grande Mãe, a Mãe que nos transcende como arquétipo mas também é  a mãe carnal que nos gera e alimenta, que representa a vida e morte. Vejo-a a "minha" Deusa como a Matriz que dá forma à matéria, e que a mulher como sua manifestação representa na Terra, quando resgata essa essência selvagem, o recupera o seu potencial interno e essa intuição e poder do qual foi desviada por ser considerado um perigo para a hegemonia masculina e capricho das religiões patriarcais, a partir do momento em que começam a dominar o mundo.

E assim, tanto a Deusa do tempos iniciais, como as mulheres em geral, como diz esta autora brasileira que passo a citar, todas " As imagens do feminino sagrado encontram-se apagadas diante da formação do poderio masculino, por isso, a busca de um espaço de integração entre o princípio feminino e o masculino se faz necessária. O trabalho é uma pesquisa teórica e qualitativa dividida em três capítulos que retrata uma analogia entre o arquétipo da ‘Mulher Selvagem’, a figura mítica de Lilith, e a personagem bíblica de Maria Madalena.
Na historicidade dos relatos míticos percebemos uma imagem demonizada das mulheres e um apaziguamento do seu brilho devido ao anulamento do espaço integrador de cada uma. A Mulher Selvagem é O QUE É e pertence a si própria. O perigo do selvagem encontra-se na negação de seu poder.
O movimento simbólico ocorre quando a mulher toca sua corporalidade, e quando seu poder feminino de gerar e nutrir abrange as experiências de tornar-se uma-em-si-mesma. Estas experiências moldam o seu Vaso-corpo e recriam novas formas de integração. Lilith e Maria Madalena encontram no selvagem e na sua essência, a sabedoria divina, e nos ensinam a entrar em contato com nossos aspectos lunares. Na androginia, a recriação/ressurreição sopra vida nos aspectos que necessitam de restauração, compondo a verdade e a sabedoria de seu espaço sagrado através da integração das polaridades femininas e masculinas. O encontro da Mulher Selvagem traz luz aos aspectos obscuros, clarificando a consciência no caminho do conhecimento da alma. Neste ponto é que as divindades femininas foram demonizadas, negadas e confinadas ao lado obscuro de suas luas negras.

Palavras-chave: feminino sagrado, selvagem, lua, sabedoria."- MARTINS, Camila Alves


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